Blog da Ana Maria Bahiana

Arquivo : Tom Hanks

Primeiro trailer de Saving Mr. Banks: o que vocês acham?
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Ana Maria Bahiana

Tom Hanks como Walt Disney, Emma Thompson como a escritora inglesa P. L. Travers – “meu nome é Mrs. Travers” – e um elenco de apoio absolutamente sensacional : o primeiro trailer de Saving Mr. Banks saiu hoje. O filme é a grande cartada da Disney para o final do ano, e depois dos baques sucessivos que o estúdio vem recebendo com seus títulos fora da animação, bem que merecia ser um sucesso… O que preocupa:

1. É a história dos bastidores da criação de Mary Poppins (dir. Robert Stevenson, 1964), um dos grandes sucessos não-animação da Disney. Tudo muito em casa demais.

2.  O diretor é John Lee Hancock, o mesmo de Um Sonho Possível….

O que vocês acham?


Papas, cardeais e companhia: cinco (bons) filmes sobre o Vaticano
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Ana Maria Bahiana

Conseguiu resistir ao impulso de uma maratona  Dan Brown/Tom Hanks/Ron Howard depois de tantas notícias vindas do Vaticano? Tenho algumas opções mais interessantes para você. E, enquanto checava esta lista, me espantei com a escassez de bons títulos sobre a interessantíssima, complicada, historicamente fundamental encruzilhada de poder e espiritualidade que é o Vaticano.

Aqui vai uma breve mas seleta peneira de bons filmes sobre papas, cardeais e os dilemas entre fé e domínio, consciência e dogma, poder espiritual e poder temporal. Podem completar com as primeiras duas temporadas de Os Bórgias, onde Jeremy Irons – fisicamente muito diferente do seu personagem – dá uma aula sobre a complexidade de Rodrigo Borgia, político, estrategista militar, patrono das artes, pai de família e Papa Alexandre VI.

Habemus Papam (dir. Nanni Moretti, 2011). E se o escolhido pelo conclave sofresse de síndrome de pânico, disparando para os confins da Capela Sistina assim que sua eleição fosse anunciada sobre a Praça de São Pedro? Nanni Moretti (que também faz o papel do terapeuta contratado para resolver o impasse) é um humanista com um olhar preciso sobre os detalhes da comédia humana, mesmo na mais absurda (e pública) das situações.

As Sandálias do Pescador (The Shoes of the Fisherman, dir. Michael Anderson, 1968)  O que é mais fascinante neste filme? Sua visão do futuro – 1980- vinda do ponto de vista dos turbulentos anos 1960? A exatidão de algumas de suas especulações – a tensão entre Russia e China, fome na Ásia, um cardeal do leste europeu sendo feito Papa—ou seu elenco sensacional, com Anthony Quinn, Laurence Olivier, John Gielgud e até, num papel secundário, Vittorio de Sica?

 

Agonia e Êxtase (The Agony and the Ecstasy, dir. Carol Reed, 1965) E por falar em grande elenco… Rex Harrison como o Papa Julio II e Charlton Heston como Michelangelo. Precisa dizer mais? Sim: arte e fé, carnalidade e espírito, razão e dogma chocam-se, debatem-se e iluminam a tela enquanto a Capela Sistina (reproduzida em CineCittá) recebe os murais que a transformariam numa obra de arte.

O Poderoso Chefão Parte III (The Godfather Part III, dir. Francis Ford Coppola, 1990). Esqueçam Sofia Coppola, coitada: há uma saborosa trama dentro da trama, envolvendo o Banco do Vaticano, negociatas, trocas de favores e uma cena icônica – um cardeal, mancha escarlate no meio da tela, despencando-se ao som de uma ária da ópera  Cavalaria Rusticana. “Eu me interesso muito por sociedades fechadas, cheias de segredos e códigos particulares”, Coppola me disse, na época. “A mafia é uma delas. A Igreja é outra.”

 O Escarlate e o Negro (The Scarlet and the Black, dir. Jerry London, 1983) Sempre quis ver Gregory Peck no papel de um monsenhor das altas esferas do Vaticano? Então este filme – feito para a TV, mas com qualidade e elenco de filme de cinema- vai resolver seus problemas. Peck interpreta um personagem verdadeiro,  o monsenhor irlandês Hugh O’Flaherty, alto funcionário diplomático do Vaticano que, durante a Segunda Guerra Mundial, deu abrigo a prisioneiros de guerra fugitivos e famílias da resistência contra Mussolini. Bônus: Christopher Plummer como o coronel da SS no encalço do Monsenhor.


10 filmes para o Natal
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Ana Maria Bahiana

O filão “filme de Natal” é uma coisa bem típica do cinemão comercial norte-americano que muito cedo descobriu o poder agregador de histórias temáticas aconpanhando o ciclo do ano – férias, primeiro dia de aula, dia dos namorados, verão, Dia de Ação de Graças, ano novo, etc e tal.

A maioria, infelizmente, é muito chata. Mas como você, igual a mim, tem que sobreviver aos festejos natalinos com seu bom humor razoavelmente intacto, aqui vão 10 sugestões entre meus favoritos que, de uma forma ou de outra (mais de outra, como se verá) incorporam o tema:

  1. O Estranho Mundo de Jack (dir. Henry Selick, 1993) Sempre imitada, jamais igualada incursão pelo lado do avesso das festas. E para ficar no mesmo universo…
  2. Eduardo Mãos-de-Tesoura (dir. Tim Burton, 1990) Ainda o filme definidor da sensibilidade e da visão de Tim Burton. Quando Eduardo faz nevar na suburbia de Los Angeles, eu fico sempre engasgada.
  3. Férias Frustradas de Natal (dir. Jeremiah Chechik, 1989) É grosso, politicamente incorreto e gloriosamente idiota. Mas nunca falha em me fazer rir. E é uma tradição de festas na minha familiazinha.
  4. A Felicidade Não se Compra  (dir. Frank Capra, 1946) Esse não pode faltar. É tudo o que o cinemão americano tem de melhor, em sua fase de ouro: descaradamente sentimental, desoudiradamente otimista, impecavelmente executado.
  5. Natal dos Muppets (dir. Richard Donner, 1992) Os Muppets! Richard Donner! Charles Dickens!
  6. Gremlins (dir. Joe Dante, 1984) Os mogwais entortam uma cidade-cartão-postal neste delírio cartunesco do tempo em que Joe Dante era Joe Dante.
  7. Feliz Natal (dir. Christian Carion, 2005) O episódio abordado de passagem em Cavalo de Guerra – a espontânea trégua de Natal em plena Primeira Grande Guerra- em toda a sua complexidade política e social. Não exatamente o seu “filme de Natal”.
  8. Simplesmente Amor (dir. Richard Curtis, 2003) Sim, é tão sentimental que  quase dá dor no dente de tanto açúcar. Mas as vezes a gente precisa acreditar que esse tal de amor existe. E tem Colin Firth! E a trilha sublime de Craig Armstrong!
  9. Papai Noel às Avessas (dir. Terry Zwigoff, 2003) A sensibilidade torta do nosso número 3 torna-se mais amarga no século 21. E Zwigoff é o diretor do documentário sobre Bob Crumb… e de Ghost World…
  10. Expresso Polar (dir. Robert Zemeckis, 2004) Tom Hanks ainda parece um fantasma dele mesmo, e os humanos estão mais para zumbis que para seres vivos, mas as paisagens são fantásticas.

Boas festas e bons filmes para vocês!


Transformers X Tom Hanks: a batalha do 4 de julho
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Ana Maria Bahiana

 

4 de julho, o feriadão da independência norte-americana, é uma data muito importante no calendário hollywoodiano: é o auge da temporada-pipoca, o momento de ouro para lançar arrasa-quarteirões.Por isso mesmo é também um dos fins de semana mais concorridos – senão O mais concorrido – do ano, o campo de batalha onde se constroem reputações e se estabelecem tendencias.

Foi num 4 de julho há exatos 20 anos que James Cameron provou de uma vez por todas que era capaz de produzir mega-sucessos (Exterminador do Futuro 2, 31 milhões de dólares_ o que, em 1991, era um bocado de dinheiro). Foi em outro 4 de julho, cinco anos depois  que Roland Emmerich mostrou que vinha para fazer muita grana (Independence Day, mais de  50 milhões de dólares em 1996); e, seis anos atrás, Steven Spielberg demonstrou que ainda tinha mojo na área do super popular (Guerra dos Mundos, quase 65 milhões de dólares em 2005).

Nem sempre foi assim: na verdade, até 1975 e Tubarão, junho-julho era a época em que NÃO se lançavam filmes. A crença vigente era que ninguém ia ao cinema durante as férias de verão do hemisfério norte, preferindo praia, viagem e acampamento. Foi Lew Wasserman, presidente da Universal na época (e, por esse motivo guru de Spielberg durante toda a sua vida) que teve a sacada: um filme sobre um tubarão assassino tem muito mais chances de aterrorizar (e atrair) as pessoas se elas já estiverem pensando em praia e outros prazeres de verão. (Leiam o capítulo Nove: A Vingança do Nerd de Easy Riders, Raging Bulls, de Peter Biskind, onde esta saga é contada em detalhes).

Na verdade a analogia com Tubarão é apropriada para este momentoso 4 de julho de 2011: com todo o ruído de seus avanços tecnológicos, a indústria de cinema como um todo, na verdade, movimenta-se muito lentamentGrandes marcos de mudanças fundamentais no modo de conceber, fazer, distribuir e divulgar cinema são raros e espaçados _ e a invenção do blockbuster de  verão, entre 1975/Tubarão e 1977/Star Wars, Capitulo IV: Uma Nova Esperança, foi, por incrível que pareça, a mais recente. Levando em conta a evolução de gostos e tecnologia, os filmes-pipoca ainda são criados, feitos e vendidos do mesmo modo como eram em 1975.

Será que o 4 de julho de 2011 mostra, afinal, sinais de um desvio importante de curso? Talvez. Os indícios:

Um filme em que o conceito e os efeitos são importantes passou batido por um filme em que os atores são importantes. Dez anos atrás se alguem anunciasse um filme estrelado por Julia Roberts e Tom Hanks estreando no mesmo dia de qualquer outro sem Julia Roberts e Tom Hanks, ninguém na indústria pensaria duas vezes em quem seria o top do feriadão. Neste 4 de julho as criaturas CGI de Transformers 3 deram uma lavada em Larry Crowne, estrelado por Tom Hanks e Julia Roberts: 97 milhões de dólares do primeiro contra 13 milhões de dólares do segundo (isso só nos EUA; no mundo todo T3 está pra lá de 400 milhões de dólares de receita, em apenas quatro dias em cartaz). A goleada foi tamanha (T3 é, agora, o recordista do feriadão) que muita gente se perguntou se este feriado marcava o fim de mais uma era dominada por estrelas, e anunciava um novo período em que o conceito era o grande atrativo para o público.

Um filme em que o conceito e os efeitos são importantes recebeu críticas melhores que um filme sem efeitos, com atores e um diretor importantes. Larry Crowne foi escalado para o 4 de julho como uma opção de programação, visando o público mais velho, possivelmente desgostoso com o festival de porrada de Transformers 3. O previsível seria que T3 levasse uma surra da crítica,enquanto o filme “adulto”, encabeçado por dois ganhadores de Oscar (e dirigido por um deles, Hanks) ganhasse pelo menos o triunfo estético. Não foi o que aconteceu: T3 é uma pipocada divertida, seguindo a fórmula exata dos anteriores, e não decepciona porque não promete mais que isso; Larry Crowne é previsível e banal, decepcionando quem  esperava mais

O filme com grandes estrelas foi financiado independentemente. Cinco, dez anos atrás os nomes “Julia Roberts” e “Tom Hanks” seriam o suficiente para os estúdios abrirem as portas dos cofres. Mas para realizar Larry Crowne Hanks teve que usar recursos próprios, complementados por financiamento de terceiros, como qualquer independente. Os 195 milhões de dólares de T3 foram inteiramente cobertos pela Paramount/Dreamworks. “É incrível sequer pensar nisso, mas o filme de Tom Hanks é o pequeno filme independente”, me disse um escolado soldado da indústria. “Não há mais lugar para esse tipo de projeto na matemática dos estúdios.”

O 3D ganhou novo fôlego. Nas semanas anteriores ao 4 de julho Michael Bay fez um verdadeiro apostolado do 3D, comparecendo a eventos, dando palestras e entrevistas (muitas delas ao lado do messias do 3D, James Cameron) com o fervor de um recém-convertido à técnica. Não sei se foi o papo ou a qualidade da produção, mas a verdade é que T3 reverteu a tendência do ano, que vinha mostrando um declínio veloz do consumo de ingressos para salas 3D: 60% dos ingressos para o novo Transformers veio de exibições em 3D, trazendo nova energia para o segmento.

E vocês, o que acham?  A era das estrelas acabou mesmo? O 3D veio para ficar?

 

 


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