Blog da Ana Maria Bahiana

Arquivo : Netflix

Minha séries favoritas da nova temporada (nem todas estão na “TV)
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Ana Maria Bahiana

Nesta época do ano sou o alvo de duas avalanches. A primeira traz os dvds da quantidade cada vez maior de novas séries disputando espaço no início oficial do ciclo, o outono no hemisfério norte. A segunda vem mais tarde, em geral depois do dia de ação de graças (final de novembro): todos os filmes esperançosos por uma indicação ao Globo de Ouro.

A avalanche de TV, este ano, foi triste. Nem vou entrar em detalhes, a não ser para dizer que Gotham poderia tern sido tão divertida se tivessem contratado roteiristas que sabem escrever…

Mas vamos focar no positivo: do balaio 2014 estas são as minhas séries favoritas.

Transparent

Transparent (Amazon; todos os episódios disponíveis) já está sendo chamada de “a melhor nova série do ano”, o que é um pouco demais pra burro num ano que teve True Detective e Fargo. Mas não deixa de estar, com certeza, entre as melhores coisas desta safra. Crédito à criadora e showrunner Jill Soloway, que vem de duas boas escolas – o cinema independente (recomendo oseu Afternoon Delight que, apesar de instável – cheio de altos e baixos – revela seu talento para compreender e compor personagens) e a TV de primeiro escalão (Six Feet Under, United States of Tara). E crédito a Jeffrey Tambor, protagonista e principal força de impulso da série, no papel de um professor universitário, pai de três filhos, que decide, do alto de seus 70, mudar de sexo. O assunto não é original – o ótimo Transamerica, de 2005, e o telefilme Normal, de 2003, exploraram a questão com inteligencia, sensibilidade e grandes desempenhos de Felicity Huffman e Tom Wilkinson, respectivamente. Transparent alinha-se com esses bons títulos acrescentando uma paisagem humana e social precisa – a alta classe média de Los Angeles- e explorando o impacto das escolhas do pai sobre a vida dos filhos adultos, mas não necessariamente maduros. Um prazer, repleto de humanidade e humor.

Olive

Olive Kitteridge (HBO; estreia nos EUA 2 de novembro) Mildred Pierce, três anos atrás, abriu um nicho super interessante na programação da HBO: a minissérie sobre e para mulheres. É uma recuperação genial do “filme de mulheres” dos anos 1930 e 40, agora com a liberdade de ir mais fundo, de não fugir de temas espinhosos, controversos. Baseada no livro homônimo de Elizabeth Stro ut– na verdade uma coleção de contos sobre as vidas de vários habitantes numa cidadezinho do Maine – Olive Kitteridge foi adaptada com total precisão pela roteirista Jane Anderson e a diretora Lisa Cholodenko. A pragmática, contida, burtalmente honesta Olive (Frances McDormand, espetacular) é agora o centro de tudo. A cidade muda, pulsa e se transforma ao longo de 25 anos na vida dessa mulher, cuja fachada de força impenetrável oculta um mundo de dor e paixão. Só acompanhar o desempenho de McDormand já vale – mas ainda tem Richard Jenkins e, numa ponta essencial, Bill Murray (mais um sensacional elenco de apoio).

Bojack

BoJack Horseman (Netflix; todos os episódios disponíveis). Quando recebi os DVDs minha primeira reação foi: Ai! Quem precisa de mais uma animação tosco-irônica?! Confesso que o que despertou minha curiosidade foi a participação de Aaron Paul como a voz do principal coadjuvante, num elenco que já tinha Will Arnett, Amy Sedaris, Stanley Tucci, Patton Oswalt, J, K. Simmons , Anjelica Huston , Melissa Leo, e, como elas mesmas, Naomi Watts e Margot Martindale. Ainda bem. Imaginem os Simpsons na Hollywood de um universo paralelo onde os humanos convivem com híbridos entre gente e bicho, gerando seres como um diretor chamado Quentin Tarantulino (uma tarantula) , o nosso herói equino que foi famoso na TV dos anos 1990, e uma editora chamada Penguin onde só trabalham… pinguins. E isso é só o começo: a fina faca do comentário sobre as idiotices de nossa descerebrada cultura da celebridade corta de verdade, com o melhor gume possível – o riso.

 

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Menções honrosas vão para duas co-produções britânicas: Happy Valley (Netflix, todos os capítulos disponíveis) e The Missing (Starz, estréia nos EUA 15 de novembro). Em ambas, um desempenho espetacular ancora tudo e faz a gente esquecer as (pequenas ) falhas de cada um. Em Happy Valley Sarah Lancashire é uma sargento da polícia de uma pequena cidade do norte da Inglaterra, escondendo sob sua fachada estóica um mundo interior fracionado e muito próximo da violência que ela policia. Em The Missing Tony Hughes é um pai absolutamente possuído pela obsessão de encontrar seu filho, desaparecido há mais de oito anos. Os ritmos das duas séries são às vezes oscilantes, mas o poder de seus personagens nos mantém ligados na tela sem cessar, Cuidado com as maratoas – vão roubar horas preciosas de sono…


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Ana Maria Bahiana

 

 

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De volta a Los Angeles em plena modorra pós-prêmios, pré-pipoca, quebrada apenas por dois escândalos de natureza sexual: as alegações de estupro contra o diretor Bryan Singer, bem na hora em que seu novo X Men vai estrear, e aquela cena no último episódio de Game of Thrones.

Estou acompanhando  o primeiro com luvas e máscara cirúrgica , para evitar tanta poeira tóxica. O segundo é uma obra de ficção, claro – e eu já havia alertado aqui que esta temporada continha uma das cenas mais perturbadoras de toda a história da TV.  Não vou ficar falando muito por conta dos famosos SPOILERS. Mas para mim estes são os pontos principais:

–       entendo a reação aqui, nos EUA, por conta de um elemento específico – a TV  (e o cinema) sempre  usaram a violência contra a mulher quase como um cacoete narrativo, um default, e recentemente esta forma particular de violência – o estupro – tem sido usada com ainda mais frequencia.

–       O mundo criado por George R. R. Martin em sua saga é brutal como nós éramos na antiguidade e na idade média (e como, infelizmente, ainda somos, apesar de todo nosso verniz de civilização…). Dentro dos horrores já perpretados pelos personagens de Game of Thrones, a tal cena do episódio passado faz sentido.

–       Sim, a cena está nos livros mas tem uma perspectiva diferente do que aconteceu no episódio. GRRM está meio que saindo de fininho quanto às alterações que os criadores da série se permitiram fazer, mas numa coisa ele tem razão – no seu texto a cena é contada do ponto de vista de Jaime. Na série, texto e direção se colocam de fora, num terceiro ponto de vista. Seria esse ponto de vista o mais exato sobre o que realmente se passou naquele momento? (Tomando “realmente” com certa licença, claro – estamos falando de Westeros…)

De todo modo, esse bate boca me lembrou, mais uma vez, quem realmente está puxando este trem: a TV, ou aquilo que a gente costumava chamar de TV.  Este tipo de discussão, que nasce espontâneamente (e não como marketing viral…)  como resultado do eco de uma representação fictícia que cutuca problemas reais, costumava ser, aqui, algo que o cinema era em geral capaz de fazer.

Ainda hoje duas notícias importantes confirmaram o avanço da TV como quem comanda o mercado. A HBO, sempre tão ciosa com a originalidade e o controle do seu conteúdo, acaba de fechar uma parceria de distribuição exclusiva com a Amazon . Isso é a mesma coisa que, vinte anos atrás , uma produtora independente como a Miramax ou  Working Title fechando com uma Disney ou Paramount. O peso que a notícia está tendo na midia e nas conversas demonstra claramente para onde o business está indo.

E tem mais: suprindo uma lacuna que o cinema sempre tentou mas nunca conseguiu atender direito, a Netflix está anunciando sua primeira produção inteiramente em espanhol, produzida inteiramente no México, com elenco latino americano, e dirigida pelo mexicano Gaz Alazraki, responsável por um dos maiores sucessos de bilheteria en español, a comédia Nosotros Los Nobles. Ainda sem título e com estreia prevista para 2015, a série  de 13 episodios se passa no mundo do futebol profissional. Ou seja: gol de placa.

Mais TV no próximo post, com a minha nova série-obsessão…


“As pessoas não tem mais que ir ao cinema”, e outros sinais da revolução
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Ana Maria Bahiana

 

netflix

Três ecos do fim de semana ilustram uma industria em absoluta transformação:
_ Falando a profissionais de efeitos especiais no fim de semana, Chris Meledrandi, CEO da Illumination Entertainment, responsável por fazer uma ponte importante entre animadores europeus e o mercado internacional com os dois Meu Malvado Favorito, repetiu exatamente o que Steven Spielberg e George Lucas disseram meses atrás: os estúdios estão canibalizando a si mesmos com a obsessão do mega-mega-blockbuster. “Eles ainda não compreenderam que há uma geração que simplesmente não precisa ir ao cinema.”, ele disse. “Há uma variedade de outras formas de entretenimento audiovisual competindo com o ir ao cinema.”. Meledrandi condenou a “resposta de pânico” dos estúdios a essa realidade criando apenas lançamentos gigantescos que o mercado não tem condição de absorver. “Um super filme evento devora a plateia de outro super evento. E isso acontece com filmes de ação e de animação, do mesmo modo.”

_ Curiosamente, no mesmo evento (mas numa outra palestra), o diretor Henry Selick  (Coraline, O Estranho Mundo de Jack) desceu o pau na franquia Meu Malvado Favorito, colocando os filmes da Illumination num bolo de “desenhos feitos em fórmula, todos parecidos uns com os outros, onde não é possível distinguir o estilo ou a criatividade de quem fez”. A saída? “As outras midias”, Selick disse. “Ponho mais fé na TV por assinatura e em opções como Netflix, Amazon e Google.” Dois dias depois, Selick fechou com a independente FilmNation para dirigir um filme com atores, adaptando o livro infantil A Tale Dark and Grimm.

_ Num outro evento, promovido pela Film Independent, que reúne produtores e diretores independentes,  Ted Sarandos, o presidente de conteúdo da Netflix, resumiu tudo e foi um passo adiante: não são só os grandes estúdios os responsáveis por um apocalipse iminente – os exibidores são até piores.  Novamente, Sarandos lembrou que ir ao cinema é algo cada vez mais remoto para as novas gerações – e para todas as pessoas, de qualquer idade, que moram em locais sem um cinema próximo.  “O cinema não é o único lugar onde se pode ver um filme”, disse Sarandos. ” Os produtores precisam se conscientizar disso, e os distribuidores precisam parar de se deixar intimidar pelos donos de cinemas e lançar os filmes simultaneamente em todas as plataformas- inclusive a Netlflix.”

Isso vai render…


Notícias da não-TV: Netflix, Amazon aumentam poder de fogo
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Ana Maria Bahiana

 

John Goodman e um amigo numa cena da série Alpha House, da Amazon

Enquanto os canais “tradicionais” debatem que séries continuam e quais vão pro além, as notícias quentes da semana vem da outra TV, aquela que baixa em qualquer lugar onde haja uma tela de qualquer tamanho e acesso à internet.

* Em seu relatório anual para os acionistas, a Netflix anunciou que tem mais de 40 milhões de assinantes nos Estados Unidos – ou seja, muito mais que a HBO que, segundo analistas do mercado, tem cerca de 28. 7 milhões de assinantes (o canal não revela oficialmente quantos assinantes tem). É um marco: um serviço de distribuição de conteúdo fora do sistema tradicional (TV aberta/TV paga) com um volume de público maior que seus antepassados.

* Como consequência de sua base de audiência, aliada ao que o relatório chama de  “análise do comportamento de consumo de nossos espectadores”, a Netflix anunciou que vai dobrar  seu investimento em séries originais, aumentado e diversificando a oferta, acrescentando longa-metragens ao mix e alocando orçamentos “modestamente” mais generosos. Este é um ponto de divergência na competição: a HBO gasta 40% de seus recursos em produção original, enquanto a Netflix prevê, para 2014, a reserva de 10% de seus recursos para o mesmo fim. “Ainda temos muito espaço para crescer”, disse o diretor de produção Ted Sarandos.

* Tem espaço e mais competição:  depois de alguns balões de ensaio a Amazon está entrando firme na distribuição de conteúdo próprio. A sátira política Alpha House, estrelada por John Goodman e criada e escrita pelo cartunista Garry Trudeau, a série de comedia Betas, sobre a vida nas start ups do Vale do Silício, e três seriados infantis estreiam em novembro . E  a Amazon já anunciou que a próxima leva trará séries de drama na próxima leva…


A plateia no poder: o que querem dizer as vitórias da Netflix nos Emmys
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Ana Maria Bahiana

Sobre os Emmys: em primeiro lugar, calma. Respirem fundo. As nove indicações para House of Cards, e a solitária (injustamente) indicação para Jason Bateman por Arrested Development são, de fato um marco. Mas não exatamente o marco que tenho lido/ouvido por aí.

Repitam comigo: Netflix não é “a internet”. Netlflix é um sistema de distribuição de conteúdo audiovisual que apenas recentemente começou a usar prioritariamente a internet ou melhor, os meios digitais de transmissão, para que  esse conteúdo chegasse a seus assinantes.

Entre 1997, quando a Netflix foi fundada num subúrbio de Santa Cruz, California,  e  julho de 2011, quando separou as assinaturas entre “apenas online” (mais barata) e “apenas DVD”, a Netflix competia em primeiro lugar com locadoras como a Blockbuster, que distribuiam conteúdo através de mídias físicas. O sistema on demand ou instant watch – visão instantânea- não funcionava muito bem nem quando se navegava numa rede de alta velocidade, como DSL ou cabo.

A partir de 2008, quando a Netflix fechou seu primeiro contrato de exclusividade – com o Starz, um canal “tradicional” de TV por assinatura – para distribuição de conteúdo, a empresa acelerou sua decolagem na rampa online. O acordo era, na verdade, uma parceria entre duas empresas que estavam pensando além dos canais disponíveis até então. Starz e Netlflix eram, até então, versões só um pouco mais modernas da locadora de bairro: ambas  distribuíam conteúdo produzido por terceiros, ou através de DVDs, ou de um pacote de TV por assinatura.

As mudanças começaram aí. Em 2010, quando a Starz começa a lançar seu balão de ensaio em conteúdo próprio, a Netflix muda completamente sua infra-estrutura digital. Um ano depois, com seu sistema on demand funcionando plenamente, a Netlflix não muito sutilmente começa a instigar seus assinantes a optarem por receber conteúdo exclusivamente por streaming, seja ele em sua TV, computador, tablet ou smatphone.

O lógico passo seguinte – que a Starz, aliás, também dá nessa época – é investir com tudo em conteúdo próprio.

Aqui é preciso fazer dois esclarecimentos importantes:

  1. A “TV” como ela é usada no Brasil é uma criatura em vias de extinção nos Estados Unidos, esperando apenas o impacto de um meteoro cultural /tecnológico para ir fazer companhia aos dinossauros.  O segmento de público que “assiste TV”, ou seja, liga seu aparelho em determinados horários, para ver programas, notícias ou filmes segundo a grade de programação, está diminuindo a passos largos. Uma estimativa (que eu acho conservadora) diz que em 2020 77% do público de conteúdo audiovisual doméstico não “verá TV” nesse sentido. Em 2012, cinco milhões de lares nos Estados Unidos não tinham nenhum tipo de transmissão “normal” de TV, embora tivessem telas de TV _ estão recebendo conteúdo audiovisual através de streaming em aparelhos como BluRay players, computadores, tablets, consoles de games ou AppleTV.  E mesmo os que tem TV por assinatura não seguem mais a grade – programam seus aparelhos (que podem ser Blu Ray players, consoles, computadores ou hardware específico, como o TiVo) para gravar o que querem, e vêem quando querem.  Uma das grandes sacadas da Netflix foi perceber de imediato o potencial dessa mudança do mercado e começar a oferecer variedade de conteúdo para uma platéia que não tinha mais paciência para deixar que programadores lhe dissessem o que assistir, e quando.
  2. O modo como esse conteúdo é distribuído não altera sua forma ou  estética , a não ser em dois pontos: maior liberdade para exibir cenas realistas de sexo, conflito e violência, e a possibilidade do público controlar o modo como vê, segundo seus horários e disponibilidades. Fora isso, a oferta segue os formatos estabelecidos na TV tradicional: seriados dramáticos com 13 episodios de 50 minutos cada, seriados de comédia de 13 episódios de 22 minutos cada.

A Netflix não produz conteúdo, apenas licencia e distribui on demand. Seu fundador e CEO, Reed Hastings, sempre viu a empresa como uma “programadora, uma distribuidora de licenciamentos”.  A Netflix não é dona do conteúdo que disponibiliza – ela compra uma licença para distribui-lo em seu sistema durante um período X. A premiada House of Cards foi produzida inteiramente pela produtora Media Rights Group. Seu licenciamento foi um leilão, uma verdadeira guerra entre HBO e Netflix pela compra dos direitos (valor final, pago pela Netflix: 100 milhões de dólares por 26 episódios em duas temporadas).

Essa é uma diferença fundamental entre ela e o modelo HBO, com quem a Netflix gosta muito de ser comparada. A HBO é uma produtora, e é dona da imensa maioria do conteúdo original que exibe porque produz, investe nele desde o começo, em muitos casos ainda na fase de desenvolvimento. É mais parecida com um estúdio, envolvendo-se, arriscando-se e bancando projetos.

A Netflix é uma compradora astuta: House of Cards, Arrested Development, Hemlock Grove, Orange is the New Black. Mas ainda está na dependência do que o mercado pode oferecer, já pronto – e é claro que, agora, o mercado está se atropelando mais que os zumbis de Guerra Mundial Z para oferecer conteúdo. E compreendeu até onde vai o desejo de controle por parte da plateia, oferecendo as temporadas de cada um de seus títulos em pacotes com todos os 13 episódios, um procedimento impensável, até hoje, no que estamos chamando de “TV convencional”. A “TV convencional” vende tempo – o tempo que  o anunciante tem para passar a mensagem dele para os olhos, espera-se, cativos dos espectadores. A Netflix não precisa de anunciantes porque tem assinantes e compradores diretos- ela vende, estritamente, o acesso ao conteúdo.

As vitórias  da Netflix nos Emmys não querem dizer que uma nova estética foi subitamente endossada pelo establishment da TV (é isso que todo prêmio é, certo?). Quer dizer que o establishment da TV sabe muito bem que os sistemas de produção, programação e distribuição que foram inventados no século passado estão acabando de vez.


Em breve numa tv ( ou computador,tablet, smartphone) perto de você: os irmãos Wachowski
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Ana Maria Bahiana

Os irmãos Wachowski acabam de se unir à cada vez mais numerosa leva de realizadores que acharam nas telas domésticas multi-plataforma seu porto seguro: Lana e Andy Wachowski fecharam com a Netlflix a produção e distribuição de sua série de sci-fi, Sense8. Os irmãos uniram-se ao roteirista/produtor Joe Straczynski (Babylon 5) na criação dos 10 episódios sobre (nas palavras dos irmãos) “como a tecnologia ao mesmo tempo nos une e nos divide”..

O modelo da série-on-demand, feita para canais de streaming em várias plataformas está se afirmando cada vez mais como uma alternativa viável para a TV, oferecendo programação que apetece tanto aos criadores (que tem maior liberdade para criar) e aos espectadores (que ganham mais opções de conteúdo fora do que um canal poderia oferecer, por suas restrições de mercado). Somados às séries e telefilmes dos canais por assinatura, esta é uma massa de conteúdo inovadora que, não tenho dúvida, está preenchendo a imensa lacuna deixada pelo cinema, onde os independentes lutam contra obstáculos cada vez maiores, e os estúdios, como me disse um terno Armani, só pensam em “regurgitar suas franquias ou copiar as franquias dos concorrentes”.

Somente na Netflix teremos, mês que vem,  Hemlock Grove, criada por Eli Roth,  e, mais adiante, a terceira temporada de The Killing, a volta de Arrested Development e Derek, de Ricky Gervais. Seu principal competidor, Amazon Studios, está desenvolvendo uma série baseada no hit cult Zombieland. Amazon Studios tem seis outras séries de comédia em desenvolvimento, mais seis outras séries voltadas para o público infantil.

Scorsese com Leonardo diCaprio no set de Gangues de Nova York, em Cinecittá

E agora, na última hora: a Miramax e Martin Scorsese anunciam que estão desenvolvendo uma série baseada no filme Gangues de Nova York, de 2002. O projeto ainda não tem canal (ou plataforma on demand) exibidor, mas ninguém acredita que isso será um problema _ muito pelo contrário.  “Este é um período muito rico na história dos Estados Unidos, repleto de personagens e histórias que não caberiam num filme de duas horas”, Scorsese declarou. ” Uma série nos dá mais tempo e liberdade para mostrar este mundo complexo, e refletir sobreas implicações que ele teve e tem em nossa sociedade.”

Sense8 entra em produção em breve, para estreia no segundo semestre de 2014.Para Gangues, fiquem ligados _ mais notícias assim que eu souber.


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