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David Fincher: “Tecnologia por si mesma não faz bons filmes”
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Ana Maria Bahiana

David Fincher no Walter Reade: "Social Network é o meu American Graffiti"

Esta manhã o cinema Walter Reade da Film Society, no Lincoln Center de Nova York, estava lotado até o teto com o creme de la crème da intellingentsia cinematográfica novaiorquina para saudar, com aplausos, a entrada de David Fincher para uma muito rara coletiva sobre The Social Network. O “filme do Facebook” (como ele já está sendo chamado de leste a oeste) , ovacionado, está abrindo o 48 Festival Internacional de Cinema de Nova York, mas Fincher parte hoje à tarde para Upsala, na Suécia, onde as filmagens de sua versão de The Girl with the Dragon Tattoo já estão rolando. “Para mim a maravilha da tecnologia é, por exemplo, o fato de eu poder ver, no meu computador, todas as opções de ângulo para uma cena complicada que vamos fazer em Upsala”, diz Fincher, depois de se confessar “não exatamente um fã da tecnologia pela tecnologia. Tecnologia não faz melhores filmes, apenas dá mais opções. O filme tem que ser bom por si mesmo.”

O que é um assunto pertinente, uma vez que The Social Network é uma história da geração amamentada em tecnologia digital. “Mas não foi por isso que quis fazer o projeto”, ele esclarece. “Quis fazer porque amei o roteiro (de Aaron Sorkin, o homem de, entre muitas outras coisas, a série West Wing), porque amei o grupo de pessoas envolvido com o projeto. E porque sempre quis fazer American Graffiti – a oportunidade de trabalhar com um grupo notável de atores no momento em que estão prestes a alçar vôo.”

O grupo notável inclui Jesse Eisenberg (no papel que provavelmente vai deslanchar de vez de sua carreira e levá-lo até as indicações, a versão cinematográfica de Mark Zuckenberg, um dos criadores e atual cappo do Facebook), Justin Timberlake, Andrew Garfield e Rooney Mara, que será a nova Lisbeth de Dragon Tattoo. “São atores capazes de compreender inteiramente a complexidade e a velocidade do diálogo de Aaron, transmitir duas, três emoções ao mesmo tempo e pensar em mais duas ou três”, Fincher define, no que pode ser a transcrição, para a arte dramática, do conceito de “multitasking”.

Aguardem minhas considerações sobre The Social Network em breve no UOL Cinema, mas podem já ficar sabendo: 1. é um filmaço, algo entre Rashomon, Cidadão Kane e, sim, American Graffiti ; e 2. Já é o principal desafiante de Inception/A Origem na disputa pelo ouro (e como todo ano há sempre dois carros na pole…já sabemos quais são os de 2010/2011…) “É um filme de um conjunto de atores, que vai triunfar ou não pelo desempenho deles e pela nossa compreensão comum do poder da narrativa”, Fincher resume. “Não é um filme sobre a internet – é sobre a natureza humana, sobre temas antiquíssimos como inveja, poder, paixão.”


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