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Quando Batman encontrou Super-Homem: o que está por trás do anúncio mais explosivo da Comic-Con 2013
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Ana Maria Bahiana

Logo do projeto Batman/Super-Homem, anunciado hoje na Comic-Con

Então: o Batman estava lá em Gotham City, no seu bat-barzinho, sossegado no seu canto com seu drinque quando… ei, quem é esse cara de azul piscando pra mim?

Era o Super-Homem. E aí…

Bom, vamos encurtar a história: a Warner anunciou agora à tarde, no famoso Hall H da Comic Con que o próximo filme do Super-Homem será o próximo filme do Batman. E vice versa. Em resumo – a temporada norte-americana verá o primeiro filme dos dois super-heróis mais populares do mundo, juntos. “Vocês tem que concordar, isso é pra lá de mitológico”, disse Zack Snyder, falando para um Hall H lotado e mudo, em choque. “Ter o Super-Homem e nosso novo Batman cara a cara vai ser incrível, eles são os maiores super-heróis do mundo!”

O anúncio – feito por Syder e Diane Nelson, presidente da DC Entertainment, o braço de produção audiovisual da DC Comics – pegou todo mundo de supresa. Oficialmente, o evento da Warner na Comic-Con era para promover Gravity, Godzilla, o novo 300 e outros filmes do estúdio.

O que já estou chamando de “sanduíche de super-herói” está sendo escrito neste momento (pelo mesmo David Goyer de Homem de Aço, mais Snyder). Snyder será o diretor, e Christopher Nolan o produtor executivo ( o que significa, na estrutura daqui, que ele estará mais distante da produção do que esteve em Homem de Aço. Charles Roven e Deborah Snyder, que pegaram o pesado tanto de Homem de Aço quanto da trilogia Batman de Nolan, serão os produtores.

A produção começa ano que vem, com o lançamento previsto para meados de 2015, bem a tempo de fazer frente ao segundo Vingadores, e abrindo o calendário de novas parcerias Warner/DC: The Flash em 2016 e Liga da Justiça em 2017.

Henry Cavill retornará como Clark Kent/Super-Homem, mas ainda não se sabe quem será Batman. Christian Bale disse para quem quisesse ouvir que este seria sua derradeira morcegada mas…. Quem sabe, uma boa negociação pode mudar sua ideia. A referência de Snyder a “nosso novo Batman”, contudo, indica que vamos ver mesmo um novo morcegão.

Por que a Warner optou por não colocar nas telas um segundo Homem de Aço, pura e simplesmente, e resolveu colocar o Batman na jogada ? Lembram quando eu dizia e repetia, lá no twitter, que eu só ouvia infos de que uma sequel não estava decidida de jeito nenhum?

Eu gostaria muito de dizer que é porque a bat-trilogia Nolan é infinitamente superior ao Homem de Aço, mas, como sempre, são os  números que valem. Homem de Aço custou 225 milhões de dólares e, até agora, rendeu 621.8 milhões de dólares em todo o mundo. O Cavaleiro das Trevas Ressurge custou 250 milhões mas rendeu mais de um bilhão de dólares na bilheteria mundial.

Embora a Warner, como era de se esperar, tenha dito que o filme de Snyder “desempenhou como esperávamos”, a verdade é que ele teria que ter rendido mais de 675 milhões para dar lucro – e, se eu me lembro bem, a cantoria eufórica aqui, lá para os lados de Burbank era “vamos passar de um bilhão, fácil!!”.

Desde que a Disney emplacou 1 bilhão e 500 milhões de dólares em bilheteria mundial com Vingadores, este se tornou o número mágico que todo estúdio almeja atingir para se considerar parte do jogo do arrasa-quarteirão.

Em bom português: Batman tem que dar uma força ao colega de azul. Uma tremenda bat-força, aliás. Conseguirá, Robin?

 

 


O que quer dizer o novo acordo financeiro da Warner
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Ana Maria Bahiana

A primeira coisa que me chamou a atenção sobre o anúncio do novo acordo financeiro da Warner foi que os dois trades rivais, Variety e Hollywood Reporter, colocaram a palavra exclusivo em suas manchetes. O pau deve ter comido solto, porque pouco tempo depois a Variety tirou o “exclusivo” deles.

É um detalhe pequeno, mas que me diz o seguinte: a Warner está preocupada em mandar com urgência, para seus acionistas e para a indústria em geral , o recado de que está tudo bem, que a saída da Legendary até que não é tão terrível assim, e mesmo que Pacific Rim seja a meia bomba na bilheteria que as projeções anunciam, tudo vai ter um final feliz.

Ei, até o possível buraco nos cofres que o Homem de Aço é capaz de deixar está resolvido! (Leiam com calma o último parágrafo da matéria do Hollywood Reporter…)! E, de todo modo, nunca estivemos em crise! (Leiam a primeira frase do penúltimo parágrafo da matéria da Variety, que fala nos “bolsos profundos” da matriz corporativa da Warner, a Time Warner…. Que se baseia em hã… livros, discos, revistas e TV a cabo… que estão..hã-hã… morrendo?)

Falo como quem trabalhou muitos anos em trade – esse é o principal papel desses veículos business to business, num business tão louco, arriscado e cheio de egos como este: mandar recados para lá e para cá. Lendo as matérias com esses olhos, eis minha teoria: o acordo ainda está longe de ser fechado, mas a Legendary já caiu fora; vamos falar “extra-oficialmente”, prometendo exclusividade a ambos, com os dois principais trades norte americanos, para passar o recado de que não há crise, está tudo bem…

Acho até que sei quem falou com quem mas não vou arriscar meu pescoço.

Os pontos mais interessantes do novo acordo financeiro:

_ Três empresas subsituiriam o atual arranjo com a Legendary: o conglomerado financeiro Bank of America/Merryl Lynch entraria com um financiamento de 400 milhões de dólares; a empresa de investimento privado Dune Capital colocaria cerca de 150 milhões de dólares de aporte direto, em troca de uma parte de todos os direitos de cada projeto; a produtora Rat Pac, do diretor Brett Ratner em parceria com o multimilionário australiano James Packer (dono do maior iate ao largo da Croisette, em todo Cannes) entrariam com um valor ainda não especificado, também em troca de participação equity nos filmes da Warner.

-Pausa : você confiaria num estúdio que tem Brett Ratner como um de seus parceiros, provavelmente com poder de decisão?

_ Pausa 2: Ratner não é mencionado na matéria da Variety. Aí está uma pista interessante.

_ Continuando: ao contrário da Legendary, que escolhia os projetos nos quais parceirava com a Warner, o novo acordo cobriria todas as produções do estúdio. Como o acordo oficialmente ainda não foi concluído, não se sabe quais as contrapartidas, ou como ficará o poder de dar a luz verde e a forma final dos projetos.

_ Há uma possível dança das cadeiras no ar. O Bank of America teve durante anos um acordo semelhante com a Fox que garantiu, entre outros, Avatar. A Fox é o estúdio mais interessado em parceirar com a Legendary – até porque já deu partida em mais uma tentativa de franquia com o reboot de A Liga Extraordinária,agora como série de TV.  A série hq de Alan Moore e Kevin O’Neill já virou filme em 2003 mas não foi muito longe. Quem sabe agora…..

 


O que muda na Warner com a saída de Jeff Robinov?
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Ana Maria Bahiana

E , para surpresa de absolutamente ninguém, Jeff Robinov deixou o cargo de presidente da Warner.  Não, O Homem de Aço não teve nada a ver com isso, embora haja uma trama paralela que tem uma ligação com Krypton (continuem lendo). Na verdade, se vocês viram o episódio final da sexta temporada de Mad Men, que foi ao ar ontem aqui nos Estados Unidos, a saída de Robinov tem um bocado  a  ver com a antepenúltima cena… Mas não falo mais sobre isso para evitar spoilers.

Para por em contexto a saída de Robinov do estúdio líder, é importante saber algumas coisas:

  •  É uma mudança importante, mas não tão importante quanto era, digamos, em meados do século passado. A autoridade de um presidente de estúdio, hoje, é considerável, mas limitada pela estrutura corporativa à qual  ele pertence. Um estúdio há tempos não é mais uma unidade autônoma, com decisões tomadas por poucos- é parte de um grande complexo, com decisões tomadas por muita gente, e contas a prestar, também.
  •  Quando, dois anos atrás, o então co-chairman e CEO da Warner, Alan Horn–  que dividia a liderança da divisão de entretenimento do conglomerado com, Barry Meyer, e, de fato, que geria o dia a dia do estúdio –  saiu do estúdio  e  Meyer anunciou que se aposentaria ao final do seu contrato, em 2013, começou uma briga interna feroz, digna de um filme de super-heróis. Três executivos – Bruce Ronsemblum, presidente da Warner TV, Jeff Robinov, o ex-agente que chefe do estúdio,  e  Kevin Tsujihara, líder da divisão de home entertainment e novas mídias – passaram os próximos 24 meses batalhando pelo cargo.

Em janeiro, Tsujihara venceu a disputa.

Rosenblum foi embora para a Legendary, a produtora que vem co-financiando e co-produzindo praticamente todos os arrasa-quarteirão do estúdio (inclusive Homem de Aço). Três semanas depois de Rosenblum aderir à Legendary, a produtora anunciou sua intenção de não mais parceirar com a Warner, em grande parte para  manter maior controle sobre o conteúdo, o custo e o retorno de seus projetos.

Robinov ficou. Batendo de frente com Tsujihara praticamente todos os dias. Não era ainda uma situação Kal-El/ Zod, mas estava bem perto de uma relação Thor/Loki. Que papel cada um tem, vocês escolhem.

De todo modo, Tsujihara saiu vitorioso mais uma vez. O que vai mudar no estúdio?

  •  O potencial de um projeto em todas as plataformas, não apenas os cinemas, vai passar a ser mais importante. O grande diferencial de Tsujihara, que lhe valeu a ascensão ao cargo de CEO, é sua formação em home entertainment e novas plataformas. Agora seu caminho está aberto para realizar essa visão.
  •  O poder está mais concentrado. A Warner não anunciou um substituto para  Robinov. Em vez disso, três executivos – um de marketing,dois de produção – ganharam novos títulos e passaram a se reportar diretamente a Tsujihara.
  •  A segmentação de repente é possível. Robinov acreditava apenas no arrasa quarteirão, e sua primeira medida como presidente da Warner foi acabar com a Warner Independent, deixando Quem Quer Ser um Milionário à deriva (para sorte da Fox Searchlight…). Tsujihara compreende o poder de consumo de mídias que não dependem de um  único fim de semana para dar retorno. E agora, se quiser, tem a possibilidade de abrir o leque de projetos – até porque um dos promovidos é Toby Emmerich, que vem do único selo de médio orçamento da Warner, a New Line.

E Robinov? Já mandou dizer que não vai querer virar produtor independente, como muitos executivos que caem do alto. Prefere outro emprego na mesma categoria, ou seja, chefe de estúdio. Que não tem exatamente um monte de vagas sobrando.


Alô, Kal-El: Hollywood depende de você!
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Ana Maria Bahiana

Para mim um dos aspectos mais interessantes de O Homem de Aço é seu impacto sobre o futuro da Warner. E, por consequência, seu impacto em toda a indústria, já que a Warner tem a maior fatia do mercado (mas não é o estúdio que mais cresceu no último ano – esse é o independente Film District, o que já dá um elemento interessante à conversa toda…)

Por partes:

O drama da super-escala. Com um orçamento de 225 milhões de dólares, O Homem de Aço não poderia ter feito menos do que fez em sua estreia recordista. Esse é um dos dramas do mega-cinemão:  em filmes destas dimensões, um retorno que não é super é um fracasso. A rede de segurança para algo como Homem de Aço são as ações de merchandising, parcerias e colocação de produto que, somados aos 128.6 milhões de dólares da bilheteria norte-americana, já cobriram dois terços do orçamento, um total de 170 milhões de dólares. O terço que falta virá, não tenho dúvida. O lucro? Mais uma vez, do mercado externo. A questão: Durante quanto tempo mais este modelo de produção/retorno em larga escala será sustentável? O que acontece com um estúdio quando um, apenas um desses mega-jumbos só se paga parcialmente, mesmo com altas bilheterias?

O enigma da franquia. A primeira franquia Super-Homem, que tanto indignou seus criadores, Jerry Siegel e Joe Shuster, estendeu-se de 1975 até 1987, e sua popularidade e rentabilidade foram encolhendo junto com a criatividade da franquia, terminando com o patético  Em Busca da Paz. O reboot de  2006 não gerou descendência. A Warner vai demorar um pouco até se comprometer com uma franquia de Homem de Aço – além do item que vem a seguir, o estúdio precisa saber se o desempenho em todas as frentes, especialmente no mercado externo, é o bastante para segurar uma série de filmes.

A indecisão dos parceiros. Legendary, a empresa de co-financiamento e co-produção que, desde 2005, racha os custos dos grandes projetos pop da Warner, inclusive as adaptações de propriedades da DC Comics, também ainda está decidindo uma coisa muito importante _ se continua ou não a parceria com a Warner, e, se continuar, em que termos. A Warner, que tem um novo presidente desde o começo do ano, Kevin Tsujihara, vindo do home entertainment, está avaliando se quer assumir 100% da propriedade dos mega-projetos – ous eja, 100% do risco– para ter um retorno de 100% de receita. A Legendary está avaliando a mesma coisa.  Homem de Aço é a principal cobaia dessa observação.

Quem seria o General Zod dessa história?

 

 

 


Glen Mazzara, de Walking Dead para o Hotel Overlook
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Ana Maria Bahiana

Glen Mazzara e uma amiga, nos bons tempos de The Walking Dead

Agora sabemos porque o Glen Mazzara não choramingou muito quando foi saído  como showrunner de The Walking Dead: ele está desenvolvendo o projeto do prequel de O Iluminado, com a Warner, que detém os direitos cinematográficos da obra de Stephen King.

Pausa para um momento de silêncio em desagravo a Stanley Kubrick.

Muito trabalho sem diversão…

Retomando: Mazzara está trabalhando em cima de um texto inédito de King, Before the Play, que é, de fato, o prólogo de O Iluminado, focando no hotel Overlook e o que aconteceu nele antes da família de Jack Torrance/Jack Nicholson chegar lá e no próprio passado do personagem de Nicholson, sofrendo nas mãos de um pai abusivo.

O projeto, por enquanto, chama-se The Overlook Hotel, e Mazzara está ligado a ele apenas como roteirista. Num acordo separado, Mazzara fechou com a Fox TV para desenvolver projetos de série para TV por assinatura.

Em setembro deste ano sai Dr. Sleep, a continuação de O Iluminado que Stephen King anunciou em 2009. Dr. Sleep conta a história de Dan, o menino vidente de O Iluminado, agora um homem de meia idade lutando contra as forças do mal. Embora nenhum deal tenha sido oficialmente anunciado, é inevitável que esta obra também será opcionada para o cinema. Com a Warner no começo da fila.

 

 


Tema do novo filme de José Padilha: corrupção na polícia (de Nova York)
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Ana Maria Bahiana

José Padilha não consegue se livrar do mundo de policiais e bandidos mas, pelo menos, seu próximo projeto vai levá-lo a um universo que conhece bem: policiais corruptos. Padilha está em negociações finais para dirigir The Brotherhoods, uma adaptação do livro homônimo de William Oldham e Guy Lawson, assinada por Bill Dubuque (que também escreveu o novo filme de Robert Downey Jr., The Judge). O estúdio é a Warner, que adquiriu os direitos do livro ano passado, e a produção é de Dan Lin ( o mesmo da franquia Sherlock Holmes e, como executivo do estúdio, supervisor de Os Infiltrados).  

 

The Brotherhoods segue a trajetória (verdadeira) de Oldham, um policial de Nova York que se torna agente secreto da Procuradoria de Brooklyn, Nova York, investigando dois colegas acusados de trabalhar para a máfia. As semelhanças com Os Infiltrados, como vocês podem ver, não são mera coincidência.

 

Ainda não há nem data para início da produção, nem elenco anunciado – mas as expectativas do estúdio são altas. Isso é muito bom – Robocop , filme anterior de Padilha aqui nos EUA, teve uma jornada tortuosa e difícil na MGM/Sony e, neste momento, tem lançamento marcado, aqui nos EUA, numa data muito ruim, 7 de fevereiro de 2014.


Adeus, John Calley, que trouxe elegância, inteligência e Stanley Kubrick para a Warner
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Ana Maria Bahiana

John Calley, 1930- 13 de setembro de 2011

“Elegante e inteligente, Calley dava a impressão de estar, de alguma forma, acima daquilo tudo, dignando-se a passar um tempo no esgoto de Hollywood. Como alguém bastante espirituoso disse, ele era aquele tijolinho azul dentro da privada.” (Peter Biskind em Easy Riders, Raging Bulls: Como a Geração Sexo Drogas e Rock n Roll Salvou Hollywood)


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