Blog da Ana Maria Bahiana

Ang Lee, em breve na sua TV
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Ana Maria Bahiana

Não que ninguém ainda precise ser convencido de que a TV é a nova alternativa viável ao cinema independente de qualidade, mas aqui vai mais uma: o primeiro projeto de Ang Lee depois de ganhar Oscar de melhor diretor por As Aventuras de Pi será um piloto para uma nova série de TV. Tyrant, a nova série criada pelo mesmo time de Homeland, Howard Gordon e Gideon Raiff (que também criou a série israelense Prisoners of War, que foi a base de Homeland), mais Craig Wright de Dirty Sexy Money, segue o drama de uma família norte-americana num país do Oriente Médio que se torna cada vez mais instável e perigoso.  Lee, já envolvido no desenvolvimento do projeto, está enfatizando a complexidade psicológica da situação – um traço comum em toda a sua filmografia.

O canal FX – que está dando um banho nesta temporada com The Americans, em breve aqui no blog – vai por o piloto no ar no início de 2014, e pouca gente duvida que não será seguido da encomenda de uma série.

Lee segue nos passos de Martin Scorsese, David Lynch, David Fincher, Steve Soderbergh, Miguel Arteta, Paul Greengrass, Jonathan Demme, Nicole Holofcener, Mike White e, mais recentemente, Jane Campion (cuja Top of the Lake vou comentar em breve aqui no blog, também) em abraçar a TV como uma opção criativa real numa indústria que está cada vez mais reservando o espaço nobre da tela para o exclusiva e obviamente comercial infanto-juvenil.


Papas, cardeais e companhia: cinco (bons) filmes sobre o Vaticano
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Ana Maria Bahiana

Conseguiu resistir ao impulso de uma maratona  Dan Brown/Tom Hanks/Ron Howard depois de tantas notícias vindas do Vaticano? Tenho algumas opções mais interessantes para você. E, enquanto checava esta lista, me espantei com a escassez de bons títulos sobre a interessantíssima, complicada, historicamente fundamental encruzilhada de poder e espiritualidade que é o Vaticano.

Aqui vai uma breve mas seleta peneira de bons filmes sobre papas, cardeais e os dilemas entre fé e domínio, consciência e dogma, poder espiritual e poder temporal. Podem completar com as primeiras duas temporadas de Os Bórgias, onde Jeremy Irons – fisicamente muito diferente do seu personagem – dá uma aula sobre a complexidade de Rodrigo Borgia, político, estrategista militar, patrono das artes, pai de família e Papa Alexandre VI.

Habemus Papam (dir. Nanni Moretti, 2011). E se o escolhido pelo conclave sofresse de síndrome de pânico, disparando para os confins da Capela Sistina assim que sua eleição fosse anunciada sobre a Praça de São Pedro? Nanni Moretti (que também faz o papel do terapeuta contratado para resolver o impasse) é um humanista com um olhar preciso sobre os detalhes da comédia humana, mesmo na mais absurda (e pública) das situações.

As Sandálias do Pescador (The Shoes of the Fisherman, dir. Michael Anderson, 1968)  O que é mais fascinante neste filme? Sua visão do futuro – 1980- vinda do ponto de vista dos turbulentos anos 1960? A exatidão de algumas de suas especulações – a tensão entre Russia e China, fome na Ásia, um cardeal do leste europeu sendo feito Papa—ou seu elenco sensacional, com Anthony Quinn, Laurence Olivier, John Gielgud e até, num papel secundário, Vittorio de Sica?

 

Agonia e Êxtase (The Agony and the Ecstasy, dir. Carol Reed, 1965) E por falar em grande elenco… Rex Harrison como o Papa Julio II e Charlton Heston como Michelangelo. Precisa dizer mais? Sim: arte e fé, carnalidade e espírito, razão e dogma chocam-se, debatem-se e iluminam a tela enquanto a Capela Sistina (reproduzida em CineCittá) recebe os murais que a transformariam numa obra de arte.

O Poderoso Chefão Parte III (The Godfather Part III, dir. Francis Ford Coppola, 1990). Esqueçam Sofia Coppola, coitada: há uma saborosa trama dentro da trama, envolvendo o Banco do Vaticano, negociatas, trocas de favores e uma cena icônica – um cardeal, mancha escarlate no meio da tela, despencando-se ao som de uma ária da ópera  Cavalaria Rusticana. “Eu me interesso muito por sociedades fechadas, cheias de segredos e códigos particulares”, Coppola me disse, na época. “A mafia é uma delas. A Igreja é outra.”

 O Escarlate e o Negro (The Scarlet and the Black, dir. Jerry London, 1983) Sempre quis ver Gregory Peck no papel de um monsenhor das altas esferas do Vaticano? Então este filme – feito para a TV, mas com qualidade e elenco de filme de cinema- vai resolver seus problemas. Peck interpreta um personagem verdadeiro,  o monsenhor irlandês Hugh O’Flaherty, alto funcionário diplomático do Vaticano que, durante a Segunda Guerra Mundial, deu abrigo a prisioneiros de guerra fugitivos e famílias da resistência contra Mussolini. Bônus: Christopher Plummer como o coronel da SS no encalço do Monsenhor.


Mad Men, sexta temporada: alta ansiedade
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Ana Maria Bahiana

“Não é por acaso que há um homem caindo no vazio na abertura da série.”, diz Matthew Weiner, numa manhã bem cedo no centro de Los Angeles. “ No fundo de tudo que foi escrito em todas as temporadas há a ideia de um olhar sobre a natureza do sucesso, e se, na realidade, o que na aparência é uma pessoa bem sucedida, no fundo não é, na verdade, uma queda livre existencial.”

Nos estúdios LA Center, no coração de LA numa manhã fria de março, Weiner, criador e showrunner de Mad Men, está supervisionando as filmagens da sexta – e possivelmente penúltima- temporada da série, que estreia aqui dia 7 de abril. E que, hoje, divulgou seu primeiro cartaz oficial, exatamente no tom que Weiner havia me antecipado, no estúdio: em plena Madison Avenue , Don Draper cruza com… um outro Don Draper?

A trama da quinta temporada terminou na Páscoa de 1967, “num tom que indicava alguma esperança”, segundo Weiner. A sexta temporada começa na turbulenta virada para 1968, “mas a série não é sobre a época, é sobre as pessoas. Os grandes acontecimentos- os assassinatos de Martin Luther King e Bob Kennedy, a guerra no Vietnã, a contracultura—são apenas o pano de fundo, e só me interessam na medida em que tocam e afetam as vidas dos meus personagens. Mad Men nunca foi sobre a História, mas sobre as histórias dessas pessoas, suas vidas cotidianas, aquilo  que é importante para cada uma delas.”

Como sempre, Weiner não quer contar nada nada nada nadica de nada da nova temporada – e o elenco é igual a ele. Mas isto ele adianta: “Este é um período de rápida transformação social e cultural, o sempre  gera grande ansiedade. Esta temporada vai acompanhar os processos que cada personagem tem para lidar com essa ansiedade. Também é um momento, depois desses anos todos nas vidas dos personagens, em que eles estão numa posição de aprender com seus erros. Mas eles serão ou não capazes, emocionalmente, de por em prática o que aprenderam?''


Novo filme de Christopher Nolan: através das estrelas, em outra dimensão
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Ana Maria Bahiana

Interstellar, o novo filme de Cristopher  Nolan, finalmente acertou os derradeiros detalhes de financiamento e já tem luz verde e data de lançamento: a Paramount, onde o projeto estava ancorado  desde 2006, vai arcar com metade do (certamente generoso) orçamento e lançar o filme nos Estados Unidos; a Warner, onde Nolan é o rei da cocada branca, preta e puxa, paga pela outra metade da festa, e distribui o filme internacionalmente. Data prevista: 7 de novembro de 2014. O que já diz muito a respeito das expectativas dos dois estúdios para o filme.

Dois estúdios rachando custos e renda de um filme de grande porte é uma estratégia cada vez mais comum desde que Fox e Paramount dividiram a conta de Titanic, em 1997, com os resultados que se sabe. Em um período de crise financeira nos EUA e Europa, a parceria é uma solução mais que sensata, com cada estúdio trazendo para a mesa de negociação sua especialidade: Paramount, a distribuição doméstica; Warner, o poderio de seu marketing internacional.

Interstellar começou 28 anos atrás com uma troca de correspondência entre o autor e astrofísico Carl Sagan e o físico teórico Kip Thorne, a respeito do livro de Sagan, Contato (que seria transformado em filme por Robert Zemeckis). Thorne e Sagan debatiam a possibilidade de saltos dimensionais e viagem no tempo através de wormholes, e a conversa entre os dois acabou inspirando um super nerd sempre interessado na conexão ciência/fantasia: Steven Spielberg.

Spielberg encomendou a Thorne um argumento exatamente com essa ideia e, em 2006, colocou o projeto em andamento na DreamWorks, anunciando que seria “a primeira história científicamente correta sobre um grupo de exploradores que viaja através de um wormhole e atinge outra dimensão.”

Wormholes podem levar a outras dimensões no mundo da física teórica, mas ainda não salvam bons projetos da longa e árdua jornada pelo purgatório do desenvolvimento. Durante anos, a DreamWorks e sua parceira e distribuidora, a Paramount, tocaram o projeto com físicos da CalTech (sim, a mesma CalTech de The Big Bang Theory…), Thorne e, a partir de 2007, Jonathan Nolan, o irmão roteirista e parceiro de Christopher Nolan.

Em janeiro deste ano, as crescentes dificuldades financeiras da DreamWorks fizeram Spielberg passar a bola para Chris Nolan, que tem um acordo de produção com a Warner. E aí as coisas deslancharam, graças ao imenso cacife que os irmãos, juntos, tem no estúdio.

Agora é aguardar a escalação do elenco, que arrisca ser tão interessante quanto o tema de Interstellar


De volta a Oz: a Disney retoma a longa estrada dourada
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Ana Maria Bahiana

Primeiro, vamos colocar a história em perspectiva.  O foco, o modelo, a meta da Disney é identificar propriedades intelectuais que possam ser desenvolvidas em várias plataformas simultâneas. `As vezes eles quebram a cara: John Carter, por exemplo, que não foi adiante nem na primeira linha do ataque – os cinemas.

Mas frequentemente  acertam em cheio: a compra da Pixar, da Marvel e da LucasFilm, a determinada, concentrada estratégia de atualizar e re-empacotar seus personagens clássicos  e propriedades dos parques temáticos (Encantada, a franquia Piratas do Caribe, a série Once Upon a Time), tudo isso aponta  para o objetivo de manter personagens e narrativas controladas pela Disney bem presentes no cotidiano de geração após geração, gerando mitologias pessoais que rapidamente se tornam familiares, e convidam ao uso de todos os elementos do “mundo Disney”.

Isso, é claro, não vem de hoje. Em 1937, empolgado com o sucesso de Branca de Neve , Walt Disney rapidamente identificou uma outra propriedade intelectual  com grande potencial: O Mágico de Oz, o “conto de fadas norte americano, na tradição de Grimm e Andersen, mas sem a escuridão” (definição do autor) de L. Frank Baum. Publicado inicialmente em 1900, adaptado para o teatro em 1902, Oz, em 1937, tinha os direitos controlados pelos herdeiros de Baum, falecido em 1919. E os herdeiros já tinham vendido os direitos para o cinema para a MGM…

Walt e o estúdio que ele criou nunca se conformaram com a perda de O Mágico de Oz. Em 1954, o estúdio comprou os direitos dos outros 13 livros que Baum escrevera expandindo as aventuras dos personagens do Mágico de Oz. As primeiras tentativas de adaptar  a franquia (porque era isso, exatamente, o que Baum tinha criado, um século antes do conceito ter nome…) para o “universo Disney” fracassaram completamente. O primeiro projeto, Rainbow Road to Oz, jamais saiu do papel.  O segundo, O Fantástico Mundo de Oz, lançado em 1985 como uma “continuação não oficial” do Mágico de Oz, foi um fracasso em todas as frentes.

Agora, 28 anos depois, a Disney faz mais uma tentativa com Oz, Mágico e Poderoso, uma história de origem, igualmente não oficial, do Mágico de Oz. A seu favor o estúdio tem um orçamento generosíssimo , 200 milhões de dólares, a maior parte dos quais empregada em efeitos visuais espetaculares; e a mão competente do diretor Sam Raimi que, como tantos outros, teve que “fazer teste” para se candidatar ao posto. Tem também um elenco de nomes conhecidos – James Franco, Rachel Weisz, Michelle Williams, Mila Kunis –  uma campanha de promoção agressiva , aqui nos EUA e no mundo,  e várias gerações que cresceram encantadas pela história original e que, pelos cálculos do estúdio, devem trazer uns 80 milhões de dólares de bilheteria só nesta estreia.

O que Oz, Mágico e Poderoso não tem, infelizmente, é alma. Visualmente lindo , com todas as devidas referências ao mito original – balão, bruxas, estrada dourada, macacos voadores, papoulas assassinas – falta a este novo Oz o genuíno encantamento de uma história contada pelo prazer de contar a história. A engenharia da manipulação é tão visível na tela quanto um efeito especial mal acabado: aqui está a próxima atração dos parques, ali a próxima linha de roupas para meninas, acolá o videogame. Mesmo quando a narrativa flui – e tem horas, como no longo e interminável segundo ato , em que ela empaca seriamente– é como se alguém tivesse dado um soco no plexo da história, roubando todo o fôlego, todo o prazer, toda a alegria.

A espoleta da trama – como Oscar, um mágico furreca de circo com problemas de caráter e auto estima,  vai parar na terra encantada da Cidade Esmeralda – é boa, e Sam Raimi, que já tem uma queda para histórias de encantamento e mistério, faz o que pode dentro do que, claramente, são as amarras dos desígnios da Disney. Mas… ainda vale voltar a Oz via o filme original , aquele de 1939…

 Oz, Mágico e Poderoso, estreia hoje, simultaneamente, nos EUA e no Brasil.


Matt Damon e Michael Douglas, atrás do candelabro
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Ana Maria Bahiana

E já que estamos falando de campanhas, o que vocês acham de Matt Damon e Michael Douglas na capa da Entertainment Weekly, promovendo Behind the Candelabra, de Steve Soderbergh?

O filme, produzido pela HBO, é na verdade o último projeto de Soderbergh antes de sua ''aposentadoria'' do trabalho comercial, e focaliza o complicado mas apaixonado relacionamento de seis anos entre o pianista e cantor Liberace (Michael Douglas) e Scott Thorson, seu motorista e namorado, 39 anos mais moço (Matt Damon). O candelabro do título era a piece de resistance dos cenários das apresentações de Liberace, sempre repletas de lamê, purpurinas, capas e adereços diversos (sim, ele é uma inspiração e referência para Elton John). Rob Lowe e Debbie Reynolds também estão no elenco, e o roteiro é do sempre exemplar Richard LaGravenese

Aqui nos EUA, Behind the Candelabra estreia (na TV) dia 26 de maio.

 


Alta moda na campanha de Jogos Vorazes: Em Chamas
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Ana Maria Bahiana

O filme estreia (nos EUA e na maior parte do mundo, inclusive Brasil) dia 22 de novembro, mas a Lionsgate começou hoje a campanha do lançamento do segundo episódio da saga Jogos Vorazes. Fiel a um tema do livro de Suzanne Collins, a estratégia de marketing de Em Chamas explora as ideias de ''imagem pública'' e ''estilo'' em seu impulso inicial. Usando twitter, facebook e instagram a Lionsgate criou uma ''revista de moda aprovada pela Capital'', Capitol Couture. (Se bem que agora eles já tem a seu favor 1. o sucesso do primeiro filme e 2. uma certa Jennifer Lawrence e todas as suas estatuetas de metal…)

Algumas criações:

Elizabeth Banks como Effie Trinket

 

Jena Malone como Johanna Mason


Senhoras e senhores, com vocês: os Oráculos do Oscar 2013!
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Ana Maria Bahiana

O Dr. Schultz , tiro certeiro, derrubou muita gente este ano, mas não impediu dois bicampeonatos: o de Danielle Lima, pitonisa de 2009 e de Carlos Cirne, oráculo de 2011. A esses dois bicampeões se somaram, com 21 fenomenais acertos, três bravos representantes dos pagos do sul: Nina Ferreira, de Criciúma, Santa Catarina, Wesslley Rafael Markus, de Teutônia, Rio Grande  do Sul, e Gustavo Cruz, de Florianópolis, Santa Catarina.

A prata, com 20 acertos, vai para Matheus Mafra, Matheus Bonez, Thiago Silva Mendes, Warwick Kerr, Raphael Valenti, Rafael Modolo Broio, Victor Hugo, Matheus Policarpo Correia, Alexandre Masato Anan, Afabio Gumercindo e Toni Diniz.

O bronze, com 19 acertos, teve tanta gente que não ia caber aqui…

A todos eles, os mais entusiasmados parabéns!! E a todo mundo que participou, meu muito obrigada!

E agora com vocês, em toda a sua glória, os Oráculos do Oscar 2013!!!

 

A Oráculo Nina (à direita) com sua filha cinéfila, Viviana, em Roma, Cidade Aberta.

Nascida em Curitibanos, SC, Nina Ferreira é, há 18 anos, especialista em educação no Colégio Rogacionista Pio XII,em Criciúma, lecionando para crianças de 9 a 10 anos as disciplinas de Português, Matemática, Ciências, História e Geografia.

Sou fã de cinema desde a infância, pois minha residencia ficava ao lado de um cinema. Foi lá que me apaixonei pela sétima arte, paixão esta que transmiti à minha filha Viviana, advogada com 25 anos (e transmitida à mim pela minha mãe, Antonia, fã dos filmes de Sergio Leone). Aprimorei o gosto pelo cinema e pela premiação do Oscar, em função de minha filha ter um blog de cinema (www.cinefilando.blogspot.com) e de colaborar para alguns sites especialistas do assunto (como DVD Magazine e Scoretrack.net). Todos os anos, a partir do mês de novembro, eu, minha filha, e familiares, assistimos a todos os filmes contenders da temporada. Este ano não foi diferente. Embora o corre corre semanal tenha limitado o nosso tempo, seguimos a nossa tradição, conferindo os favoritos e formulando as nossas apostas (sendo que neste ano teve um gostinho especial, pois a cerimonia ocorreu no dia 24 de Fevereiro, dia do aniversário da Vivi). Fico alegre em saber que sou o oráculo deste ano, e gostaria de dividir este prêmio com a minha filha e com os meus educandos, pois o cinema também faz parte da minha sala de aula. Que as pessoas continuem apaixonadas por este mundo mágico que deixa as nossas vidas melhores.”

Danielle Lima, bicampeã do Oráculo.

A carioca  bicampeã Danielle Lima é advogada e historiadora da arte, mas trabalha como bancária. Quando não está no cinema…
''Depois de algum tempo sem participar do concurso oracular, retornei com força total. Foi um ano previsível, pois minha única surpresa foi na categoria ''Design de produção''. Assisti todos os filmes, com exceção dos documentários. Algumas apostas foram sentimentais: ''Valente'' e Ang Lee, pois me emocionaram e não consegui racionalizar (por sorte!).''

 

Wessley com cara de vitorioso

Wesslley Rafael Markus, é de Teutônia, Rio Grande do Sul, onde, aliás, não tem cinema.

”Mas sempre que posso vou ao cinema de uma cidade vizinha, que mesmo não sendo um cinema tão bom, dá para assistir filmes de vez em quando. Desde o primeiro dia após o Oscar 2012, eu visitava blogs e sites do Brasil e do Mundo especializados em cinema procurando saber quem eram os possíveis indicados e vencedores em cada categoria, e meu esforço foi premiado agora no Oscar 2013 e espero que se repita nos bolões do Oscar 2014, 2015, 2016… Boa sorte para vocês na próxima.''

Gustavo no antigo Kodak, hoje Dolby, antecipando sua vitória.

 

Gustavo Cruz e Silva é estudante de jornalismo em Florianópolis/SC.

Fico feliz de ter ido bem nas minhas previsões, este ano especialmente, com tantas categorias em aberto e em uma temporada atípica. Dedido meu ''sucesso'' a você, que sempre interage com os leitores e nos mantem por dentro de tudo. Você é uma ''insider'' em quem a gente confia. “

 

O bicampeão Carlos Cirne

O bicampeão Carlos Cirne, de São Paulo, SP, é designer gráfico especializado em identidade corporativa e branding, e jornalista da área de entretenimento; ele apresenta também o Colunas & Notas na Web, revista semanal sobre teatro.

No meu discurso não posso deixar de agradecer à Academia do Oráculo do Oscar, na figura de sua presidente Ana Maria Bahiana, aos meus pais e irmãos (praxe), o apoio dos amigos (idem) e o incentivo irrestrito de meu parceiro, Marcelo Pestana.

 

 

 

 


O que se sente ao ganhar um Oscar?
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Ana Maria Bahiana

As estatuetas do Oscar ficam organizadinhas numa mesa nos bastidores do teatro Dolby durante o show (nos idos tempos, quando o Oscar perambulava do Dorothy Chandler para o Shrine Auditorium, no centro de LA, elas ficavam na cozinha…)

As estatuetas são todas numeradas, sem nomes _ esses são gravados durante o Governors' Ball, o grande jantar com que a diretoria da Academia celebra indicados e ganhadores.

Estas fotos aqui (de Sara Woods/A.M.P.A.S), capturam exatamente como se sente um/uma ganhador/ganhadora do Oscar…

 

 


Oscar 2013: sem surpresas, e interminável
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Ana Maria Bahiana

Ah, Oscar, o que fazer com você? Às vezes você parece uma criança teimosa que a gente quer muito bem, mas que não pára de fazer bobagens.

E não estou falando nem das escolhas, que foram praticamente como previstas. E na hora em que a gente pensa em quantos outros filmes são superiores ao (muito bom) Argo, é preciso repetir mentalmente aquele mantra: com todo o seu glamour e prestígio, o Oscar é apenas a manifestação da opinião de um grupo de pessoas num determinado momento.

No caso, o grupo de pessoas é a síntese da indústria cinematográfica norte americana – com um grande componente internacional, que cresce a cada ano – e suas escolhas refletem o consenso de seu gosto, neste ano. Curiosamente, a esnobada (ou teria sido um acidente de percurso por conta do novo esquema de votação? ) em Ben Affleck como diretor só serviu para chamar ainda mais atenção dos votantes para Argo. Com seus três Oscars, Argo foi o primeiro filme desde 1990 (Conduzindo Miss Daisy) a ganhar o prêmio maior sem ter uma indicação para seu diretor, e apenas a quarta vitoria desse tipo em 85 anos de Academia.

Quem definitivamente implodiu foi Lincoln – o super favorito na largada, acabou rendendo apenas o já muito anunciado Oscar para Daniel Day Lewis (o terceiro em sua carreira, outro recorde no Oscar) e outro para sua direção de arte (que, a meu ver, deveria ter sido de Anna Karenina).

As Aventuras de Pi e Django Livre entraram no vácuo deixado pelo filme de Spielberg, com Ang Lee ficando com o Oscar de melhor diretor (entre os quatro que o filme recebeu) e Quentin Tarantino com o de melhor roteiro original, mais o prêmio de coadjuvante para Christoph Waltz, repetindo a escolha dos Globos. (Aliás, contrariando até mesmo o que eu penso, as escolhas da Academia este ano foram praticamente idênticas às dos Globos. Menos aquele detalhe embaraçoso de Argo ter-se dirigido sozinho…)

Pi era mesmo a cara da Academia: épico mas íntimo, emotivo mas positivo, visualmente lindo. Django para mim foi a surpresa da noite: o tom, o tema e a linguagem de Tarantino nunca estiveram tão distantes do gosto médio dos acadêmicos. E no entanto…

Mas não, não estou falando das escolhas. Estou falando do evento. Pelos deuses do cinema, o que foi aquilo? Ninguém aprendeu nada com a Branca de Neve de 1989, ou a perpétua saia justa de James Franco e a pobre Anne Hathaway em 2011?

Acho que não. Os produtores Neil Meron e Craig Zadan estavam mais preocupados em louvar a si mesmos, mostrar o quanto Chicago – que eles produziram – foi importante para uma “volta dos musicais” que nunca aconteceu.

Números musicais se atropelavam sem estrutura e sem razão, salvos eventualmente pela classe de uma Shirley Bassey, o carisma de uma Adele e o fôlego de uma Jennifer Hudson. Houve uma “homenagem” aos 50 Anos de James Bond (para justificar os anúncios do Conselho Turístico da Grã Bretanha nos intervalos?) limitada a um número musical. Uma “homenagem” aos musicais que se limitou a três filmes dos últimos 10 anos (e Hairspray, que Meron/Zadan também produziram, citado nos painéis de abertura atrás do semi-mumificado John Travolta). E referencias a melhor canção tão desconcatenadas que quando o Oscar da categoria foi finalmente anunciado, ninguém mais se lembrava que ele existia.

O resultado final foi um espetáculo cansativo, tedioso, esticado além dos limites da paciência por números longos demais.

Oscar é sobre cinema. Transformar esse tema em um grande espetáculo não é fácil, concordo. Mas certamente o caminho escolhido neste domingo não foi exatamente o mais feliz.

E Seth…. Ah, Seth! Sim, ele sabe cantar, dança direitinho e, como criador de animação em TV, tem talento. Como host…

Eis duas coisas que um bom host não faz: achincalhar a plateia e o tema da festa que está apresentando; e fingir que não está achincalhando, pedindo desculpas falsas, dizendo que é tudo parte do número, que , ei, é uma piada.

Ninguém quer ver o Oscar – onde os presentes na plateia estão investidos com suas carreiras, e os espectadores em casa com suas emoções e sua torcida – para ser chamado de idiota, crédulo, irrelevante. Há uma fina arte em cutucar com elegância, fazer rir por expor absurdos e incoerências sem precisar realmente ofender ninguém. Em seu auge, Johnny Carson e Billy Crystal faziam isso sem o menor esforço. Já Seth resolveu abrir o Oscar com uma canção adolescente sobre peitos, fingir que chocava a plateia e depois retratar-se falsamente com a intervenção do Capitão Kirk/William Shatner vindo “do futuro” para recrimina-lo. Como melhorar depois disso? (Resposta: impossível.)

E ainda houve um patético número de encerramento com uma palavra que a Academia, em idos tempos, proibia de ser usada- “perdedores”. Sorte que ninguém no Dolby viu, já que todos os presentes correram para as saídas assim que a turma de Argo aceitou seu Oscar.

Não sei ainda o que pensar sobre a aparição de Michelle Obama para apresentar melhor filme. Será que a dupla de produtores preparou o número pensando que Lincoln iria ganhar? A Primeira Dama e sua franja são muito simpáticas, mas não seria melhor manter um prêmio de cinema dentro da esfera do cinema?

No final das contas os momentos de real graça, real beleza e real emoção da festa ficaram por conta do que ela tem de genuíno: o talento de seus protagonistas. O maior riso da noite veio por conta de Daniel Dany Lewis garantindo que tinha sido abordado para fazer o papel de Margaret Thatcher. Os maiores aplausos, para as gargantas de ouro de Shirley Bassey, Adele e Jennifer Hudson. As emoções mais fortes, na homenagem ao grande Marvin Hamlisch na voz de sua amiga Barbra Streisand (amplificada pelo fato da canção ''The Way We Were'', de Hamlisch, já ser o tradicional tema do segmento ''in memoriam'' da noite) ; na empolgação de Ben Affleck e Jennifer Lawrence; e na revolta da plateia com a tentativa de calar Bill Westenhofer, presidente da falida Rhythm ‘n Hues, oscarizada por efeitos especiais.

Oscar, a gente gosta de você. Mas por favor, não abuse de nossa paixão. E até o ano que vem.