Blog da Ana Maria Bahiana

Arquivo : Oscars

As regras do Oscar mudam de novo: deu a louca na Academia?
Comentários Comente

Ana Maria Bahiana

Mo'Nique, o presidente Tom Sherak e os 10 de 2011

 

 

Semana passada a Academia fez barulho suficiente para lembrar a todo mundo que a temporada de prêmios, acreditem se quiserem, começa daqui a três meses.

Para começar, a lista da nova safra de acadêmicos revela algumas coisas interessantes: o desejo (e a pressa) da Academia de renovar e rejuvenescer seus quadros e, ao mesmo tempo, a bizarra lentidão de suas escolhas. Vamos lá, pessoal: John Cameron Mitchell, Lisa Cholodenko, Yojiro Takita, Gregg Araki, Susanne Bier, Terrence Blanchard, Aaron Sorkin, Nastassja Kinski, Wes Studi..só agora?

Depois, o já famoso anúncio de que as regras para indicação a melhor filme vão mudar de novo no periodo 2011-2012. Recapitulando: em  junho de 2009, revertendo ao sistema dos anos 1940,  a diretoria da Academia votou por unanimidade (com uma abstenção: Tom Hanks, representando o departamento de atores) a mudança de cinco para 10 indicados na categoria Melhor Filme. A nova regra deveria estar em vigor por um mínimo de três anos, e deveria voltar para aprovação ou repúdio apenas em 2012.

Tudo isso foi esquecido na semana passada: usando como base o percentual de indicações que filmes favoritos receberam nos últimos anos, a Academia  aprovou mais uma alteração da regra. Agora, para ser indicado a melhor filme, um título tem que receber 5% dos votos que o colocam em primeiro lugar na cédula.

Como vocês sabem, os votos para indicações ao Oscar (e Globos também) são por ordem de preferência: o votante tem que dizer qual é sua primeira, segunda, terceira, etc escolha. Pela nova regra, um título que receba 5% de escolhas em primeiro lugar está indicado para Melhor Filme. O número final pode variar de cinco a 10 _ mas, usando como comparação anos anteriores, a média de “melhores filmes” deve ser seis ou sete.

A pergunta- chave, é claro, é: por que? Por que a regra foi alterada em 2009, e por que o novo sistema não vingou? E a resposta para as duas questões é a mesma: popularidade. Ou, como já foi dito, desespero.

O Oscar pode ser o maior, mas não é a mais o único prêmio disputando a atenção de espectadores mundo afora. Há anos a audiência da festa de entrega vem caindo e, este ano, com 10 indicados, despencou ainda mais.  Um dos motivos, a diretoria da Academia acredita, é a perda de prestígio que a mudança de cinco para 10  indicados causou; e, pior ainda, a perda de prestígio não foi compensada pela inclusão de filmões comerciais, como a diretoria esperava. “Todo mundo achava que teriamos um ou dois arrasa quarteirões, mas em vez disso tivemos Inverno na Alma”, disse um acadêmico frustrado com as mudanças.

Que é um ótimo filme mas não o atrativo popular que a Academia esperava… A verdade mais profunda  pode estar no raciocínio de outro acadêmico que também não foi a favor nem da primeira nem da segunda mudança: “Não se fazem mais filmes como antigamente. Achar 5 filmes excelentes já é um desafio. Tentar aumentar isso pela manipulação das regras é um absurdo.”

 


Oscar 2011, post-mortem: O que a Unidos da Tijuca pode ensinar à Academia
Comentários Comente

Ana Maria Bahiana

Uma semana depois dos Oscars 2011, o consenso na industria é: não deu certo. A dupla de apresentadores não funcionou  (muita gente teve ataque de nostalgia quando Billy Crystal pisou no palco), um bocado de coisa não fez sentido ( Kirk Douglas? Javier Bardem e Josh Brolin todos de branquinho? James Franco de Marilyn, super sem graça? A interminável piada com Hugh Jackman?  O coral de crianças no final, de camiseta, com os vencedores empilhados em volta?). A audiência caiu (o terceiro menor índice em 58 anos de Oscar na TV),  e um dos raros momentos espontâneos e divertidos – o beijo e a dancinha entre Bardem e Brolin – ninguém (que não estava no Kodak) viu, porque o diretor de imagem resolveu cortar para Penelope Cruz, na plateia.

E não falamos nem dos prêmios… Mas este é um dos problemas crônicos do Oscar, essa preferencia pelo meio do caminho, uma espécie de disturbio de visão que enaltece o médio e perde a perspectiva da história. Afinal, este foi o prêmio que preferiu John Avildsen a Ingmar Bergman e Rocky,o Lutador a Taxi Driver, no mesmo ano (1977); que premiou  Como Era Verde o Meu Vale em vez de Cidadão Kane em  1942, A Volta ao Mundo em 80 dias em vez de Assim Caminha a Humanidade em 1957, Oliver! em vez de 2001 Uma Odisseia no Espaço em 1969, Gente como a Gente em vez de Touro Indomável em 1981, Crash-No Limite em vez de Brokeback Mountain em 2006…. Devo continuar?

Os problemas de visão da Academia seriam até pitorescos se não fossem agravados pelos outros. Lá nos idos de 1953, quando os acadêmicos faziam suas tradicionais bobagens premiando, por exemplo, O Maior Espetáculo da Terra em vez de Matar ou Morrer, o Oscar era o único prêmio de prestígio na industria (fora de festivais,)  e um dos maiores espetáculos da recem- inventada TV, com uma audiencia em torno de 45 milhões de espectadores. Isso queria dizer que praticamente todas as pessoas que tinham uma TV em casa, nos EUA, estavam assistindo a transmissão (entre 1950 e 1955 haviam 20 milhões de domicilios nos EUA com TV.)  O impacto cultural do evento era maciço em casa e cada vez mais substancial fora de suas fronteiras, onde os Estados Unidos, saindo de seu isolamento do começo do século 20, começava seu domínio cultural do pós-guerra.

E agora, quando existem dúzias de outros prêmios -muitos deles transmitidos em algum formato-  , uma fartura de outros canais de entretenimento e informação além da TV e o Império Americano não é mais o que era?

Como espetáculo, os Oscars são um problemão. Neste momento, estão em crise de identidade, e não sabem se são um grande show de TV (como os Grammys), uma festa (como os Globos que, com toda a sua idiossincrasia, ainda fazem escolhas melhores…) ou uma celebração da excelência profissional (como os prêmios das guildas).

Mas este é só parte do problema _ a pior parte é a possibilidade de perder o significado histórico. Para notar que filmes entraram para o imaginário coletivo do mundo, é mais fácil hoje, por exemplo, olhar para o desfile da Unidos da Tijuca do que para a lista de ganhadores do Oscar.

O cinema que fica é o cinema que lava, e leva, a nossa alma.

Eu, se fosse a Academia, me preocuparia com isso, acima de tudo.


Temos Oráculo! Muitos oráculos, aliás.
Comentários Comente

Ana Maria Bahiana

Teria sido o número recorde de candidatos – 986, do Oiapoque ao Chuí, mais Alemanha,  Dinamarca, Grã Bretanha, Portugal, Japão e EUA – ou o fato de todo mundo meio que já saber que O Discurso do Rei ia ganhar? O fato é que este ano temos não um, não dois, mas OITO oráculos do Oscar! O recorde da pitonisa Danielle Lima – 21 acertos em 2009 – ainda não foi quebrado, mas Romeika Cortez, Conrado Heoli, Marcio Motta, Sergio Azevedo, Murilo Paier, Paulo Soares , Carlos Cirne e Gabriel Gonçalves acertaram 20 das 24 categorias tornando-se assim os Oráculos do Oscar de 2011.

(Pausa para a salva de palmas no nosso Kodak virtual).

A turma da prata também foi numerosa : Ricardo Pantarotto, Fabiano Prado, Fidel Madeira, Renato Veneziani,Leonardo Costa Santos, Bruno Portugal, Santana Moura, Felipe Schirmer ,Ramon Vitral e Igor Paiva acertaram 19 categorias e são, portanto, nossos vice-Oráculos 2011. A turma do bronze, com 18 acertos, foi tão numerosa que ia tomar este post quase todo, mas fica aqui registrada.

E, no fim das contas, não foi tanto aquele “melhor diretor” para Tom Hooper que mais  derrubou a galera : foram os dois Oscars de Alice no País das Maravilhas…. E deu dó desconsiderar muitas cédulas – os fatos diziam que elas estavam erradas, mas em termos de bom gosto e sabedoria cinematográfica, estavam perfeitas.

Aqui vão os momentos de justo triunfo de nossos Oráculos 2011:

Romeika Cortez, 28 anos, nasceu em Natal-RN, é jornalista, fotográfa amadora, blogueira, e mora em Copenhague, Dinamarca, onde é estudante do curso “Estudos de Cinema e Mídia” da Universidade de Copenhague . E, é claro, é  cinéfila de carteirinha desde os 11 anos.

“Desde cedo sempre procurei absorver o máximo possível sobre a sétima arte, seja através de filmes, seja através da literatura disponível no momento”, explica nossa Oráculo. “Redundante dizer isso, mas o cinema faz e sempre fará parte da minha vida.  Assisto a cerimônia do Oscar desde 1996, e não tenho um resultado tão satisfatório desde o ano de Titanic (!). Agradeço à Ana pela oportunidade, ao meus pais pelo estímulo que sempre me deram e à amiga (também cinéfila) Kamila Azevedo, que me ensinou dicas preciosas.”

O paranaense Conrado Hernandes de Oliveira nasceu dia 11 de junho de 1987, em Londrina,e, como os super-heróis, criou uma nova identidade.” Adotei o ‘Heoli’ como sobrenome por economia de caracteres e comodidade”, ele explica.

Como tantos mestres da sétima arte seu primeiro contato mais significativo com o cinema foi quando trabalhou numa locadora de vídeos, “Eu retirava um filme por dia e uns 5 ou 6 por final de semana” ele admite. “ Na época descobri Hitchcock, Kurosawa, Wilder e outros mestres que ainda estão entre meus artistas favoritos.”

Hoje  Conrado estuda  Publicidade e Propaganda, escreve para o blog www.litcine.blogspot.com e trabalha com a programação e divulgação da Sala de Cinema Ulysses Geremia, em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul.
Diferente da Melissa Leo, prometo não falar palavrões, embora alguns descrevam bem meu atual estado de alegria. Ser um dos oráculos do Oscar no Hollywoodianas, espaço que sempre foi um de meus referenciais no que diz respeito ao cinema, é muito gratificante! Quero agradecer a Ana pela oportunidade, aos meus amigos Marcelo e Rafael, que me acompanharam até as 2h da manhã assistindo ao Oscar (horário do Brasil em que a cerimônia terminou) e a meus pais, que não me xingaram quando vibrei alto no momento em que ganhei (pela 4ª vez) o bolão anual do qual participo. Este foi o primeiro ano em que enviei minhas apostas ao famoso Oráculo do Oscar, embora já tenha tido mais acertos em outros anos (em 2009 foram 20!), e fico extremamente feliz por receber este prêmio tão importante. Que a força oracular esteja com vocês!”

Murilo Paier, 17 anos, é estudante em Belém. “Apesar de não ser muito longa, minha relação com o cinema apesar de não ser muito longa é muito forte”, diz o jovem Oráculo.

“É a primeira vez que eu participo do oráculo,e estou muito surpreso,acho que foi um pouco de sorte e lógica.Eu não tinha um “favorito” porque não assisti a todos os filmes, mas foi difícil ver Melissa Leo e Christian Bale ganhando (odiei The Fighter e foram os piores discursos da noite),por mais que tenha apostado neles doeu,eram duas apostas que eu não me importaria em perder.David Fincher perdendo para Tom Hooper também doeu e nem vou comentar o esnobado Christopher Nolan.Mas enfim minhas apostas,apesar de todas pela lógica,me fizeram Oráculo!”

O designer e cinéfilo Carlos Cirne, 52 anos, mora em São Paulo/SP.

Através de sua empresa. Ma.ca Arte Eletrônica ,Carlos é responsável pelo projeto gráfico da Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial do Estado, que procura preservar a memória de artistas brasileiros – atores, diretores, roteiristas e técnicos – na área de Teatro, Cinema e Televisão, com mais de 300 títulos lançados, em oito anos.

Com seu sócio Marcelo Pestana,  Carlos também é co-editor da newsletter de entretenimento Colunas & Notas, veículo diário on-line dirigido a jornalistas e formadores de opinião, cobrindo as áreas de Cinema, Teatro, Literatura e Home Entertainment.

“Gostaria de agradecer àqueles que, com sua arte, me permitiram desenvolver esta paixão por esta que, sem dúvida, ainda é a Maior Diversão: o Cinema.

Agradeço a Fred Astaire, Gene Kelly, Ingrid Bergman, Audrey Hepburn, Bette Davis e, porque não, Billy Wilder, George Lucas e Steven Spielberg. Obrigado! (sobe a orquestra)”

O carioca Marcio Motta, 34 anos, é engenheiro civil  mas trabalha no mercado financeiro numa empresa com os irmãos.

“Meu interesse por cinema começou bem cedo”, ele conta. “.Bem antes dos 10 anos passava as noites vendo filmes com meu pai (principal incentivador) e meu irmão mais velho.”Marcio tem uma formação cinematográfica pra lá de clássica: ” Lembro que o primeiro filme que vi foi Tron em 1982. Acompanho o Oscar desde 1984, quando Amadeus levou o prêmio de melhor filme. Desde então, sempre aposto com meu irmão quem acerta mais categorias ano após ano.”


E este ano acertou aqui no cada vez mais internacionalmente famoso Oráculo do Oscar. “Gostaria de agradecer, primeiramente, ao meu irmão por compartilhar seus conhecimentos da Sétima Arte desde figurinistas, fotógrafos, editores, técnicos a atores, produtores e diretores consagrados. A minha mulher por me aturar todo ano, madrugada a dentro, gritando e discutindo com meu irmão a cada prêmio. Para finalizar, gostaria de agradecer a você, Ana Maria.. Leio suas colunas desde a época do O Globo e admiro muito os seus conhecimentos, acompanhando-a por todos os lugares por onde passou desde então.”


Gabriel Gonçalves (que já tem um grupo entusiasmado de fãs, como se vê na foto) tem 22, nasceu em Palmital SP mas mora em  Ribeirão Preto-SP, onde estuda medicina na  FMRP-USP.  É mais um autodidata dedicado: “Adoro muito cinema e sempre que dá assisto filmes com boa crítica.”
“Fico muito contente por seu um dos que obtiveram mais acertos desse ano”, ele diz.” É muito mais legal assistir a cerimônia do Oscar quando se está na torcida por cada categoria específica. Adoro muito cinema e sempre que posso vou. Esse ano assisti quase todos os  indicados ao Oscar, com exceção de Inverno da Alma que infelizmente não veio para Ribeirão. Embora tenho dado o palpite de melhor filme para o ‘Discurso do Rei, meu filme favorito foi ‘127 Horas”.
Paulo Soares, 23 anos, é formado em Turismo e reside em Nossa Senhora do Socorro, “umas das principais cidades do pequeno, agradável e receptivo .estado do Sergipe”. Apaixonou-se pelo cinema em criança, como tantos de nós: “Lembro de passar gostosos fim de tarde, jogado no sofá, comendo aquele lanche, assistindo Os Grelims, Os Caça Fantasmas, Convenção das Bruxas, Os Batutinhas, entre outras dessas nostálgicas delicias que todos com certeza assistiram em algum longínquo fim de tarde.”

“O tempo vai passando e nos vamos mergulhando mais fundo nesse mundo da sétima arte e explorando novas descobertas.   Descobertas essas que ao primeiro contato já nos provocam um turbilhão de sensações; Como ficar indiferente e não ser arrebatado ao ter a sua primeira vez com um Hitchcok, Kubrick, Fellini, Wilder.”

Como tantos colegas de prêmio, Paulo trouxe uma lista de amigos para serem justamente homenageados com ele: “Agradeço a todos que e seus momentos compartilharam comigo suas paixões pela sétima arte. Meus estimados Friendos Tom (Tom Connelly) e Mau (Mau Roberts). Pessoas que já fazem parte do meu grato círculo de amizades.

Minha amiga Andréia, que nessas temporadas de prêmios atura minha excitação em cada indicações, prêmios, cerimônias.

Ao amigo Luís, que é habitual companhia em várias de minhas idas ao cinema, principalmente nessa temporada do ouro; E parceiro das leituras também.

Aproveito o espaço para honrar o meu querido mestre Scorsese, diretor que mais moldou a minha forma de ver a arte e o cinema; Nicole Kidman, atriz de ousadia como poucas no cinema atual, e que esse ano apenas reafirmou seu imenso talento; E Christopher Nolan, que esse ano ganhou mais uma inexplicável esnobada da Academia, porém com seu engenhoso Inception confirmou o seu status de diretor em pleno ápice artístico; Perde o Oscar, ganhamos nós.

E claro que você Ana, pela oportunidade e generosidade de compartilhar seus conhecimentos e visões nesse espaço que já se tornou visita fiel. Até o próximo oráculo e parabéns a todos os outros vencedores.”

O advogado Sergio Azevedo, 28 anos, é de Natal-RN. e jea trabalhou como jornalista e redator publicitario.

Entre 2008 e 2009 Sergio teve uma coluna sobre cinema e crítica de filmes num portal de notícias do meu estado, o NoMinuto.com. O cinema para entrou em sua vida via video cassete:” Interesso-me por filmes desde 1990, quando meu pai comprou um aparelho de videocassete”, ele conta. “.Desde mais ou menos essa época, também acompanho a premiação da Academia.”

“É a primeira vez que participo do oráculo, embora sempre tenha participado de outros bolões. E é a primeira vez que saiu bem classificado. Ao fazer meus palpites, sempre procuro observar os vencedores de outros prêmios, como o Globo de Ouro , o BAFTA e, principalmente, os dos sindicatos (se tivesse seguido o prêmio do sindicato dos diretores, teria acertado o palpite de melhor diretor) – tais prêmios são excelentes termômetros para o Oscar.

Quero agradecer a Ana Maria Bahiana pelo concurso e pela “homenagem”, ao amigo Victor Trindade, pelo interesse em conversar sobre filmes comigo, a Pablo Villaça, por instigar ainda mais meu interesse pela sétima arte, e a todos aqueles que fizeram e fazem do cinema uma arte tão fascinante.”

Aos nossos Oráculos, mais uma rodada de aplausos. Que tenham um ano de bons filmes e preparem-se bem para o desafio de 2012 – se Roland Emmerich não acabar com o mundo, é claro.
A todos e a cada um de vocês que participaram do Oráculo do Oscar, meu mais profundo muito obrigada.

Está lançado o Oráculo do Oscar 2011!
Comentários Comente

Ana Maria Bahiana

Hollywoodianas e hollywoodianos, chegou o momento que vocês tanto esperavam (além do Oscar, é claro).

Está lançado oficialmente o internacionalmente famoso Oráculo do Oscar edição 2011.

Você acha que consegue prever os vitoriosos da noite de domingo com o mesmo poder oracular de Renato Félix e Weliton Vicente, detentores do título em 2010, que acertaram 20 das 24 categorias? Ou, quem sabe, bater o recorde da verdadeira pitonisa do Oscar, a carioca Danielle Lima, que cravou 21 acertos em 2009 e é a recordista de acertos do Oráculo?

As regras são muito simples: mande seus votos para o email oraculo2011@bol.com.br até o meio dia (horário do Brasil) de domingo, dia 27 de fevereiro. Mande apenas para este endereço de email, e somente até o meio dia de domingo. Votos enviados depois deste horário não serão considerados.  Você pode corrigir ou emendar seus votos, mas apenas a última versão será levada em conta _ as demais serão deletadas. Não  esqueça de incluir seu nome (completo ou artístico –sei lá, você pode ser o Banksy…) e um email para contato. Ah! Facilita muito se você mandar seus palpites na cédula oficial do Oscar, que você pode baixar aqui. Ter os votos todos na mesma ordem agiliza muito o processo.

Os resultados  serão anunciados aqui, com grande pompa, fotos e entrevistas , assim que minha cabeça voltar a funcionar depois do evento e conseguir contar os votos. O que, em termos práticos, é em torno de terça feira, 1 de março.

Além da suprema honra de ser aclamada/o neste mesmo espaço onde, durante o ano, trafegam estrelas e cineastas do primeiro time, a/o Oráculo(s) 2011 receberá uma seleção de mimos exclusivos da temporada de prêmios. Por  motivos legais, não posso enviar DVDs. E, por motivos de segurança e de custo, também não posso mandar grandes objetos (os comestíveis e bebíveis se foram há muito tempo). Não se preocupem – tem muita coisa super bacana para escolher.

A postos?


Semana do Oscar, dias 2 e 3: a sorte está sendo lacrada
Comentários Comente

Ana Maria Bahiana

Hollywood Boulevard, hoje pela manhã

O Oscar 2011 já está decidido, mas apenas os contadores da PriceWaterhouseCooper sabem disso. Os votos fecharam ontem à tarde e foram encaminhados  imediatamente à contadoria . Quando você estiver lendo este post os resultados já terão sido apurados, e os vencedores, estabelecidos _ agora é a hora de preparar os cartões fatais, colocá-los nos envelopes e lacrá-los.

Antes que vocês perguntem: as estatuetas não recebem os nomes vencedores nesta etapa. Em números muito maiores que o necessário – por garantia- as estatuetas ficam nos bastidores do Kodak, com placas em branco. Depois da entrega, elas são enviadas para a gravação dos nomes e devolvidas aos vencedores.

Nas últimas 48  horas da disputa Christopher Hitchens, que não tolera bobagens, massacrou O Discurso do Rei por sua “memória seletiva” na reconstituição dos fatos em torno do reinado de Jorge VI e seu pai. Jorge V; Annette Bening deu entrevistas para praticamente todos os programas de TV; Harvey Weinstein correu com Colin Firth para cima e para baixo de todas as festas, recepções e eventos, e explorou ao máximo o endosso da família real ao Discurso; Lucy Walker, diretora de Lixo Extraordinário, deu uma entrevista na qual não consegui achar a palavra “Brasil”; e o divulgador de Geefwee Boedoe, diretor do curta Let’s Pollute, desfechou emails  dizendo que o filme era o “Davi diante do Golias da Pixar” – o favorito Day and Night (isso  nunca dá certo…)

Teddy Newton, diretor de Day and Night, na recepção da Academia

Isso apenas no campo “estratégia”. No setor “produção”, a Academia abriu as portas para festejar os curtas de animação indicados; o tapete vermelho começou a ser instalado na entrada do Kodak; Anne Hathaway e James Franco ensaiaram um tributo a Nos Tempos da Brilhantina; e soube-se o por que de não haver prévia dos cenários, como é costumeiro –  os produtores Bruce Cohen e Don Mirscher optaram por um cenário minimalista, praticamente nu, que será alterado exclusivamente através de projeções. “Será um cenário virtual, que vai nos possibilitar levar a plateia a diversos momentos da história do cinema”, disse Cohen.

O que também não vai acontecer: vários indicados anteriores apresentando prêmios e falando sobre os indicados do ano; e longas montagens de clipes, como aquele tributo aos  filmes de terror do ano passado. O que voltou: “o Oscar vai para…” e  interpretação integral de todas as canções indicadas.

Esta noite, os documentaristas serão homenageados. Vamos ver o que vai rolar…


Semana do Oscar, dia 1:o envelope, por favor
Comentários Comente

Ana Maria Bahiana

O novo envelope dos oscarizados: inspiração art deco

Pronto: chegamos aqui, na reta final. Amanhã, terça feira, as 17h, todos os envelopes com os votos finais para o Oscar 2011 tem que estar na sede da Academia, em Beverly Hills. Quem optou por votar na categoria “filme estrangeiro” tem que submeter um segundo envelope com seu voto e a “folha de frequencia” mostrando que viu todos os indicados nas sessões oferecidas pela Academia.

As ruas em torno do Kodak já começaram a mudar de cara, e muitas delas em breve estarão fechadas ao trânsito e aos pedestres (um desatino para quem, como eu, tem que atravessar Hollywood para chegar ao lado oeste da cidade…).

No lado prático da festa, uma novidade serão os envelopes e cartões com os nomes dos vencedores, redesenhados pelo ultra-guru dos convites de LA, Marc Friedland. Por incrivel que pareça na longa história do Oscar os cartões com os nomes dos vencedores eram apenas papelaria comum do uso normal da Academia.

O novo desenho  supre essa lacuna. Agora, os nomes dos oscarizados vem gravados em ouro e emoldurados em vermelho num papel de cor bege claro, de altíssima qualidade, precedido das palavras “E o Oscar vai para…” O envelope, dourado, tem forro vermelho com motivos art-deco, e o selo da contadoria PriceWaterhouseCooper.

Curiosidade, antes que vocês perguntem: são impressos cartões com os nomes de todos os indicados. Na véspera da festa, apurados os votos, os cartões correspondentes aos ganhadores são colocados nos envelopes, lacrados e timbrados. Todos os demais são destruídos. E sim, o oscarizado fica com seu envelope e cartão (além da estatueta, é claro).

Os produtores Bruce Cohen e Don Misher se dizem “entusiasmados” com a “sintonia instantânea” entre os apresentadores Anne Hathaway e James Franco. Os clipes promocionais que estão fazendo tanto sucesso na rede foram gravados um dia depois do anúncio dos apresentadores, quando Hathaway e Franco estavam trabalhando juntos pela primeira vez, e a facilidade com que os dois interagem é clara.

Sobre o restante da festa, o que se sabe é que Helen Mirren e Russel Brand apresentarão um segmento juntos (meu palpite: o clipe de O Discurso do Rei, com muitas piadas sobre a família real) , que Scarlett Johansson será uma das apresentadoras, que o coral da escola PS 22, de Staten Island, Nova York, vai fazer uma apresentação como parte do clima “história do cinema” que vai dominar a festa *o que diz: será “Over the Rainbow”, no segmento dedicado a O Mágico de Oz).

Segundo Cohen, em vários momentos da noite o palco do Kodak será transformado “através de luz e elementos de cena” e voltaremos no tempo a “algum momento importante da história do cinema.”

Obra de Banksy nas ruas de LA?

Muito bem. E qual serão as incógnitas? Em primeiro lugar, Banksy. O misterioso artista, personagem (e autor?) do documentário Exit Through the Gift Shop, indicado e um dos favoritos para ganhar o Oscar na categoria, está em Los Angeles desde a semana passada, grafitando nas ruas (e tendo suas obras prontamente apagadas pelos donos dos espaços). Bansky tem todo direito de comparecer ao Kodak, e a Academia já disse que ele será recebido “de braços abertos” mas… como ele vai aparecer?

Uma teoria recente é que, para manter seu precioso anonimato, várias pessoas comparecerão ao Kodak dizendo ser Banksy , o que é um problemão para os estritos sistemas de segurança do Oscar. Pior vai ser se ele ou seus alter-egos estiveram com as costumeiras máscaras com que Banksy guarda sua identidade secreta. Ou – numa possibilidade que está deliciando todo mundo que acha a festa muito chata – que um bando de pessoas em trajes de gala e máscaras pulem no palco dizendo ser Banksy…

A outra incógnita é o tempo. O Oscar tem uma sorte brutal e, no passado, frentes frias, comuns nesta época do ano na California, interromperam a chuvarada a tempo do tapete vermelho. Uma delas se encaminha rapidamente para Los Angeles esta semana, e promete muita chuva e muito frio  no fim de semana. Conseguirá a Academia desviá-la a tempo?


Na semana decisiva, a pergunta é: quem vai ficar com Oscar?
Comentários Comente

Ana Maria Bahiana

A duas semanas exatas do Oscar 2011 e uma semana para entrega dos votos finais, eis o que é absoluta certeza: que Anne Hathaway  e James Franco serão os anfitriões da festa; que os apresentadores de prêmios incluem Nicole Kidman, Tom Hanks, Cate Blanchett, Jude Law, Reese Whiterspoon e Annette Bening; que Gwyneth Paltrow (que agora ninguém consegue tirar de um palco, pelo jeito) vai cantar a indicada “Coming Home”, do seu filme Country Strong, e que Florence do Florence & the Machine vai tomar o lugar de Dido ao lado de A.R. Rahman na interpretação de outra indicada, “If I Rise”, de 127 Horas.

Sabemos também que o Governors’ Ball, tradicional homenagem da direção da Academia a indicados e vencedores do ano, terá como tema, segundo a produtora e desiger do evento, Cheryl Ceccetti, “uma noite num night club da era de ouro de Hollywood”,com palmeiras artificiais, clima art-deco e cores intensas.

E que Wolfgang Puck, chef-estrela que há 20 anos atende os 1500 convidados do Ball, preparou um menu de “sabores latinos”, com uma paella e outros pratos de peixes e frutos do mar, além da tradicional  pizza do Oscar”, com caviar e salmão, e as mini estatuetas de chocolate.

Quase todo o resto ainda está no terreno da especulação, algo que , como muito bem diz Timothy Gray, editor da Variety (e um dos autores de um livro delicioso sobre os bastidores do festival de Cannes) “envolve uma quantidade tremenda de gases”. Uma olhada nas duas tabelas compiladas por Gray demonstra, entre outras coisas, o quanto o gostos e prioridades mudaram entre os votantes dos prêmios pré-Oscars, e o quanto a mudança da data do evento da Academia foi importante para essa mudança.

Um outro elemento, que Gray não menciona, é uma tendencia da Academia, em anos recentes, de distribuir suas dádivas por vários filmes. Posso estar errada, mas me lembro apenas de Titanic, em 1998, levando para casa todos os tipos de indicação (menos, significativamente, as dramáticas e de roteiro).

As vitórias de O Discurso do Rei nos prêmios BAFTA, ontem, são importantes, mas eu faço uma ressalva: a superposição de votantes das academias britânica e norte-americana não é tão grande a ponto de podermos tirar uma conclusão certa.

O quadro que temos agora, em linhas gerais, indica um pau-a-pau entre O Discurso do Rei e A Rede Social, com Inception (que levou o prêmio da ASC, guilda dos diretores de fotografia) na pole para os prêmios técnicos e Cisne Negro, O Vencedor e Bravura Indômita bem posicionados nas categorias dramáticas.

Vou observar com cuidado o que acontece nos bastidos desta semana tão decisiva.


As desventuras de Melissa Leo revelam um pouco do avesso das campanhas
Comentários Comente

Ana Maria Bahiana

Qual a diferença entre este anúncio…

...e este?

A duas semanas dos Oscars, a disputa continua em aberto. E a grande pergunta na cabeça de todo mundo é: o que Melissa Leo estava pensando?

Para quem perdeu esse capítulo da emocionante novela do Oscar 2011, aqui vai um resumo: há uma semana um par de anúncios de página inteira apareceu nos trades, os jornais especializados da indústria. Neles, Melissa aparecia em trajes de gala, com uma palavra através da página: “Consider” (considere).

Era claramente um pedido de voto, mas, pela etiqueta da campanha, absolutamente bizarro, embora permitido.

Entre as muitas nebulosidades (ouso dizer hipocrisias?) das batalhas por uma estatueta, a questão da auto-promoção é das mais delicadas. Pelas regras da Academia,  tudo é permitido desde que não ataque diretamente os concorrentes ou envolva presentes ou mordomias ligados aos filmes. Notem que pedidos diretos de votos, feitos sem ataque e sem mimos, são permitidos, assim como brindes e mordomias não diretamente ligados aos filmes _ o que enche a cidade, nesta época do ano, de “gifting suites”, com farta distribuição de todo tipo de artigo de luxo, de bebidas a jóias, para indicados, suas equipes, seus amigos e seus estúdios, na esperança de que esses formadores de opinião usem os produtos em público ou pelo menos falem deles.

Mas voltemos às campanhas e a Melissa.  Ligar para seus amigos e para os amigos de amigos; conversar com todo mundo que pertence à Academia ou é esposo/esposa, parente ou associado de um acadêmico; lembrar favores passados; prometer favores futuros; ter vontades súbitas de oferecer almoços e jantares de congraçamento; enviar emails pessoais; perguntar pela saúde e bem estar de tias, primos, avós, bebês recém-nascidos  de acadêmicos ou mesmo envar cartões, flores e mimos com o mesmo objetivo; se oferecer para passear o cachorrinho ou tomar conta do gato de acadêmicos _ tudo isso é permitido. Mais que isso: é o pão com manteiga de uma campanha.

Gastar cerca de 18 mil dólares por uma página no Variety com um anúncio pedindo votos é, na verdade, tão corriqueiro que ninguém notaria. A não ser por uma coisa: não se tratava dos produtores ou distribuidores de O Vencedor que estavam pedindo consideração para Melissa Leo. Também não era seu agente ou empresário. Era ela mesma. Isso é permitido? É. Mas, como me disse um votante, “é de mau gosto, e parece desespero. E você sabe como esta cidade tem repulsa ao desespero.”

É verdade. Não vamos nos deter sobre a questão do “mau gosto”, algo inteiramente discutível  nesta indústria. Fiquemos no item “desespero”: de fato, este  é o repelente mais eficiente desta terra. Um dos elementos mais cruéis do jogo do sucesso, aqui, é exatamente esse: quanto mais alguém está querendo ou precisando de algo, menos ela e ou ele tem que aparentar que está querendo ou precisando.  O mistério número um, no caso, é que, depois de suas vitórias nos Globos de Ouro e na SAG, Melissa não precisava querer nada _ ela já era a favorita na categoria melhor atriz coadjuvante por seu trabalho como a mãe autoritária e superprotetora dos irmãos Mark Wahlberg e Christian Bale em O Vencedor.

Resta a teoria da pura ingenuidade, que é a linha que Melissa Leo está adotando, agora. Numa entrevista para  Marie Claire, Leo garantiu que “não sabe nada” sobre Oscar e campanhas para o Oscar, e que pensou que os anúncios eram “uma boa ideia”. Isso seria plenamente aceitável se ela não tivesse uma carreira de 20 anos  na TV e no cinema, e se, na mesma entrevista, não dissesse que Amy Adams, que também está indicada como coajuvante por O Vencedor, mas que até agora não ganhou nada, “tem uma certa inveja”; que Helena Bonham Carter lhe deu “empurrões” durante o almoço dos indicados; e que Hailee Steinfeld, a segunda favorita na categoria, está “cafetinando” sua indicação.

Resultado: Hailee está agora na pole position entre as atrizes coadjuvantes, por Bravura Indômita.

E a lição da semana é: se você for indicada e quiser gastar dinheiro, contrate primeiro um assessor de imprensa/estrategista.

Adendo importante: por que Melissa Leo não usou fotos dela no filme? Teria sido mais eficiente?

Teria. Mas ela não tem o direito de uso dessas imagens. Quem tem é o distribuidor. E aí temos outro nó: a decisão de quem, num filme, deve receber atenção nas campanhas públicas, com anúncios, folhetos, convites, etc cabe a ele, o distribuidor. Muita briga rola por causa disso. Melissa pode ter-se sentido não prestigiada com anúncios pagos pelo distribuidor, com cenas do filme, e partido para o ataque por conta própria. Grande erro, como se viu.


Almoço com as estrelas: álbum de retratos
Comentários Comente

UOL Interação

A tradição começou em 1981: no intervalo entre o envio das cédulas para os votos finais e o prazo para sua entrega a Academia convida todos os indicados para um almoço de confraternização. “É um momento sem competição numa temporada marcada pela competição”, me disse certa vez uma porta voz da Academia. “Uma lembrança do por que da Academia e dos prêmios.”

Este ano, 150 dos 190 convidados compareceram ontem à tarde ao International Ballroom do Beverly Hilton (ironicamente, onde são entregues os Globos de Ouro) para um menu de salmão, filê mignon, jardineira de legumes e sobremesas sortidas de chocolate. Aqui, alguns momentos (todas as fotos cortesia A.M.P.A.S. Fotógrafos: Darren Decker , Todd Wawrychuk, Richard e Greg Harbaugh e Ivan Vejar).

Chegando ao Beverly Hilton: os fãs de Anorofsky…

…as luvinhas de Helena Bonham Carter…

…e o reencontro do rei e do professor_ Colin Firth e Geoffrey Rush (com minha amiga Melody Korenbrot ao fundo, super estressada…)

Na tradicional pose para a foto da “turma do ano”: Annette Bening usou seus privilégios de diretora do Departamento de Atores e foi para o colo de Jeff Bridges…

… mas James Franco arranjou uma cadeira para a supergrávida Natalie Portman (com o apoio de John Lasseter e Chris Nolan)…

… enquanto Mark Ruffalo, Michelle Williams e o extraordinário DP Matthew Libatique (Cisne Negro) sorriem para a câmera.

No salão: los amigos Javier Bardem e Alejandro González-Iñarritu…

…Nicole Kidman e o co-presidente da Fox, Jim Gianopulos…

… e o diretor Tom Hooper (O discurso do rei) fazendo média com o presidente da Academia, Tom Sherak, e Warren Beatty.

E finalmente, os arqui-rivais Jesse Eisenberg e Colin Firth. Qual seria o diálogo?