Blog da Ana Maria Bahiana

Arquivo : Oscar

Os primeiros candidatos da Corrida do Ouro 2014-2015
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Ana Maria Bahiana

É aquela época do ano: acabou a pipocada, as crianças voltaram à escola e todo mundo acha que sabe quem vai ganhar o Oscar (e outros prêmios).

A verdade, amigas e amigos,  é que, como já dizia o mestre roteirista William Goldman, neste ofício de doidos ninguém sabe nada. E a segunda e terceira partes desta verdade é que 1. A maioria dos filmes nas listas pipocando por aí ainda não estrearam/ foram exibidos para votantes 2. A imensa maioria de quem faz essas listas não vota para os prêmios sobre os quais escreve.

Então vamos com calma.

Aqui vai uma avaliação mais breve e possivelmente mais sensata incluindo filmes que já estrearam e/ou foram exibidos para votantes e – mais importante – já passaram por algum dos festivais que alavancam carreiras-ouro: Sundance, Cannes, Veneza,Telluride (em ordem cronológica).

 

BoyhoodBoyhood

O que é: 12 anos na vida de um menino, da infância até entrar para a faculdade.

Currículo: Sucesso em Sundance, Urso de Prata de melhor diretor em Berlim, seguido por circuito comercial no primeiro semestre e aclamação unânime da crítica.

Chances: Muitas: melhor filme, diretor e roteiro (Richard Linkater), atores (Patricia Arquette, Ethan Hawke e até o estreante Ellar Coltrane), melhor montagem.

O que pode atrapalhar: Sua delicadeza, seu orçamento de marketing modesto e o fato de ter estreado no primeiro semestre. Vai ser preciso uma campanha corpo a corpo para manter aceso o interesse em meio a filmes mais badalados.

 The-Grand-Budapest-Hotel-580

Grande Hotel Budapest

O que é: Tributo ao universo do autor Stefan Zweig pela visão de Wes Anderson – as memórias (verdadeiras ou não) de um famoso escritor recontam a vida num hotel de luxo do leste europeu, entre as guerras mundiais do século 20.

Currículo: Prêmio do Júri em Berlim,  circuito comercial no primeiro semestre, boas críticas.

Chances: Foi o primeiro grande destaque do ano no circuito comercial, o primeiro filme a despertar algum zum-zum. Fortes chances para Ralph Fiennes (num papel completamente diferente do seu habitual), roteiro, direção (Wes Anderson), direção de arte e figurinos.

O que pode atrapalhar: Wes Anderson. Nem todo mundo leva sua estética a sério.

Mr. Turner

Mr. Turner

O que é: A vida e a visão do pintor J.M.W Turner, um dos grandes das artes visuais britânicas.

Currículo: Melhor ator em Cannes para Timothy Spall, uma quase-palma para o diretor e roteirista Mike Leigh.

Chances: Timothy Spall, com, certeza. Mike Leigh também tem boas chances, assim como o filme.

O que pode atrapalhar: Lindo mas severo, Mr.Turner não joga para a arquibancada meeesmo…

foxcatcher

Foxcatcher

O que é: A complicada relação do excêntrico trilionário John Du Pont com os atletas do time de luta romana que ele patrocina.

Currículo: Melhor diretor em Cannes para Bennett Miller (Moneyball), passagem aclamada por Telluride, esta semana em Toronto. Estréia comercial nos EUA dia 14 de novembro.

Chances: Nicole Kidman sabe muito bem o que um nariz pode fazer na briga por uma estatueta (Oscar de melhor atriz por As Horas, 2002). Steve Carell (como Du Pont, irreconhecível) conseguirá o mesmo? Filme, diretor e roteiro também estão no páreo.

O que pode atrapalhar: Somente a competição.

Birdman

Birdman

O que é: Ator que teve dias de glória no papel de um super-herói tenta dar um reboot em sua carreira com uma peça na Broadway.

Currículo: Aclamação total em Veneza e Telluride. A palavra “obra prima” não era tão usada desde Boyhood alguns meses atrás. Estréia comecial nos EUA dia 17 de outubro.

Chances: Alejandro González Iñarritu na direção, Michael Keaton no papel principal (como os votantes amam uma volta por cima, ainda mais com elementos meta…!), Edward Norton e Emma Stone como coadjuvantes, fotografia, montagem, melhor filme.

O que pode atrapalhar: É preciso segurar o entusiasmo de agora até a virada do ano…

wild

Wild

O que é: Jean-Marc Vallée (Clube de Compras Dallas) adapta o best seller de Cheryl Strayed sobre uma longa caminhada solitária como forma de reencontrar o sentido da vida.

Currículo : Estréia bem recebida em Telluride. Entra em circuito comercial, nos EUA, dia 5 de dezembro.

Chances: É meio Comer, Rezar, Amar com mochila, o que sempre cai no gosto de muitos votantes. A reação de Telluride foi mais positiva quanto à estrela Reese Whiterspoon do que quanto ao filme de modo geral – ela é a grande chance do filme.

O que pode atrapalhar: A competição. Mas Reese está saindo com vantagem.

 imitation

The Imitation Game

O que é: Como o matemático inglês Alan Turing decifrou o “código impossível” dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Currículo : Estréia bem recebida em Telluride, vai para Toronto. Entra em circuito comercial, nos EUA, dia 21 de novembro..

Chances: Benedict Cumberbatch como Turing tem sido a unanimidade até agora. As chances são muito boas.

O que pode atrapalhar: O filme em si, que não é tudo o que poderia ser.

 

rosewater

Rosewater

O que é: A história (verdadeira) do jornalista iraniano Maziar Bahari, preso e torturado por cobrir manifestações em Teerã em 2009.

Currículo : Estréia bem recebida em Telluride; esta semana em Toronto. Entra em circuito comercial, nos EUA, dia 7 de novembro.

Chances: Votantes adoram celebridades que dirigem – e Jon Stewart está estreando atrás das câmeras com este filme (alô, Argo! ). A reação do seleto público em Telluride foi entusiasmada, embora as resenhas tenham sido assim-assim. O destaque mais provável é para Gael Garcia Bernal como Maziar. Olho nele.

O que pode atrapalhar: Os altos e baixos do próprio filme, a resistência ao tema.

 

É claro que teremos mais competidores nesta gincana– muita coisa ainda vai pipocar por aí. Mas estes são os que tem tração agora, na largada…. Olho vivo, pessoal… Vou mantendo vocês atualizados…


Analisando os Globos de Ouro 2014: quem realmente ganhou no domingo
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Ana Maria Bahiana

Todo mundo (ou quase) sabe que torci feito uma louca (e votei em ) 12 Anos de Escravidão, O Lobo de Wall Street,  Ela, Top of the Lake e Breaking Bad. E que não me conformo de jeito nenhum com a vitória daquele série boboca do Andy Samberg. Fora isso…. uma pequena análise da estratégia dos prêmios daqui para a frente.

 

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Se é verdade que os Globos de Ouro antecipam outros prêmios – principalmente os Oscars – então Trapaça, 12 Anos de Escravidão e Cate Blanchett já largaram na frente.  Mas, no fim das contas, essas sempre foram certezas nesta temporada-ouro.

Eu, pessoalmente, não tenho tanta certeza por um grande motivo: porque o corpo votante dos Globes é completamente diferente dos acadêmicos que escolhem o Oscar – ou os prêmios das Guildas, que tem a mesma composição demográfica. Mas esperem ver estes nomes, com certeza, entre os indicados a tudo, daqui para a frente. Esse, eu acredito, é o fator de peso dos Globos – definir o campo de disputa a cada ano, a cada nova safra.

Por essa lógica mesmo Gravidade, que despontou rapidamente como um favorito mas encolheu nas premiações dos Globos, reduzido a uma estatueta de Melhor Diretor para Alfonso Cuarón, ainda está absolutamente na disputa, assim como  12 Anos de Escravidão, que também é um pole do ano mas saiu da noite dos Globos com um único prêmio – se bem que o maior de todos, melhor filme/ drama.

Premiados de outras categorias, como Frozen (Globo de Ouro de melhor longa de animação) e A Grande Beleza (Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro) também acabam de se tornar certezas absolutas entre futuras indicações.

É mais interesssante notar os filmes cujas órbitas estavam mais distantes do Sol dos prêmios, e que, agora, viram suas carreiras aquecidas graças aos Globos de Ouro.

A delicada, feliz e inusitada combinação de ficção científica e comédia romântica de Ela, que valeu a Spike Jonze o Globo de Ouro de melhor roteiro está, com certeza, mais visível agora, capaz até de superar dois obstáculos – a relutäncia em premiar os dois gêneros que compõem sua mistura, e o fato do desempenho vocal de Scarlett Johansson (excepcional) não ser elegível. (Nota importante: o primeiro elemento, a automática má-vontade com ficção científica dos outros prêmios, ainda pode pesar para Gravidade. Mas veremos…)

jared

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Mas quem realmente disparou depois dos Globos de Ouro foi Clube de Compras Dallas, que saiu da noite com seus dois atores reconhecidos – Jared Leto como melhor ator coadjuvante e Matthew McConaughey como melhor ator/drama. Filme independente com uma longa e complicada trajetória de recusas e falsos começos, Clube de Compras Dallas ganhou, agora, a tração que precisa para ser incluído entre indicados.

A vitória de Leonardo DiCaprio por O Lobo de Wall Street, mais do que justa – especialmente depois de muitas outras grandes performances nos últimos 20 anos – pode ter menos peso na continuidade da temporada de prêmios.  O Oscar, por exemplo, ao contrário dos Globos de Ouro, tem apenas cinco vagas para atores e atrizes, e tende a priorizar os dramas. Poderá a vitória nos Globos de Ouro vencer a resistência dos votantes da indústria a uma farsa da dimensão de O Lobo de Wall Street, com todos os seus palavrões, drogas e excessos de todo tipo? Aí está uma trajetória interessante de acompanhar e que pode dizer muito a respeito de onde estão as cabeças de quem escolhe os outros prêmios da temporada.

bad

Entre os Globos de Ouro de televisão, a vitória inconteste de Breaking Bad – melhor série/drama, melhor ator/série/drama para Bryan Cranston– serviu de fecho de ouro à trajetória de um dos trabalhos mais importantes da tv contemporânea.

Mantendo seu tom de apoiar novidades, os Globos de Ouro distinguiram quatro estreantes que ainda não tiveram tração em outros prêmios: as minisséries Top of The Lake (melhor atriz/minissérie ou telefilme para Elisabeth Moss) e Dancing on the Edge (melhor atriz coadjuvante/ série, minissérie ou telefilme para Jacqueline Bisset, certamente o não-discurso de agradecimento mais eletrizante da noite…), e as séries Ray Donovan  (melhor ator coadjuvante/ série, minissérie ou telefilme para Jon Voight) e Brooklyn Nine-Nine (melhor série/comédia).

Vai ser interessante também ver o quanto estas escolhas irão ou não pesar nas futuras trajetórias dessas séries…


Número recorde de títulos na disputa pelo Oscar de filme estrangeiro
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Ana Maria Bahiana

The Grandmaster, de Wong Kar-wai

A Academia anunciou hoje de manhã, oficialmente, os filmes concorrendo ao Oscar deste ano na categoria “filme estrangeiro”. Um número recorde países – 76- submeteu títulos, com três deles – Arábia Saudita, Moldova e Montenegro- entrando na briga pela primeira vez. Outras curiosidades incluem um filme submetido pela Grã Bretanha – Metro Manila–  inteiramente falado em tagalog, a língua nacional das Filipinas e o primeiro filme enviado pelo Paquistão  desde 1963 – Zinda Baag.

É importante saber o pano de fundo em que a disputa se dará, este ano: pela primeira vez em muito tempo, eu diria que pelo menos o tempo em que acompanho o Oscar (ou seja, mais de 25 anos) sinto um real impulso de transformação da categoria. Não é a toa: junto com documentário, é a categoria que mais dá dor de cabeça, controvérsia e críticas. Mas ao longo de todas essas décadas nunca senti na diretoria da Academia uma real vontade de fazer algo sério a respeito de todo o processo, da submissão de filmes ao sistema de escolha dos indicados.

Nada vai acontecer agora, este ano, mas vejo um desejo real de re-pensar todo o processo à luz de uma produção internacional cada vez mais globalizada e cooperativa cujos resultados poderão mudar a disputa já no ano que vem.

O Passado, de Asghar Farhadi

Um ponto que a Academia sempre se recusou a tocar foi o aspecto “concurso de misses”, com apenas um filme representando cada país. As crises que esse processo criou já levou a várias falhas na gama de títulos concorrentes e, este ano, podem ser sentidas na falta dos elogiadissimos e premiados A Vida de Adele (a França escolheu Renoir, de Gilles Bourdos, que passou ao largo, aqui), A Touch of Sin, de Jian Zhangke (a China preferiu o mais tradicionalmente heróico Back to 1942, que tem Adrien Brody no papel de um correspondente norte-americano – uma fórmula semelhante à submissão chinesa de 2011 As Flores da Guerra, outro drama de guerra com um astro anglo-falante, Christian Bale, num papel importante) e  The Lunchbox, de Ritesh Batra, que, apesar de críticas positivas no circuito de festivais e distribuição norte-americana assegurada pela Sony Classics, foi preterido pela comissão indiana por The Good Road – uma escolha que ainda está causando controvérsia na Índia.

Gloria, de Sebastián Lelio

Pelo menos posso dizer que  a escolha do Brasil- O Som ao Redor- é a melhor que já vi nos últimos anos. Queria poder dizer também que está na linha de frente para as indicações, mas não arrisco tanto. Pus o orelha no chão, troquei figurinhas com alguns distintos personagens e, na “chave” da América Latina (porque é assim que se dá a pré-pré seleção, com filmes grupados em chaves com representantes dos diversos continentes…) ouvi com frequencia menções ao mexicano Heli, que valeu ao seu diretor Amat Escalante o prêmio de melhor direção em Cannes, e o chileno Gloria, de Sebastián Lelio, que passou por quase todos os festivais importantes e tem distribuição nos EUA via Roadside Attractions_ ouço até ruídos de uma indicação de melhor atriz para sua estrela,Paulina Garcia.

A Caça, de Thomas Vinterberg

Outros rivais de peso são o iraniano O Passado, do já oscarizado Asghar Farhadi, único da turma a ser exibido no famosamente pé-quente festival de Telluride;  o dimarquês A Caça, de Thomas Vinterberg, que está em cartaz aqui e foi para a Mostra São Paulo de 2012; e The Grandmaster, de Wong Kar Wai, submetido por Hong Kong, que teve pré-estreia na Academia  e que, mesmo em versão reduzida, arrancou elogios eloquentes da crítica daqui. O delicado Wajdja, estreia da Arábia Saudita na disputa, também pode ser um adversário e tanto.

Mas guardem o fôlego : a corrida apenas começou….


Novidades da temporada de prêmios: Seth não, Tina e Amy, talvez
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Ana Maria Bahiana

Enquanto preparo um outro post mais longo (e inter-estelar), as novidades da temporada-ouro:

– Seth McFarlane não será o host do Oscar 2014. “Não consegui encaixar na minha agenda: em alguma hora eu preciso dormir”, foi a explicação.

– Tina Fey e Amy Poehler serão convidadas para voltar aos Globos de Ouro, ano que vem. Agora é acompanhar os trâmites…

 

 


Ecos da reunião da Academia: o que esperar
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Ana Maria Bahiana

A cúpula do futuro museu da Academia, na maquete dos arquitetos Renzo Piano e Zoltan Pali.

A famosa e inédita reunião de todos os integrantes da Academia foi, pelo visto, apenas o começo de uma leva de atividades e possíveis mudanças (digo possíveis porque a Academia é um bicho que se movimenta de-va-gar….)

Eis o que esperar no futuro imediato:

  •  A manutenção do esquema de cinco a dez indicações para melhor filme. A diretoria da Academia considera essa alteração um grande sucesso e, me disse um acadêmico, “a chave para a maior popularidade dos Oscars”.
  • Mais mudanças na escolha do Melhor Filme Estrangeiro e, possivelmente, Documentários. A ideia, que ninguém ousa dizer alto, é abrir o processo de indicação dessas duas categorias para todos os votantes, acabando com os comitês. Ninguém acredita que isso vá se dar este ano, talvez nem no ano que vem, mas o fato do processo admitir, agora, o envio de DVDs e a possibilidade de ver os indicados em qualquer cinema já é  indicador de mudanças nessa direção.
  • Em breve os quase seis mil acadêmicos receberão um longo questionário sobre o desempenho, a governança e os objetivos da Academia e do Oscar. Muitas decisões serão tomadas a partir dessas respostas.
  • A Academia espera que seu  museu seja auto-sustentável. Ou seja, esperem iniciativas comerciais lá dentro (gift shops, eventos, etc). Uma grande e esperada fonte de renda serão as três salas de exibição que serão construídas dentro da “cúpula” anexa ao prédio da May Company, que será inteiramente reformado. A Academia quer tornar as salas do museu o ponto principal para premières e grandes festas da indústria. As obras começam ano que vem, com a inauguração prevista para 2017.
  • A diretoria da Academia considerou o Oscar 2013 “um enorme sucesso”, mas nem todos os membros concordam. Muita gente está resmungando bem alto com a rápida escolha dos mesmos produtores – Craig Zadan e Neil Meron – para a festa de 2014. “Deveria ter havido algum tempo para reflexão”, me confessou uma acadêmica.

Museu da Academia: agora vai (se tudo der certo)
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Ana Maria Bahiana

Fiquei três dias sem internet, TV e telefone. Foi bizarro. Mais bizarro ainda foi o motivo da pane: esquilos tinham invadido a caixa de controle (que é super selada e vedada para impedir a entrada de chuva, poeira e outras ameaças naturais) e roído todos cabos e conexões…

Crise resolvida  (por enquanto…) percebo que perdi o grande acontecimento do fim de semana _ a festança para apresentar formalmente o projeto do muitas vezes anunciado, há muito tempo esperado Museu da Academia.

Rápido flash back: desde a criação da Biblioteca Margaret Herrick em 1928 (o nome é uma homenagem à sua criadora) a Academia vem acumulando um imenso e valiosíssimo acervo de documentos, imagens e objetos relativos à história do cinema. A ênfase, é claro,  é na indústria e na produção norte-americanas, mas não exclusivamente: a Biblioteca tem, por exemplo, 119 itens na coleção dedicada a François Truffaut (inclusive o roteiro original, anotado, de Os Incompreendidos) e 58 livros dedicados à vida e obra de Akira Kurosawa.

Desde o início deste século a Academia vem procurando um lugar para exibir, publicamente, uma parte dessas coleções – a Biblioteca, mesmo no novo e lindo prédio onde se instalou em 1991, não comporta visitantes além de estudiosos e pesquisadores. O projeto de um museu migrou por vários locais – inclusive um terreno vazio em Hollywood, que exigiria a construção de um prédio desde as fundações—até chegar, ano passado, ao edifício da antiga loja de departamentos May Company, ao lado do museu de arte de Los Angeles, o LACMA.

Um lindo prédio art deco construido em 1939, o May Company coloca o futuro museu da Academia no coração de uma das mais movimentadas áreas culturais da cidade, onde já estão, além do LACMA (que tem um vigoroso programa de cinema e neste momento abriga a exposição Kubrick), os museus do Automóvel, do Folclore e de História Natural.

O projeto dos arquitetos Renzo Piano e Zoltan Pali vai manter intacta a estrutura do prédio original, acrescentando uma cobertura (com vistas espetaculares da cidade, e um restaurante/salão de festas), um pátio externo conectando-se com o vizinho LACMA e um gigantesco globo abrigando o teatro David Geffen e uma vasta área para exibições interativas.

Apesar dos 25 milhões de dólares doados por David Geffen (vocês não acham que o teatro tinha sido batizado por conta dos belos olhos dele, certo?) ainda falta muito – em tempo, dinheiro e recursos—para que o Museu da Academia possa abrir as portas em 2017, como previsto.

Por isso, a festa _ para que os acadêmicos possam ver de perto os planos para o museu e abram as carteiras e contas bancárias… as suas ou a de seus estúdios…

Jeffrey Katzenberg, a produtora Kathleen Kennedy, a CEO da Academia, Dawn Hudson e Laura Dern na festa de apresentação do Museu da Academia

 

Dawn Hudson, Joe Manganiello e Paul Reubens

 

Warren Beatty encontra Dick Tracy…

 

Sid Ganis, executivo de marketing e ex-presidente da Academia; o diretor Alexander Payne; e Jim Gianopulos, poderoso chefão da Fox


Picadinho de Hollywood: a crise, os FX e a Academia
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Ana Maria Bahiana

Esta época do ano é sempre devagar por aqui _ ainda não é a pipocada do verão, e a temporada-ouro parece estar longe (só parece… como veremos a seguir). As coisas mais interessantes estão acontecendo na TV ….e nos bastidores da indústria. Como por exemplo:

A Entertainment Weekly desta semana saiu com uma matéria sobre o mesmo assunto que abordei aqui no blog três semanas atrás: a aparentemente contraditória crise na indústria dos efeitos especiais num momento em que cinema e TV  estão mais do que nunca utilizando FX. O básico é o que expus naquele post, mas o artigo me lembrou duas coisas importantes: que a ilustríssima Digital Domain, fundada por James Cameron e Stan Winston em 1993 e pioneira em vários aspectos dos FX (Titanic, Benjamin Button, Transformers, o holograma do Tupac Shakur…) , também pediu concordata em setembro de 2012, e acaba de fechar completamente seu departamento de produção, que estava criando o longa de animação The Legend of Tembo; e que uma das razões da crise é o atual sistema de operação entre os estúdios e produtores e as empresas de FX – os realizadores pedem várias versões de um efeito, mas pagam apenas pelo que escolheram; e se não aprovam nenhum a casa de FX cai num buraco maior ainda (porque arcou sozinha com o custo da mão de obra, equipamento, etc. das versões que não foram aprovadas…)

O prédio executivo dos estúdios Disney, em Burbank

Um outro reflexo da crise – ou, melhor dizendo, das transformações profundas que estão sacudindo a indústria, hoje – são as demissões em massa na Disney, esta semana. Semana passada, a Disney acabou de liquidar a LucasArts, a divisão de games da LucasFilm – uma decisão que afetou também a Industrial Light and Magic, gerando muitas demissões de profissionais que trabalhavam para as duas empresas. Agora, a Disney está pondo na rua 150 funcionários nos departamentos de marketing, entretenimento doméstico e animação, no quartel general aqui de Burbank. E no entanto… ao contrário das empresas de efeitos, a Disney está indo muitissimo bem de finanças, e reportou  5.7 bilhões de dólares em lucro no exercício 2012. O que está acontecendo? Acionistas querendo ainda mais lucro. E para fazer a magia, é preciso diminuir os custos… ou seja, baixar cada vez mais os gastos de produção, apostar ainda mais no que pode dar certo (e apenas nisso) e… demitir muita gente.

O futuro Museu da Academia

Enquanto isso, na Academia… Vem aí a primeira reunião geral dos mais de seis mil integrantes ativos da Academia. Dia 4 de maio, ao vivo no teatro Samuel Goldwyn aqui de Beverly Hills, e via skype para Nova York e a sede da Pixar no norte da Califórnia (vejam como a Pixar tem peso…), os acadêmicos vão receber notícias sobre: o projeto do Museu da Academia, que está sendo construído ao lado do Museu de Arte de Los Angeles, o LACMA (e cujo teatro já foi batizado em honra de David Geffen, que doou 25 milhões de dólares para o projeto); a votação eletrônica para o Oscar, ano que vem; e, nas palavras do presidente Hawk Koch, “o impacto da tecnologia nos Oscars e na Academia em geral”. Hummm… Isso promete… Estou de olho….


Oscar 2013: para as atrizes, muitas possibilidades
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Ana Maria Bahiana

Diretamente dos preparativos para o Oscar 2013, minha análise das principais categorias.

Nas categorias melhor atriz e melhor atriz coadjuvante, existe uma quase certeza cercada de muitas opções por todos os lados: Jennifer Lawrence? Jessica Chastain? Emmanuelle Riva?

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