Um crime abala Hollywood: quem mataria uma estrategista de prêmios? E por que?
Ana Maria Bahiana
Na noite de segunda feira Ronni Chasen, divulgadora veterana, uma das pioneiras em estratégia da temporada de prêmios e pessoa muito querida na indústria, chegou cedo ao tapete vermelho em frente ao Chinese Theater. Como fazia sempre em suas três décadas de trabalho em Hollywood, Chasen acompanhou um a um os executivos e astros de um dos projetos para esta temporada de prêmios, a trilha do musical Burlesque, estrelado por Cher e Christina Aguilera., em premiere no Chinese.
Encerrada a exibição, Chasen rumou para o recém inaugurado hotel W, a cinco quarteirões do Chinese, para a festa no badaladíssimo Drai’s, na cobertura (cenário de vários episódios de Entourage). Chasen trocou histórias e piadas com amigos e conhecidos até um pouco depois da meia noite, quando desceu sem que ninguém visse _ coisa nada difícil numa festa dominada por Cher…
O que aconteceu depois tem poucas certezas: Chasen pediu no valet seu Mercedes preto, rumou para Westwood, onde morava e, cerca de 15 minutos depois de partir de Hollywood, telefonou do carro para seu escritório, deixando na caixa de mensagens uma longa mensagem com instruções para seus funcionários, cobrindo tarefas para o dia de terça. Mais ou menos aos 28 min da madrugada de terça os moradores do pacatíssimo e milionário cruzamento da famosa Sunset Boulevard com a rua Whittier, no coração de Beverly Hills, ouviram um som absurdo: uma rápida sucessão de tiros. Quando saíram de casa, encontraram o Mercedes de Chasen preso a um poste de luz, sua motorista inconsciente e ensanguentada, o peito cravado por cinco tiros. Chasen ainda estava viva, mas chegou morta ao hospital, para onde foi transportada logo depois.
Ao longo do dia de hoje, a indústria sacudiu coletivamente a cabeça. A sensação de perda – agravada pelo fato de ontem ter sido o enterro de Dino de Laurentiis, um dos últimos produtores visionários da cidade – mistura-se com espanto, descrença, horror, paranóia. Cinco tiros? Em Beverly Hills (onde, em 2009, não se registrou um homicídio sequer)? E por que Ronni Chasen, pessoa de currículo notável e vasto círculo de amigos de peso? E por que agora, no primeiro patamar da temporada de prêmios, onde Ronni era uma personagem importantíssima?
Ronni Chasen começou sua carreira na prestigiosa empresa de marketing e divulgação Rogers & Cowan, foi vice presidente de marketing da MGM nos anos 1990 e há duas décadas pilotava divulgação e marketing especializado em sua própria empresa. Era uma fera do marketing estratégico de prêmios _ entre muitos outros, os premiados Quem Quer Ser um Milionário, Guerra ao Terror e Coração Louco devem muito a ela.
Este ano, além da trilha de Burlesque, Chasen estava trabalhando nas campanhas de Alice no País das Maravilhas 3D, de Michael Douglas por Wall Street 2, e, como há tempos, divulgando seu amigo e velho cliente Hans Zimmer _ devo a Ronni a intermediação que rendeu a entrevista aqui para o UOL Cinema, sobre a trilha de Inception-A Origem. E embora não possa dizer que ela seja minha amiga, tínhamos uma longa e produtiva relação de trabalho e respeito mútuos _ era uma super profissional, incansável e correta.
Estou, como tanta gente na cidade, em choque. As investigações estão indo a toda velocidade – como vocês podem imaginar, há pressão para que seu assassino ou assassinos sejam descobertos o mais rápido possível. E, sobretudo, que a grande pergunta possa ser respondida: por que?