Blog da Ana Maria Bahiana

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Palpitando o Oscar 2015: Boyhood X Birdman… e muito mais
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Ana Maria Bahiana

 

87th Oscars®, Thursday Set Ups

Enquanto escrevo isto aqui o trânsito já está fechado num vasto trecho do Hollywood Boulevard, os ensaios entraram pelo segundo dia e a polícia detonou um “veículo suspeito” que poderia ou não estar carregado com explosivos (não estava).

A votação se encerrou terça feira, e os contadores da Price Waterhouse são os únicos que sabem o que realmente vai acontecer domingo. Então… está valendo tudo agora, certo? Vamos lá.

  •  Ainda acredito que Birdman vai levar melhor filme, levando em conta o estado de espírito dos acadêmicos. Há uma teoria interessante de que, graças à polarização entre Birdman e Boyhood, dois azarões , Grande Hotel Budapeste e Whiplash tem chances, matematicamente, de levar o prêmio dos prêmios. Seria um susto e tanto, e uma emoção a mais numa festa que arrisca ser bem previsível. Os quatro são excelentes filmes e qualquer um deles me faria feliz. (Sabe o que me faz feliz, de todo modo? Ter cantado essa pedra do ano dominado por “B” lá bem, bem atrás…)
  •  Quem é certo: Patricia Arquette e J.K. Simmons como coadjuvantes, Julianne Moore para melhor atriz. Ainda acho que Eddie Redmayne leva melhor ator, mas não descarto de todo Michael Keaton, ainda mais ouvindo, cada vez mais, o quanto este ano os queridos votantes querem “compensar omissões do passado” e “reconhecer carreiras” (palavras de dois acadêmicos…). Há quem jure que Bradley Cooper leva. Eu espero que não seja verdade.
  •  Melhor diretor está tão polarizado quanto melhor filme. 50-50 entre Alejandro Iñarritu e Richard Linklater.
  •  Roteiro original vai para Grande Hotel Budapeste. Roteiro adaptado, para O Jogo da Imitação, o que é uma ironia e tanto, considerando que Graham Moore passou anos ouvindo “nãos” porque seu projeto era “comercialmente inviável”.
  •  Animação é uma briga entre Disney e Dreamworks: Big Hero 6 e Como Treinar Seu Dragão 2.
  •  Filme estrangeiro é praticamente uma disputa geopolítica no Leste Europeu: Ida x Leviathan. Pessoalmente, acho que Ida leva.
  •  Música? Aposto na trilha de A Teoria de Tudo, e na canção de Selma, “Glory”, seguida muito de perto por “I’m Not Gonna Miss You”, do documentário Glen Campbell: I’ll Be Me. Ambas, por razões emocionais, principalmente.
  •  Agora vem os técnicos, aqueles que, por admissão de muitos e muitos votantes, a maioria dos acadêmicos deixa em branco porque não tem noção em quem vai votar. Simples, então: quem venceu nos prêmios de seus sindicatos, leva. Boyhood e Grande Hotel Budapeste venceram no sindicato dos montadores (sou mais Boyhood, aqui). Birdman (Emmanuel Lubezki) venceu no sindicato dos diretores de fotografia. Caminhos da Floresta, Birdman e Grande Hotel Budapeste ganharam os prêmios dos figurinistas (sou mais Budapeste, aqui, assim como no prêmio para Direção de Arte). No som, Birdman compete com American Sniper. Efeitos especiais, são a grande chande de Interestelar  não sair do Dolby de mãos abanando– afinal a  Academia adora lembrar que tem “Ciências” no nome. Seu principal oponente? Planeta dos Macacos: O Confronto.
  •  No documentário longa há uma briga boa entre Citizen Four, o favorito – um relato dia a dia da odisseia de Edward Snowden, cheio de personagens brasileiros – e Virunga, sobre o parque do mesmo nome, na África Central, onde vivem os últimos gorilas. Virunga fez uma tremenda campanha nas últimas semanas, deflagrada sobretudo pelo nome de Leonardo DiCaprio, um de seus produtores.
  •  Nos curtas, os favoritos são: em animação o delicioso Feast, da Pixar (seguido de perto por The Dam Keeper); em documentário, Crisis Hotline:Veterans Press 1 (que pode capitalizar as simpatias de quem amou American Sniper); em ficção, Parvaneh (sobre uma refugiada afegã lidando com a burocracia suíça) e Boogaloo and Graham (sobre uma família na Irlanda do Norte, em plena era da crise civil) estão disputando meio a meio.

E o que mais? Divirtam-se! Sigam-me no Twitter! Bom domingo do Oscar para todos nós!


Porque Birdman é o favorito do Oscar 2015
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Ana Maria Bahiana

79th Academy Awards Rehearsals Fri

Sim, eu sei. A temporada de prêmios 2015 começou e eu sumi. Desculpem, foi mal. Muita coisa ao mesmo tempo, o que, é claro, me adoeceu brabo.

Então vamos tentar recuperar o tempo perdido.

Neste momento o que eu havia pressentido lá atrás, em setembro-outubro, está se confirmando. Como em quase todos os anos, a corrida tem dois líderes, com um correndo por fora e outros disputando categorias específicas. Este ano, os dois líderes tem um nome só, começam pela letra B e são independentes, de baixo orçamento, intensamente autorais e completamente pelo avesso do que a indústria (que é quem escolhe esta etapa final da premiação) vem praticando nos últimos dez anos: Boyhood, de Richard Linklater, e Birdman, de Alejandro Iñarritu. Correndo por fora vem o charmoso Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson, que também tem B no nome (os cabalistas devem estar se divertindo) e também é autoral, pessoal, de baixo orçamento e na contramão da indústria em tudo – inclusive no fato de ter sido rodado em película, o único assim na categoria “melhor fotografia”.

Depois da dupla vitória neste fim de semana, nos prêmios da Producers Guild e da Screen Actors Guild, acredito que a sorte está lançada para Birdman. Existe o fator matemático: praticamente todos os membros da PGA e da SAG são membros do corpo votante da Academia, os atores são o departamento mais numeroso entre os acadêmicos, e não vejo porque mudariam suas escolhas no Oscar (lembrando: na fase de indicação, são os departamentos e comissões que votam, com exceção de “melhor filme”, que todo mundo escolhe; na fase final, de premiação, todos os acadêmicos votam em todas as categorias.)

Mas existe também o fator psicológico. Esse é mais difícil de quantificar, mas é capaz de alterar ou confirmar o que a matemática aponta. E não adianta olhar para o passado e tentar fazer cálculos estatísticos : não foi indicado a isso, a estatística diz que não vai ganhar aquilo; x filmes desse tipo ganharam o Oscar, portanto o filme xx vai ganhar. Como não canso de dizer: um prêmio, qualquer prêmio, inclusive e principalmente o Oscar, é apenas a opinião de um grupo de pessoas num determinado momento. Sofre as influências do tempo, do momento, das crises, problemas, celebrações, preocupações que essas pessoas estejam enfrentando, individualmente e como uma comunidade.

Um elemento importante na hora de tentar pensar quem é a pedra da vez é um pêndulo que tem marcado as escolhas da Academia nos últimos 40 anos: a autocrítica de um lado e a autocelebração do outro.

Quando a Academia está feliz consigo mesma, e seus integrantes tem orgulho do que fizeram dentro da estrutura e dos recursos dos grandes estúdios, um filme “grande”, de orçamento vasto e muitas vezes pontilhado de estrelas, tem mais chances de ser o escolhido. Foi assim em 1979 com Kramer vs.Kramer, em 1982 com Gandhi, em 1989 com Conduzindo Miss Daisy, em 1993 com A Lista de Schindler, em 1994 com Forrest Gump, em 1997 com Titanic_ só para dar alguns exemplos.

Quando o pessoal está de farol baixo, trabalhando mas sem muito brio, jogando para cumprir o contrato mas secretamente invejando o povo que arrisca tudo para executar obras pessoais, autorais, com pontos de vista fortes, quem tem mais chances é o filme menor, financiado independentemente. Foi assim entre 1975 e 1978, quando a independente United Artists e, em 1978, a EMI Films, de breve vida, emplacaram vitórias seguidas, de Um Estranho no Ninho a O Franco Atirador. Foi assim em 1981 com Carruagens de Fogo (que nem americano era), em 1994 com Amadeus, em 1991 com O Silêncio dos Inocentes, em 1996 com O Paciente Inglês, e, a partir de 1998, quase todos, numa dança das cadeiras entre Miramax, DreamWorks, Fox Searchlight, Summit, Lionsgate, Weinstein Co e companhia.

Este ano, os dois principais competidores ( e até o terceiro correndo-por-fora) tem exatamente essas características: são obras impossíveis de serem dissociadas de seus criadores, realizadas com paixão e um ponto de vista claro, voltadas exclusivamente para a expressão de uma ideia, e não de merchandising, continuações, produtos ancilares, etc. São, em essência, o oposto de tudo o que está acontecendo na indústria, agora.

A infinita delicadeza e elegância de Boyhood, o modo como lembra aos colegas suas raízes num cinema mais humano, as paixões que eles talvez tiveram quando eram estudantes da arte, a ousadia em usar plenamente o tempo como um elemento narrativo são os trunfos que levaram o minúsculo filme de Linklater até agora. Mas quando, outro dia, eu ouvi um acadêmico dizendo que “não entendia como” o filme tinha sido indicado para melhor roteiro, e outro afirmando que era “um absurdo” que ele estivesse entre os nominados para melhor montagem eu comecei a desconfiar que apenas suas qualidades sutis não fossem o bastante para levá-lo até a reta final.

Birdman, por outro lado, tem o tipo de bravura fulgurante que enche os olhos até de quem é capaz de dizer as asneiras acima. O plano sequência fake! As meta referências! A trilha em solos de bateria! E ainda por cima é violentamente, passionalmente, ácidamente crítico do estado de coisas na indústria. Como resistir, num momento de depressão como este?

Neste momento, ponho minhas apostas em Birdman para levar o Oscar de melhor filme, e talvez mais alguns outros (fotografia? Roteiro original?). Talvez resolvam adotar a solução salomônica (herdada dos festivais, que usam o “prêmio do júri” para o mesmo fim) de presentear Linklater com melhor diretor, como consolação. Mas não consigo tirar da cabeça que Birdman é, agora, o filme que mais expressa o momento que esse povo todo tá vivendo. Pulando de prédios (com asas?) em um, dois…


Academia escolhe seus novos diretores
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Ana Maria Bahiana

 

Você sempre quis saber quem manda na Academia? Para o periodo 2013-2014, anote estes nomes: Tom Hanks, Kathryn Bigelow, Robin Swicord, Lisa Cholodenko, Michael Apted, Dante Spinotti, Annette Bening, Gale Ann Hurd, Kathleen Kennedy, Bill Condon, John Lasseter, Richard Edlund, Rick Carter, Ed Begley Jr.

Eles estão entre os 48 profissionais e integrantes da Academia escolhidos pelo voto direto de seus colegas para dirigir os 16 departamentos ou “branches” da entidade. _ cada departamento tem três diretores. Não pensem, contudo, que esse pessoal tem poder de decisão direto sobre os Oscars : a função desses 48 profissionais é administrar o que o ex-presidente Robert Wise definiu para mim como “a grande visão” da Academia, sua função na indústria, na sociedade e na história do cinema.

Indiretamente, contudo,  sua posição é de peso _ cabe aos 48 “governors” (daí o Governors Ball que celebra indicados e vencedores depois da entrega do Oscar…) implementar e alterar as regras de escolha do prêmio, além de escolher o CEO e o COO que administram a Academia no dia a dia.

O que gostei do Governors’ Board deste ano: tem mais mulheres…


Ecos da reunião da Academia: o que esperar
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Ana Maria Bahiana

A cúpula do futuro museu da Academia, na maquete dos arquitetos Renzo Piano e Zoltan Pali.

A famosa e inédita reunião de todos os integrantes da Academia foi, pelo visto, apenas o começo de uma leva de atividades e possíveis mudanças (digo possíveis porque a Academia é um bicho que se movimenta de-va-gar….)

Eis o que esperar no futuro imediato:

  •  A manutenção do esquema de cinco a dez indicações para melhor filme. A diretoria da Academia considera essa alteração um grande sucesso e, me disse um acadêmico, “a chave para a maior popularidade dos Oscars”.
  • Mais mudanças na escolha do Melhor Filme Estrangeiro e, possivelmente, Documentários. A ideia, que ninguém ousa dizer alto, é abrir o processo de indicação dessas duas categorias para todos os votantes, acabando com os comitês. Ninguém acredita que isso vá se dar este ano, talvez nem no ano que vem, mas o fato do processo admitir, agora, o envio de DVDs e a possibilidade de ver os indicados em qualquer cinema já é  indicador de mudanças nessa direção.
  • Em breve os quase seis mil acadêmicos receberão um longo questionário sobre o desempenho, a governança e os objetivos da Academia e do Oscar. Muitas decisões serão tomadas a partir dessas respostas.
  • A Academia espera que seu  museu seja auto-sustentável. Ou seja, esperem iniciativas comerciais lá dentro (gift shops, eventos, etc). Uma grande e esperada fonte de renda serão as três salas de exibição que serão construídas dentro da “cúpula” anexa ao prédio da May Company, que será inteiramente reformado. A Academia quer tornar as salas do museu o ponto principal para premières e grandes festas da indústria. As obras começam ano que vem, com a inauguração prevista para 2017.
  • A diretoria da Academia considerou o Oscar 2013 “um enorme sucesso”, mas nem todos os membros concordam. Muita gente está resmungando bem alto com a rápida escolha dos mesmos produtores – Craig Zadan e Neil Meron – para a festa de 2014. “Deveria ter havido algum tempo para reflexão”, me confessou uma acadêmica.

Museu da Academia: agora vai (se tudo der certo)
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Ana Maria Bahiana

Fiquei três dias sem internet, TV e telefone. Foi bizarro. Mais bizarro ainda foi o motivo da pane: esquilos tinham invadido a caixa de controle (que é super selada e vedada para impedir a entrada de chuva, poeira e outras ameaças naturais) e roído todos cabos e conexões…

Crise resolvida  (por enquanto…) percebo que perdi o grande acontecimento do fim de semana _ a festança para apresentar formalmente o projeto do muitas vezes anunciado, há muito tempo esperado Museu da Academia.

Rápido flash back: desde a criação da Biblioteca Margaret Herrick em 1928 (o nome é uma homenagem à sua criadora) a Academia vem acumulando um imenso e valiosíssimo acervo de documentos, imagens e objetos relativos à história do cinema. A ênfase, é claro,  é na indústria e na produção norte-americanas, mas não exclusivamente: a Biblioteca tem, por exemplo, 119 itens na coleção dedicada a François Truffaut (inclusive o roteiro original, anotado, de Os Incompreendidos) e 58 livros dedicados à vida e obra de Akira Kurosawa.

Desde o início deste século a Academia vem procurando um lugar para exibir, publicamente, uma parte dessas coleções – a Biblioteca, mesmo no novo e lindo prédio onde se instalou em 1991, não comporta visitantes além de estudiosos e pesquisadores. O projeto de um museu migrou por vários locais – inclusive um terreno vazio em Hollywood, que exigiria a construção de um prédio desde as fundações—até chegar, ano passado, ao edifício da antiga loja de departamentos May Company, ao lado do museu de arte de Los Angeles, o LACMA.

Um lindo prédio art deco construido em 1939, o May Company coloca o futuro museu da Academia no coração de uma das mais movimentadas áreas culturais da cidade, onde já estão, além do LACMA (que tem um vigoroso programa de cinema e neste momento abriga a exposição Kubrick), os museus do Automóvel, do Folclore e de História Natural.

O projeto dos arquitetos Renzo Piano e Zoltan Pali vai manter intacta a estrutura do prédio original, acrescentando uma cobertura (com vistas espetaculares da cidade, e um restaurante/salão de festas), um pátio externo conectando-se com o vizinho LACMA e um gigantesco globo abrigando o teatro David Geffen e uma vasta área para exibições interativas.

Apesar dos 25 milhões de dólares doados por David Geffen (vocês não acham que o teatro tinha sido batizado por conta dos belos olhos dele, certo?) ainda falta muito – em tempo, dinheiro e recursos—para que o Museu da Academia possa abrir as portas em 2017, como previsto.

Por isso, a festa _ para que os acadêmicos possam ver de perto os planos para o museu e abram as carteiras e contas bancárias… as suas ou a de seus estúdios…

Jeffrey Katzenberg, a produtora Kathleen Kennedy, a CEO da Academia, Dawn Hudson e Laura Dern na festa de apresentação do Museu da Academia

 

Dawn Hudson, Joe Manganiello e Paul Reubens

 

Warren Beatty encontra Dick Tracy…

 

Sid Ganis, executivo de marketing e ex-presidente da Academia; o diretor Alexander Payne; e Jim Gianopulos, poderoso chefão da Fox


Picadinho de Hollywood: a crise, os FX e a Academia
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Ana Maria Bahiana

Esta época do ano é sempre devagar por aqui _ ainda não é a pipocada do verão, e a temporada-ouro parece estar longe (só parece… como veremos a seguir). As coisas mais interessantes estão acontecendo na TV ….e nos bastidores da indústria. Como por exemplo:

A Entertainment Weekly desta semana saiu com uma matéria sobre o mesmo assunto que abordei aqui no blog três semanas atrás: a aparentemente contraditória crise na indústria dos efeitos especiais num momento em que cinema e TV  estão mais do que nunca utilizando FX. O básico é o que expus naquele post, mas o artigo me lembrou duas coisas importantes: que a ilustríssima Digital Domain, fundada por James Cameron e Stan Winston em 1993 e pioneira em vários aspectos dos FX (Titanic, Benjamin Button, Transformers, o holograma do Tupac Shakur…) , também pediu concordata em setembro de 2012, e acaba de fechar completamente seu departamento de produção, que estava criando o longa de animação The Legend of Tembo; e que uma das razões da crise é o atual sistema de operação entre os estúdios e produtores e as empresas de FX – os realizadores pedem várias versões de um efeito, mas pagam apenas pelo que escolheram; e se não aprovam nenhum a casa de FX cai num buraco maior ainda (porque arcou sozinha com o custo da mão de obra, equipamento, etc. das versões que não foram aprovadas…)

O prédio executivo dos estúdios Disney, em Burbank

Um outro reflexo da crise – ou, melhor dizendo, das transformações profundas que estão sacudindo a indústria, hoje – são as demissões em massa na Disney, esta semana. Semana passada, a Disney acabou de liquidar a LucasArts, a divisão de games da LucasFilm – uma decisão que afetou também a Industrial Light and Magic, gerando muitas demissões de profissionais que trabalhavam para as duas empresas. Agora, a Disney está pondo na rua 150 funcionários nos departamentos de marketing, entretenimento doméstico e animação, no quartel general aqui de Burbank. E no entanto… ao contrário das empresas de efeitos, a Disney está indo muitissimo bem de finanças, e reportou  5.7 bilhões de dólares em lucro no exercício 2012. O que está acontecendo? Acionistas querendo ainda mais lucro. E para fazer a magia, é preciso diminuir os custos… ou seja, baixar cada vez mais os gastos de produção, apostar ainda mais no que pode dar certo (e apenas nisso) e… demitir muita gente.

O futuro Museu da Academia

Enquanto isso, na Academia… Vem aí a primeira reunião geral dos mais de seis mil integrantes ativos da Academia. Dia 4 de maio, ao vivo no teatro Samuel Goldwyn aqui de Beverly Hills, e via skype para Nova York e a sede da Pixar no norte da Califórnia (vejam como a Pixar tem peso…), os acadêmicos vão receber notícias sobre: o projeto do Museu da Academia, que está sendo construído ao lado do Museu de Arte de Los Angeles, o LACMA (e cujo teatro já foi batizado em honra de David Geffen, que doou 25 milhões de dólares para o projeto); a votação eletrônica para o Oscar, ano que vem; e, nas palavras do presidente Hawk Koch, “o impacto da tecnologia nos Oscars e na Academia em geral”. Hummm… Isso promete… Estou de olho….


Para os Oscars, um não muito feliz ano novo
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Ana Maria Bahiana

Neste momento, enquanto escrevo, os 6 mil votantes do Oscar tem apenas 52 horas para decidir quem serão os indicados deste ano. E muitos deles estão completamente perdidos, ou em suas escolhas, ou no modo de votar. O resultado dessa correria e confusão pode ser uma seleção de indicados esquisita, desequilibrada e, sinceramente, injusta.

Duas novidades da votação 2012-2013 tem provocado verdadeiros surtos nervosos nos votantes. A primeira  foi a antecipação de todos os prazos: com os Oscars sendo entregues dia 24 de fevereiro, as indicações deste ano serão anunciadas agora no dia 10. Morro de rir quando penso no por que da mudança: depois de anos e anos mantendo a postura de que os Globos de Ouro não tinham a menor importância, a Academia colocou o anúncio dos indicados exatamente três dias antes da entrega dos Globos, este ano. O motivo oficial foi “dar mais tempo aos votantes para ver os filmes indicados” mas quase  ninguém por aqui acreditou: a impressão que ficou é que, ao contrário do que anuncia, a Academia está preocupadíssima com os Globos. (A coisa vai ficar pior ano que vem… continuem lendo.)

Até porque o efeito, no final das contas, foi o oposto: para anunciar dia 10, o prazo para votar nos indicados teve obrigatoriamente que cair logo depois do Ano Novo, um período complicado para muita gente. E particularmente nocivo para quem lançou filmes/deslanchou campanhas nos últimos dias de 2012 – entre eles, Django Livre, Os Miseráveis, O Impossível e Promised Land (de Gus Van Sant). Num corpo votante que já não tem o hábito de correr atrás dos filmes para ver, o novo prazo pode ser um fator de desequilíbrio. (Em tese, deveria favorecer filmes que estrearam em meados do segundo semestre, como O Mestre….)

Para tornar as coisas mais complexas, a Academia resolveu inaugurar este ano um sistema de votação online. Quando a mesma ideia circulou com relação aos Globos, optamos por instituir a opção online lentamente, em etapas, para familiarizar votantes mais idosos com a tecnologia. Hoje pode-se fazer o rascunho dos votos dos Globos online, mas eles ainda tem que ser impressos e enviados por correio tradicional. E mesmo assim tem gente que se confunde. Sem falar na complexidade de manter a segurança e usabilidade do site durante o período.

A Academia queimou etapas, e o resultado tem sido uma dor de cabeça de proporções cósmicas. O sistema de votação já caiu várias vezes. Senhas não são reconhecidas. Votantes que ainda estão na era do fax estão absolutamente perdidos. Para lidar com o caos o prazo de votação foi estendido até sexta dia 4 as 17h, e as boas e velhas cédulas de papel estão sendo distribuídas às pressas.

E em 2014? Teremos Olimpíadas de Inverno em fevereiro, e a temporada de futebol americano começando dia 19 de janeiro. São grandes eventos que ocupam as emissoras e os calendários da publicidade. Os Globos estão confortavelmente instalados em janeiro – tradicionalmente, no segundo domingo, que seria 12 de janeiro em 2014. O que os Oscars vão fazer?


Adeus, Emmys – agora, a correria dos outros prêmios
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Ana Maria Bahiana

E aí, gostaram dos Emmys? Da minha parte, resumidamente:

  • A abertura foi xoxa, comparada com anos anteriores (lembram do “Born to Run” de Jimmy Fallon e companhia em 2010?)
  •  Não aguento mais Modern Family, me pareceu um voto preguiçoso, especialmente considerando que este ano, além da eternamente injustiçada Big Bang Theory (será que só vão premiar quando ela definitivamente não for mais o que era? Prêmio faz muito disso…), tínhamos as excelentes estreantes Veep e Girls.
  • Homeland é uma bela série, mas o nível da dramaturgia e direção de Mad Men e Breaking Bad é muito superior – são duas séries que já fazem parte da história da TV contemporânea, e que se provaram ao longo do tempo, desenvolvendo magnificamente seus personagens e tramas.
  • Perder na “minha” categoria – categoria especial – para os Tonys foi um prazer. Explico o “minha”: fui, como consultora de roteiro, parte da equipe do show de entrega dos Globos de Ouro 2012, indicado na “categoria especial” dos Emmys, este ano, primeira indicação que o evento recebe. Eu me senti super lisonjeada, mesmo com meu papel minúsculo na empreitada. E não me importei nem um pouco em perder para os Tonys.

Mas o assunto da cidade, agora, não é mais Emmy, mas a momentosa temporada dos prêmios de cinema, que se aproxima com a mesma velocidade fulminante do temperamental outono angeleno (um dia, calor escaldante; dia seguinte, chuva, 17 graus e folhas pelo chão).

O amador, bizarro e propositalmente incendiário filmeco feito por um egípcio num subúrbio ao sul de Los Angeles acabou de custar alto para o cinema iraniano : em represália ao tal Innocence of Muslims, o Irã decidiu boicotar os Oscars e não submeter nenhum título este ano.

A história desse filmeco é um interessantíssimo tema para uma discussão sobre liberdade de expressão, responsabilidade e intolerância, mas neste momento o que mais lamento é a ausência do cinema iraniano numa das maiores janelas de exposição do mundo – e um ano depois  da vitória do sensacional A Separação.

A mudança das datas é uma história mais complexa_ e vamos esclarecer, o anúncio das indicações aos Globos de Ouro, dia 13 de dezembro, continua sendo antes do anúncio das indicações ao Oscar, dia 10 de janeiro. Para começar, não creio que isso altere em nada o efeito-balaio que os Globos de Ouro tem sobre os demais prêmios. Sempre disse que os Globos criam uma pré-seleção com suas indicações, não com seus vencedores – a composição, temperamento e ponto de vista dos votantes é completamente distinta. Uma olhada nas listas de indicados, ano a ano, comprova esse fator – e as diferenças entre os vencedores mostra como clareza os diferentes critérios de escolha de Academia, Guildas e correspondentes estrangeiros.

E aqui está o x da questão, que ainda não vi comentada com a importância que merece, a não ser num artigo da Variety: ao mudar a data de entrega das indicações para dia 3 de janeiro a Academia encurtou em cruciais 10 dias o tempo de reflexão e, em tese, de acesso aos filmes concorrentes.

Bato nessa tecla porque ela explica muito sobre a personalidade e a natureza das premiações. Os Oscars são escolhidos por pessoas que fazem cinema e, em sua maioria, não tem tempo, paciência ou inclinação para  ver todos os filmes qualificados. Os Globos são escolhidos por pessoas que, por oficio, precisam ver a maioria dos filmes exibidos ao longo do ano e que, portanto, estão qualificados.

Ao roubar 10 preciosos dias do tempo que os acadêmicos teriam para , em tese, ver os filmes do ano, deu ainda maior importância para a pré-seleção que os Globos já terão feito e anunciado dia 13 de dezembro.

Na verdade, o único impacto importante da antecipação foi sobre os estrategistas, que agora tem que correr com a bola durante novembro e dezembro, sem parar, pulando por cima de festas e férias.

E – outra coisa que lamento muito – essa pressa toda pode tornar a competição especialmente injusta para filmes menores, independentes, sem condições de fazer barulho.

Vamos ver o que acontece…


A batalha pelas estatuetas de metal, parte 3: o zum-zum dos festivais e as promessas da animação
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Ana Maria Bahiana

Enquanto vocês curtiam o feriadão, algumas coisas interessantes aconteceram por aqui,  cada uma delas acrescentando mais um pouco de foco e detalhe ao panorama do fim de ano – que, por sua vez, é quando se estabelece o tema e o tom deste momento na indústria cinematográfica.

Na Academia – que tem presidente, diretor executivo e chefe de marketing novos este ano – os planos para o Oscar 2013 começam a tomar forma. Os premiados com Oscars honorários, este ano – aqueles que foram tirados da cerimônia principal e colocados num evento fechado, em novembro – não incluem nem atores, nem atrizes, nem diretores de ficção. Jeffrey Katzenberg, mega-executivo e presidente da DreamWorks Animation (e um dos responsáveis pelo renascimento da Disney nos anos 1980 e 90) ficou com o troféu Jean Hersholt, por atividades filantrópicas, e George Stevens Jr., um dos fundadores do American Film Institute, ganhou um Oscar honorário.

Para mim, os mais interessantes são os outros dois Oscars honorários: D.A. Pennebraker, mestre documentarista e responsável por alguns dos filmes formativos da minha vida – Monterey Pop, Don’t Look Back, Ziggy Stardust and the Spiders From Mars (cujo poster está aqui atrás de mim enquanto escrevo) – e Hal Needham, um dos pioneiros do árduo ofício de dublê profissional (Star Trek e Missão Impossível na tv, e dezenas de títulos no cinema, inclusive Operação França, Rio Lobo, Chinatown e Nasce uma Estrela) e inventor do atual modelo de camera car, que permite tomadas em movimento realistas e de baixo risco.

Os Globos de Ouro continuam no mesmo formato de sempre  (mas ainda não se sabe quem será o host…), e dia 1 de novembro conheceremos o recipiente do troféu Cecil B. de Mille, por conjunto de obra. E, como este ano é o 70 ° aniversário do premio ( e da Associação dos Correspondentes Estrangeiros que o outorga) teremos um troféu especial, a mais, que só será entregue desta vez… conto mais assim que souber…

Na bilheteria, a crise criativa se tornou espetacularmente aparente: este fim de semana foi a pior arrecadação desde o ataque às Torres Gemeas, quando um trauma real paralisou produção e consumo de entretenimento. As coisas estavam tão ruins – 37% a menos que a pior bilheteria deste ano — que o filme com maior venda de ingressos por sala foi…. Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, relançado em Imax. Ou seja – reciclagem por reciclagem , melhor rever o original.

E os primeiros ecos dos festivais de outono, Veneza e Toronto, apontam The Master, de Paul Thomas Anderson, e Argo, de Ben Affleck, como os pesos-pesados confirmados do final de ano. Não fosse um item do seu regulamento, The Master teria levado o Lido inteiro. Como não levou, abriu-se um foco de luz sobre o coreano Pieta, de Ki-duk Kim, na disputa de filme estrangeiro (onde, cada vez mais, reina Amour, de Michael Haneke).

 Cloud Atlas ganhou uma excelente matéria da New Yorker (que, entre outras coisas, documenta com precisão o que é levantar a arquitetura de financiamento de um projeto original, hoje…) e foi ovacionado em sua primeira sessão em Toronto, mas eu não percebo a unanimidade que cerca Master e Argo. E não é apenas porque as resenhas foram meio a meio – é porque há mais entusiasmo pelas tranças pink de Lana Wachowski (ex-Larry) do que pelo filme como um todo.

Vou conferir todos eles em breve, e continuo monitorando as reações dos formadores de opinião – estou bastante curiosa para saber o que, num ano de eleição, crise econômica e colapso de bilheteria, o cinema poderá expressar, coletivamente.

O que nos leva aos longas de animação. Quando a categoria foi criada nos Oscars, 10 anos atrás – e , cinco anos depois, nos Globos de Ouro, como resultado de uma campanha da qual tenho orgulho de dizer que participei – haviam basicamente três contendores: Disney, Pixar e DreamWorks (a última ganhou o primeiro Oscar com Shrek, a Pixar ficou com o primeiro Globo por Carros).

As coisas mudaram muitíssimo nos últimos anos – um olhar sobre os indicados das premiações deste ano revelam um panorama muito mais amplo, pontuado por estreantes (como a Paramount com Rango e a Fox  com O Fantástico Senhor Raposo) e independentes de paises fora dos EUA (O Segredo de Kells– que foi feito em grande parte no Brasil—  O Ilusionista, Um Gato em Paris, Persepolis, Chico e Rita).

Acho que a disputa deste ano será particularmente saborosa. A Pixar vem com Valente, que literalmente estabeleceu um novo padrão de qualidade na animação digital,  a Disney tem Frankenweenie, de Tim Burton, a DreamWorks vem com A Origem dos Guardiões e Madagascar 3 (um dos maiores sucessos de bilheteria de um ano de vacas anoréxicas).

Mas é sobretudo no território além dos pesos- pesados que vejo grandes possibilidades: Piratas Pirados!, da Sony/Aardman; Paranorman, da Focus;/Laika (os mesmos de Coraline) ; Hotel Transilvania, da Columbia, e O Lorax- Em Busca da Trúfula Perdida, da Universal.

From Up Poppy Hill, do Studio Ghibli

E atenção especial a uma pequena companhia que, título por título, pode ser a mais poderosa distribuidora no mercado norte-americanio: a Gkids, especializada em animação independente de qualidade e produtora do Festival Internacional do Cinema Infantil de Nova York – que qualifica para os Oscars…

Em 2011, a GKIds emplacou Chico & Rita e Um Gato em Paris. Para este ano a Gkids vai lançar cinco títulos dentro dos prazos qualificadores: From Up Poppy Hill, do Studio Ghibli do Japão, A Letter do Momo, também do Japão, e os franceses Zarafa, Le Tableau e o meu favorito, The Rabbi’s Cat (sobre um gato que engole um papagaio e se torna subitamente douto em doutrina judaica). É uma imensa lufada de ar fresco e novas ideias vindas de outros quadrantes, que o departamento de animação da Academia tem recebido de braços e olhos bem abertos.


As perguntas e reflexões do Oscar da saudade
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Ana Maria Bahiana

Billy Crystal e o palco art deco do Oscar 2012...

..e uma das inspirações.

Hoje (segunda feira) Los Angeles amanheceu nublada e chuvosa. A frente fria, estacionada sobre o Pacífico, devia estar esperando o ok da Academia para só se instalar sobre a cidade depois dos Oscars (como reza a escrita aqui, o jabá dos produtores com os deuses do clima é poderoso).

O que se fala na cidade depois de um Oscar previsível:

 

A perna de Angelina Jolie, o bico do seio de Jennifer Lopez (que teria saltado do seu profundo decote e levado àquela apresentação inusitada, centrada na derriere…)

Como foi sem graça a pegadinha de Sacha Baron Cohen jogando as “cinzas de Kim Jong Ill” em Ryan Seacrest.

Com oito indicações convertidas em estatuetas os Weinsteins estão de volta mesmo. Conseguiram vender o peixe de um filme mudo e preto e branco, francês e com atores desconhecidos. E quebrar o encanto das 17 indicações infrutíferas de Meryl Streep. (O inferno não tem fúria como uma mulher desprezada, já dizia Shakespeare. Não subestimem a frustração de Meryl com estes anos todos na plateia, que alimentou, e muito, a arrancada de divulgação das duas semanas anteriores ao Oscar.)

Os discursos de Meryl e de Christopher Plummer, classudos, levando a sério o trabalho mas não a si mesmos;  a delicadeza de Meryl com o marido Don Gummer e o fiel colaborador J. Roy Helland, seu maquiador desde A Escolha de Sofia.

Lição de casa para a Academia: repensar, reimaginar, re-energizar a festa. O evento não foi exatamente um espetáculo de dinamismo e inovação (montagens demais, muitas gracinhas sem graça, clima “velho”) mas pelo menos a audiência melhorou um tiquinho, comparada com 2011 (mas piorar ia mesmo ser muito difícil). Mas o Oscar 2012 ainda está abaixo do indice de 2010 e, apesar da piadinha com Justin Bieber na montagem de abertura, perdeu ainda mais a cobiçada fatia entre 18 e 24 anos. Em termos de eventos de prêmios, os Grammys ainda são o melhor show e a melhor audiência – mas tem a seu favor o próprio material que premiam, a música, bem mais fácil de se traduzir em espetáculo. Entre a segurança do evento deste domingo (que, vocês se lembram, foi organizado às pressas depois de crises e demissões de seus cabeças originais, o produtor Brett Ratner e o apresentador Eddie Murphy) e a novidade-pela-novidade de 2011, há espaço para muita coisa. Dois apresentadores, aliás, pareciam estar fazendo teste para um convite ano que vem: Emma Stone e Chris “a fim de voltar” Rock.

Aliás: os atores especializados em dublar animação estão furiosos com Chris e seu discurso “dublar animação é moleza”.

Como esta é uma industria de redundâncias não esperem muitos filmes preto e branco e mudos (em 3D?) no futuro imediato, mas o tema “era de ouro do cinema” não vai morrer tão cedo.

Jean Dujardin, o beijoqueiro, entre o Oscar...

..e a esposa, no Governors' Ball.

O que todo mundo quer saber: o que tantos “primeiros” (França, melhor filme, ator e tudo mais; Irã, melhor filme estrangeiro; Paquistão, melhor longa documentário) vão fazer agora, depois de suas vitórias históricas. Não esperem ver Asghar Farhadi batendo em portas em Century City (onde ficam as grandes agências da cidade) : seu compromisso com o cinema iraniano é firme, comprovado por suas declarações nos bastidores (“Minha vitória não é uma mensagem para o povo do Irã além do fato de que continuo acreditando que a cultura é o que o mundo mais deve cuidar e produzir. Se pudermos nos ver uns aos outros pelo prisma da cultura, vamos nos ver melhor, mais nitidamente.”) Saving Face, o curta documentário do Paquistão, vai ao ar pela HBO em março, e esperem ver sua diretora Sharmeen Obaid-Chinoy em outros projetos não-ficção do canal. A dúvida maior é quanto a Jean Dujardin – que teve grandes dificuldades no início de sua carreira porque os diretores de elenco achavam seu visual “antiquado” – e Michel Hazanavicius – cujos filmes anteriores passaram em brancas nuvens pelo mercado internacional. As armadilhas desta cidade são muitas e tentadoras…

E no fim das contas o Oscar da saudade do que não foi vivido se resumiu a um grupo de franceses re-imaginando o que teria sido a primeira hora de Hollywood, e um diretor norte-americando sonhando com o que teria sido a primeira hora do cinema em seu berço francês…