Blog da Ana Maria Bahiana

Arquivo : maio 2013

Bem-vindo de volta, Jack Bauer
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Ana Maria Bahiana

No meio da habitual chacina do mês de Maio, uma notícia pelo menos inusitada _ 24  Horas vai voltar. Condensada (o que equivale a um upgrade na TV aberta) em 12 episódios no que a Fox caracteriza como uma “edição limitada” da série, 24 Horas vai estrear em Maio de 2014 com o título 24: Live Another Day.

Quatro coisas interessantes sobre a volta de Jack Bauer:

  1.  A  Fox acaba de cancelar Touch, série que deveria ter mostrado o “lado suave “ de Kiefer Sutherland como pai de um menino autista com poderes extraordinários. Parece que o público prefere mesmo o Sutherland não-suave.
  2. Howard Gordon, que saiu de 24 Horas para tocar Homeland, vai voltar como showrunner de Live Another Day.
  3. A nova série nasceu do impasse gerado pelo projeto de filme baseado em 24 Horas. Como sempre nos dias de hoje,  os co-produtores (Fox e Imagine) não conseguiram chegar a um acordo quanto ao orçamento… Reconfigurado, o roteiro do que viria ser o filme será Live Another Day, a série.
  4. A série “edição limitada” , uma espécie de mini-série que tomou anabolizantes, está se tornando uma opção interessante especialmente na TV aberta e nas emissoras por assinatura não–premium. É uma forma de dar um upgrade nos valores de produção sem ter que gastar (muito) mais. Só a Fox tem, no forno, as “séries edição limitada” Wayward Pines, de M. Night Shyamalan, com Matt Dillon; Blood Brothers, de um dos produtores de Band of Brothers, da HBO; Shogun, mais uma versão do best seller; e The People vs O. J. Simpson, sobre o famoso caso que abalou Los Angeles na década de 90.

Bem-vindos à quarta temporada de Walking Dead
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Ana Maria Bahiana

Oi, Rick, tem alguém atrás de você: primeira imagem liberada da quarta temporada de The Walking Dead

Neste momento elenco e equipe de The Walking Dead estão na Georgia, nos arredores de Atlanta, filmando a quarta temporada da série: 16 episódios que estreiam em outubro, aqui. Primeira temporada com o novo showrunner, Scott Gimple, que substitui Glen Mazzara, que por sua vez substituiu o criador da série, Frank Darabont.

Confusos? A produtora Gale Ann Hurd – que permanece à frente da série desde o começo — me deu sua visão da coisa, alguns dias atrás: “Essas coisas acontecem em todos os projetos – a diferença é que nós mantemos sempre  tudo dentro de casa. Glen e Scott trabalharam juntos durante muito tempo, e ambos fazem parte da primeira equipe reunida por Frank Darabont, que é um grande e velho amigo meu. Scott escreveu alguns dos episódios mais importantes da série — Clear, Pretty Much Dead Already, 18 Miles Out— e tenho certeza que ele compreende profundamente o espírito do material.”

Veremos em outubro.


Gravidade, de Alfonso Cuarón, ganha primeiro trailer
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Ana Maria Bahiana

Porque eu gosto de Alfonso Cuarón: porque seu cinema é essencialmente humanista, centrado nos personagens e em sua humanidade; porque ele tem uma estética rigorosa e flexível, adaptada aos gêneros que escolhe; porque, como Neil Blomkamp e Brandon Cronenberg (vocês viram Antiviral? Vale a pena…) ele pensa a ficção científica menos como espetáculo anestesiante e mais como reflexão provocadora.

Tudo se comprova neste primeiro trailer de Gravidade: Náufrago e Open Water no espaço, com implicações que já me fazem pensar. Curiosamente há um paralelo tremendo com All Is Lost, o filme de J.C. Chandor (Margin Call) que está em Cannes. Humm… está ficando cada vez melhor.

Gravidade estréia aqui dia 4 de outubro e no Brasil dia 11 de outubro.


Ecos da reunião da Academia: o que esperar
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Ana Maria Bahiana

A cúpula do futuro museu da Academia, na maquete dos arquitetos Renzo Piano e Zoltan Pali.

A famosa e inédita reunião de todos os integrantes da Academia foi, pelo visto, apenas o começo de uma leva de atividades e possíveis mudanças (digo possíveis porque a Academia é um bicho que se movimenta de-va-gar….)

Eis o que esperar no futuro imediato:

  •  A manutenção do esquema de cinco a dez indicações para melhor filme. A diretoria da Academia considera essa alteração um grande sucesso e, me disse um acadêmico, “a chave para a maior popularidade dos Oscars”.
  • Mais mudanças na escolha do Melhor Filme Estrangeiro e, possivelmente, Documentários. A ideia, que ninguém ousa dizer alto, é abrir o processo de indicação dessas duas categorias para todos os votantes, acabando com os comitês. Ninguém acredita que isso vá se dar este ano, talvez nem no ano que vem, mas o fato do processo admitir, agora, o envio de DVDs e a possibilidade de ver os indicados em qualquer cinema já é  indicador de mudanças nessa direção.
  • Em breve os quase seis mil acadêmicos receberão um longo questionário sobre o desempenho, a governança e os objetivos da Academia e do Oscar. Muitas decisões serão tomadas a partir dessas respostas.
  • A Academia espera que seu  museu seja auto-sustentável. Ou seja, esperem iniciativas comerciais lá dentro (gift shops, eventos, etc). Uma grande e esperada fonte de renda serão as três salas de exibição que serão construídas dentro da “cúpula” anexa ao prédio da May Company, que será inteiramente reformado. A Academia quer tornar as salas do museu o ponto principal para premières e grandes festas da indústria. As obras começam ano que vem, com a inauguração prevista para 2017.
  • A diretoria da Academia considerou o Oscar 2013 “um enorme sucesso”, mas nem todos os membros concordam. Muita gente está resmungando bem alto com a rápida escolha dos mesmos produtores – Craig Zadan e Neil Meron – para a festa de 2014. “Deveria ter havido algum tempo para reflexão”, me confessou uma acadêmica.

Scorsese rompe o Silêncio, com Andrew Garfield
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Ana Maria Bahiana

Depois de mais de duas décadas tentando trazer para a tela uma adaptação de O Silêncio, de Shusako Endo, Martin Scorsese finalmente conseguiu dar partida no projeto: Andrew Garfield será o protagonista, o jesuíta Padre  Sebastião Rodrigues, que chega ao Japão em 1638 com a missão de investigar os fatos em torno de seu predecessor e mentor, o Padre  Cristóvão Ferreira, que teria abandonado a batina e a igreja e se casado com uma japonesa. Ken Watanabe e Issei Ogata completam o elenco,  e o roteiro é de um velho colaborador de Sorsese, Jay Cocks. A busca de locações já começou e as filmagens estão planejadas para o início de 2014.

Silêncio é um projeto profundamente pessoal de Scorsese que, na juventude, considerou seriamente se tornar padre. Ele completa uma trilogia de indagação filosófica sobre a natureza da fé, iniciada com A Última Tentação de Cristo e continuada com Kundun. E aí está todo o problema de Silêncio: os projetos que Scorsese consegue financiar com facilidade são sempre os dramas policiais que a plateia mais facilmente associa com seu nome. Cristo e Kundun passaram pelos mesmos apuros, que se tornaram ainda maiores neste momento em que apenas filmes seguramente comerciais ou de baixo orçamento conseguem recursos. Foram precisos os recursos do próprio Scorsese, mais os da produtora belga Corsan Films, mais as produtoras de Irwin Winkler, Vittorio Cecci Gori e George Furla para dar o pontapé inicial – o restante do orçamento será levantado no mercado de Cannes, que acontece durante o festival.

O Silêncio já foi levado à tela uma vez, em 1971, por Masahiro Shinoda. Em novembro deste ano estreia The Wolf of Wall Street, a mais nova colaboração de Scorsese com Leonardo Di Caprio.


O que significa a mudança nas regras do voto do Oscar 2014
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Ana Maria Bahiana

Michael Haneke, Oscar de filme estrangeiro em 2013. Como será ano que vem?

Uma mudança importante nas regras de escolha do Oscar, anunciada hoje na tão antecipada reunião de todos os membros da Academia, pode alterar, e muito, os resultados das categorias documentários, curtas e filme estrangeiro.

Pela primeira vez em sua história, a Academia vai permitir que todos os quase 6 mil acadêmicos em atividade votem em todas as  24 categorias, na fase final das escolhas. Mas já não era assim? Não. Para votar em documentários, curtas e filme estrangeiro os acadêmicos precisavam , primeiro,  ver o filme no cinema da Academia ou numa das salas pré-qualificadas,  e assinar um “livro de presença”. Agora – e abrindo um precedente inédito e importante – a Academia liberou o voto para todo mundo, sem ficha de ponto, e podendo ver os filmes em cinemas comerciais ou através de DVDs/ Blu Rays.

Parece coisa pequena, numa era em que muitos de nós, na plateia, no meio ou na imprensa, assistimos filmes de mil modos diferentes – em computadores, tablets, telefones – em lugares e horas diferentes. Os Globos de Ouro, por exemplo, sempre aceitaram  a submissão em DVD e cinema comercial em todas as categorias. E, este ano, acabamos de aprovar a exibição online ou através de plataformas móveis, imediatamente qualificando as séries e filmes originais da Netflix,  DirecTV , Amazon e semelhantes.

Mas, para a Academia, que se move lentamente, possibilitar esse acesso é uma mudança imensa, que vai ter um impacto imediato sobre categorias –principalmente documentários e filmes estrangeiros — cujas escolhas frequentemente despertam controvérsias no pior sentido possível. Um grupo infinitamente maior de acadêmicos vai, agora, escolher os Oscars nessas categorias , expressado mais claramente a tendência de gosto e preferência dessa enorme massa de votantes.

Claro que isso também significa que as mesmas questões que  pairam sobre as demais categorias — será que todos os filmes vão mesmo ser vistos? Qual será a incidência do voto de orelhada, por influência, por troca de favor?- vão afetar os filmes estrangeiros, curtas e documentários… Mas até nisso vamos ver, pela primeira vez, uma unificação maior do modo de pensar e escolher de toda a Academia.

Certo, as indicações vão continuar nas mãos dos comitês de curtas, documentários e filme estrangeiro… Mas… prevejo mudanças aí também… Fiquemos na escuta…


Spielberg volta ao filme de guerra, agora com Bradley Cooper
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Ana Maria Bahiana

O verdadeiro Chris Kyle…

…e Bradley Cooper.

Steven Spielberg vai voltar a um assunto que é tão constante em sua carreira quanto os extra-terrestres: a guerra.

Depois de muitas idas e vindas, inclusive um falso começo com o projeto Robopocalypse, que acaba de ir para a geladeira, Spielberg disse sim a American Sniper, uma adaptação do best seller autobiográfico do ex-Navy Seal Chris Kyle, considerado o franco-atirador mais preciso dos Estados Unidos, assassinado este ano por um veterano de guerra, numa galeria de tiro ao alvo.

Comprovando que sua carreira está mesmo em ascensão, Bradley Cooper já está escalado para o papel principal, colhendo os frutos da opção pelos direitos do livro, que desembolsou ano passado, já de olho no personagem. O roteiro é de Jason Hall (Jogando com Prazer e Paranoia, o novo filme de Robert Luketic), a produção é da DreamWorks com a Warner  e as filmagens estão marcadas para o início de 2014.

Para se concentrar em American Sniper, Cooper teve que deixar aquele projeto que está completamente coberto de urucubaca: Jane Got a Gun. Aquele no qual a diretora sumiu no primeiro dia de filmagem, e que perdeu talentos essenciais do seu elenco.Bradley tinha entrado no lugar de Jude Law, cujo contrato era vinculado ao de Lynne Ramsey, a diretora fujona…

Ano passado, na época do lançamento de Lincoln, Spielberg refletia sobre o poder da guerra como tema cinematográfico: “A guerra é a base de toda virada crítica na história da humanidade. Não sou obcecado com guerra _ tenho uma consciência muito clara do horror de qualquer guerra, ainda mais porque sou filho de um veterano da Segunda Guerra Mundial.”


Mais uma série histórica, sobre a guerra que inspirou Game of Thrones
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Ana Maria Bahiana

Rebecca Ferguson, a Rainha Branca

Continuando no tema de ontem – vem aí, via Starz (nos EUA) e BBC (na Grã Bretanha) mais uma série histórica _ e com pedigree e uma interessante conexão com uma série (de ficção) de muito sucesso: The White Queen (A Rainha Branca), uma adaptação do primeiro livro da série The Cousins’ War (A Guerra dos Primos) da ilustre autora britânica Philippa Gregory.

O pedigree: além do nome de Philippa Gregory, sinônimo de ficção histórica de alta qualidade (A Outra,  The Virgin’s Lover, A Respectable Trade), o roteiro assinado por Emma Frost (Shameless) , a direção de Jamie Payne (The Hour, Da Vinci’s Demons), Colin Teague (Being Human) e James Kent (Inside Men) e música de John Lunn (Downton Abbey). No elenco: Max Irons, James Frain e a sueca Rebecca Ferguson, no papel título. E um orçamento de filme: 22 milhões de dólares, com filmagens em locação na Bélgica.

A conexão: The White Queen é o primeiro olhar de Gregory sobre a Guerra das Rosas, o conflito entre duas casas da mesma família – os Lancaster e os York – pelo trono da Inglaterra, entre 1455 e 1485. Se você ainda não pensou em Game of Thrones, acorde. A Guerra das Rosas foi uma das principais inspirações de George R. R. Martin, e os traços da história sobre a ficção são claramente visiveis: famílias se matando por um trono, incesto, traições, brasões (a rosa branca de York, a rosa vermelha dos Lancaster). Em The White Queen há até crianças aprisionadas e feitas de refém e um personagem chamado Tyrell (e… Lancaster não lembra nada?).

A série estreia ainda este ano e vale pelo menos uma conferida _ arrisca vir coisa boa aí…