Blog da Ana Maria Bahiana

A plateia no poder: o que querem dizer as vitórias da Netflix nos Emmys
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Ana Maria Bahiana

Sobre os Emmys: em primeiro lugar, calma. Respirem fundo. As nove indicações para House of Cards, e a solitária (injustamente) indicação para Jason Bateman por Arrested Development são, de fato um marco. Mas não exatamente o marco que tenho lido/ouvido por aí.

Repitam comigo: Netflix não é “a internet”. Netlflix é um sistema de distribuição de conteúdo audiovisual que apenas recentemente começou a usar prioritariamente a internet ou melhor, os meios digitais de transmissão, para que  esse conteúdo chegasse a seus assinantes.

Entre 1997, quando a Netflix foi fundada num subúrbio de Santa Cruz, California,  e  julho de 2011, quando separou as assinaturas entre “apenas online” (mais barata) e “apenas DVD”, a Netflix competia em primeiro lugar com locadoras como a Blockbuster, que distribuiam conteúdo através de mídias físicas. O sistema on demand ou instant watch – visão instantânea- não funcionava muito bem nem quando se navegava numa rede de alta velocidade, como DSL ou cabo.

A partir de 2008, quando a Netflix fechou seu primeiro contrato de exclusividade – com o Starz, um canal “tradicional” de TV por assinatura – para distribuição de conteúdo, a empresa acelerou sua decolagem na rampa online. O acordo era, na verdade, uma parceria entre duas empresas que estavam pensando além dos canais disponíveis até então. Starz e Netlflix eram, até então, versões só um pouco mais modernas da locadora de bairro: ambas  distribuíam conteúdo produzido por terceiros, ou através de DVDs, ou de um pacote de TV por assinatura.

As mudanças começaram aí. Em 2010, quando a Starz começa a lançar seu balão de ensaio em conteúdo próprio, a Netflix muda completamente sua infra-estrutura digital. Um ano depois, com seu sistema on demand funcionando plenamente, a Netlflix não muito sutilmente começa a instigar seus assinantes a optarem por receber conteúdo exclusivamente por streaming, seja ele em sua TV, computador, tablet ou smatphone.

O lógico passo seguinte – que a Starz, aliás, também dá nessa época – é investir com tudo em conteúdo próprio.

Aqui é preciso fazer dois esclarecimentos importantes:

  1. A “TV” como ela é usada no Brasil é uma criatura em vias de extinção nos Estados Unidos, esperando apenas o impacto de um meteoro cultural /tecnológico para ir fazer companhia aos dinossauros.  O segmento de público que “assiste TV”, ou seja, liga seu aparelho em determinados horários, para ver programas, notícias ou filmes segundo a grade de programação, está diminuindo a passos largos. Uma estimativa (que eu acho conservadora) diz que em 2020 77% do público de conteúdo audiovisual doméstico não “verá TV” nesse sentido. Em 2012, cinco milhões de lares nos Estados Unidos não tinham nenhum tipo de transmissão “normal” de TV, embora tivessem telas de TV _ estão recebendo conteúdo audiovisual através de streaming em aparelhos como BluRay players, computadores, tablets, consoles de games ou AppleTV.  E mesmo os que tem TV por assinatura não seguem mais a grade – programam seus aparelhos (que podem ser Blu Ray players, consoles, computadores ou hardware específico, como o TiVo) para gravar o que querem, e vêem quando querem.  Uma das grandes sacadas da Netflix foi perceber de imediato o potencial dessa mudança do mercado e começar a oferecer variedade de conteúdo para uma platéia que não tinha mais paciência para deixar que programadores lhe dissessem o que assistir, e quando.
  2. O modo como esse conteúdo é distribuído não altera sua forma ou  estética , a não ser em dois pontos: maior liberdade para exibir cenas realistas de sexo, conflito e violência, e a possibilidade do público controlar o modo como vê, segundo seus horários e disponibilidades. Fora isso, a oferta segue os formatos estabelecidos na TV tradicional: seriados dramáticos com 13 episodios de 50 minutos cada, seriados de comédia de 13 episódios de 22 minutos cada.

A Netflix não produz conteúdo, apenas licencia e distribui on demand. Seu fundador e CEO, Reed Hastings, sempre viu a empresa como uma “programadora, uma distribuidora de licenciamentos”.  A Netflix não é dona do conteúdo que disponibiliza – ela compra uma licença para distribui-lo em seu sistema durante um período X. A premiada House of Cards foi produzida inteiramente pela produtora Media Rights Group. Seu licenciamento foi um leilão, uma verdadeira guerra entre HBO e Netflix pela compra dos direitos (valor final, pago pela Netflix: 100 milhões de dólares por 26 episódios em duas temporadas).

Essa é uma diferença fundamental entre ela e o modelo HBO, com quem a Netflix gosta muito de ser comparada. A HBO é uma produtora, e é dona da imensa maioria do conteúdo original que exibe porque produz, investe nele desde o começo, em muitos casos ainda na fase de desenvolvimento. É mais parecida com um estúdio, envolvendo-se, arriscando-se e bancando projetos.

A Netflix é uma compradora astuta: House of Cards, Arrested Development, Hemlock Grove, Orange is the New Black. Mas ainda está na dependência do que o mercado pode oferecer, já pronto – e é claro que, agora, o mercado está se atropelando mais que os zumbis de Guerra Mundial Z para oferecer conteúdo. E compreendeu até onde vai o desejo de controle por parte da plateia, oferecendo as temporadas de cada um de seus títulos em pacotes com todos os 13 episódios, um procedimento impensável, até hoje, no que estamos chamando de ''TV convencional''. A ''TV convencional'' vende tempo – o tempo que  o anunciante tem para passar a mensagem dele para os olhos, espera-se, cativos dos espectadores. A Netflix não precisa de anunciantes porque tem assinantes e compradores diretos- ela vende, estritamente, o acesso ao conteúdo.

As vitórias  da Netflix nos Emmys não querem dizer que uma nova estética foi subitamente endossada pelo establishment da TV (é isso que todo prêmio é, certo?). Quer dizer que o establishment da TV sabe muito bem que os sistemas de produção, programação e distribuição que foram inventados no século passado estão acabando de vez.


A coragem é contagiosa: primeiro trailer da cinebio de Julian Assange está no ar
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Ana Maria Bahiana

Benedict Cumberbatch (com um sotaque australiano!) é Julian Assange em The Fifth Estate, a história do WikiLeaks. Mais oportuno, impossível. E uma chance para o diretor Bill Condon exorcizar seu tempo no purgatório de Crepúsculo. Cotável para a temporada-ouro? Vamos ver – a estréia aqui é dia 11 de outubro.  O que vocês acham?


Academia escolhe seus novos diretores
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Ana Maria Bahiana

 

Você sempre quis saber quem manda na Academia? Para o periodo 2013-2014, anote estes nomes: Tom Hanks, Kathryn Bigelow, Robin Swicord, Lisa Cholodenko, Michael Apted, Dante Spinotti, Annette Bening, Gale Ann Hurd, Kathleen Kennedy, Bill Condon, John Lasseter, Richard Edlund, Rick Carter, Ed Begley Jr.

Eles estão entre os 48 profissionais e integrantes da Academia escolhidos pelo voto direto de seus colegas para dirigir os 16 departamentos ou “branches” da entidade. _ cada departamento tem três diretores. Não pensem, contudo, que esse pessoal tem poder de decisão direto sobre os Oscars : a função desses 48 profissionais é administrar o que o ex-presidente Robert Wise definiu para mim como “a grande visão” da Academia, sua função na indústria, na sociedade e na história do cinema.

Indiretamente, contudo,  sua posição é de peso _ cabe aos 48 “governors” (daí o Governors Ball que celebra indicados e vencedores depois da entrega do Oscar…) implementar e alterar as regras de escolha do prêmio, além de escolher o CEO e o COO que administram a Academia no dia a dia.

O que gostei do Governors’ Board deste ano: tem mais mulheres…


Adeus, Cory Monteith, para sempre Finn
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Ana Maria Bahiana

Cory Allan-Michael Monteith, 11 de maio de 1982 – 13 de julho de 2013

''Foi com Glee que encontrei minha voz, em todos os sentidos. Eu nunca estive à vontade com minha voz e com vários outros aspectos do meu desempenho como ator. Glee me deu a confiança que eu precisava para parar de cantar no chuveiro, encarar meus obstáculos e encontrar minha voz.''


Duelo de titãs
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Ana Maria Bahiana


Círculo de Fogo
(Pacific Rim, dir. Guillermo Del Toro, 2013) não é o filme mais profundo, mais filosófico ou sequer inteligente do ano ou mesmo da temporada pipoca (suspeito que este título vai ficar com Elysium…). Mas para qualquer criança que cresceu encenando batalhas entre dinossauros e robozinhos (como eu) ou vendo aqueles seriados japoneses em que criaturas variadas destroem cidades com o mesmo entusiasmo que você com seus bonecos, Pacific Rim (vamos combinar de chamá-lo assim?) é um prazer.

Godzilla/Gojira, o rei dos kaiju…

 

…e seu antepassado mais próximo.

O kaiju ega ou “filme de criaturas estranhas” é um sub gênero estabelecido do sci fi japonês desde Gojira/Godzilla, de 1954. Godzilla, por sua vez, era uma re-interpretação de filmes B norte americanos, notadamente The Beast From 20,000 Fathoms, (dir. Eugene Lourie, efeitos  do mestre Ray Harryhausen)  à luz do trauma coletivo das bombas atômicas de Hiroshima e Nagazaki.

É bom saber tudo isso para apreciar o que Pacific Rim tem de melhor, o uso da escala monstruosa e da mitologia (consciente e inconsciente) associada com ela para criar uma fábula pop para  o século 21.

Del Toro gosta muito de monstros.  De Cronos a Labirinto do Fauno, passando por A Espinha do Diabo e Hellboy, Del Toro compreende o monstro como uma extensão da alma humana, seus pavores, seus pesadelos, suas sombras.

Travis Beacham, o jovem autor do argumento e co-roteirista (com Del Toro) assinou, antes, Fúria de Titãs, uma tentativa de novo olhar sobre uma mitologia clássica já visitada por Harryhausen, Imagino que ele tenha ambições épicas – algumas ideias de Pacific Rim são verdadeiros achados, especialmente o artifício narrativo que dá uma dimensão realmente humana aos super- robôs criados para enfrentar os kaiju. O que ainda lhe falta  é o refinamento do diálogo e do desenvolvimento dos personagens, algo que já não é o forte de filmes deste tipo.

Mas não se aborreçam. Pacific Rim encontra seu pulso, sua presença e, por que não, sua força metafórica exatamente nos enfrentamentos entre os kaiju que se erguem do Pacífico (ou do nosso terror/culpa pela destruição ecológica?) como seus antepassados do século 20, e são combatidos por estes novos gladiadores super-dimensionados, os titãs de um futuro próximo, literalmente tão fortes por fora e tão frágeis por dentro , onde habitam seus controladores humanos.

São monstros de respeito, todos eles, com a atenção ao detalhe, a referência biológica e o poder de realmente aterrorizar que são a marca de Del Toro. Outro tema comum à sua filmografia, o poder da inocência contra a insanidade destruidora, aparece de forma breve mas eficaz em um flash back da personagem Mako (Rinko Kikuchi) que, pelo menos para mim, lembrou muito algumas das melhores coisas de Labirinto do Fauno.

Pacific Rim estreou neste fim de semana nos Estados Unidos e será lançado no Brasil dia 9 de agosto. Por favor, procurem o cinema com o melhor som da sua cidade – é essencial para realmente apreciar a escala do filme.


Primeiro trailer de Saving Mr. Banks: o que vocês acham?
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Ana Maria Bahiana

Tom Hanks como Walt Disney, Emma Thompson como a escritora inglesa P. L. Travers – ''meu nome é Mrs. Travers'' – e um elenco de apoio absolutamente sensacional : o primeiro trailer de Saving Mr. Banks saiu hoje. O filme é a grande cartada da Disney para o final do ano, e depois dos baques sucessivos que o estúdio vem recebendo com seus títulos fora da animação, bem que merecia ser um sucesso… O que preocupa:

1. É a história dos bastidores da criação de Mary Poppins (dir. Robert Stevenson, 1964), um dos grandes sucessos não-animação da Disney. Tudo muito em casa demais.

2.  O diretor é John Lee Hancock, o mesmo de Um Sonho Possível….

O que vocês acham?


Porque o acordo Universal/Legendary faz sentido. E é um negócio da China.
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Ana Maria Bahiana

Thomas Tull (esquerda) e Guillermo del Toro ontem no teatro Dolby. Sim, isso é um sorriso.

Thomas Tull, o CEO da Legendary, era todo sorrisos ontem na estreia de Pacific Rim no teatro Dolby, em Hollywood. Como empresa responsável, a Legendary está promovendo todos os projetos já realizados com sua futura ex-parceira, a Warner, até o fim do acordo entre os dois, em dezembro. Isso inclui especialmente o filme de Guillermo del Toro, cujas perspectivas não são muito boas, e também o reboot de Godzilla e a sequel de 300, que a Legendary estará promovendo na Comic Con, dentro de duas semanas.

De janeiro em diante, nova parceria, novos projetos . O acordo com a Universal – Legendary adquire propriedades, desenvolve e traz a maior parte do orçamento, Universal distribui mundialmente – é de cinco anos (dois a menos que seu arranjo anterior com a Warner) e faz sentido  por todos os ângulos. Vamos a eles:

–       A Universal não tem em sua carteira os filmes que são a especialidade da Legendary: propriedades intelectuais baseadas em jogos e hq, do tipo que rende franquia, viaja bem pelo mundo afora e gera uma infinidade de subprodutos. A Universal já está chamando esta nova linha de projetos “os filmes Legendary”, e eles incluem títulos baseados nos games World of Warcraft e Mass Effect, na hq Gravel e nos brinquedos Hot Wheels (alô Transformers!).

–       Múltiplas plataformas é coisa que a Universal pode oferecer, de sobra: parques temáticos,  forte distribuição internacional, uma cadeia de TV aberta (NBC) e canais por assinatura (USA, Bravo), e uma nave-mãe, a Comcast, líder na infra-estrutura digital.

–       A TV é claramente um atrativo importante para a Legendary – em maio o ex chefão de TV da Warner, Bruce Ronsemblum, se mudou de armas e bagagens para a Legendary, com o mandato de criar um departamento de projetos na mesma linha dos filmes, mas com aquilo que a TV traz de melhor – a garantia de acesso a uma plateia internacional, de forma rápida e econômica.

–       Além disso, a Universal tem uma administração estável e um acervo de outras propriedades intelectuais que podem interessar à Legendary – de clássicos de terror a Tubarão a ET.

–       O fato de Legendary e Universal serem complementares garante à empresa de Thomas Tull o que ela sempre quiz no seu tempo com a Warner: liberdade para escolher e desenvolver seus projetos. Em seu papel de distribuidor, a Universal dará palpites na hora da aprovação final, mas a Legendary tem uma capacidade muito maior de pensar e realizar seus projetos sem interferência de alguém como, por exemplo, Jeff Robinov, cujos choques constantes com Tull estão entre os motivos de sua saída do estúdio, em junho.

–       É um negócio da China, literalmente. A Legendary já tem um dos bens mais cobiçados da indústria: um acordo com o China Film Group, a produtora estatal da China, o mercado mais atraente para todos os grandes, médios e pequenos produtores.

Não chorem pela Warner, contudo. A administração Kevin Tsujihara está claramente pensando num tipo de abordagem onde cinema e TV estão mais próximos (ele vem de home entertainment). E além do acordo possível com a Dune/Bank of America (e Brett Ratner e seus amigos bilionários) a Warner sempre contará com os cofres genorosos e os ainda mais amplos recursos de produção da australiana Village Roadshow.


Legendary fecha com a Universal
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Ana Maria Bahiana

Retiro o que disse no último item das minhas especulações do post anterior: a Legendary acaba de fechar com a Universal. É uma opcão que parece inusitada se comparada com as ambições globais dos outros candidatos à mão desta tão cobiçada princesa financeira: a Fox (que estava na pole), a Sony e até a independente de luxo Lionsgate, que entrou na dança na última hora.

Pelo que compreendi desta decisão, a Universal ofereceu à Legendary uma gama maior de oportunidades para desenvolver propriedades intelectuais além dos cinemas: TV, parques, plataformas móveis. Também agradou à Legendary a liberdade de escolher e dar partida em projetos que a Universal propôs,  a presença de um time estável na liderança executiva e, curiosamente numa era de mega-orçamentos, sua carteira de projetos de orçamento médio altamente rentáveis, como a (interminável) franquia Velozes e Furiosos.

Os próximos capítulos deste verão surpreendentemente animado podem ser muito interessantes…

 

 


O que quer dizer o novo acordo financeiro da Warner
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Ana Maria Bahiana

A primeira coisa que me chamou a atenção sobre o anúncio do novo acordo financeiro da Warner foi que os dois trades rivais, Variety e Hollywood Reporter, colocaram a palavra exclusivo em suas manchetes. O pau deve ter comido solto, porque pouco tempo depois a Variety tirou o “exclusivo” deles.

É um detalhe pequeno, mas que me diz o seguinte: a Warner está preocupada em mandar com urgência, para seus acionistas e para a indústria em geral , o recado de que está tudo bem, que a saída da Legendary até que não é tão terrível assim, e mesmo que Pacific Rim seja a meia bomba na bilheteria que as projeções anunciam, tudo vai ter um final feliz.

Ei, até o possível buraco nos cofres que o Homem de Aço é capaz de deixar está resolvido! (Leiam com calma o último parágrafo da matéria do Hollywood Reporter…)! E, de todo modo, nunca estivemos em crise! (Leiam a primeira frase do penúltimo parágrafo da matéria da Variety, que fala nos “bolsos profundos” da matriz corporativa da Warner, a Time Warner…. Que se baseia em hã… livros, discos, revistas e TV a cabo… que estão..hã-hã… morrendo?)

Falo como quem trabalhou muitos anos em trade – esse é o principal papel desses veículos business to business, num business tão louco, arriscado e cheio de egos como este: mandar recados para lá e para cá. Lendo as matérias com esses olhos, eis minha teoria: o acordo ainda está longe de ser fechado, mas a Legendary já caiu fora; vamos falar “extra-oficialmente”, prometendo exclusividade a ambos, com os dois principais trades norte americanos, para passar o recado de que não há crise, está tudo bem…

Acho até que sei quem falou com quem mas não vou arriscar meu pescoço.

Os pontos mais interessantes do novo acordo financeiro:

_ Três empresas subsituiriam o atual arranjo com a Legendary: o conglomerado financeiro Bank of America/Merryl Lynch entraria com um financiamento de 400 milhões de dólares; a empresa de investimento privado Dune Capital colocaria cerca de 150 milhões de dólares de aporte direto, em troca de uma parte de todos os direitos de cada projeto; a produtora Rat Pac, do diretor Brett Ratner em parceria com o multimilionário australiano James Packer (dono do maior iate ao largo da Croisette, em todo Cannes) entrariam com um valor ainda não especificado, também em troca de participação equity nos filmes da Warner.

-Pausa : você confiaria num estúdio que tem Brett Ratner como um de seus parceiros, provavelmente com poder de decisão?

_ Pausa 2: Ratner não é mencionado na matéria da Variety. Aí está uma pista interessante.

_ Continuando: ao contrário da Legendary, que escolhia os projetos nos quais parceirava com a Warner, o novo acordo cobriria todas as produções do estúdio. Como o acordo oficialmente ainda não foi concluído, não se sabe quais as contrapartidas, ou como ficará o poder de dar a luz verde e a forma final dos projetos.

_ Há uma possível dança das cadeiras no ar. O Bank of America teve durante anos um acordo semelhante com a Fox que garantiu, entre outros, Avatar. A Fox é o estúdio mais interessado em parceirar com a Legendary – até porque já deu partida em mais uma tentativa de franquia com o reboot de A Liga Extraordinária,agora como série de TV.  A série hq de Alan Moore e Kevin O’Neill já virou filme em 2003 mas não foi muito longe. Quem sabe agora…..