Blog da Ana Maria Bahiana

Primavera de sangue: paixão, crime, ambição e poder na nova temporada da TV
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Ana Maria Bahiana

Nem só de Mildred Pierce vive a safra 2011 da TV. Alguns destaques do que está no ar nesta primavera norte-americana:

The Borgias (Showtime, no ar nos EUA desde 3 de abril) – O sucesso de The Tudors animou a Showtime a investir nas séries de época, e o canal pago parece ter um xodó especial por linhagens poderosíssimas, cruéis e sexy –  uma combinação irresistível.  Os Borgias, a família de origem espanhola que se apossou de Roma no final do século 15 e se tornou sinônimo tanto de desmedida ambição quando de especial cuidado com as artes, são  sucessores mais que dignos das tramóias de Henrique VIII. Crédito especial para Neil Jordan, que escreveu e dirigiu os dois primeiros episódios, dando o tom para série como um estudo sobre a ambição e a banalidade do mal. Michael Hirst, que se tornou uma espécie de faz-tudo do drama histórico na TV (Tudors, Camelot) e no cinema (Elizabeth, Elizabeth: A era de ouro), segue no mesmo tom, mas o grande, enorme prazer da série é ver Jeremy Irons como o Papa Alexandre, com suas amantes, filhos, altos esquemas políticos, seduções de confessionário e limitada paciência com a mediocridade alheia.

The Killing (AMC, no ar no EUA desde 3 de abril) – Chove o tempo todo. Há florestas silenciosas e enevoadas, e um carro suspenso em câmera lenta, ao entardecer, do fundo de um lago, lindo e terrível. O clima é totalmente Twin Peaks nesta adaptação da mini-série dinamarquesa Fobrydelsen ( 2007), filmada em Vancouver mas teoricamente situada na vizinha Seattle.  Mireille Enos, que vem de vários pequenos papéis em filmes e séries e um desempenho mais substancial em Big Love, é a detetive de homicídios Sarah Linden, que, no último dia de trabalho (ela vai se casar e se mudar para a ensolarada Sonoma, California) tem que resolver o desaparecimento de uma adolescente. Cada episodio é um dia da investigação, e o clima não tem a exposição desenfreada e a necessidade de arrumar e explicar tudo dos CSIs da vida. A AMC apanhou muito com uma outra série cerebral como esta, Rubicon, mas The Killing, embaixo de seu verniz gelado, pulsa de emoção e humanidade.

Camelot (Starz, no ar desde 25 de fevereiro). O mito do Rei Artur é uma especie de template onde cada década e realizador coloca sua marca, ideologia, ponto de vista. Acho que poucas histórias podem ser contadas de tantos modos diferentes e permanecer, essencialmente, a mesma história: a do garoto que não queria ser rei mas acaba criando um país. Na estreia da GK TV – braço televisivo da produtora de Graham King, o melhor amigo de Martin Scorsese – Arthur (Jamie Campbell Bower) é um adolescente meio bobão, um peão no jogo pelo poder articulado por Merlin (Joseph Fiennes) , que se parece menos mago e mais um consiglieri da Mafia se a Mafia existisse nas ilhas britânicas do começo da idade media. A narrativa é meio gaga,  os figurinos são metidos a modernosos, e há diálogos irritantemente contemporâneos, cheios de “ok” e “fantastic”, mas Eva Green como uma linda, poderosa e astuta Morgan compensa quase tudo.

Game of Thrones (HBO, estreia 17 de abril) A HBO entra no território da fantasia jogando alto com esta ambiciosa adaptação do primeiro volume da cultuada saga A Song of Ice and Fire , de George R.R. Martin. Martin, que foi roteirista de TV  (Além da Imaginação, entre outros) antes de se dedicar aos livros, fez basicamente uma variação da história européia dos séculos 13 a 14, quando linhagens e reinos se matavam pelo controle de terras que, muitas vezes, mal eram países. Colocando suas intermináveis disputas num continente ficticio, Westeros, onde invernos e verões podem durar décadas, Martin permitiu que a história, transformada em lenda, pudesse ressaltar não os feitos heróicos, mas as fraquezas e os dramas de ser humano. David Benioff e Dan Weiss, roteiristas e escritores de ficção, fazem um trabalho monumental e perfeito adaptando o texto de Martin, e um grupo sólido de atores britânicos, liderados por Sean Bean como Lord Ned Stark, dá completa credibilidade a esta história de paixões e traições. Algumas perucas podiam ser melhores, mas a trama é tão boa que a gente releva.


Em Mildred Pierce, todo o poder da vida de uma mulher
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Ana Maria Bahiana

Poucos dias atrás vi um filme que se parecia em tudo com a produção comercial norte-americana dos anos 1940 e 50, exceto no essencial – o toque de gênio que frequentemente estava escondido (mas não muito) debaixo dos clichês exigidos pelos estúdios.

Mildred Pierce, a mini-série da HBO que está no ar aqui e que vocês começaram a ver ontem, é o oposto disso. Baseia-se em um livro de 1941, referencia (e reverencia) o estilo de grandes da época, especialmente Douglas Sirk, grã mestre do melodrama. Mas é uma obra moderna, cuidadosamente pensada e dirigida por um diretor sem medo de ousar _ Todd Haynes, que já nos deu Não Estou Lá, Longe do Paraíso e Velvet Goldmine.

Fã do filme de Michael Curtiz, de 1945 (que rendeu um Oscar para Joan Crawford) Haynes escolheu voltar ao texto original do livro de James Cain e mergulhar, com ele, num estudo de personagem incomum na filmografia de hoje: a vida de uma mulher, em todas as suas facetas, não como acessório à narrativa de algum outro herói, mas inteira em si mesma.

Ao remover a principal alteração feita por Curtiz – o assassinato que transforma toda a narrativa num híbrido de melodrama e noir, dois gêneros  populares na época – Haynes recolocou o poder da história nas mãos de Mildred, a mulher que não se sabe tão forte, tão independente, tão dona de seu corpo e de sua alma até passar por sucessivas perdas e provações.

E ao escolher Kate Winslet para ser essa mulher. Haynes imediatamente acrescentou uma colherada de mel ao projeto , a impressionante mistura de extrema fragilidade e completo poder que Winslet sabe trazer a suas personagens, quando estimulada por um diretor que compreende seu enorme talento.

A mini-série da HBO-  desde já no topo da lista de melhores do ano na categoria- segue estritamente o texto de Cain, eliminando apenas os detalhes que poderiam tirar o foco do essencial. Aos 10 minutos do primeiro episódio Mildred (Winslet) despacha porta afora o marido adúltero, colocando-se a  na posição mais vulnerável possível na escala social dos Estados Unidos em plena Depressão: a mulher descasada, com duas filhas para criar.

Nos episódios subsequentes, Mildred descobrirá seu poder  enfrentando humilhação e mãos na bunda durante anos de trabalho como garçonete, explorando seu desejo primeiro com o desajeitado Waly (James LeGros), depois com o sedutor playboy Monte Beragon (Guy Pearce, ótimo) e, finalmente, criando coragem para abrir seu próprio negócio.

É uma estrutura que vocês vão reconhecer em várias novelas, tributárias do melodrama hollywoodiano em conteúdo e forma. Com a liberdade das cinco horas de uma minissérie e a certeza de estar falando com uma fatia específica do público (afinal, é HBO), Haynes pode se deter na intensidade da paixão, na devastadora dor da perda e, sobretudo, na complexa relação entre Mildred e sua filha mais velha, Veda (Morgan Turner e Evan Rachel Wood).  A filmografia mundial é repleta de títulos que exploram a relação entre o filho e o pai. Raros e bem vindos são os que se ocupam da rede complicada de amor, ressentimento, inveja e admiração que pode se formar entre mães e filhas.

A direção de arte , reproduzindo minuciosamente a ensolarada e ainda provinciana Los Angeles dos anos 1930 (em estudio e em locações nos arredores de Nova York), é um prazer à parte. Mas o grande espetáculo é a confluência dos talentos de Haynes e Winslet.  Em um momento, quando Mildred , já dona de sua vida, se reencontra com o ex-marido (Bryan O’Byrne), muitos anos depois , ambos mais velhos, solteiros, marcados por perdas e ganhos, uma rara luz ilumina a tela da TV – a luz da verdadeira, sincera humanidade que o bom cinema, em qualquer plataforma, é capaz de captar.


Uma conversa com Duncan Jones: “Sci Fi é um modo de abrir mentes”
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Ana Maria Bahiana

Michelle Monaghan e Jake Gyllenhaal em Contra o Tempo...

...e Duncan Jones no set.

Um homem acorda num trem e não sabe quem é. Sua derradeira lembrança é estar numa missão de combate sobre o Afeganistão, no comando de uma aeronave militar, seus companheiros de tropa a bordo, fogo inimigo cerrado a seu redor. E agora uma moça bonita conversa com ele sobre trivialidades de trabalho com um vago ar de intimidade e flerte, enquanto uma passageira derrama café no seu sapato e o condutor anuncia que o destino final é Chicago.

Estes são os emocionantes 10 minutos de abertura de Contra o Tempo (Source Code, estreando hoje nos EUA, dia 17 de junho no  Brasil), o primeiro filme de Duncan Jones desde o sucesso  de Moon e sua estreia no esquema grande produção hollywoodiana. Contra o Tempo é um roteiro original do estreante Ben Ripley, desenvolvido sob medida para ser estrelado por Jake Gyllenhaal no papel do piloto, Colter Stevens.

Poderia ter sido complicado e frustrante – para Duncan Jone e para a plateia – mas não é. É imensamente humano, intrigante – em grande parte porque, como Jones relata aqui, descobrimos juntamente com o protagonista o que está se passando, cada nova descoberta adicionando uma camada nova de mistério, de urgencia, de tragédia. Revisitando um território que já atravessou em Donnie Darko, Gyllenhaal mostra-se um excelente companheiro de aventuras para Jones, cúmplice em sua mistura bem calibrada de suspense, humor e drama.

De passagem por Los Angeles para promover o filme, Duncan Jones sentou-se no pátio  ensolarado de um hotel de luxo e contou um pouco sobre seu caminho de “filho de David Bowie” a “diretor cult”, suas crises de identidade, seu amor pelo cinema em geral e ficção cientifica em particular – e como fazer homenagens a Ray Harryhausen com Smurfs e uma câmera super 8 operada por… David Bowie…

Contra o Tempo não é um roteiro seu _ por que você aceitou dirigi-lo?

_ Porque eu vi que podia acrescentar alguma coisa. Quando Jake me deu o roteiro, eu imediatamente gostei do material, a temática se alinhava com meu ponto de vista. Mas era um pouco pesado, muito sério, todo mundo se levava a sério demais. Faltava leveza. Se injetarmos humor, pensei, isso vai ajudar a plateia a acreditar na tecnologia. Jake concordou imediatamente. Ben Ripley pesquisou a fundo para escrever o roteiro e por isso ele focalizou tanto nos detalhes científicos, explicando muito como o “source code” funciona. Isso é importate para ele, como roteirista, eu compreendo perfeitamente. Mas para meu trabalho como diretor o mais importante é que a plateia abrace inteiramente, sem restrições, o conceito. E para isso eu não precisava dar uma aula, tinha que engaja-los pelo lado humano, e o humor é muito eficiente para isso,

O que pelo contrário atraiu você, sem pedir modificação?

_ O ritmo. De cara eu amei o ritmo da narrativa. A quantidade de pistas possíveis e como elas brincam com nossos preconceitos e ideias. O modo como o espectador adivinha situações e aprende o que está se passando no mesmo ritmo que Colter. Isso é muito importante para qualquer filme que tenha um elemento de thriller, de mistério.

É interessante como, mesmo não sendo um roteiro seu, Contra o Tempo continua a discussão de identidade e auto-reconhecimento que você levantou em Moon

_ Acho que é um dos assuntos que mais me interessa: a ideia de identidade, a pessoa que você é e a pessoa que os outros vêem. Acho que todo mundo algum dia se preocupou com isso em algum momento de suas vidas. Eu passei por isso tremendamente no final da minha adolescencia e nos primeiros 20 anos, tentando descobrir quem eu era e qual era meu lugar no mundo. Eu parecia destinado a ser uma coisa e percebi que… não era verdade. Eu era outra pessoa.

Que pessoa era essa que você deveria ser?

_ Eu estava cursando universidade e, depois, pos-graduação com o objetivo de ser professor de filosofia. O que obviamente eu não sou. Demorou muito tempo para eu aprender que aquele não era meu camiho, e as vezes lamento o tempo perdido. Mas, ao mesmo tempo, esse aprendizado e essa experiencia me fizeram a pessoa que sou hoje, capaz de me ocupar de outras formas da questao da identidade.

O tema da identidade também é central na obra de seu pai, que a discutiu de muitos modos em sua obra. Ele ajudou você neste periodo de dúvida?

_ Ajudou tremendamente. Ao longo de sua carreira ele viu muitas pessoas decolarem e despencarem e esse exemplo marcou muito o modo como ele encara a carreira dele, e como ele pode dar apoio à minha. Acho que minha sorte também é que nunca fui do tipo ultra-social, super-popular. Sempre fui um geek estudioso e preocupado com o trabalho. Ser ultra-social pode ser um perigo quando se está desorientado na carreira. Aí seim você se perde, perde todo o seu tempo fazendo nada e, possivelmente, metendo-se em encrencas.

Seu pai influenciou sua carreira?

_ No sentido de pai para filho, sim.  O trabalho dele é algo que sempre admirei e sempre respeitei imensamemte, mas acima de tudo ele é meu pai, e sua influencia é naquilo que ele me mostrou, nas experiencias que me proporcionou. Eu fui apresentado  a Stanley Kubrick porque meu pai não parava de ver Laranja Mecânica quando eu tinha 8 anos… e era provavelmente jovem demais para isso… E minha paixão por ficção cientifica vem dos livros que meu pai me deu, George Orwell e John Wyndham..

Quando você descobriu que queria ser diretor?

_Uma coisa eu sabia: que não ia ser músico. Nunca fui nada musical… Meu pai e eu brincávamos de fazer filmes desde que eu era moleque. Ele é fã de Ray Harryhausen e me mostrava os filmes dele. Tentávamos fazer o mesmo com uma velha câmera super 8 e meus bonequinhos de Guerras nas Estrelas e  Smurfs, nossa versão de animação stop-motion… Isso rapidamente se tornou um hobby pra mim, o hobby que me ocupava mais na faculdade que meus próprios estudos…

Qual é o poder da ficção científica, para você?

_É a capacidade de colocar várias hipóteses na nossa frente de um modo que podemos aceitar aquilo que, de outra forma, nos pareceria impossível ou até mesmo ridículo. É o modo mais perfeito para desafiar a plateia a aceitar coisas muito diferentes de suas próprias vidas, a rever seus conceitos, a abraçar o estranho, o improvável. É um modo de abrir mentes.


CinemaCon 2011: o cinema morreu, viva o cinema
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Ana Maria Bahiana

Apostas da temporada pipoca: Cowboys & Aliens...

... e Super 8

Começou ontem à noite em Las Vegas o ritual da primavera dos exibidores, Cinema Con (que se chamava Showest até que a diretoria mudou e eles resolveram correr atrás de um clima ComicCon…) É um evento reservado apenas a exibidores, distribuidores, donos de cinema e profissionais da midia especializada (como eu).

É divertido mas repetitivo depois de alguns anos inspecionando diferentes tipos de poltronas e fazedores de pipoca, e ouvindo os executivos prometendo que dessa vez sim, as plateias irão se multiplicar, o público vai disparar para os cinemas para ver nossos maravilhosos filmes…

De uns três anos para cá o tom dessas fanfarras tem sido cada vez mais desesperado: salva brevemente pelo fenômeno Avatar em 2009, a situação da bilheteria norte-americana está cada vez mais crítica , caindo aos poucos mas sem parar, de ano para ano.

Este ano, a crise crônica está atingindo níveis agudos. A bilheteria do primeiro trimestre foi patética, com uma queda de mais de 20% comparado com 2010. E, olhando para o que vem a ser temporada mais gorda do ano – o festival de pipoca entre maio e agosto – muitos executivos duvidam que haja volume suficiente de filmes atraentes para garantir uma reviravolta.

As apostas estão em alguns títulos, todos eles continuações e franquias: o derradeiro Harry Potter, Carros 2, Transformers Dark of the Moon, X Men First Class, Kung Fu Panda 2, The Hangover part II. Há uma carencia grande de títulos originais, e os poucos que se aventuram são, neste mercado instável, incógnitas: Cowboys & Aliens, Lanterna Verde, Capitão America, Super 8. Pessoalmente, aposto em Cowboys  & Aliens e Super 8. Mas a verdade é que, numa industria em que “ninguém sabe nada”, como já dizia o sábio e oscarizado roteirista William Goldman, agora sabe-se menos ainda. Se isso fosse possivel.

O primeiro dilema que está se debatendo na CinemaCon é, nas palavras do diretor da CinemaCon à Variety, se os hábitos do público mudaram de vez devido à “abundancia de outras avenidas adicionais competindo pelo dinheiro do consumidor.” É o velho dilema TV X cinema, VHS x cinema, DVD/Blu Ray X cinema, só que agora muito pior: mais opções, menos incentivos para sair de casa, com todas as chateações, e gastar uma nota preta por um filme que pode ou não satisfazer o consumidor.

O segundo dilema é:  o que fazer com o mercado externo? Os apetitosos novos mercados – China, especialmente, mas nosso Brasil também (ou vocês acham que Rio e Fast 5 foram por acaso?) – tem problemas proprios: regulamentação estrita (caso da China), falta de telas, pirataria. E no entanto parecem ser a única saída para o congestionamento do mercado norte americano.

E se você já está se perguntando o que isso tem a ver com você, a resposta é : tudo. Ansiedade quanto à resposta do mercado leva `a retranca na produção: mais sequels, mais franquias, mais fórmulas, menos risco, menos aquisições de projetos independentes, menos oportunidades para novas ideias, temas e realizadores (Sucker Punch, por exemplo, deveria ter sido um meta-filme comentando a propria cultura do entretenimento, especialmente a estética gamer/anime. Snyder admite ter sido “desencorajado” pela Warner a prosseguir nessa trilha. Prestando atenção, nota-se que  exatamente uma cena do velho roteiro permaneceu. Eu gostaria de ter visto esse outro filme.)

Por outro lado,  cortejar o mercado internacional pode representar mais lançamentos simultâneos, prazos menores para saída de títulos em DVD/BluRay/TV e, sobretudo, muito mais interesse em parcerias e co-produções com realizadores locais e mais portas abertas para talento além das fronteiras norte-americanas. Ano passado, 10 dos 20 filmes com maior retorno internacional foram dirigidos por não-americanos.  A tendencia é vermos esse tipo de aproximação ficar cada vez mais intensa.


Sucker Punch: Crepúsculo para meninos
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Ana Maria Bahiana

Existia (não sei se ainda existe) uma rádio comunitária na região do Saara, no centro do Rio de Janeiro cujo ponto forte eram  os comerciais, transmitidos a todo volume pelas ruas deste tradicional bairro de comércio popular. Meu comercial favorito era o de uma loja de roupa íntima, no qual uma locutora, afetando entonações sedutoras, dizia, com a devida pausa entre as palavras: “Sutiãs…. sexys! Calcinhas…. sexys! Meias…. sexys!”

O bordão não saía da minha cabeça durante os  barulhentos, intermináveis, penosos 109 minutos de Sucker Punch (incrível: a mesma duração de Paul… nem parece). Porque, não importa quanta explicação Zack Snyder dê para seus objetivos e referências, Sucker Punch é, em essência, apenas isso: um bando de moças bonitas e gostosas mudando várias vezes seus figurinos de pouca roupa, em múltiplas combinações de… bem… “Sutiãs…. sexys! Calcinhas…. sexys! Meias…. sexys!” Sempre combinando, é claro, com os diversos tipos de armamento empregados em poses…sexys contra antagonistas emprestados de um sortimento de games.

Não tenho absolutamente nada contra – muitíssimo pelo contrário – o excelente uso de lingerie ou a livre exibição da beleza do corpo humano (tenho mais ressalvas quanto às armas ). Mas, a não ser para quem tem a idade física ou mental de um menino de 11 anos, é preciso mais que isso para justificar  uma hora e 49 minutos do nosso precioso tempo.

Precedido de grande expectativa  (devidamente alimentada pela Warner) Sucker Punch, escrito por Snyder com Steve Shibuya,  a partir de seu proprio argumento- deveria ser a obra mais pessoal de Snyder, seu pronunciamento artístico. Espero que não seja – acredito que, com disciplina e um bom roteiro, ele ainda possa realmente mostrar o “visionário” que James Cameron (entre outros) vê nele.

Mas neste momento, lá está, nas telas de todo o mundo: cinco meninas bonitas (lideradas por Emily Browning, Abbie Cornish e  Vanessa Hudgens) em trajes sumários, pessimamente dirigidas (algumas cenas me lembraram os piores momentos das piores novelas que já vi) sem ter o que fazer. A trama é um fiapo: trancafiada num mancômio nos anos 1950/60, Baby Doll (Browning) cria elaboradas fantasias para fugir de sua existencia infernal e se vingar dos homens que atormentaram sua vida.

A principal fantasia, que serve de base para todas as outras, é o sinal mais claro do que Sucker Punch realmente é: Baby Doll imagina que o manicômio é um cabaré/prostíbulo de luxo. Ou seja : tudo não passa na verdade do sonho febril de um pré- adolescente bombardeado por hormônios e video games, nada mais.  De certa forma, é um Crepúsculo/Red Riding Hood para meninos.

Baby Doll e suas companheiras de aventura não são personagens completos, com  personalidade, profundidade, contornos, história, humanidade , nem alegorias ou metáforas para alguma outra coisa: são meras figurinhas movimentando-se em elaborados cenários, com a obrigatória cãmera lenta a la Syder, repetindo poses, situações e falas. Numa entrevista recente, Cornish disse que o trabalho de preparação para o filme foi de tal forma que ela e suas colegas se sentiam “mais dublês que atrizes”. Dá para ver.

E para quem tem reputação de visionário, Snyder precisa se esforçar mais : os mundos em que Baby Doll e suas amigas se refugiam já foram vistos antes, muitas vezes, em obras superiores de Peter Jackson, Quentin Tarantino, irmãos Wachowsky e muitos games.

Em vários momentos – a escolha das cores, o design dos ambientes do “bordel”, o uso de covers na trilha – Snyder parece estar referenciando Moulin Rouge!, o que seria uma escolha interessante se o resultado final não estivesse muito mais próximo de  um crazamento de Burlesque com Faster,Pussycat! Kill! Kill!

Mas poderia ter sido muito pior. Poderia ter sido em 3D.


Rango, Paul: os novos meta-heróis da tela
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Ana Maria Bahiana

Um dos efeitos colaterais da longa vida do cinema é sua capacidade para gerar seu meta – não apenas filmes sobre fazer filmes ( Cantando na Chuva, Oito e meio, Noite Americana, Um Realizador em Apuros, entre muitos outros), mas filmes sobre a narrativa cinematográfica e seu mais de um século criando iconografia em nossas mentes.

É  interessante ver, esta semana, dois filmes assim batalhando pela bilheteria, aqui nos EUA : Rango, que está em cartaz também no Brasil, e Paul, que estreou aqui neste final de semana (em breve teremos mais um, Sucker Punch mas…. Oops, não posso dizer nada, embargo até sexta feira). São criaturas diferentes, esses dois, mas ligados pelo umbigo à mesma nave-mãe: o cinema, criador de narrativas nos nossos sonhos.

Rango, que mencionei aqui no outro post, é um longo e delicioso bilhete de amor ao western em suas diferentes versões e vertentes.

O western é, possivelmente, o mais moral de todos os gêneros cinematográficos : é sobre bem e mal em estado puro, na ausência de distrações proporcionada por uma paisagem intocada, onde os anteparos da civilização ainda não foram estabelecidos. Sozinhos (e livres) num ambiente sem os recursos da lei e dos acordos sociais, homens e mulheres precisam recorrer unicamente a suas próprias bússolas morais para definir seu comportamento e estabelecer suas escolhas. “Bem” e “mal” tornam-se simples e claras forquilhas na estrada, sem as ambiguidades da civilização.

Rango adiciona mais uma camada de simplificação ao seu meta-comentário transformando seus personagens em bichos – os animais do deserto, saindo do pano de fundo de tantos dramas humanos e ganhando sua própria voz. Como Ésopo, La Fontaine e Monteiro Lobato sempre souberam, bichos são a redução mais eficiente para compreendermos a nós mesmos – e é isso que Gore Verbinski faz, com grande sensibilidade, cuidado e humor, usando cada pedaço da alegoria do western: o xerife relutante e o duelo na rua principal de Matar ou Morrer, as imensas paisagens da filmografia de John Ford, o herói sem nome (duas vezes – o próprio Rango, camaleão sem nenhum caráter como Macunaíma, não tem nome enquanto é bicho de estimação) do cinema de Sergio Leone, o bando de renegados e a câmera lenta de Sam Peckinpah. É lindo e delicioso de se ver, e peço a todo mundo que não amou Rango de cara que considere uma segunda oportunidade.

Paul é uma criatura ligeiramente diferente. Apesar de ter sido dirigido por Greg Mottola (Superbad, Adventureland), ele é obra da dupla Simon Pegg/Nick Frost, que escreveu o roteiro, interpreta os papéis principais e, assim,completa sua trilogia de revisões do cinema: terror com Shaun of the Dead, policial com Hot Fuzz e, agora, com Paul, sci-fi.

Há uma camada dupla de revisão no olhar de Pegg-Frost: ingleses, ambos, eles olham não apenas para o cinema, mas especificamente para o cinema de massa produzido nos EUA. São esses clichês, esses códigos, essas invenções que a dupla gosta de subverter – e subvertendo, homenagear.

Em Paul, Pegg-Frost acrescentam mais um elemento: eles agora estão nos EUA, seus personagens em peregrinação nerd da Comic Con em San Diego à Area 51 de Nevada a bordo do que imaginam ser a quintessencia do sonho americano on the road- um trailer gigantesco abarrotado de junk food. Em pouco tempo o verdadeiro ET que encontram no caminho (o Paul do título, dublado à perfeição por Seth Rogen) se torna menos alienígeno do que os nativos da América, seus estranhos hábitos alimentares, costumes peculiares e bizarras crenças. Ver a “exotização” da cultura norte-americana, tão propensa a transformar em “exótico” o que está além de suas fronteiras, é um dos muitos prazeres de Paul.

Os demais são contar quantas referências ao cinema de fantasia Pegg e Frost conseguiram empilhar nos compactos 104 minutos do filme, de Steven Spielberg a James Cameron, Contatos Imediatos a Guerra nas Estrelas, Deliverance e, é claro, ET. Nem todos os momentos são igualmente felizes, e nem todas as participações especiais são tão geniais quanto as de Jane Lynch e Sigourney Weaver, mas esta viagem  hilária, mágica e misteriosa totalmente vale a pena.


Depois dos prêmios, as crises
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Ana Maria Bahiana

Dá pra ver o Charlie Sheen daí? Cena de Marte Precisa de Mães...

...e os produtores Zemeckis, Jack Rapke e Steve Starke,da ImageWorks Digital

Se o Brasil retoma a vida depois do carnaval, LA  volta ao normal depois do Oscar, fim oficial e real da temporada de prêmios. Neste momento do ano que afinal começa, duas crises tem ocupado a industria:  a de Charlie Sheen e da animação por motion capture, escola Robert Zemeckis.

O suspense da crise Charlie Sheen tem duas partes: como  CBS/Warner/Chuck Lorre vão reformular Two and a Half Men,  sua série campeã de audiênica nos EUA e principal exportação mundo afora; e se Charlie será capaz de se reinventar depois do que parece  um descontrolado suicídio profissional.

Saberei mais, pelo menos sobre a primeira parte, em breve.

Passemos portanto para a segunda crise, que foi selada esta semana com o desastre de  Marte Precsia de Mães, a derradeira obra da ImageMovers Digital, o estúdio de captura digital criado por Robert Zemeckis em parceria com a Disney em 2007. Apesar de boas críticas, o longa de animação, que custou mais de 200 milhões de dólares e dois anos de trabalho para realizar e lançar, rendeu minguados 6.9 milhões de dólares na bilheteria norte americana. E os mercados internacionais não vão ajudar: Marte fez apenas 2.1 milhões de dólares nos 8 países nos quais já estreou (o filme ainda não tem previsão de lançamento no Brasil).

Todo mundo parece ter uma explicação para o fracasso de Marte : o título, que teria afugentado os meninos; a história de mães abduzidas, que poderia ter assustado a criançada mais moça; o congestionamento de lançamentos de animação. Mas o mais convicente, para mim, é o mais óbvio: a proposta estética do tipo de captura que Zemeckis e sua equipe praticam é frio, esquisito, desconfortável e, mais importante, vastamente suplantado por outras opções, como a perfeição psicodéllica de Avatar ou a “emotion capture” de Rango.

Mars – escrito e dirigido por Simon Wells, mas produzido por Zemeckis- não é a primeira rejeição deste estilo de mocap : Os Fantasmas de Scrooge foi outro fracasso de bilheteria, capaz de segurar os 200 milhões de dólares de seu custo apenas depois do lançamento internacional. O Expresso Polar, seu antecessor no estilo Zemeckis de mocap, foi apenas ok na bilheteria em 2004 _ e ambos contavam com o clima de festas para gerar interesse. (Beowulf, voltado para um outro segmento de plateia, é um caso a parte, mas também foi salvo pela bilheteria internacional).

A ImageWorks Digital já havia sido ejetada pela Disney ano passado, e agora fechou de vez, demitindo não apenas os 450 técnicos, artistas e funcionários responsáveis por Mars, mas também todos os que trabalhavam no reboot de Yellow Submarine – que já está oficialmente cancelado.

É um drama comum em pioneiros: ver primeiro não significa necessariamente ter a melhor solução.

Nos idos de 2002 Zemeckis foi um dos primeiros a abraçar completamente o que se anunciava como a nova grande fronteira da linguagem cinematográfica: a capacidade de anular a divisão entre real e virtual, captado e manipulado. Infelizmente, a WETA de Peter Jackson disparou à sua frente, desenvolvendo a tecnologia necessaria para realmente integrar os dois aspectos, inserindo o virtual no real sem quebra de engajamento da plateia – pensem na primeira vez em que vimos Gollum em Senhor dos Aneis – e, finalmente, em Avatar,  possibilitando a completa fusão de ambos.

Acho muito interessante o que aconteceu com Rango – que, se vocês não viram, devem correr para ver, pois é o melhor filme de 2011, até agora. Talvez porque tenha sido concebido e executado por dois forasteiros no mundo  da animação – Gore Verbinski e a Industrial Light and Magic – o maravilhoso western existencial se permitiu pensar fora da caixa.

Verbinski escreveu o roteiro pensando em cinema em geral e não animação em particular – o melhor modo de se pensar, como já propunha Papai Walt Disney . E como não queria perder a capacidade de improvisação de seu velho amigo Johnny Depp, e a vitalidade que vem de um bando de atores interagindo – o equivalente a gravar um álbum ao vivo- Verbinski e a ILM inventaram um sistema entre o mocap e a animação digital, captando interpretações ao vivo de todo o elenco que serviram de base para criação de suas personas digitais.

Há tempos este sistema é usado por animadores tradicionais e digitais como base de sequencias mais complexas – a valsa entre Bela e Fera, por exemplo, no longa de 1991. Sem um passado de animador, Verbinsky olhou para o recurso como uma ferramenta criativa nova, que poderia ancorar toda a sua saga de habitantes do deserto vivendo uma saga meio Chinatown, meio Sergio Leone e um tanto Carlos Castañeda. O resultado é um filme que, além de maravilhoso por si mesmo, está sendo abracado entusiasticamente pelas plateias. Como merece.

Mais Rango no próximo.


Oscar 2011, post-mortem: O que a Unidos da Tijuca pode ensinar à Academia
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Ana Maria Bahiana

Uma semana depois dos Oscars 2011, o consenso na industria é: não deu certo. A dupla de apresentadores não funcionou  (muita gente teve ataque de nostalgia quando Billy Crystal pisou no palco), um bocado de coisa não fez sentido ( Kirk Douglas? Javier Bardem e Josh Brolin todos de branquinho? James Franco de Marilyn, super sem graça? A interminável piada com Hugh Jackman?  O coral de crianças no final, de camiseta, com os vencedores empilhados em volta?). A audiência caiu (o terceiro menor índice em 58 anos de Oscar na TV),  e um dos raros momentos espontâneos e divertidos – o beijo e a dancinha entre Bardem e Brolin – ninguém (que não estava no Kodak) viu, porque o diretor de imagem resolveu cortar para Penelope Cruz, na plateia.

E não falamos nem dos prêmios… Mas este é um dos problemas crônicos do Oscar, essa preferencia pelo meio do caminho, uma espécie de disturbio de visão que enaltece o médio e perde a perspectiva da história. Afinal, este foi o prêmio que preferiu John Avildsen a Ingmar Bergman e Rocky,o Lutador a Taxi Driver, no mesmo ano (1977); que premiou  Como Era Verde o Meu Vale em vez de Cidadão Kane em  1942, A Volta ao Mundo em 80 dias em vez de Assim Caminha a Humanidade em 1957, Oliver! em vez de 2001 Uma Odisseia no Espaço em 1969, Gente como a Gente em vez de Touro Indomável em 1981, Crash-No Limite em vez de Brokeback Mountain em 2006…. Devo continuar?

Os problemas de visão da Academia seriam até pitorescos se não fossem agravados pelos outros. Lá nos idos de 1953, quando os acadêmicos faziam suas tradicionais bobagens premiando, por exemplo, O Maior Espetáculo da Terra em vez de Matar ou Morrer, o Oscar era o único prêmio de prestígio na industria (fora de festivais,)  e um dos maiores espetáculos da recem- inventada TV, com uma audiencia em torno de 45 milhões de espectadores. Isso queria dizer que praticamente todas as pessoas que tinham uma TV em casa, nos EUA, estavam assistindo a transmissão (entre 1950 e 1955 haviam 20 milhões de domicilios nos EUA com TV.)  O impacto cultural do evento era maciço em casa e cada vez mais substancial fora de suas fronteiras, onde os Estados Unidos, saindo de seu isolamento do começo do século 20, começava seu domínio cultural do pós-guerra.

E agora, quando existem dúzias de outros prêmios -muitos deles transmitidos em algum formato-  , uma fartura de outros canais de entretenimento e informação além da TV e o Império Americano não é mais o que era?

Como espetáculo, os Oscars são um problemão. Neste momento, estão em crise de identidade, e não sabem se são um grande show de TV (como os Grammys), uma festa (como os Globos que, com toda a sua idiossincrasia, ainda fazem escolhas melhores…) ou uma celebração da excelência profissional (como os prêmios das guildas).

Mas este é só parte do problema _ a pior parte é a possibilidade de perder o significado histórico. Para notar que filmes entraram para o imaginário coletivo do mundo, é mais fácil hoje, por exemplo, olhar para o desfile da Unidos da Tijuca do que para a lista de ganhadores do Oscar.

O cinema que fica é o cinema que lava, e leva, a nossa alma.

Eu, se fosse a Academia, me preocuparia com isso, acima de tudo.


Temos Oráculo! Muitos oráculos, aliás.
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Ana Maria Bahiana

Teria sido o número recorde de candidatos – 986, do Oiapoque ao Chuí, mais Alemanha,  Dinamarca, Grã Bretanha, Portugal, Japão e EUA – ou o fato de todo mundo meio que já saber que O Discurso do Rei ia ganhar? O fato é que este ano temos não um, não dois, mas OITO oráculos do Oscar! O recorde da pitonisa Danielle Lima – 21 acertos em 2009 – ainda não foi quebrado, mas Romeika Cortez, Conrado Heoli, Marcio Motta, Sergio Azevedo, Murilo Paier, Paulo Soares , Carlos Cirne e Gabriel Gonçalves acertaram 20 das 24 categorias tornando-se assim os Oráculos do Oscar de 2011.

(Pausa para a salva de palmas no nosso Kodak virtual).

A turma da prata também foi numerosa : Ricardo Pantarotto, Fabiano Prado, Fidel Madeira, Renato Veneziani,Leonardo Costa Santos, Bruno Portugal, Santana Moura, Felipe Schirmer ,Ramon Vitral e Igor Paiva acertaram 19 categorias e são, portanto, nossos vice-Oráculos 2011. A turma do bronze, com 18 acertos, foi tão numerosa que ia tomar este post quase todo, mas fica aqui registrada.

E, no fim das contas, não foi tanto aquele “melhor diretor” para Tom Hooper que mais  derrubou a galera : foram os dois Oscars de Alice no País das Maravilhas…. E deu dó desconsiderar muitas cédulas – os fatos diziam que elas estavam erradas, mas em termos de bom gosto e sabedoria cinematográfica, estavam perfeitas.

Aqui vão os momentos de justo triunfo de nossos Oráculos 2011:

Romeika Cortez, 28 anos, nasceu em Natal-RN, é jornalista, fotográfa amadora, blogueira, e mora em Copenhague, Dinamarca, onde é estudante do curso ''Estudos de Cinema e Mídia'' da Universidade de Copenhague . E, é claro, é  cinéfila de carteirinha desde os 11 anos.

“Desde cedo sempre procurei absorver o máximo possível sobre a sétima arte, seja através de filmes, seja através da literatura disponível no momento”, explica nossa Oráculo. “Redundante dizer isso, mas o cinema faz e sempre fará parte da minha vida.  Assisto a cerimônia do Oscar desde 1996, e não tenho um resultado tão satisfatório desde o ano de Titanic (!). Agradeço à Ana pela oportunidade, ao meus pais pelo estímulo que sempre me deram e à amiga (também cinéfila) Kamila Azevedo, que me ensinou dicas preciosas.''

O paranaense Conrado Hernandes de Oliveira nasceu dia 11 de junho de 1987, em Londrina,e, como os super-heróis, criou uma nova identidade.” Adotei o 'Heoli' como sobrenome por economia de caracteres e comodidade”, ele explica.

Como tantos mestres da sétima arte seu primeiro contato mais significativo com o cinema foi quando trabalhou numa locadora de vídeos, “Eu retirava um filme por dia e uns 5 ou 6 por final de semana” ele admite. “ Na época descobri Hitchcock, Kurosawa, Wilder e outros mestres que ainda estão entre meus artistas favoritos.”

Hoje  Conrado estuda  Publicidade e Propaganda, escreve para o blog www.litcine.blogspot.com e trabalha com a programação e divulgação da Sala de Cinema Ulysses Geremia, em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul.
Diferente da Melissa Leo, prometo não falar palavrões, embora alguns descrevam bem meu atual estado de alegria. Ser um dos oráculos do Oscar no Hollywoodianas, espaço que sempre foi um de meus referenciais no que diz respeito ao cinema, é muito gratificante! Quero agradecer a Ana pela oportunidade, aos meus amigos Marcelo e Rafael, que me acompanharam até as 2h da manhã assistindo ao Oscar (horário do Brasil em que a cerimônia terminou) e a meus pais, que não me xingaram quando vibrei alto no momento em que ganhei (pela 4ª vez) o bolão anual do qual participo. Este foi o primeiro ano em que enviei minhas apostas ao famoso Oráculo do Oscar, embora já tenha tido mais acertos em outros anos (em 2009 foram 20!), e fico extremamente feliz por receber este prêmio tão importante. Que a força oracular esteja com vocês!”

Murilo Paier, 17 anos, é estudante em Belém. “Apesar de não ser muito longa, minha relação com o cinema apesar de não ser muito longa é muito forte”, diz o jovem Oráculo.

''É a primeira vez que eu participo do oráculo,e estou muito surpreso,acho que foi um pouco de sorte e lógica.Eu não tinha um ''favorito'' porque não assisti a todos os filmes, mas foi difícil ver Melissa Leo e Christian Bale ganhando (odiei The Fighter e foram os piores discursos da noite),por mais que tenha apostado neles doeu,eram duas apostas que eu não me importaria em perder.David Fincher perdendo para Tom Hooper também doeu e nem vou comentar o esnobado Christopher Nolan.Mas enfim minhas apostas,apesar de todas pela lógica,me fizeram Oráculo!''

O designer e cinéfilo Carlos Cirne, 52 anos, mora em São Paulo/SP.

Através de sua empresa. Ma.ca Arte Eletrônica ,Carlos é responsável pelo projeto gráfico da Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial do Estado, que procura preservar a memória de artistas brasileiros – atores, diretores, roteiristas e técnicos – na área de Teatro, Cinema e Televisão, com mais de 300 títulos lançados, em oito anos.

Com seu sócio Marcelo Pestana,  Carlos também é co-editor da newsletter de entretenimento Colunas & Notas, veículo diário on-line dirigido a jornalistas e formadores de opinião, cobrindo as áreas de Cinema, Teatro, Literatura e Home Entertainment.

“Gostaria de agradecer àqueles que, com sua arte, me permitiram desenvolver esta paixão por esta que, sem dúvida, ainda é a Maior Diversão: o Cinema.

Agradeço a Fred Astaire, Gene Kelly, Ingrid Bergman, Audrey Hepburn, Bette Davis e, porque não, Billy Wilder, George Lucas e Steven Spielberg. Obrigado! (sobe a orquestra)”

O carioca Marcio Motta, 34 anos, é engenheiro civil  mas trabalha no mercado financeiro numa empresa com os irmãos.

''Meu interesse por cinema começou bem cedo'', ele conta. ''.Bem antes dos 10 anos passava as noites vendo filmes com meu pai (principal incentivador) e meu irmão mais velho.''Marcio tem uma formação cinematográfica pra lá de clássica: '' Lembro que o primeiro filme que vi foi Tron em 1982. Acompanho o Oscar desde 1984, quando Amadeus levou o prêmio de melhor filme. Desde então, sempre aposto com meu irmão quem acerta mais categorias ano após ano.''


E este ano acertou aqui no cada vez mais internacionalmente famoso Oráculo do Oscar. ''Gostaria de agradecer, primeiramente, ao meu irmão por compartilhar seus conhecimentos da Sétima Arte desde figurinistas, fotógrafos, editores, técnicos a atores, produtores e diretores consagrados. A minha mulher por me aturar todo ano, madrugada a dentro, gritando e discutindo com meu irmão a cada prêmio. Para finalizar, gostaria de agradecer a você, Ana Maria.. Leio suas colunas desde a época do O Globo e admiro muito os seus conhecimentos, acompanhando-a por todos os lugares por onde passou desde então.''


Gabriel Gonçalves (que já tem um grupo entusiasmado de fãs, como se vê na foto) tem 22, nasceu em Palmital SP mas mora em  Ribeirão Preto-SP, onde estuda medicina na  FMRP-USP.  É mais um autodidata dedicado: ''Adoro muito cinema e sempre que dá assisto filmes com boa crítica.''
''Fico muito contente por seu um dos que obtiveram mais acertos desse ano'', ele diz.'' É muito mais legal assistir a cerimônia do Oscar quando se está na torcida por cada categoria específica. Adoro muito cinema e sempre que posso vou. Esse ano assisti quase todos os  indicados ao Oscar, com exceção de Inverno da Alma que infelizmente não veio para Ribeirão. Embora tenho dado o palpite de melhor filme para o 'Discurso do Rei, meu filme favorito foi '127 Horas''.
Paulo Soares, 23 anos, é formado em Turismo e reside em Nossa Senhora do Socorro, ''umas das principais cidades do pequeno, agradável e receptivo .estado do Sergipe''. Apaixonou-se pelo cinema em criança, como tantos de nós: ''Lembro de passar gostosos fim de tarde, jogado no sofá, comendo aquele lanche, assistindo Os Grelims, Os Caça Fantasmas, Convenção das Bruxas, Os Batutinhas, entre outras dessas nostálgicas delicias que todos com certeza assistiram em algum longínquo fim de tarde.''

''O tempo vai passando e nos vamos mergulhando mais fundo nesse mundo da sétima arte e explorando novas descobertas.   Descobertas essas que ao primeiro contato já nos provocam um turbilhão de sensações; Como ficar indiferente e não ser arrebatado ao ter a sua primeira vez com um Hitchcok, Kubrick, Fellini, Wilder.''

Como tantos colegas de prêmio, Paulo trouxe uma lista de amigos para serem justamente homenageados com ele: ''Agradeço a todos que e seus momentos compartilharam comigo suas paixões pela sétima arte. Meus estimados Friendos Tom (Tom Connelly) e Mau (Mau Roberts). Pessoas que já fazem parte do meu grato círculo de amizades.

Minha amiga Andréia, que nessas temporadas de prêmios atura minha excitação em cada indicações, prêmios, cerimônias.

Ao amigo Luís, que é habitual companhia em várias de minhas idas ao cinema, principalmente nessa temporada do ouro; E parceiro das leituras também.

Aproveito o espaço para honrar o meu querido mestre Scorsese, diretor que mais moldou a minha forma de ver a arte e o cinema; Nicole Kidman, atriz de ousadia como poucas no cinema atual, e que esse ano apenas reafirmou seu imenso talento; E Christopher Nolan, que esse ano ganhou mais uma inexplicável esnobada da Academia, porém com seu engenhoso Inception confirmou o seu status de diretor em pleno ápice artístico; Perde o Oscar, ganhamos nós.

E claro que você Ana, pela oportunidade e generosidade de compartilhar seus conhecimentos e visões nesse espaço que já se tornou visita fiel. Até o próximo oráculo e parabéns a todos os outros vencedores.''

O advogado Sergio Azevedo, 28 anos, é de Natal-RN. e jea trabalhou como jornalista e redator publicitario.

Entre 2008 e 2009 Sergio teve uma coluna sobre cinema e crítica de filmes num portal de notícias do meu estado, o NoMinuto.com. O cinema para entrou em sua vida via video cassete:'' Interesso-me por filmes desde 1990, quando meu pai comprou um aparelho de videocassete'', ele conta. ''.Desde mais ou menos essa época, também acompanho a premiação da Academia.''

''É a primeira vez que participo do oráculo, embora sempre tenha participado de outros bolões. E é a primeira vez que saiu bem classificado. Ao fazer meus palpites, sempre procuro observar os vencedores de outros prêmios, como o Globo de Ouro , o BAFTA e, principalmente, os dos sindicatos (se tivesse seguido o prêmio do sindicato dos diretores, teria acertado o palpite de melhor diretor) – tais prêmios são excelentes termômetros para o Oscar.

Quero agradecer a Ana Maria Bahiana pelo concurso e pela “homenagem”, ao amigo Victor Trindade, pelo interesse em conversar sobre filmes comigo, a Pablo Villaça, por instigar ainda mais meu interesse pela sétima arte, e a todos aqueles que fizeram e fazem do cinema uma arte tão fascinante.''

Aos nossos Oráculos, mais uma rodada de aplausos. Que tenham um ano de bons filmes e preparem-se bem para o desafio de 2012 – se Roland Emmerich não acabar com o mundo, é claro.
A todos e a cada um de vocês que participaram do Oráculo do Oscar, meu mais profundo muito obrigada.