O bom, o mau e o feio da indicações do Globo de Ouro
Ana Maria Bahiana
Indicações Globos 2013: até que não demos vexame. Sempre espero uma escorregada tipo O Turista (ou coisa pior) porque meus colegas tem esses momentos de delírio quando vêem muita gente famosa junto. Mas este ano as escolhas tem uma coerencia que me agradou.
Vamos por etapas. Primeiro, o que mais me agradou:
- Ninguém caiu nas armadilhas de O Mordomo da Casa Branca ou A Vida Secreta de Walter Mitty, filmes bem intencionados mas que, de longe não estão entre os melhores desta safra.
- O reconhecimento de Rush e Daniel Bruhl. Ambos estavam nos meus votos, e gostei de ver os colegas compreendendo um filme que os americanos, suspeito, vão esnobar.
- As escolhas em filme estrangeiro. Quase todos os meus votos entraram, exceto um- o belga Alabama Monroe (The Broken Circle Breakdown) que era minha quinta escolha. As opções este ano eram muitas e excelentes, uma safra muito forte de onde eu tiraria sem esforço 10 indicados – e onde senti muita falta do Brasil.
- A consistencia no reconhecimento dos dois filmes que definem a disputa este ano: Gravidade e 12 Years A Slave.
- Na TV, o reconhecimento a Liev Schreiber e Ray Donovan, uma série que os locais aparentemente detestaram, mas que é uma das minhas favoritas; e as indicações gerais a Breaking Bad (que, salvo algum susto, deve levar todas…)
Agora, o que surpreendeu/irritou/entristeceu:
- Como assim nenhuma menção a Fruitvale Station? Nem mesmo ao excelente trabalho de Michael B. Jordan no papel principal?
- All Is Lost é um tremendo feito de direção e roteiro (e fotografia, e montagem….). Mas só se lembraram do Robert Redford…
- American Hustle é Scorsese diet. É David O. Russell querendo ser Scorsese. Gostei dele, adorei sobretudo os atores, mas temos também o produto genuíno na parada – O Lobo de Wall Street. Como indicar Russell na categoria direção e esquecer Marty?
- E já que estamos na mesma categoria: cadê Spike Jonze? Se ele ficasse no lugar do Paul Greengrass eu ia ficar muito mais feliz…
- Great Gerwig? Seriously? Eu sei que Frances Ha tem fãs. Eu não estou entre eles: prefiro minha nouvelle vague no original. A moça foi muito simpática na entrevista conosco. Acho que ganhou a indicação ali.
- Admito que as opções na categoria animação não eram das melhores este ano, já que tiveram a insana ideia de retirar todos os longas de animação não-americanos e por em “filme estrangeiro”. Mas The Croods e Meu Malvado Favorito 2? Não.
- Aliás, quando recebi meu listão fiquei intrigadissima com as classificações de muitas filmes. Em qual planeta Álbum de Família é uma comédia, por exemplo?
- A divisão de TV, pra mim, foi quase um desastre. AINDA indicando Modern Family e The Good Wife? Só pode ser cacoete. Brooklyn Nine-Nine? Jura? Num ano em que tínhamos Enlightened e o desempenho divino de Laura Dern, completamente esquecidos, aliás? E Orange is The New Black, fenomenal, ousada, superbem escrita, com um elenco maravilhoso de mulheres, coisa tão rara neste indústria? Nem vou falar da gema perdida que tínhamos a chance de catapultar para o alto, Getting On, adaptação americana de uma cáustica, linda, série inglesa, feita pelo mesmos produtores de Enlightened. Será que comédia muito inteligente tá dando surto nos meus colegas? E vamos continuar: nada de The Bridge ou The Americans? Ou Walking Dead, excelente nesta temporada? Ou Game of Thrones, que é tudo o que aquela pobreza de White Queen queria ser? Ah… vou parar por aqui pra pressão não subir…
Enfim… torcendo por bons e justos resultados dia 12 de janeiro. Estarei lá no salão captando tudo pra vocês…