O segredo nos seus olhos: adeus, rainha Elizabeth Taylor
Ana Maria Bahiana
Dame Elizabeth Rosemond Taylor, 27 de fevereiro de 1932- 23 de março de 2011
“Sou uma sobrevivente. Sou a prova viva do que uma pessoa pode enfrentar e vencer.”
Ana Maria Bahiana
“Sou uma sobrevivente. Sou a prova viva do que uma pessoa pode enfrentar e vencer.”
Tags : atriz Elizabeth Taylor
Ana Maria Bahiana
“A fama é terrível. Especialmente quando não se tem.”
Tags : atriz cinema Jane Russell
Ana Maria Bahiana
A duas semanas dos Oscars, a disputa continua em aberto. E a grande pergunta na cabeça de todo mundo é: o que Melissa Leo estava pensando?
Para quem perdeu esse capítulo da emocionante novela do Oscar 2011, aqui vai um resumo: há uma semana um par de anúncios de página inteira apareceu nos trades, os jornais especializados da indústria. Neles, Melissa aparecia em trajes de gala, com uma palavra através da página: “Consider” (considere).
Era claramente um pedido de voto, mas, pela etiqueta da campanha, absolutamente bizarro, embora permitido.
Entre as muitas nebulosidades (ouso dizer hipocrisias?) das batalhas por uma estatueta, a questão da auto-promoção é das mais delicadas. Pelas regras da Academia, tudo é permitido desde que não ataque diretamente os concorrentes ou envolva presentes ou mordomias ligados aos filmes. Notem que pedidos diretos de votos, feitos sem ataque e sem mimos, são permitidos, assim como brindes e mordomias não diretamente ligados aos filmes _ o que enche a cidade, nesta época do ano, de “gifting suites”, com farta distribuição de todo tipo de artigo de luxo, de bebidas a jóias, para indicados, suas equipes, seus amigos e seus estúdios, na esperança de que esses formadores de opinião usem os produtos em público ou pelo menos falem deles.
Mas voltemos às campanhas e a Melissa. Ligar para seus amigos e para os amigos de amigos; conversar com todo mundo que pertence à Academia ou é esposo/esposa, parente ou associado de um acadêmico; lembrar favores passados; prometer favores futuros; ter vontades súbitas de oferecer almoços e jantares de congraçamento; enviar emails pessoais; perguntar pela saúde e bem estar de tias, primos, avós, bebês recém-nascidos de acadêmicos ou mesmo envar cartões, flores e mimos com o mesmo objetivo; se oferecer para passear o cachorrinho ou tomar conta do gato de acadêmicos _ tudo isso é permitido. Mais que isso: é o pão com manteiga de uma campanha.
Gastar cerca de 18 mil dólares por uma página no Variety com um anúncio pedindo votos é, na verdade, tão corriqueiro que ninguém notaria. A não ser por uma coisa: não se tratava dos produtores ou distribuidores de O Vencedor que estavam pedindo consideração para Melissa Leo. Também não era seu agente ou empresário. Era ela mesma. Isso é permitido? É. Mas, como me disse um votante, “é de mau gosto, e parece desespero. E você sabe como esta cidade tem repulsa ao desespero.”
É verdade. Não vamos nos deter sobre a questão do “mau gosto”, algo inteiramente discutível nesta indústria. Fiquemos no item “desespero”: de fato, este é o repelente mais eficiente desta terra. Um dos elementos mais cruéis do jogo do sucesso, aqui, é exatamente esse: quanto mais alguém está querendo ou precisando de algo, menos ela e ou ele tem que aparentar que está querendo ou precisando. O mistério número um, no caso, é que, depois de suas vitórias nos Globos de Ouro e na SAG, Melissa não precisava querer nada _ ela já era a favorita na categoria melhor atriz coadjuvante por seu trabalho como a mãe autoritária e superprotetora dos irmãos Mark Wahlberg e Christian Bale em O Vencedor.
Resta a teoria da pura ingenuidade, que é a linha que Melissa Leo está adotando, agora. Numa entrevista para Marie Claire, Leo garantiu que “não sabe nada” sobre Oscar e campanhas para o Oscar, e que pensou que os anúncios eram “uma boa ideia”. Isso seria plenamente aceitável se ela não tivesse uma carreira de 20 anos na TV e no cinema, e se, na mesma entrevista, não dissesse que Amy Adams, que também está indicada como coajuvante por O Vencedor, mas que até agora não ganhou nada, “tem uma certa inveja”; que Helena Bonham Carter lhe deu “empurrões” durante o almoço dos indicados; e que Hailee Steinfeld, a segunda favorita na categoria, está “cafetinando” sua indicação.
Resultado: Hailee está agora na pole position entre as atrizes coadjuvantes, por Bravura Indômita.
E a lição da semana é: se você for indicada e quiser gastar dinheiro, contrate primeiro um assessor de imprensa/estrategista.
Adendo importante: por que Melissa Leo não usou fotos dela no filme? Teria sido mais eficiente?
Teria. Mas ela não tem o direito de uso dessas imagens. Quem tem é o distribuidor. E aí temos outro nó: a decisão de quem, num filme, deve receber atenção nas campanhas públicas, com anúncios, folhetos, convites, etc cabe a ele, o distribuidor. Muita briga rola por causa disso. Melissa pode ter-se sentido não prestigiada com anúncios pagos pelo distribuidor, com cenas do filme, e partido para o ataque por conta própria. Grande erro, como se viu.
Ana Maria Bahiana
“Minha alma e meu amor são um jardim secreto. Gosto de manter seu mistério.”
Ana Maria Bahiana
Então, já se acostumaram com a safra Oscar 2011? Deixar gente importante e merecedora de fora faz parte do pacote, e é consequencia da natureza do prêmio, do seu sistema de votação preferencial ponderada (votantes tem que apontar seus indicados em ordem preferencial, e indicados em primeiro lugar “valem” mais que os outros) e da peculiar mistura de gosto, amizades, inimizades, interesses que forma o, digamos assim, “inconsciente coletivo” da Academia.
Nesse contexto, a iniciativa de Julia Roberts chamando a atenção para seu colega Javier Bardem é notável não porque seja ilegal ou rara por si mesma, mas porque Julia estava usando seu enorme prestígio na comunidade para endossar e aumentar a visibilidade de alguém com quem, no momento, não tem nenhuma relação de trabalho, num gesto de pura admiração profissional e coleguismo.
Convescotes desse tipo – mais telefonemas, bilhetes, sms, emails – são super comuns nesta época do ano. São, na verdade, a essência, o coração das campanhas, e não violam as regras do prêmio se feitas sem ataques aos concorrentes e sem o acompanhamento de brindes (ironicamente, grandes empresas podem dustribuir brindes à vontade aos votanets e apresentadores, desde que não sejam relacionados a filmes concorrentes– coisas como eletrônicos, jóias, roupas, acessórios). Harvey Weinstein, que destilou a estratégia e transformou-a numa arte nos anos 1990, só não beija bebê de votante porque os bebês em geral abrem o berreiro quando o vêem.
Para quem está em regime de treinamento para os palpites, vale prestar atenção aos dois prêmios deste final de semana: Directors Guild no sábado e Screen Actors Guild no domingo. Interpretações literais das vitórias nesses prêmios não serão muito produtivas: a Directors Guild tem 14 mil integrantes, e o departamento de diretores da Academia (aquele que esnobou Christopher Nolan) tem 367; da mesma forma a SAG representa 125 mil atrizes e atores, enquanto o departamento de atores da Academia (que preferiu, por exemplo, James Franco em 127 Horas a Ryan Gosling em Blue Valentine), conta com apenas 1. 183 (ainda assim, o departamento mais numeroso da Academia; e a atual presidente é a indicada Annette Bening, o que não deve supreender ninguém….)
Ao contrario da Academia, a DGA lembrou-se de Nolan, mas não creio que ele leve o prêmio dos colegas, no domingo _ há uma espécie de vontade coletiva de premiar David Fincher, este ano. Mesmo assim, é uma gota no agora vasto mar dos Oscars, onde, agora, 6000 votantes estão escolhendo os vitoriosos de 2011.
As vitórias na SAG podem ser um pouco mais significativas, exclusivamente pelo peso numérico de seus integrantes na Academia. Olho vivo sobretudo na categoria “melhor conjunto de elenco”, que é o equivalente ao “melhor filme” para os atores _ frequentemente uma vitória aqui indica uma tendência importante para melhor filme.
Ana Maria Bahiana
JILL CLAYBURGH, 30 de abril de 1944 – 5 de novembro de 2010
“Nos anos 1960 não havia bons papéis para mulheres. Havia Marilyn, é claro, e ela era maravilhosa, mas era apenas uma dimensão da mulher: o objeto sexual frágil e vulnerável. Não era o bastante.”
Tags : atriz cinema Hollywood Jill Clayburgh