Blog da Ana Maria Bahiana

Arquivo : Ben Affleck

Ben Affleck como Batman? Provavelmente não.
Comentários Comente

Ana Maria Bahiana

Ben Affleck.jpg

 

Eis o que aprendi hoje de uma fonte muito segura: Ben Affleck  NÃO será o Batman do filme Super-Homem X Batman de Zach Snyder. A Warner apertou todos os botões de pânico com a violenta rejeição dos fãs à escolha do novo homem morcego e está há meses estudando um modo de resolver a batata quente sem perder a pose. Segundo o meu (muito informal) terno Armani. o estúdio sabe perfeitamente para quem está fazendo o filme — para os fãs dos dois super-heróis– e, portanto, sabe exatamemte o risco que corre se não agradar a galera.

A questão é como fazer a troca de tal modo que não pareça que a poderosa Warner está se curvando aos gostos e desgostos dos fãs…

O anúncio da nova data de estreia do projeto – 2016- é parte dessa estratégia, um modo de ganhar tempo para escolher o novo Batman e fazer o movimento anti-Affleck esfriar um pouco. Em alguns meses, me garante o Armani, Snyder e Affleck terão uma “divergência criativa”  e/ou Affleck terá um “conflito de agenda” com o novo cronograma de produção.

E quem assume a máscara? O paladino do Leblon provavelmente não. Nomes que ouvi até agora: Josh Brolin e , de novo, Michael Keaton.

E vocês, o que acham? Quem seria um bom Batman-coroa?


Em fim de semana de definições, Argo toma a dianteira
Comentários Comente

Ana Maria Bahiana

Ben Affleck aceita premios por Argo no PGA…

… e, 24 horas depois, por conjunto de elenco, no SAG

Encerrado este fim de semana de definições, duas coisas ficaram claras: já temos algumas dianteiras firmes na corrida do ouro 2013; e já sabemos quem será o quindim independentes da corrida do ouro 2014.

Ao mais imediato, primeiro: seja qual for a urucubaca/ confusão/ momento de privação de sentidos que fez com que a Academia esquecesse de indicar Ben Affleck na categoria Melhor Diretor, Argo já é o filme da vez na disputa 2013. Confirmando a escolha nos Globos de Ouro, duas semanas atrás, a Producers Guild of America, no sábado, e Screen Actors Guild, no domingo, escolheram Argo como seu melhor filme.

Matematicamente, não há como negar que o filme de Ben Affleck tem a vantagem: nesta etapa dos Oscars, toda a Academia vota em todos os premios; com 1.178 integrantes, o departamento de atores é o mais numeroso da Academia; com 462, o de produtores é o segundo mais numeroso.  Como praticamente todos os membros deste departamentos também são votantes em suas Guilds, só aí já está uma vantagem clara.

Mas há algo além da simples soma de possíveis votos no Oscar: para alcançar esta dupla vitória, Argo teve de convencer mais de 100 mil votantes das duas Guilds. Como bem lembrou um twitter de Steve Pond, o que impressiona cem mil pessoas de gostos e lealdades tão diferentes muito mais facilmente vai impressionar os seis mil acadêmicos.

Confirmada essa vantagem, Argo seria uma exceção na escrita da Academia, onde apenas filmes cujos diretores são indicados acabam levando o prêmio maior. Nessa área de sombra os fãs de Lincoln ainda torcem pela vitória mas quanto mais escuto os sons ao redor, mais me convenço que apenas Daniel Day Lewis, que também levou SAG e Globos, é uma certeza. Tommy Lee Jones (outro vitorioso do SAG) como coadjuvante e Steven Spielberg como diretor são possibilidades. As outras vantagens: Jennifer Lawrence para melhor atriz, Anne Hathaway (Os Miseráveis) como coadjuvante.

De todo modo, a briga este ano envolve grandes estúdios – a Warner de um lado, com Argo; a dobradinha DreamWorks/Fox de outro, com Lincoln. Depois de tantas vitórias, o time Weinstein este ano tem que se contentar com Jennifer Lawrence e talvez mais alguns biscoitinhos por O Lado Bom da Vida.

Mas não chore por eles, Brasil. A outra definição deste fim de semana veio no sábado também, com o encerramento do festival de Sundance. O grande vitorioso, de público e crítica, foi Fruitvale, um drama inspirado em fatos reais – o assassinato de um jovem negro por um policial, numa estação do metrô de Oakland, California, em 2008—escrito e dirigido por um jovem (26 anos) realizador estreante, Ryan Coogler, feito em regime cooperativo por uma bagatela, e, desde o começo do festival, o título mais quente da serra de Utah. A Weinstein Company, rapidamente, já comprou Fruitvale. Alô, 2014!

 

 


Indicações Oscar 2013: deu a louca na Academia?
Comentários Comente

Ana Maria Bahiana

O primeiro resultado imediato dos sustos da madrugada do Oscar foi uma briga feroz entre a multidão de experts e oráculos profissionais de prêmios que multiplicaram-se nos últimos anos com a velocidade da internet.  Dá para entender: esse povo ganhou fama e seguidores apregoando poderes quase paranormais de compreender a possível “alma coletiva” da indústria tal qual ela se manifesta em seus prêmios anuais.

O que menos gente comenta é que esses oráculos se tornaram, na verdade, instrumentos da cada vez maior manipulação da opinião dos votantes através de “tendências” cuidadosamente plantadas pelos estrategistas  em suas “previsões”. Quando fatores além dos sistemas que eles criaram – baseados na verdade em cacoetes e nas “tendências” alimentadas pelos estrategistas – bagunçam suas previsões… é o caos!

A principal briga é entre David Poland do Movie City News, que fez uma análise bem balanceada das estranhas escolhas deste ano, e Sasha Stone da Awards Daily, que está choramingando na linha “injustiça!”. Mas em volta deles, amigas e amigos, parece a sequencia de abertura de O Resgate do Soldado Ryan, uns chamando os outros de incompetentes, arrogantes, cegos e coisas piores.

E no entanto…

Qualquer prêmio, inclusive o Oscar (ou qualquer festival) é o resultado da expressão da opinião de um grupo de pessoas num determinado momento.  É divertido especular em torno da forma que essa opinião vai tomar,  e imaginar que haja uma “vontade coletiva” atrás desta ou daquela escolha. Mas no fim das contas são fatores muito concretos que acabam  sendo os mais fortes.

Lembram quando eu disse que a antecipação dos prazos poderia resultar em escolhas desiguais e potencialmente injustas, especialmente para os filmes que estrearam no final do ano? Este, creio, é um grande fator no sumiço de Kathryn Bigelow, Tom Hooper e Quentin Tarantino dos indicados a melhor diretor.

Mas não explica porque Ben Affleck, indicado pela DGA, sumiu dos Oscars com um filme que estreou em outubro. A matemática não apoia nenhuma especulação. Existem  mais de 15 mil votantes na entidade de classe dos diretores. Existem 371 membros no departamento de diretores da Academia. 95%  deles são votantes da DGA. O que aconteceu?

Cair na choradeira do “ah, mas o filme é tão bom, por que?!! Por que?!!” não resolve nada. Depois de passar uma tarde de domingo bebendo cinema da mais alta ordem na exposição Kubrick do Museu de Arte de Los Angeles, caí na real ao perceber que este gigante da sétima arte recebeu um único Oscar- por efeitos especiais, por 2001 Uma Odisseia no Espaço.

A conversa não é por aí.  (Se a conversa fosse por aí eu estaria aqui vociferando porque O Lado Bom da Vida, um filme que me irritou profundamente no mau sentido, pela auto-complacência e preguiça, conseguiu ser indicado em todas as categoria nobres. E como é possível que O Mestre tenha ficado de fora das categorias filme, diretor e roteiro original.) A conversa é sobre números, estatísticas e um corpo votante de idade avançada que reage a qualquer novidade.

Dois fatos me levam a pensar que houve um pepinaço na votação em geral, mais dramática na categoria “melhor direção”:

1. a inclusão de Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora) e Michael Haneke (Amor) entre os melhores diretores,  duas indicações incrivelmente ousadas para um corpo votante tão conservador;

2. a imediata profusão de entrevistas de Hawk Koch,  presidente da Academia, garantindo que nunca tantos membros tinham enviado seus votos e comparecido às sessões dos filmes concorrentes. Lembrei de cara daquela cena maravilhosa de Argo, em que Alan Arkin diz para Ben Affleck: “Então, nesta cidade onde as pessoas mentem profissionalmente, você quer criar um filme de mentira?” (Que bom que, nesta confusão, tanto Arkin quanto o maravilhoso roteiro de Chris Terrio foram lembrados).

Pois é.

O que acho, até prova em contrário: as indicações anunciadas na manhã do dia 10 foram o resultado do menor número de votos já lançados numa escolha do Oscar; muita gente não soube ou não conseguiu votar no novo sistema online; muita gente deixou linhas em branco porque, com os novos prazos, não teve tempo de ver os filmes ou se guiar pelas indicações das sociedades de classe; muito voto foi anulado.

É tudo hipótese. Mas faz sentido.

Uma única unanimidade emergiu da madrugada do Oscar: a correria deseperada atrás do público jovem inventou um sub-Rick Gervais na figura de Seth McFarlane. Seus promos foram tão sem graça quanto suas piadas no anúncio das indicações. E que triste a Academia ter que debochar de si mesma para se mostrar “moderna”…

 

 

 


Argo: a maturidade de Ben Affleck, diretor
Comentários Comente

Ana Maria Bahiana

O problema de se fazer um thriller com um pano de fundo político é que quase sempre o ruído que a política faz acaba abafando o conteúdo humano. Que, no fim das contas, é o que viemos ver (caso contrário estaríamos num comício, certo?). Grandes obras do gênero, como Z, de Costa Gavras e Todos os Homens do Presidente, de Alan Pakula, compreendem esse desafio e mantem o elemento político sob controle, como o gatilho que impulsiona a narrativa.

Argo, de Ben Affleck, tem exatamente a mesma qualidade. Não é pouca coisa, considerando que se trata de apenas o terceiro filme de Affleck como diretor e , além disso, aborda um dos eventos mais carregados de complicações políticas e passionais: a revolução islâmica que, em 1979, retirou do poder o Xá Reza Pahlavi e instaurou a teocracia no Irã.

Trabalhando com um ótimo roteiro do também quase estreante Chris Terrio (com apenas um curta em seu currículo) Affleck não cai na armadilha de transformar a ação em panfletagem, mas domina perfeitamente o lado humano de uma história tão absurda que só poderia ser real (como, de fato, é). O pano de fundo político é estabelecido logo no começo, através de um artifício inteligente e visualmente intrigante: a história de como o Império Persa da antiguidade se tornou o Irã do século 20 – e o papel dos interesses do Ocidente, principalmente dos Estados Unidos nisso tudo – é contada, com uma narração em farsi, por uma série de imagens de storyboard.

Do projeto de um filme que não houve somos jogados imediatamente no calor do momento que gerou outro filme que também não houve: estamos em novembro de 1979 em Teerã, e o complexo diplomático norte-americano está em vias de ser tomado de assalto por uma multidão de militantes islâmicos, os mesmos que acabaram de derrubar  o Xá e instalar o exilado Ayatolá Khomeini no poder. Seis funcionários consulares vão conseguir fugir por uma saída de emergência. E é com eles, e com a inacreditável operação armada para tirá-los de Teerã em segurança – e sem agravar a delicadissima crise internacional já armada – que Argo se ocupa, com excepcional maestria.

O artifício inventado pelo agente da CIA Tony Mendez (Ben Affleck) envolve cinema, o que remete elegantemente aos storyboards do início (que fecharão o ciclo ainda mais numa sensacional sequencia no aeroporto de Teerã, envolvendo guardas revolucionários e mais storyboards). Não vou entrar em detalhes para não estragar o prazer de quem não sabe nada a respeito. Mas é tão espetacularmente absurdo que só pode ser verdade.

Affleck  se diverte claramente com o segundo ato de Argo, dedicado ao mercado de egos e ilusões de Hollywood , particularmente nos anos seguintes à revolução causada por Star Wars. Alan Arkin e John Goodman, nos papéis de dois veteranos profissionais da industria, conduzem essa parte da trama com enorme prazer. Um dos grandes trunfos da firme direção de Affleck é como ele sabe modular os diversos tons de sua história, oscilando entre suspense, drama humano e comédia farsesca sem jamais perder o pulso.

Argo é um filme que dá gosto ver. É um belissimo thriller de fundo político,  à vontade entre outros grandes títulos do gênero.  No final, fica no ar uma delicada mas muito clara sobreposição de temas: Star Wars, a saga sobre fugitivos, militantes, impérios, liberdades roubadas; Argo, o navio abençoado por Atena, a deusa grega da sabedoria e da guerra, que conduziu Jasão ao Velo de Ouro; e storyboards falando do irresistível poder do cinema como modo de contar histórias que, de sua propria maneira, se tornam verdadeiras – e são capazes, até, de trazer a liberdade nos momentos mais inacreditáveis.

Argo estreia hoje nos EUA e 9 de novembro no Brasil.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>