Blog da Ana Maria Bahiana

Arquivo : Eddie Murphy

Crise no Oscar: sem produtor e sem apresentador, a três meses da festa
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Ana Maria Bahiana

Como era esperado, menos de 24 horas depois da saída de Brett Ratner como produtor dos Oscars 2012, Eddie Murphy entregou à Academia sua carta de demissão do posto de apresentador da cerimônia. Murphy havia sido escolhido pessoalmente por Ratner, seu amigo  e colaborador no recém-lançado filme de ação Tower Heist, e ninguém imaginava que ele fosse continuar como mestre de cerimônias depois da retirada estratégica de Ratner.

A primeira sensação aqui na cidade, pelo que pude julgar, foi de alívio. Muito poucos levavam fé nesta dupla. Ratner é um diretor competente mas de gosto duvidoso, com uma atitude irresponsável de quem, aos 42 anos, ainda age como um adolescente (como confirmaram suas declarações no fim de semana passado). A estrela de Murphy, que brilhou forte nos anos 1980 como um inspirado comediante e agente provocador da cultura black, está há tempos em curva descendente graças a uma série de filmes entre o insosso e o grotesco (Norbit, Dr. Dolittle, A Familia Klump).

O segundo sentimento está sendo um leve pânico _ os Oscars serão entregues dia 26 de fevereiro. Desde ontem a diretoria da Academia está reunida em clima de urgência, em busca de substitutos para ambos. Um nome que anda circulando com insistência é o do produtor Brian Grazer, responsável, entre muitos outros, tanto por Tower Heist quanto por J. Edgar, que estréia aqui na sexta feira.

A Academia ainda tem uma pessoa extremamente capaz ao timão dos Oscars 2012: o co-produtor Don Mischer, que há anos assina os Emmys. Mas Mischer precisa de alguém para dividir a complicada tarefa de pilotar um dos maiores espetáculos ao vivo da TV e a noite que toda a indústria espera ansiosamente, todos os anos.

Quanto a mestres de cerimônias, ninguém sabe. Definido o produtor, o nome pode surgir com maior rapidez.

Mas estamos a pouco mais de três meses da festa….

Amy Adams e Pedro Almodóvar anunciam o Cecil B. De Mille, hoje de manhã

Numa peculiar ironia, a saída de Murphy foi divulgada quase ao mesmo tempo que o anúncio do escolhido para receber o troféu Cecil B. de Mille, por conjunto de obra, os Globos de Ouro: Morgan Freeman.

A trajetória dos Oscars pode estar um caos, mas a dos Globos está absolutamente tranquila…

 

 

Fotos: Magnus Sundholm, Theo Kingma/HFPA


Eddie Murphy nos Oscars: é pra rir ou pra chorar?
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Ana Maria Bahiana

Os bons amigos: Eddie Murphy, Brett Ratner

 

E o Eddie Murphy nos Oscars, hein? Confesso que estou apreensiva. E não sou só eu: passei os últimos dias fazendo a mesma pergunta a amigos, conhecidos e acadêmicos sortidos, e a resposta foi consistentemente a mesma: ninguém espera muito, na melhor das hipóteses; na pior, esperam um desastre. Ecos do ano-catástrofe de 1989 – aquele da Branca de Neve e Rob Lowe- já estão circulando pela cidade. E isso seis meses depois de um Oscar que, segundo alguns observadores, ficou com a duvidosa palma de pior. Oscar. De todos os tempos.

É sobretudo o potencial para essa  dose dupla e consecutiva de horrores que me preocupa _ e não só a mim. Afinal não tenho nenhum interesse direto no evento além da paixão de fã de cinema e o dever de observadora profissional. “Este ano não me animo a brigar por ingresso”, me disse um acadêmico que é do tipo não-perco-uma.

A apreensão com a escolha tem dois motivos, infelizmente entrelaçados. O primeiro, e básico, é que a escolha foi feita por um produtor no qual, aparentemente, só a diretoria da Academia acredita: Brett Ratner, realizador de notória e, digamos assim, agressiva mediocridade. Sua nomeação como piloto dos Oscars este ano foi o primeiro susto ; certo que ele vem escorado pela experiência de seu co-produtor Don Mischer (Emmys, Comedy Awards, Billboard Awards), mas a reputação (ou falta dela) de Ratner foi o bastante para dar um susto coletivo na comunidade.

Aguardava-se, com a mesma reserva, sua escolha de apresentador. Os rumores de que ele estaria flertando com Oprah Winfrey já provocaram marolas _ Oprah, com certeza uma das pessoas mais poderosas do entretenimento, teria cacife suficiente como pessoa de cinema para ancorar a cerimônia?

E aí… Ratner convida Eddie Murphy, seu amigo e co-astro, ao lado de Ben Stiller (que teria sido, a meu ver, uma escolha melhor) do próximo filme do diretor, Tower Heist.

Murphy foi, depois de Richard Pryor, o comediante negro que mais abriu espaços na indústria, à custa exclusivamente de seu talento e de uma combinação perfeita de audácia, insolência e simpatia. Infelizmente, seus trabalhos mais recentes tem sido, à falta de uma definição melhor, patéticos (com exceção de sua participação em Dreamgirls, cinco anos atrás, torpedeada nos Oscars por sua atuação em Norbit, exemplo típico de onde ele anda desperdiçando seu talento).

Se os Oscars de 2012 tivessem outro produtor, mais criativo e com mais cacife junto a atores, sua escolha poderia ser super interessante _ como disse Dave Karger na Entertainment Weekly, seria muito bom que o evento marcasse a volta triunfal de um grande artista.

De todo modo, apresentar os Oscars é uma das tarefas mais ingratas da indústria _ as chances de tudo dar errado são muito maiores do que as de tudo dar certo. A maioria das estrelas de primeira linha foge dos convites exatamente pelo temor do possível impacto negativo em suas carreiras.

Vamos ver o que acontece em fevereiro…

 


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