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Um cachorro falante, ETs hostis e os quintos dos infernos: o que há de interessante na TV, agora
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Ana Maria Bahiana

Agora que estamos todos (mais ou menos) conformados com o final de Game of Thrones e The Killing, e sabendo que o fim de ano vai trazer as segundas temporadas de Walking Dead, Boardwalk Empire e, finalmente, a nova de Mad Men, é hora de ver o que a TV oferece na meia –estação. E, entre séries novas e novas temporadas, muita coisa vale a pena:

Treme, segunda temporada (HBO)

Por que as pessoas parecem ter-se esquecido desta excepcional série, tão laudada em sua estréia, ano passado? Para meu paladar, esta segunda temporada está ainda melhor, menos preocupada em levantar a bandeira da indignação (que era a tônica da primeira, focada em Nova Orleãs imediatamente após o furacão Katrina ) e mais ocupada no que faz melhor: o desenho claro, detalhado, profundo, das vidas e personalidades de um grupo de pessoas e, através delas, do espírito de uma cidade.

O professor enfurecido de John Goodman faz parte da trama apenas como uma lembrança, um jovem empreendedor texano (John Seda) entra na história para ilustrar as mamatas da reconstrução da cidade, e as personagens femininas, principalmente o trio Ladonna (Khandi Alexander, magnífica) – Annie (Lucia Micarelli) – Sofia (India Ennenga) tornam-se os motores da narrativa. A cidade se define não mais como a vítima de uma sucessão de tragédias, mas como um ser vivo, capaz de sobreviver e se adaptar, negociando passado e futuro.

Entre as muitas virtudes de Treme, gosto especialmente do modo como a série usa a música não como um pano de fundo, mas como personagem,  um elemento vivo e ativo da história.Se a primeira temporada pertenceu, neste setor, ao Big Chief Lambreaux (Clarke Peters), esta segunda destaca o músico de rua Harley, encarnado pelo excepcionalmente talentoso compositor-multi instrumentista Steve Earle como a alma mesma da cidade, para quem música é o próprio ar que se respira.

Wilfred – estréia (FX)

Mega-sucesso na TV australiana, esta comédia surreal sobre a amizade entre um homem e um cachorro estreou esta semana no canal FX, com Elijah Wood no papel de Ryan, um jovem advogado em crise existencial , e  o australiano Jason Gann repetindo sua atuação como Wilfred, o cão que Ryan só consegue ver como um ser humano enfiado num óbvio traje peludo. É um artifício narrativo ousado _ a fatiota de Wilfred é claramente fajuta, parte integrante de algum delirio pessoal de Ryan.

Enquanto Ryan tem altos papos com Wilfred – que gosta de fumar unzinho e se se considera o namorado ideal de sua dona, Jenna (Fiona Gubelman)-  todos os demais personagens tratam Wilfred como o cachorro que ele é ( num breve momento, os espectadores tambem o vêem como um animal , o que só reforça o clima absurdista da série). Wilfred, somos convidados a pensar, é o inconsciente primitivo de Ryan, o lugar onde ele guarda instintos, desejos e hábitos que não ousa deixar aflorar. Mas o tom é de comédia rasgada que, para mim, funcionou melhor nos primeiros episódios, onde o artificio de Wilfred-o-cão-falante ainda era novidade. A série tem futuro? Checar, como referência, o cavalo falante da série Mr. Ed, dos anos 1950…

Falling Skies – estréia (TNT)

Steven Spielberg parece estar profundamente preocupado com o futuro da humanidade. Em sua outra série televisiva da safra 2011, Terra Nova (que estréia apenas em setembro), as condições apocalípticas em que a humanidade se colocou depois de vários desatinos ecológicos só podem ser corrigidas com uma marcha a ré radical.

Falling Skies, criada e escrita por Robert Rodat (O Resgate do Soldado Ryan, O Patriota) e produzida por Spielberg, oferece uma outra versão do fim do mundo: fomos invadidos e estamos sendo ocupados por ETs absolutamente hostis que nos tratam…. Hummmm…. Exatamente como os os colonizadores europeus trataram os habitantes originais das Américas. Em seu primeiro grande trabalho desde ER Noah Wyle se desimcumbe bem como o líder de um grupo de sobreviventes que se junta a improvisadas milicias de resistência na tentativa de repelir os invasores. Há muitos ecos de The Walking Dead nos temas de sobrevivência, familias separadas pela catástrofe, redefinições de hierarquias num mundo sem lei (e Walking Dead é melhor). O paralelo com a história norte (e sul..) americana dos tempos coloniais é o que torna FS mais interessante.

Breaking Bad -quarta temporada (AMC)

“Sempre soube que esta era a história da danação do meu personagem. Desde o início era bem claro que Mr.White estava numa viagem sem volta, de um modo ou de outro” – Bryan Cranston me disse isso ano passado, quando lhe perguntei se seu  personagem na vitoriosa série da AMC tinha alguma possibilidade de salvação.

A quarta temporada de Breaking Bad confirma tudo o que Cranston antecipou: retomando exatamente do momento em que Jesse (Aaron Paul, cada vez melhor) atira no competidor contratado pelo chefão Gus (Giancarlo Esposito) – a cena que encerrou a terceira temporada- a série enfia o pé no acelerador de uma curva descendente ao fundo dos infernos. O poder de BB é ver os pequenos passos, a mínimas concessões, as negociações pessoais, gradativas que pessoas que se consideram honestas fazem em sua caminhada para o lado sombrio da força. Jesse e Mr.White já perceberam que a dívida que contraíram não pode ser paga _ o nosso prazer sinistro é ver Bryan Cranston e Aaron Paul nos guiarem nessa jornada.

 


A loucura da compaixão e outras lições dos finais de The Killing e Jogo de Tronos
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Ana Maria Bahiana

 

Duas séries importantes deste primeiro semestre encerraram suas temporadas de estréia ontem, com resultados bem diferentes: uma, The Killing, me deixou extremamente frustrada; a outra, Jogo de Tronos,  confirmou os altos padrões de concepção e execução que são sinônimos da HBO.

The Killing sofreu do mesmo problema que assombrou outra série da AMC, Rubicon: uma promessa constante de grandes mistérios e revelações que , no final, não se sustenta. A maioria das séries deste nível é planejada minuciosamente antes do início das filmagens, mas os primeiros 13 episodios de The Killing pareciam, muitas vezes, uma improvisação livre em torno do tema “quem matou Rosie Larsen?”

Vamos dar pontos positivos ao desenvolvimento dos personagens que o ritmo da série possibilitou: é raro ver, na TV, as reais consequências, sobre toda a familia, de uma morte súbita e violenta. E mais pontos pelo clima noir-com-chuva, não visto na telinha desde os tempos de Twin Peaks, de saudosa memória.

Mas eu achei o final uma bela tirada de tapete, vocês não concordam? Mais uma falsa resolução, mais um mistério encaixado na última hora, mais um gancho para ver se é possível prender a atenção do público até a segunda temporada. Para mim não funcionou, pareceu coisa feita sem pensar, sem planejar, sem honrar os compromissos com o espectador que já havia investido tanto nas promessas da série.

Jogo de Tronos é uma outra criatura. Um elemento poderoso que narrativas de época, fantasia e ficção científica tem em comum é a capacidade de comentar assuntos extremamente atuais e difíceis deslocando-os para outro lugar ou tempo. Ao colocar sua desenfreada luta pelo poder num universo  fictício, George R.R. Martin nos permite participar, sem sentir, de uma profunda reflexão sobre a natureza humana e seus diversos tombos e topadas no caminho evolutivo.

No mundo de Westeros, situado mais ou menos no equivalenea ao final da nossa idade média, os Sete Reinos tem um certo verniz de civilização: há reis e conselheiros, cavaleiros, professores, estradas e uma engenharia sofisticada o suficiente para construir um gigantesco muro como defesa contra o que sempre tememos – os outros, os que não-são-nós.

No mundo de Essos ainda estamos a poucos passos dos primatas que fomos, e a força bruta é energia predominante: o Khal que não mais pode cavalgar não mais pode liderar; a horda que estupra e escraviza está fazendo “um favor” aos vencidos.

Em ambos, contudo, o ser humano ainda não evoluiu para um plano onde questões morais mais complexas e delicadas possam ser exercitadas.  Em Essos, ao salvar a vida da feiticeira Mirri Maz Duur (Mia Soteriu), Daenerys (Emilia Clarke) tenta exercer a rara arte da compaixão _ o que, como se vê no capítulo final, leva a uma sucessão de tragédias e à pergunta-chave: “Do que você me salvou?”

Em Westeros, visitando o prisoneiro Ned Stark (Sean Bean) no episodio 9, Varys (Conleth Hill), o mestre dos espiões, chama de “loucura” a compaixão que  levou o desgraçado primeiro ministro  a comunicar à rainha Cersei (Lena Headey) a descoberta de sua longa conspiração_ causando, assim, a morte do rei Robert (Mark Addy) e, finalmente, a sua própria.

Seguindo fielmente o primeiro volume da série Uma Canção de Gelo e Fogo – com pequenas alterações que, na verdade, facilitaram a compreensão da história – os roetiristas David Benioff e David B Weiss mantiveram o foco nessa profunda discussão moral que é a essência da saga. Porque estamos num mundo claramente imaginado, as questões podem ser apresentadas assim, de modo puro, sem firulas.

E mantendo sempre seu poder como entretenimento, amplificado por magníficas interpretações (Peter Dinklage como Tyrion Lannister é meu favorito) e por valores de produção de tela grande.

Foram 10 ótimos episódios para responder à pergunta da estréia da série – “você sabe por que está morrendo?” – e nos deixar com água na boca para a segunda temporada, no primeiro semestre de 2012.

Eu só ainda não gosto nas perucas.

E vocês, o que acham?

 


Cinema Verité: o estranho legado do primeiro reality show da TV
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Ana Maria Bahiana

A família Loud em 1971...

Uma familia aceita ser filmada , praticamente 24 horas por dia, durante sete meses. No início, todos – mãe, pai, filhos adolescentes – estão empolgados,acenam para a câmera, preparam números musicais, jogam beijinhos. Vizinhos, parentes e amigos se aproximam, donos de lojas oferecem mercadoria, chovem convites. Depois de algumas semanas, contudo, uma tensão sutil mas crescente vai abrindo fissuras entre os irmãos, entre o casal, entre a família e seus amigos. A câmera, que parecia tão presente, torna-se invisível. Acontecimentos naturais e provocados se misturam e em breve se tornam indistintos. A realidade supera a ficção ou a ficção reescreve a realidade?

... e sua contrapartida em 2011

Não, não estou falando dos Kardashians ou das Real Housewives, da turma de Jersey Shore , Real World ou alguma edição de Big Brother. Estou falando da familia Loud, de Santa Barbara, California, no ano da graça de 1971. Inspirado pelo movimento do cinema-verdade, o documentarista Craig Gilbert propôs à recem-nascida TV pública norte americana uma “experiência em antropologia cultural”, semelhante às que a antropóloga Margareth Mead realizara em Samoa e na Nova Guiné nos anos 1920 e 30. Mas em vez de buscar o “exotismo” de culturas distantes, por que não observar de perto a sociedade americana, na época sacudida de alto a baixo por rupturas sociais, comportamentais, sexuais, culturais?

Quando a série , entitulada An American Family estreou em 1973,  o casal Loud estava se divorciando, Gilbert havia brigado com o casal de cinegrafistas que efetivamente realizara o documentário, e a família não queria mais saber do projeto. Acusações voaram de parte a parte. Em essência, a família se sentia enganada, traída e manipulada por Gilbert, e o diretor se defendia dizendo que a verdade do documentário era sagrada e intocada, e que tudo tinha sido feito com o objetivo de ser fiel aos fatos.

A série foi um imenso sucesso. A imprensa fez picadinho da família, chamada de exibicionista, sem caráter, oportunista. Gilbert nunca mais trabalhou em cinema ou TV.

Esta é a história de Cinema Verité, o excelente filme da HBO que reproduz – com uma mistura de documentário e ficcionalização – os bastidores de An American Family.

James Gandolfini, ótimo, é Craig Gilbert, uma mistura precisa de sedução e intimidação que – pelo menos na versão do filme- claramente joga com a família como se todos fossem personagens no seu roteiro particular. Tim Robbins faz o paterfamilias Bill Loud com a habitual bravura com que ataca personagens que são o  oposto dele mesmo: conservadores, falastrões, caretas. Diane Lane é um espetáculo à parte _ sua Pat Loud é uma mulher complexa, oscilando entre a domesticidade e a liberação, feroz na defesa dos filhos mas ignorante de seus problemas, ao mesmo tempo fascinada e repelida pela estranha fama que desaba sobre a familia.

A visão dos diretores Shari Springer Berman e Robert Pulcini (Anti Herói Americano, O Diário de Uma Babá, The Extra Man) é convidar o espectador à reflexão sobre o que hoje é um gênero dominante na TV: o reality show. An American Family foi o pioneiro do formato, Cinema Verité diz, e vejam o que aconteceu: as perguntas que a série levantou continuam sem resposta, mas ainda estamos fascinados pelo espetáculo da vida alheia. O que isso diz a nosso respeito?

Hoje com 85 anos e  saúde frágil, Craig Gilbert tentou processar a HBO e impedir o lançamento de Cinema Verité, que detesta. A família Loud não foi tão longe, mas também não gostou do projeto e se recusa a falar a respeito. Nada é simples quando se mexe no vespeiro de nossa consciência como produtores e consumidores de entretenimento. Mas Cinema Verité, na TV, é um exemplo do melhor cinema que diverte e faz pensar.

 

 


Metamorfose ambulante: o fim da novela e a nova revolução tecnológica do cinema
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Ana Maria Bahiana

Enquanto Rio lavava a bilheteria norte-americana e tornava-se o recordista do ano entre as estreias, algumas coisas muito interessantes anteciparam tendencias:

  • Exatamente no mesmo dia  em que a rede ABC cancelava suas novelas All My Children e One Life to Live a Univision anunciava planos para um canal de TV exclusivo para telenovelas en español. A ABC vai substituir as duas novelas por talk shows e realities, mantendo no ar apenas outra veterana do gênero, General Hospital, que vem estraçalhando corações desde 1970. No auge das soap operas, nos anos 1960, as grandes redes norte-americanas tinham 19 títulos no ar. Agora, com o cancelamento de All My Children e One Life to Live, apenas cinco sobrevivem.

E no entanto o mercado latino não quer saber de outra coisa. Para atender a demanda a Univision estréia, em julho, o canal Uninovela, servindo a população hispânica dos EUA – 50 milhões de pessoas, a minoria que mais cresce no país- com novelas 24 horas por dia, sete dias por semana.

Peter Jackson na casa de Bilbo

  • É fascinante ver como, no cinema, a tecnologia empurra a linguagem. Na encolha, há uma nova revolução a caminho: a imagem a 48 quadros por segundo, o dobro do que temos hoje. O impacto, diz a Variety, é o equivalente a “ som, cor e 3D” como marco da evolução do cinema: uma imagem espetacularmente realista, com imensa nitidez e detalhes, e que, garantem seus fãs, não cansa o olhar.  Captar a imagem em 48 quadros por segundo representa, nas palavras de James Cameron, “ completar o que o 3D já fez ao nos levar para dentro da narrativa. Deixamos de olhar a ação através de uma janela.”

Peter Jackson, que está filmando O Hobbit à velocidade de 48 por segundo, tem uma longa e detalhada explicação sobre como o 24 por segundo acabou sendo o default do cinema, e por que está na hora de um upgrade em regra. “Eu sei que os puristas vão reclamar da falta de distorções e refrações, mas toda a nossa equipe – que inclui muitos puristas- já se converteu”, ele diz. “Você se habitua rapidamente ao novo visual, é uma experiência muito mais realista e confortável.”

Pandora é aqui: o MBS Media Campus

 

Cameron, o outro apóstolo do 48 por segundo, já está com os estúdios de captação de desempenho prontos, aqui em Los Angeles: o MBS Media Campus, no subúrbio praieiro de Manhattan Beach. E, garante, Avatar 2 e 3 – rodados em sequencia para lançamento em dezembro de 2014 e 2015 – serão captados digitalmente a 48 ou 60 quadros por segundo.

Um pequeno problema: uma primeira pesquisa, encomendada pelo próprio Jackson, revelou que apenas 10 mil telas em todo mundo tem projetores capazes de exibir títulos captados acima de 24 quadros por segundo… “Mas tenho certeza de que os donos de cinema tem, agora, um grande incentivo para se atualizar…”, ele diz.

 


Primavera de sangue: paixão, crime, ambição e poder na nova temporada da TV
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Ana Maria Bahiana

Nem só de Mildred Pierce vive a safra 2011 da TV. Alguns destaques do que está no ar nesta primavera norte-americana:

The Borgias (Showtime, no ar nos EUA desde 3 de abril) – O sucesso de The Tudors animou a Showtime a investir nas séries de época, e o canal pago parece ter um xodó especial por linhagens poderosíssimas, cruéis e sexy –  uma combinação irresistível.  Os Borgias, a família de origem espanhola que se apossou de Roma no final do século 15 e se tornou sinônimo tanto de desmedida ambição quando de especial cuidado com as artes, são  sucessores mais que dignos das tramóias de Henrique VIII. Crédito especial para Neil Jordan, que escreveu e dirigiu os dois primeiros episódios, dando o tom para série como um estudo sobre a ambição e a banalidade do mal. Michael Hirst, que se tornou uma espécie de faz-tudo do drama histórico na TV (Tudors, Camelot) e no cinema (Elizabeth, Elizabeth: A era de ouro), segue no mesmo tom, mas o grande, enorme prazer da série é ver Jeremy Irons como o Papa Alexandre, com suas amantes, filhos, altos esquemas políticos, seduções de confessionário e limitada paciência com a mediocridade alheia.

The Killing (AMC, no ar no EUA desde 3 de abril) – Chove o tempo todo. Há florestas silenciosas e enevoadas, e um carro suspenso em câmera lenta, ao entardecer, do fundo de um lago, lindo e terrível. O clima é totalmente Twin Peaks nesta adaptação da mini-série dinamarquesa Fobrydelsen ( 2007), filmada em Vancouver mas teoricamente situada na vizinha Seattle.  Mireille Enos, que vem de vários pequenos papéis em filmes e séries e um desempenho mais substancial em Big Love, é a detetive de homicídios Sarah Linden, que, no último dia de trabalho (ela vai se casar e se mudar para a ensolarada Sonoma, California) tem que resolver o desaparecimento de uma adolescente. Cada episodio é um dia da investigação, e o clima não tem a exposição desenfreada e a necessidade de arrumar e explicar tudo dos CSIs da vida. A AMC apanhou muito com uma outra série cerebral como esta, Rubicon, mas The Killing, embaixo de seu verniz gelado, pulsa de emoção e humanidade.

Camelot (Starz, no ar desde 25 de fevereiro). O mito do Rei Artur é uma especie de template onde cada década e realizador coloca sua marca, ideologia, ponto de vista. Acho que poucas histórias podem ser contadas de tantos modos diferentes e permanecer, essencialmente, a mesma história: a do garoto que não queria ser rei mas acaba criando um país. Na estreia da GK TV – braço televisivo da produtora de Graham King, o melhor amigo de Martin Scorsese – Arthur (Jamie Campbell Bower) é um adolescente meio bobão, um peão no jogo pelo poder articulado por Merlin (Joseph Fiennes) , que se parece menos mago e mais um consiglieri da Mafia se a Mafia existisse nas ilhas britânicas do começo da idade media. A narrativa é meio gaga,  os figurinos são metidos a modernosos, e há diálogos irritantemente contemporâneos, cheios de “ok” e “fantastic”, mas Eva Green como uma linda, poderosa e astuta Morgan compensa quase tudo.

Game of Thrones (HBO, estreia 17 de abril) A HBO entra no território da fantasia jogando alto com esta ambiciosa adaptação do primeiro volume da cultuada saga A Song of Ice and Fire , de George R.R. Martin. Martin, que foi roteirista de TV  (Além da Imaginação, entre outros) antes de se dedicar aos livros, fez basicamente uma variação da história européia dos séculos 13 a 14, quando linhagens e reinos se matavam pelo controle de terras que, muitas vezes, mal eram países. Colocando suas intermináveis disputas num continente ficticio, Westeros, onde invernos e verões podem durar décadas, Martin permitiu que a história, transformada em lenda, pudesse ressaltar não os feitos heróicos, mas as fraquezas e os dramas de ser humano. David Benioff e Dan Weiss, roteiristas e escritores de ficção, fazem um trabalho monumental e perfeito adaptando o texto de Martin, e um grupo sólido de atores britânicos, liderados por Sean Bean como Lord Ned Stark, dá completa credibilidade a esta história de paixões e traições. Algumas perucas podiam ser melhores, mas a trama é tão boa que a gente releva.


Em Mildred Pierce, todo o poder da vida de uma mulher
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Ana Maria Bahiana

Poucos dias atrás vi um filme que se parecia em tudo com a produção comercial norte-americana dos anos 1940 e 50, exceto no essencial – o toque de gênio que frequentemente estava escondido (mas não muito) debaixo dos clichês exigidos pelos estúdios.

Mildred Pierce, a mini-série da HBO que está no ar aqui e que vocês começaram a ver ontem, é o oposto disso. Baseia-se em um livro de 1941, referencia (e reverencia) o estilo de grandes da época, especialmente Douglas Sirk, grã mestre do melodrama. Mas é uma obra moderna, cuidadosamente pensada e dirigida por um diretor sem medo de ousar _ Todd Haynes, que já nos deu Não Estou Lá, Longe do Paraíso e Velvet Goldmine.

Fã do filme de Michael Curtiz, de 1945 (que rendeu um Oscar para Joan Crawford) Haynes escolheu voltar ao texto original do livro de James Cain e mergulhar, com ele, num estudo de personagem incomum na filmografia de hoje: a vida de uma mulher, em todas as suas facetas, não como acessório à narrativa de algum outro herói, mas inteira em si mesma.

Ao remover a principal alteração feita por Curtiz – o assassinato que transforma toda a narrativa num híbrido de melodrama e noir, dois gêneros  populares na época – Haynes recolocou o poder da história nas mãos de Mildred, a mulher que não se sabe tão forte, tão independente, tão dona de seu corpo e de sua alma até passar por sucessivas perdas e provações.

E ao escolher Kate Winslet para ser essa mulher. Haynes imediatamente acrescentou uma colherada de mel ao projeto , a impressionante mistura de extrema fragilidade e completo poder que Winslet sabe trazer a suas personagens, quando estimulada por um diretor que compreende seu enorme talento.

A mini-série da HBO-  desde já no topo da lista de melhores do ano na categoria- segue estritamente o texto de Cain, eliminando apenas os detalhes que poderiam tirar o foco do essencial. Aos 10 minutos do primeiro episódio Mildred (Winslet) despacha porta afora o marido adúltero, colocando-se a  na posição mais vulnerável possível na escala social dos Estados Unidos em plena Depressão: a mulher descasada, com duas filhas para criar.

Nos episódios subsequentes, Mildred descobrirá seu poder  enfrentando humilhação e mãos na bunda durante anos de trabalho como garçonete, explorando seu desejo primeiro com o desajeitado Waly (James LeGros), depois com o sedutor playboy Monte Beragon (Guy Pearce, ótimo) e, finalmente, criando coragem para abrir seu próprio negócio.

É uma estrutura que vocês vão reconhecer em várias novelas, tributárias do melodrama hollywoodiano em conteúdo e forma. Com a liberdade das cinco horas de uma minissérie e a certeza de estar falando com uma fatia específica do público (afinal, é HBO), Haynes pode se deter na intensidade da paixão, na devastadora dor da perda e, sobretudo, na complexa relação entre Mildred e sua filha mais velha, Veda (Morgan Turner e Evan Rachel Wood).  A filmografia mundial é repleta de títulos que exploram a relação entre o filho e o pai. Raros e bem vindos são os que se ocupam da rede complicada de amor, ressentimento, inveja e admiração que pode se formar entre mães e filhas.

A direção de arte , reproduzindo minuciosamente a ensolarada e ainda provinciana Los Angeles dos anos 1930 (em estudio e em locações nos arredores de Nova York), é um prazer à parte. Mas o grande espetáculo é a confluência dos talentos de Haynes e Winslet.  Em um momento, quando Mildred , já dona de sua vida, se reencontra com o ex-marido (Bryan O’Byrne), muitos anos depois , ambos mais velhos, solteiros, marcados por perdas e ganhos, uma rara luz ilumina a tela da TV – a luz da verdadeira, sincera humanidade que o bom cinema, em qualquer plataforma, é capaz de captar.


Uma década no cinema do século 21: nada será como antes?
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Ana Maria Bahiana

Parafraseando um antigo programa da BBC (que influenciou muita gente boa), esta foi a década que foi. Não exatamente um momento de felicidade no planeta Terra _  por que seria no cinema?

E no entanto coisas interessantíssimas aconteceram. Entre elas:

  • A grande crise. A década começou com o mercado de consumo de ingressos de cinema em festa, com 1 bilhão e 58 milhões de bilhetes vendidos apenas nos EUA e Canadá. Descontado o pique de 2009 –quando Avatar, sozinho, representou um aumento de 15% de vendas – o tombo foi gradual e grande, pior a partir da recessão de 2008, quando a crise no mercado imobiliário norte-americano virou uma bola de neve de repercussões internacionais.  Nos últimos três anos da década os grandes estúdios que fazem parte da Motion Picture Association of America produziram menos 12% em número total de títulos por ano – de 920 em 2005 para 677 em 2009.

Mas esse impacto foi maior e mais profundo que apenas um encolhimento: as fontes de financiamento da produção secaram, diminuindo radicalmente as opções para projetos independentes e co-produções internacionais.  Em pânico com a retração do consumo, os estúdios produziram não apenas menos, mas mais do mesmo: a partir de 2008 só ganhou  luz verde quem podia garantir casa mais ou menos cheia ou, idealmente, bandos de adolescente dispostos a passar o fim de semana inteiro no shopping.

  • O novo 3D _ Desde meados do século passado a ilusão de profundidade é uma espécie de santo graal do entretenimento audiovisual. Nesta década, o salto quântico da captação e da exibição digital de imagens trouxe de volta a possibilidade  da tão sonhada “experiência imersiva”,o abraço total da narrativa. Não é de espantar que o mais dedicado discípulo do novo 3D- James Cameron – tenha sido o responsável pelo mais monstruoso sucesso do formato – Avatar. Com isso, duas coisas ficaram claras: 1. Era possível atrair o público de volta para as salas de cinema e 2. A qualidade do 3D e, sobretudo, o bom uso da tecnologia a serviço de uma história à altura eram essenciais. Em resumo: o 3D não foi a panaceia que muita gente esperava, mas entrou para o arsenal de recursos disponíveis para realizadores curiosos.
  • O audiovisual pessoal. Enquanto os grandes distribuidores pensavam exclusivamente em levar pessoas para salas de cinema, fabricantes de hardware, software e realizadores imprensados pela falta de opções descobriam que era hora de levar o conteúdo ao consumidor _ onde quer que ela ou ele estivessem. O grande boom da década, mais importante que a corrida a Pandora, foi a multiplicação de plataformas para o que antes se chamava “filme”  e que, hoje, é uma série de códigos acessíveis em casa, na rua, no celular, no computador. Nos EUA e Canadá, hoje, é possível ver qualquer filme ou série de TV, legalmente,  por muito pouco , sem sair de casa. Isso inclui o cinema do mundo todo, curtas, repertório, seleções de festivais, títulos independentes. Como modelo de negócios, ainda não é o bastante para resolver o impasse da  crise financeira. Mas promete.

  • A maturidade da TV. Sem trabalho no cinemão, com projetos pessoais frustrados e exaustos de tanto correr atrás de um público que preferia ficar em casa, uma parte substancial do talento criativo mudou-se para uma forma de expressão que tem distribuição garantida –a TV. Alguns dos melhores momentos da narrativa audiovisual da década vieram do que mal pode se chamar “telinha” (quando existem à venda televisores de 60 polegadas, alta definição, 3D): da saga mitológica de Lost à investigação existencial de Mad Men; a reivenção do noir, do thriller , do musical, do terror _ e de Sherlock Holmes.  O Carlos de Olivier Assayas e os documentários da HBO. O Traffik não-ficção da BBC que ganhou o Oscar com a assinatura de Steve Soderbergh. E, em 2009, três dos melhores filmes da década, disponíveis apenas na TV: a Red Riding Trilogy (foto) do Channel 4 britânico.

  • O triunfo da animação . Nos primeiros 10 anos do século 21, apenas uma companhia pode dizer que cada um de seus lançamentos foi um sucesso _ a Pixar. De Monstros SA em 2001 a Toy Story 3 em 2010 cada nova produção estabeleceu um novo nível de excelência técnica, um novo marco em popularidade além das convencionais divisões do mercado por idade. A comprovação desse domínio veio com a corrida dos demais estúdios para voltar à animação _ e da Disney para atualizar sua produção in house, culminando com a colocação de John Lasseter, fundador da Pixar, como presidente de animação do estúdio.  Sem sindicatos, exigências, escândalos e papparazzi, os atores virtuais colocaram o controle da narrativa nas mãos dos roteiristas e diretores _ e este foi o grande trunfo da Pixar.

  • A globalização. A vitória de Quem Quer Ser Um Milionário (foto) nos prêmios de 2008 confirmou o que a indústria já sabia _ que talento, histórias e recursos financeiros não tinham visto nem passaporte. É uma tendencia cíclica _ nos anos 1950-60, imprensados com a diminuição da produção nativa, distribuidores e exibidores norte-americanos encheram os cinemas com filmes da fértil filmografia europeia e asiática, na medida para os gostos de uma nova geração. Agora, a crise econômica  trouxe investidores coreanos e indianos para a DreamWorks, fechou acordos entre Hollywood e Bollywood e abriu as portas a diretores como Guillermo del Toro, Christopher Nolan, Alejandro Amenabar, Ang Lee, Carlos Saldanha, Peter Jackson, Florian Henckel von Donnesmarck, Neil Blomkamp. E levou a febre do remake ao grau de epidemia.

Nos finais de Boardwalk Empire e The Walking Dead, o melhor da TV
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Ana Maria Bahiana

Devo, não nego , a entrevista com Darren Aronofsky. Como estou coordenando com a matéria do UOL Cinema que sai segunda feira, peço um pouquinho de paciência.

Até porque duas coisas importantes também aconteceram neste final de semana, além dos recordes de bilheteria de Cisne Negro: os finais de duas das melhores séries da TV americana, Boardwalk Empire and The Walking Dead. Ambos tiveram o duplo impacto que se espera de projetos feitos com cuidado: sucesso de crítica e de público; sólido para Boardwalk, excepcional para Walking Dead.

Por mais que possa parecer bizarro, os dois finais tiveram algo em comum _ a possibilidade de redenção de  personagens conflituados, divididos, torturados. Boardwalk terminou deixando Nucky Thompson (Steve Buscemi) e sua eleita, Margaret Schroeder (Kelly McDonald) vendo o dia nascer sobre o Atlântico depois de uma noite de festa  celebrando mais uma vitória política; o dia também nascia ao final de The Walking Dead, com o xerife Rick Grimes (Andrew Lincoln) triunfando sobre mais uma provação aparentemente impossível.

Mas, antes disso, em cada episódio, os dois heróis mostraram seus pés de barro, expuseram um pouco de suas almas  : Nucky numa cena intensamente emocional com Margaret que confirmou de vez (como se isso fosse necessário) o imenso talento de Buscemi, contra toda a maledicência de quem não o via como o poderoso chefão de Atlantic City; Grimes, em uma troca  igualmente intensa com o Dr. Jenner (ótima participação especial de Noah Emmerich) no Center for Disease Control que vimos no capítulo anterior. Seriam vazias as suas vitórias, as verdadeiras conquistas talvez impossíveis, as perdas verdadeiras, irremediáveis?

Além desse paralelo entre as jornadas dos seus protagonistas Boardwalk e Dead compartilham algo mais: a qualidade de tudo em sua produção, do controle do roteiro ao apuro da direção de arte e desempenho do elenco. Foi um bordão deste ano, não é mesmo? Enquanto o cinema, com raras e felizmente ótimas exceções, vacilava, a TV, aproveitando a vantagem de não ter que correr atrás da plateia, ousava, gastava e realizava.

O episódio de Boardwalk, entre uma noite de Halloween e um dia de eleição, propôs Altlantic City como um microcosmo dos Estados Unidos, as velhas correntes de  dinheiro, poder, raça e religião chocando-se, entrelaçando-se, arranjando-se. O episódio de Dead, entre uma noite e um dia nos subterrâneos do CDC, fez do bunker uma cápsula da humanidade, sua arrogância e sua beleza, sua força e sua fragilidade, sua fé na ciência, tão facilmente abalada por forças maiores e mais antigas. É coisa substancial e apetitosa, o melhor que o entretenimento de massa pode fazer _ prender pela narrativa, emocionar pelos personagens, fazer pensar. Agora queremos mais!


Foi dada a partida: quem está na frente na Corrida do Ouro 2010-2011
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Ana Maria Bahiana

Pronto, agora é guerra. Como vocês podem ver pelo estado de coisas no meu escritório, as armas incluem dvds/blu rays, livros, sacos de bala e pipoca, garrafas de vinho, babilaques diversos ligados ao conceito de filmes e séries de TV.

É a Corrida do Ouro 2010-2011 em pleno vigor a partir do feriadão do Dia de Ação de Graças, encerrado ontem. Não se pode acessar um site ou abrir uma revista ou jornal sem ser bombardeado por anúncios “para sua consideração” e, na mesma proporção, listas e mais listas de possíveis, prováveis candidatos a candidatos.

E a verdade é que há tão pouca certeza…

Eis o que se sabe:

  • Os Oscars escalaram seus apresentadores : Anne Hathaway e James Franco. A decisão  mostra claramente o desejo de rejuvenescer o evento e garantir uma porção maior do público abaixo de 35 anos para suas três horas de transmissão, de onde as referências técnicas e históricas – os prêmios científicos e honorários- já foram cuidadosamente removidos. Os dois são jovens, bonitos, charmosos, desincumbem-se bem da tarefa de cantar e dançar. Vamos ver o que acontece…
  • Nos Globos, Ricky Gervais vai repetir a dose. É uma boa combinação, clima de festa à moda antiga, todo mundo relax por conta da bebida farta, e o humor britânico, seco e às vezes cruel. A azeitona no martini.
  • Existe também um processo da minha associação contra a Dick Clark Productions, pelo controle dos direitos da marca Golden Globes. Por motivos de confidencialidade, não posso dar mais detalhes, mas eis o que importa: nada disso afeta o evento deste ano, dia 16 de janeiro.

Para quem tem a responsabilidade de escolher indicados e vencedores, o barulho constante dos anúncios e das previsões é uma distração não muito bem-vinda. Essa é uma das razões pelas quais procuro não entrar tão cedo nesse exercício de antecipação _ porque compreendo que ele faz parte da estratégia da campanha,  e que as listas são, em grande parte, resultado de sugestões vindas dos estrategistas. É um pouco assim: se a gente falar muito que fulano é candidato, e  se quem vota ler isso muito, quem sabe ela não vota no fulano?

Entendendo isso, e a curiosidade de quem acompanha o processo, posso dizer que estes são os títulos que estão mesmo na dianteira para diversas considerações: Inception-A Origem; A Rede Social; O Discurso do Rei; 127 Horas; Cisne Negro; The Town; e Rabbit Hole.

Entre as comédias, num ano magro, Minhas mães e meu pai é a pole, com múltiplas indicações possíveis; e também: Scott Pilgrim Contra o Mundo, Due Date, Reds-Aposentados e Perigosos, CyrusBurlesque é a grande incógnita_ será que meus colegas gostaram? É uma espécie de Showgirls com muita cantoria, mas o fator-Cher/Aguilera não deve ser desprezado.

Desempenhos individuais que podem ser lembrados incluem Leonardo Di Caprio em Ilha do Medo; Lelsey Manville em Another Year; Jacki Weaver e Ben Mendelsohn em Animal Kingdom; Jennifer Lawrence em Winter’s Bone; Andrew Garfield e Carey Mulligan em Não Me Abandone Jamais; Sally Hawkins em Made in Dagenham; Rebecca Hall em  Please Give; Christian Bale e Mark Wahlberg por The Fighter; Naomi Watts por Jogo do Poder; Robert Duvall e Bill Murray em Get Low; Michelle Williams e Ryan Gosling em Blue Valentine; Chloe Moretz e Kody Smit-McPhee em Let me In; Dakota Fanning em The Runaways; e Tilda Swinton em Il Sono L’Amore.

Filme estrangeiro é um mistério completo _ muito poucos realmente chamaram a atenção do povo. Incendies, Biutiful, La Prima Cosa Bella e Des Hommes et des Dieux são os poucos que vi deixarem marcas mais unânimes.

Na animação, Toy Story 3 domina, mas há tambem L’Illusioniste, Como Treinar o Seu Dragão e A Lenda dos Guardiões.

Na TV, os dramas que realmente chamaram atenção foram Mad Men, Breaking Bad, Boardwalk Empire, The Walking Dead, Fringe, The Good Wife e o final de Lost; nas comédias, Glee, Modern Family, Raising Hope. E vai ser dificil tirar os premios de ator/telefilme de Al Pacino por You Don’t Know Jack e de Claire Danes por Temple Grandin.

O resto é a incerteza que todo tudo mais apetitoso…