Blog da Ana Maria Bahiana

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Semana do Oscar, dias 2 e 3: a sorte está sendo lacrada
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Ana Maria Bahiana

Hollywood Boulevard, hoje pela manhã

O Oscar 2011 já está decidido, mas apenas os contadores da PriceWaterhouseCooper sabem disso. Os votos fecharam ontem à tarde e foram encaminhados  imediatamente à contadoria . Quando você estiver lendo este post os resultados já terão sido apurados, e os vencedores, estabelecidos _ agora é a hora de preparar os cartões fatais, colocá-los nos envelopes e lacrá-los.

Antes que vocês perguntem: as estatuetas não recebem os nomes vencedores nesta etapa. Em números muito maiores que o necessário – por garantia- as estatuetas ficam nos bastidores do Kodak, com placas em branco. Depois da entrega, elas são enviadas para a gravação dos nomes e devolvidas aos vencedores.

Nas últimas 48  horas da disputa Christopher Hitchens, que não tolera bobagens, massacrou O Discurso do Rei por sua “memória seletiva” na reconstituição dos fatos em torno do reinado de Jorge VI e seu pai. Jorge V; Annette Bening deu entrevistas para praticamente todos os programas de TV; Harvey Weinstein correu com Colin Firth para cima e para baixo de todas as festas, recepções e eventos, e explorou ao máximo o endosso da família real ao Discurso; Lucy Walker, diretora de Lixo Extraordinário, deu uma entrevista na qual não consegui achar a palavra “Brasil”; e o divulgador de Geefwee Boedoe, diretor do curta Let’s Pollute, desfechou emails  dizendo que o filme era o “Davi diante do Golias da Pixar” – o favorito Day and Night (isso  nunca dá certo…)

Teddy Newton, diretor de Day and Night, na recepção da Academia

Isso apenas no campo “estratégia”. No setor “produção”, a Academia abriu as portas para festejar os curtas de animação indicados; o tapete vermelho começou a ser instalado na entrada do Kodak; Anne Hathaway e James Franco ensaiaram um tributo a Nos Tempos da Brilhantina; e soube-se o por que de não haver prévia dos cenários, como é costumeiro –  os produtores Bruce Cohen e Don Mirscher optaram por um cenário minimalista, praticamente nu, que será alterado exclusivamente através de projeções. “Será um cenário virtual, que vai nos possibilitar levar a plateia a diversos momentos da história do cinema”, disse Cohen.

O que também não vai acontecer: vários indicados anteriores apresentando prêmios e falando sobre os indicados do ano; e longas montagens de clipes, como aquele tributo aos  filmes de terror do ano passado. O que voltou: “o Oscar vai para…” e  interpretação integral de todas as canções indicadas.

Esta noite, os documentaristas serão homenageados. Vamos ver o que vai rolar…


Semana do Oscar, dia 1:o envelope, por favor
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Ana Maria Bahiana

O novo envelope dos oscarizados: inspiração art deco

Pronto: chegamos aqui, na reta final. Amanhã, terça feira, as 17h, todos os envelopes com os votos finais para o Oscar 2011 tem que estar na sede da Academia, em Beverly Hills. Quem optou por votar na categoria “filme estrangeiro” tem que submeter um segundo envelope com seu voto e a “folha de frequencia” mostrando que viu todos os indicados nas sessões oferecidas pela Academia.

As ruas em torno do Kodak já começaram a mudar de cara, e muitas delas em breve estarão fechadas ao trânsito e aos pedestres (um desatino para quem, como eu, tem que atravessar Hollywood para chegar ao lado oeste da cidade…).

No lado prático da festa, uma novidade serão os envelopes e cartões com os nomes dos vencedores, redesenhados pelo ultra-guru dos convites de LA, Marc Friedland. Por incrivel que pareça na longa história do Oscar os cartões com os nomes dos vencedores eram apenas papelaria comum do uso normal da Academia.

O novo desenho  supre essa lacuna. Agora, os nomes dos oscarizados vem gravados em ouro e emoldurados em vermelho num papel de cor bege claro, de altíssima qualidade, precedido das palavras “E o Oscar vai para…” O envelope, dourado, tem forro vermelho com motivos art-deco, e o selo da contadoria PriceWaterhouseCooper.

Curiosidade, antes que vocês perguntem: são impressos cartões com os nomes de todos os indicados. Na véspera da festa, apurados os votos, os cartões correspondentes aos ganhadores são colocados nos envelopes, lacrados e timbrados. Todos os demais são destruídos. E sim, o oscarizado fica com seu envelope e cartão (além da estatueta, é claro).

Os produtores Bruce Cohen e Don Misher se dizem “entusiasmados” com a “sintonia instantânea” entre os apresentadores Anne Hathaway e James Franco. Os clipes promocionais que estão fazendo tanto sucesso na rede foram gravados um dia depois do anúncio dos apresentadores, quando Hathaway e Franco estavam trabalhando juntos pela primeira vez, e a facilidade com que os dois interagem é clara.

Sobre o restante da festa, o que se sabe é que Helen Mirren e Russel Brand apresentarão um segmento juntos (meu palpite: o clipe de O Discurso do Rei, com muitas piadas sobre a família real) , que Scarlett Johansson será uma das apresentadoras, que o coral da escola PS 22, de Staten Island, Nova York, vai fazer uma apresentação como parte do clima “história do cinema” que vai dominar a festa *o que diz: será “Over the Rainbow”, no segmento dedicado a O Mágico de Oz).

Segundo Cohen, em vários momentos da noite o palco do Kodak será transformado “através de luz e elementos de cena” e voltaremos no tempo a “algum momento importante da história do cinema.”

Obra de Banksy nas ruas de LA?

Muito bem. E qual serão as incógnitas? Em primeiro lugar, Banksy. O misterioso artista, personagem (e autor?) do documentário Exit Through the Gift Shop, indicado e um dos favoritos para ganhar o Oscar na categoria, está em Los Angeles desde a semana passada, grafitando nas ruas (e tendo suas obras prontamente apagadas pelos donos dos espaços). Bansky tem todo direito de comparecer ao Kodak, e a Academia já disse que ele será recebido “de braços abertos” mas… como ele vai aparecer?

Uma teoria recente é que, para manter seu precioso anonimato, várias pessoas comparecerão ao Kodak dizendo ser Banksy , o que é um problemão para os estritos sistemas de segurança do Oscar. Pior vai ser se ele ou seus alter-egos estiveram com as costumeiras máscaras com que Banksy guarda sua identidade secreta. Ou – numa possibilidade que está deliciando todo mundo que acha a festa muito chata – que um bando de pessoas em trajes de gala e máscaras pulem no palco dizendo ser Banksy…

A outra incógnita é o tempo. O Oscar tem uma sorte brutal e, no passado, frentes frias, comuns nesta época do ano na California, interromperam a chuvarada a tempo do tapete vermelho. Uma delas se encaminha rapidamente para Los Angeles esta semana, e promete muita chuva e muito frio  no fim de semana. Conseguirá a Academia desviá-la a tempo?


Um fim de semana de prognósticos: olho nos prêmios da DGA e SAG!
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Ana Maria Bahiana

Então, já se acostumaram com a safra Oscar 2011? Deixar gente importante e merecedora de fora faz parte do pacote, e é consequencia da natureza do prêmio, do seu sistema de votação preferencial ponderada (votantes tem que apontar seus indicados em ordem preferencial, e indicados em primeiro lugar “valem” mais que os outros) e da peculiar mistura de gosto, amizades, inimizades, interesses que forma o, digamos assim, “inconsciente coletivo” da Academia.

Nesse contexto, a iniciativa de Julia Roberts chamando a atenção para seu colega Javier Bardem é notável não porque seja ilegal ou rara por si mesma, mas porque Julia estava usando seu enorme prestígio na comunidade para endossar e aumentar a visibilidade de alguém com quem, no momento, não tem nenhuma relação de trabalho, num gesto de pura admiração profissional e coleguismo.

Convescotes desse tipo – mais telefonemas, bilhetes, sms, emails – são super comuns nesta época do ano. São, na verdade, a essência, o coração das campanhas, e não violam as regras do prêmio se feitas sem ataques aos concorrentes e sem o acompanhamento de brindes (ironicamente, grandes empresas podem dustribuir brindes à vontade aos votanets e apresentadores, desde que não sejam relacionados a filmes concorrentes– coisas como eletrônicos, jóias, roupas, acessórios). Harvey Weinstein, que destilou a estratégia e transformou-a numa arte nos anos 1990, só não beija bebê de votante porque os bebês em geral abrem o berreiro quando o vêem.

Para quem está em regime de treinamento para os palpites, vale prestar atenção aos dois prêmios deste final de semana: Directors Guild no sábado e Screen Actors Guild no domingo. Interpretações literais das vitórias nesses prêmios não serão muito produtivas:  a Directors Guild tem 14 mil integrantes, e o departamento de diretores da Academia (aquele que esnobou Christopher Nolan) tem 367; da mesma forma a SAG representa 125 mil atrizes e atores, enquanto o departamento de atores da Academia (que preferiu, por exemplo, James Franco em 127 Horas a Ryan Gosling em Blue Valentine), conta com apenas 1. 183 (ainda assim, o departamento mais numeroso da Academia; e a atual presidente é a indicada Annette Bening, o que não deve supreender ninguém….)

Ao contrario da Academia, a DGA lembrou-se de Nolan, mas não creio que ele leve o prêmio dos colegas, no domingo _ há uma espécie de vontade coletiva de premiar David Fincher, este ano. Mesmo assim, é uma gota no agora vasto mar dos Oscars, onde, agora, 6000 votantes estão escolhendo os vitoriosos de 2011.

As vitórias na SAG podem ser um pouco mais significativas, exclusivamente pelo peso numérico de seus integrantes na Academia. Olho vivo sobretudo na categoria “melhor conjunto de elenco”, que é o equivalente ao “melhor filme” para os atores _ frequentemente uma vitória aqui indica uma tendência importante para melhor filme.


Globo de Ouro 2011: a noite, supreendentemente, foi boa
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Ana Maria Bahiana

Assim que anunciaram Carlos como vencedor na categoria filme para TV/mini-série eu achei que a noite, afinal, ia ser boa. Que íamos nos redimir das indicações bisonhas, e voltar ao nosso velho espírito de desencavar o original, o inusitado, o não-americano. Certo que, para o meu gosto, continuavam faltando indicações como a de Javier Bardem para melhor ator (falha que os BAFTAs corrigiram) ou Raising Hope em série/comédia, mas isso era detalhe diante dos horrores que inspiraram até o (genial, na minha opinião) monólogo de abertura de Ricky Gervais.

Vejam, aqui, como eu votei – e por que tive todo direito de celebrar…

Melhor filme/drama _ Praticamente sabendo que ia jogar o voto fora, cravei Inception-A Origem. Quem sabe… pensei. Mas minha segunda escolha, se a tivesse, teria sido A Rede Social, que é muito, muito mais que “o filme do Facebook”.

Melhor filme/comédia ou musical – Não tinha outro para votar, não é mesmo? Brinde geral ao redor da mesa 230 (“quem votou nos outros?” um colega me perguntou.)

Melhor atriz/drama_ Sem Natalie Portman Cisne Negro poderia ter sido um risco que desabaria em desastre. Outro brinde.

Melhor ator/drama _ Votei em Colin Firth ano passado, por A Single Man, e fiquei bem triste quando ele não levou. Este ano, meu voto foi para Jesse Eisenberg, cujo desempenho em Rede Social é preciso e complexo. Mas fiquei bem contente ao ver Firth reconhecido, ainda que um ano depois…

Melhor atriz/comédia ou musical_ Ia ficar com Minhas Mães e Meu Pai, mesmo : meu voto foi para Julianne Moore.

Melhor ator/comédia ou musical _ Fiquei super feliz com o reconhecimento a Paul Giamatti, que é muito superior ao filme em que está. Meu voto aqui foi para um caso semelhante: Kevin Spacey em Casino Jack.

Melhor atriz coadjuvante_ Amo Melissa Leo, e adoraria te-la visto ganhar anos atrás, por Rio Congelado,onde ela é absolutamente tudo. Este ano, meu voto (não convertido) foi para a igualmente extraordinária Jacki Weaver, de Animal Kingdom.

Melhor ator coadjuvante _ Aqui teria sido um bom lugar para honrar O Discurso do Rei: meu voto foi para Geoffrey Rush.

Melhor longa de animação _ Esse não tinha nem o que pensar- Toy Story 3. E um brinde por L’Illusioniste, tão lindo, pura poesia, ter sido lembrado.

Melhor diretor _ Continuei na linha Inception, com Chris Nolan. Mas aplaudi David Fincher, belo trabalho.

Melhor roteiro_ Aqui, depois de muito pensar e repensar, acabei cravando Aaron Sorkin, pela pura beleza do uso da linguagem em A Rede Social.

Melhor trilha_ Hans Zimmer, o Alemão Doido, ganhou meu voto, mas a dupla Trent Reznor/Atticus Ross mereceu- e o CD não sai do meu carro.

Melhor canção _ Minha favorita, “If I Rise”, de 127 horas, ficou de fora. As escolhas eram complicadas, optei pela canção de Enrolados, “I See the Light”, em honra da bela carreira de Alan Menken. Perdi.

Melhor filme estrangeiro _ Já que meu favorito, Incendies, não foi sequer indicado, votei em Biutiful, torcendo sobretudo por Javier Bardem. Mas entendo porque o dinamarques Haevnen ganhou, supreendendo todo mundo_ a diretora Susanne Bier tem a mão certa em dramas familiares que já lhe renderam dois remakes, Coisas Que Perdemos pelo Caminho e Entre Irmãos.

Melhor série TV/drama _ Num rasgo de loucura, cravei The Walking Dead, por pura insolência (minha e da série). Mas brindei a vitória de Boardwalk Empire com todo prazer.

Melhor série TV/comédia _ Minha querida Raising Hope ficou de fora (quem sabe ano que vem?) então votei na sempre infalível 30 Rock. Glee, nesta segunda temporada irregular, não merecia. Mas enfim – the kids are allright.

Melhor filme/ mini série_ Como assim Carlos? Uau! Brinde com grande entusiasmo_ e pensar que achei que era voto perdido…

Melhor atriz/ série drama _ Votei em Elizabeth Moss, cuja Peggy foi um farol de complicação e audácia nesta temporada de Mad Men. Mas fiquei feliz por Katey Segal, que deveria ter sido premiada um tempo atrás.

Melhor ator/série drama _ Brinde na mesa _ aparentemente todo mundo (eu também!) votou em Steve Buscemi, que os críticos americanos juravam ser errado para o papel.

Melhor atriz/comédia _ Laura Linney é tudo em The Big C. Ganhou meu voto_ e o Globo.

Melhor ator/comédia _Idem idem Jim Parsons. Outro que não acreditei quando ouvi o nome anunciado.

Melhor atriz/filme ou minissérie_ Não tinha pra mais ninguém, aqui. Claire Danes levou Globo e meu voto.

Melhor ator/filme ou minissérie_ Idem idem Al Pacino.

Melhor atriz coadjuvante/ TV_ Meu voto foi para a sublime Kelly McDonald em Boardwalk Empire. Com toda simpatia que tenho por Jane Lynch, nesta temporada eu não tinha como justificar meu voto.

Melhor ator coadjuvante/TV_ Este foi meu solitário voto em Glee – porque Chris Colfer está atacando com bravura um personagem complicado que teve bons momentos nesta temporada (e porque a competição era muito fraca _ embora Boardwalk tenha um belo elenco de apoio que não foi lembrado, aqui).

Meu balanço final dos Globos de Ouro, aqui.


Chuva de ouro: um guia prático da temporada de prêmios
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Ana Maria Bahiana

Ano novo: a temporada-ouro está em pleno vigor.  Antes que a gente comece a jogar palpites para todos os lados, achei mais proveitoso compartilhar com vocês o que são, como funcionam e o que representam cada um dos prêmios que estarão em nossos calendários nos próximos meses. Assim teremos todos a mesma base para as discussões com certeza acaloradas que vamos encarar.

Vamos lá:

Globos de Ouro Indicações: 14 de dezembro de 2010  Entrega: 16 de janeiro

O que são: Prêmios para destaques em cinema e TV no ano anterior. As principais categorias prevêem prêmios diferenciados para drama e comédia.

Quem vota: 85 correspondentes estrangeiros baseados em Los Angeles integrantes da Hollywood Foreign Press Association

Como votam: Por dever de ofício, os votantes (entre os quais me incluo) vêem todos os filmes e séries de TV que escolhem; mas com idades entre 30 e poucos e 80 e muitos e gostos, formação cultural e preferëncias pessoais tão diversos quanto os 55 países que representam, suas escolhas são as mais imprevisíveis entre todos os prêmios.

O que representam: A primeira munição para as campanhas do prêmio maior, os Oscars. O mito de que “os Globos antecipam os Oscars” não é inteiramente verdadeiro mas, de fato, a  a HFPA faz uma espécie de pré-seleção dos títulos que devem ser levados em conta a cada ano. Isso tornou-se ainda mais verdade com a mudança da categoria “melhor filme”, da Academia, de 5 para 10 títulos, o que de certa forma engloba os 5 dramas e 5 comédias que os Globos sempre destacam. Embora  que, este ano….

E também:  A festa mais divertida da temporada, um jantar à moda da velha Hollywood, com poucos discursos e muito champanhe. Ricky Gervais é o mestre de cerimônias este ano, Matt Damon apresentará o troféu Cecil B de Mille a Robert de Niro. (E eu escrevi os textos do livro-programa…)

Prêmios das Guildas (produtores, atores, diretores, roteiristas, diretores de arte, montadores, diretores de fotografia, efeitos visuais). Indicações: entre 4 e 12 de janeiro    Entrega: entre 22 de janeiro e 19 de fevereiro

O que são: Prêmios específicos para os diversos ofícios que compõem a arte e indústria do cinema

Quem vota: Membros das respectivas associações de classe ou “guildas”, que variam entre 800 (montadores, diretores de arte) e 4 mil integrantes (produtores).

Como votam: Com exceção dos produtores, cujo ofício é por natureza abrangente, os demais prêmios são absolutamente focados nos talentos específicos. São prêmios que destacam determinados aspectos dos filmes, vistos pelos olhos de alguns dos melhores praticantes dessas atividades.

O que representam: Como a maioria dos integrantes das associações profissionais tambem são membros dos departamentos específicos da Academia, suas escolhas são excelentes métodos de antecipar os Oscars, pelo menos na fase das indicações ( o vencedor do prêmio da Producers Guild costuma levar o Oscar…) . E, como eles se dedicam especificamente a certos aspectos da realização, muitas vezes destacam filmes que não tem oportunidades em outras áreas.

E também: Cada guilda tem regras próprias quanto a quem pode ser premiado.A Writers Guild tem-se mostrado a mais enjoada, não permitindo premiações para não-integrantes, o que, este ano, deixou de fora grandes roteiros como Toy Story, Another Year e O Discurso do Rei.

British Academy Indicações: Pre-selecionados, dia 7 de janeiro; indicados, 8 de fevereiro   Entrega: 13 de fevereiro

O que são: Os Oscars da indústria cinematográfica britânica

Quem vota: os 6,500 integrantes da British Academy of Film and Television, todos profissionais de cinema, TV e games

Como votam: Assim como seus colegas norte americanos, os integrantes da BAFTA votam nos filmes que eles mesmos fazem e, é claro, privilegiam não apenas as próprias obras ( e as de amigos/associados) mas as produções britânicas

O que representam: Muito importantes para filmes europeus e independentes, que frequentemente são realizados com recursos britânicos. Como muitos profissionais top são membros das duas Academias, pode indicar tendencias de voto para os Oscars.

E também: a festa é em Londres, no Covent Garden. E é o único prêmio com duas rodadas de indicação. Ah, esses britânicos…

Spirit Awards Indicações: 29 de novembro de 2010   Entrega: 26 de fevereiro

O que são: Os Oscars do cinema independente norte-americano

Quem vota: Os 4 000 integrantes da Film Independent, uma ONG dedicada ao apoio e incentivo do cinema independente; apesar de contar com grande número de profissionais (inclusive os indicados do ano anterior) , qualquer pessoa que pagar os 95 dólares de inscrição na Film Independent pode votar.

Como votam: Cada vez mais, os Indie Spirits tem ido para os lançamentos dos chamados independentes-de-luxo, as distribuidoras especializadas dos grandes estúdos, como Fox Searchlight e Sony Classics. Mas ainda é uma das únicas janelas para os filmes menores, mais autorais.

O que representam: Há muito pouco overlap com a Academia, em termos de corpo votante e gostos. Mas pode ser a diferença entre a vida e a morte para obras pequenas e de estreantes (como, este ano, Tiny Furniture e Night Catches Us)

E também: É uma festa divertidíssima, super informal, numa tenda armada na praia de Santa Monica.

Oscars Indicações: 25 de janeiro   Entrega: 27 de fevereiro

O que são: O prêmio que, assumidamente ou não, todo mundo que faz cinema quer ganhar, um dia.

Quem vota: Mais de 6 000 acadêmicos _  profissionais de todas as áreas da realização cinematográfica, de várias nacionalidades, divididos em departamentos de acordo com sua atividade profissional.

Como votam: Este é o voto da industria em si mesma. Todos os 6 000 votantes fazem ou fizeram cinema ativamente, em alguma capacidade. Embora em tese eles tenham que ver os filmes nos quais votam, na realidade muito poucos tem tempo para isso: os votos vão primeiro para suas próprias obras e depois para os trabalhos de gente amiga, associada ou, muitas vezes, sinceramente para quem se admira. Na etapa das indicações, cada departamento vota na sua categoria – atores em atores, diretores em diretores, etc. Na fase final, todo mundo vota em todas as categorias.

O que representam: Além da imensa massagem no ego, um profissional indicado tem um ganho imediato de 60%  em seu cachê e um filme acrescenta automaticamente 40% a mais de público. É uma das maiores alavancas de venda nos mercados internacionais e para plataformas secundarias como DVD/BluRay, TV e internet.

E também: Os prêmios-homenagem perderam espaço na festa, e agora são entregues num jantar privado, em novembro.


Globos de Ouro 2011, o dia depois das indicações: como eu votei (e não votei)
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Ana Maria Bahiana

Globos de Ouro 2011 _ o que dizer além de meus comentários para o UOL Cinema? Numa tentativa de compreender como um desastre cinematográfico como Burlesque foi parar na seleção dos melhores do ano (sem falar em obras bem mais ou menos como The Tourist, Red, Alice no País das Maravilhas e semelhantes) fiz uma pequena enquete entre meus colegas de  variadas vertentes. Alguns estavam tão chocados quanto eu. Outros justificaram o voto na base da diversidade, da necessidade de incluir estrelas no mix da festa, etc. É complicado _ eventos de prêmios são, cada vez mais, eventos. Foi assim que o Oscar perdeu as honras históricas e ganhou 10 indicados a melhor filme.

Queria muito poder dizer, em detalhes, como votei, mas a verdade é que não me lembro de todos os votos. Fiquei feliz de ver nos finalmentes algumas das minhas apostas na contramão: Jacki Weaver por Animal Kingdom, Jennifer Lawrence por Winter’s Bone, Edgar Ramirez por Carlos, Idris Elba por Luther. Mas a lista dos meus votos que ficaram no pó da estrada é maior ainda.

Tentando reconstruir minhas escolhas, aqui vão as principais categorias:

Drama: Emplaquei Inception, A Rede Social e Cisne Negro. Mas meus votos suicidas para Não Me Abandone Jamais e Ghost Writer (um filme muito melhor do que a maioria das pessoas recorda) se perderam. The Fighter tem seus fãs, mas não me incluo entre eles _ me parece qualquer outro filme sobre boxe/familias operárias da costa leste, e todo mundo interpretando como se fosse uma novela mexicana. Sim, até minha amada Melissa Leo.

Comédia: Aqui apanhei mais que Jake La Motta em Touro Indomável. Meu único voto convertido foi Minhas Mães e Meu Pai. Meus votos perdedores foram It’s Kind of a Funny Story (um filme lindo, lírico, que merece muito), Cyrus, Scott Pilgrim Contra o Mundo e Please Give.

Atores: Ó céus, Johnny Depp, gosto muito de você, mas o que você está fazendo DUAS vezes nessa lista?! Não com meu voto. Jesse Eisenberg, Colin Firth e Ryan Gosling foram votos meus, mas adeus Andrew Garfield por Não me Abandone Jamais e Leonardo di Caprio por Inception entre os dramáticos. Entre os comediantes, consegui algo tão dificil quanto emplacar todos: não emplaquei nenhum. Minhas escolhas: Michael Cera (Scott Pilgrim), Keir Gilchrist (Funny Story), John C. Reilly (Cyrus), Jim Carrey (I Love You Philip Morris).

Atrizes: Só emplaquei a dupla de Duas Mães na arena da comédia. Foram-se Sally Hawkins em Made in Dagenham (que não sei se deveria estar em comédia, pra começar…), Catherine Keener por Please Give, Mary Elisabeth Winstead por Scott Pilgrim. No drama fui um pouco melhor, e quatro das minhas escolhas estão lá. Mas Halle Berry no papel de uma stripper com múltipla personalidade me lembrou aqueles telefilmes cafonas dos anos 1980. Quem não consegui emplacar:  a mais que divina Lubna Azabal, de Incendies.

Coadjuvantes: Jacki Weaver, Andrew Garfield, Jeremy Renner e Geoffrey Rush eu consegui. Não consegui: Pierce Brosnan por Ghost Writer, Marion Cotillard por Inception, Chloe Moretz por Let Me In.

Filme estrangeiro: Aqui, novamente, levei uma surra. Só converti Biutiful.  Está certo que Tio Boonmee e Des Hommes et Des Dieux podem parecer muito extremos, mas como esnobar Incendies, um dos melhores filmes do ano, em qualquer língua?

TV: Não fui de todo mal. Meus escolhidos ficaram na órbita de Mad Men, Boardwalk Empire, Walking Dead, Breaking Bad, Carlos, Temple Grandin, You Don’t Know Jack. Não consegui emplacar Sherlock nem minha querida Raising Hope _ espero que ela segure a onda até o ano que vem…

Agora é esperar a cédula defiitiva, para os vencedores, que chega dia 28…


Foi dada a partida: quem está na frente na Corrida do Ouro 2010-2011
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Ana Maria Bahiana

Pronto, agora é guerra. Como vocês podem ver pelo estado de coisas no meu escritório, as armas incluem dvds/blu rays, livros, sacos de bala e pipoca, garrafas de vinho, babilaques diversos ligados ao conceito de filmes e séries de TV.

É a Corrida do Ouro 2010-2011 em pleno vigor a partir do feriadão do Dia de Ação de Graças, encerrado ontem. Não se pode acessar um site ou abrir uma revista ou jornal sem ser bombardeado por anúncios “para sua consideração” e, na mesma proporção, listas e mais listas de possíveis, prováveis candidatos a candidatos.

E a verdade é que há tão pouca certeza…

Eis o que se sabe:

  • Os Oscars escalaram seus apresentadores : Anne Hathaway e James Franco. A decisão  mostra claramente o desejo de rejuvenescer o evento e garantir uma porção maior do público abaixo de 35 anos para suas três horas de transmissão, de onde as referências técnicas e históricas – os prêmios científicos e honorários- já foram cuidadosamente removidos. Os dois são jovens, bonitos, charmosos, desincumbem-se bem da tarefa de cantar e dançar. Vamos ver o que acontece…
  • Nos Globos, Ricky Gervais vai repetir a dose. É uma boa combinação, clima de festa à moda antiga, todo mundo relax por conta da bebida farta, e o humor britânico, seco e às vezes cruel. A azeitona no martini.
  • Existe também um processo da minha associação contra a Dick Clark Productions, pelo controle dos direitos da marca Golden Globes. Por motivos de confidencialidade, não posso dar mais detalhes, mas eis o que importa: nada disso afeta o evento deste ano, dia 16 de janeiro.

Para quem tem a responsabilidade de escolher indicados e vencedores, o barulho constante dos anúncios e das previsões é uma distração não muito bem-vinda. Essa é uma das razões pelas quais procuro não entrar tão cedo nesse exercício de antecipação _ porque compreendo que ele faz parte da estratégia da campanha,  e que as listas são, em grande parte, resultado de sugestões vindas dos estrategistas. É um pouco assim: se a gente falar muito que fulano é candidato, e  se quem vota ler isso muito, quem sabe ela não vota no fulano?

Entendendo isso, e a curiosidade de quem acompanha o processo, posso dizer que estes são os títulos que estão mesmo na dianteira para diversas considerações: Inception-A Origem; A Rede Social; O Discurso do Rei; 127 Horas; Cisne Negro; The Town; e Rabbit Hole.

Entre as comédias, num ano magro, Minhas mães e meu pai é a pole, com múltiplas indicações possíveis; e também: Scott Pilgrim Contra o Mundo, Due Date, Reds-Aposentados e Perigosos, CyrusBurlesque é a grande incógnita_ será que meus colegas gostaram? É uma espécie de Showgirls com muita cantoria, mas o fator-Cher/Aguilera não deve ser desprezado.

Desempenhos individuais que podem ser lembrados incluem Leonardo Di Caprio em Ilha do Medo; Lelsey Manville em Another Year; Jacki Weaver e Ben Mendelsohn em Animal Kingdom; Jennifer Lawrence em Winter’s Bone; Andrew Garfield e Carey Mulligan em Não Me Abandone Jamais; Sally Hawkins em Made in Dagenham; Rebecca Hall em  Please Give; Christian Bale e Mark Wahlberg por The Fighter; Naomi Watts por Jogo do Poder; Robert Duvall e Bill Murray em Get Low; Michelle Williams e Ryan Gosling em Blue Valentine; Chloe Moretz e Kody Smit-McPhee em Let me In; Dakota Fanning em The Runaways; e Tilda Swinton em Il Sono L’Amore.

Filme estrangeiro é um mistério completo _ muito poucos realmente chamaram a atenção do povo. Incendies, Biutiful, La Prima Cosa Bella e Des Hommes et des Dieux são os poucos que vi deixarem marcas mais unânimes.

Na animação, Toy Story 3 domina, mas há tambem L’Illusioniste, Como Treinar o Seu Dragão e A Lenda dos Guardiões.

Na TV, os dramas que realmente chamaram atenção foram Mad Men, Breaking Bad, Boardwalk Empire, The Walking Dead, Fringe, The Good Wife e o final de Lost; nas comédias, Glee, Modern Family, Raising Hope. E vai ser dificil tirar os premios de ator/telefilme de Al Pacino por You Don’t Know Jack e de Claire Danes por Temple Grandin.

O resto é a incerteza que todo tudo mais apetitoso…


Um crime abala Hollywood: quem mataria uma estrategista de prêmios? E por que?
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Ana Maria Bahiana

Ronni Chasen com Danny Boyle, na festa do Oscar por Quem Quer Ser Um Milionário

Na noite de segunda feira Ronni Chasen, divulgadora veterana, uma das pioneiras em estratégia da temporada de prêmios e pessoa muito querida na indústria, chegou cedo ao tapete vermelho em frente ao Chinese Theater. Como fazia sempre em suas três décadas de trabalho em Hollywood, Chasen acompanhou um a um os executivos e astros de um dos projetos para esta temporada de prêmios, a trilha do musical Burlesque, estrelado por Cher e Christina Aguilera., em premiere no Chinese.

Encerrada a exibição, Chasen rumou para o recém inaugurado hotel W, a  cinco quarteirões do Chinese, para a festa no badaladíssimo Drai’s, na cobertura (cenário de vários episódios de Entourage). Chasen trocou histórias e piadas com amigos e conhecidos até um pouco depois da meia noite, quando desceu sem que ninguém visse _ coisa nada difícil numa festa dominada por Cher…

O que aconteceu depois tem poucas certezas: Chasen pediu no valet seu Mercedes preto, rumou para Westwood, onde morava e, cerca de 15 minutos depois de partir de Hollywood, telefonou do carro para seu escritório, deixando na caixa de mensagens uma longa mensagem com instruções para seus funcionários, cobrindo tarefas para o dia de terça. Mais ou menos aos 28 min da madrugada de terça os moradores do pacatíssimo e milionário cruzamento da famosa Sunset Boulevard com a rua Whittier, no coração de Beverly Hills, ouviram um som absurdo: uma rápida sucessão de tiros. Quando saíram de casa, encontraram o Mercedes de Chasen preso a um poste de luz, sua motorista inconsciente e ensanguentada, o peito cravado por cinco tiros. Chasen ainda estava viva, mas chegou morta ao hospital, para onde foi transportada logo depois.

Chasen no tapete vermelho da premiere de Burlesque, horas antes de sua morte

Ao longo do dia de hoje, a indústria sacudiu coletivamente a cabeça. A sensação de perda – agravada pelo fato de ontem ter sido o enterro de Dino de Laurentiis, um dos últimos produtores visionários da cidade – mistura-se com espanto, descrença, horror, paranóia. Cinco tiros? Em Beverly Hills (onde, em 2009, não se registrou um homicídio sequer)? E por que Ronni Chasen, pessoa de currículo notável e vasto círculo de amigos de peso? E por que agora, no primeiro patamar da temporada de prêmios, onde Ronni era uma personagem importantíssima?

Ronni Chasen começou sua carreira na prestigiosa empresa de marketing e divulgação Rogers & Cowan, foi vice presidente de marketing da MGM nos anos 1990 e há duas décadas pilotava divulgação e marketing especializado em sua própria empresa. Era uma fera do marketing estratégico de  prêmios _ entre muitos outros, os premiados Quem Quer Ser um Milionário, Guerra ao Terror e Coração Louco devem muito a ela.

Este ano, além da trilha de Burlesque, Chasen estava trabalhando nas campanhas de Alice no País das Maravilhas 3D, de Michael Douglas por Wall Street 2, e, como há tempos, divulgando seu amigo e velho cliente Hans Zimmer  _ devo a Ronni a intermediação que rendeu a entrevista aqui para o UOL Cinema, sobre a trilha de Inception-A Origem. E embora não possa dizer que ela seja minha amiga, tínhamos uma longa e produtiva relação de trabalho e respeito mútuos _ era uma super profissional, incansável e correta.

Estou, como tanta gente na cidade, em choque. As investigações estão indo a toda velocidade – como vocês podem imaginar, há pressão para que seu assassino ou assassinos sejam descobertos o mais rápido possível. E, sobretudo, que a grande pergunta possa ser respondida: por que?