Ashton Kutcher/Steve Jobs tem uma epifania…
Ana Maria Bahiana
Primeiro trailer de Jobs, que estreia aqui dia 16 de agosto. O que vocês acham? Convence?
Ana Maria Bahiana
Primeiro trailer de Jobs, que estreia aqui dia 16 de agosto. O que vocês acham? Convence?
Tags : Ashton Kutcher Steve Jobs
Ana Maria Bahiana
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Macacos, anões e (eu acho) uma barata fazem parte da nova colaboração Martin Scorsese-Leonardo di Caprio. Louca pra ver. Logo agora, que revi Casino e vou rever (mais uma vez) A Cor do Dinheiro.
Ana Maria Bahiana
Enquanto isso, no cada vez mais interessante mundo da TV, mais um diretor de responsa adere à tela doméstica: Jonathan Demme, que já fez muitos documentários para TV e dirigiu um episódio da infelizmente cancelada, maravilhosa Enlightened, acaba de fechar com a AMC para produzir e dirigir o piloto do que pode vir mais uma série campeã do canal, Line of Sight. Blake Masters (Brotherhood) é o roteirista do que ele define como ''um sci-fi cheio de twists'' sobre um investigador especialista em desastres de avião que, miraculosamente, sobrevive a um deles. (Humm… Lost?)
Depois de ter ressuscitado The Killing das garras da execração pública, graças a uma parceria com a Netflix, o AMC está cheio de energia e projetos – a nova série policial Low Winter Sun estréia aqui em agosto, e em breve teremos Turn, história de espionagem no século 18, durante a guerra de independência dos Estados Unidos, e Halt & Catch Fire, sobre o boom dos computadores domésticos nos anos 1980.
Line of Sight, uma co-produção com a Fox, será filmado no segundo semestre, para estréia no início de 2014.
Ana Maria Bahiana
Para mim um dos aspectos mais interessantes de O Homem de Aço é seu impacto sobre o futuro da Warner. E, por consequência, seu impacto em toda a indústria, já que a Warner tem a maior fatia do mercado (mas não é o estúdio que mais cresceu no último ano – esse é o independente Film District, o que já dá um elemento interessante à conversa toda…)
Por partes:
O drama da super-escala. Com um orçamento de 225 milhões de dólares, O Homem de Aço não poderia ter feito menos do que fez em sua estreia recordista. Esse é um dos dramas do mega-cinemão: em filmes destas dimensões, um retorno que não é super é um fracasso. A rede de segurança para algo como Homem de Aço são as ações de merchandising, parcerias e colocação de produto que, somados aos 128.6 milhões de dólares da bilheteria norte-americana, já cobriram dois terços do orçamento, um total de 170 milhões de dólares. O terço que falta virá, não tenho dúvida. O lucro? Mais uma vez, do mercado externo. A questão: Durante quanto tempo mais este modelo de produção/retorno em larga escala será sustentável? O que acontece com um estúdio quando um, apenas um desses mega-jumbos só se paga parcialmente, mesmo com altas bilheterias?
O enigma da franquia. A primeira franquia Super-Homem, que tanto indignou seus criadores, Jerry Siegel e Joe Shuster, estendeu-se de 1975 até 1987, e sua popularidade e rentabilidade foram encolhendo junto com a criatividade da franquia, terminando com o patético Em Busca da Paz. O reboot de 2006 não gerou descendência. A Warner vai demorar um pouco até se comprometer com uma franquia de Homem de Aço – além do item que vem a seguir, o estúdio precisa saber se o desempenho em todas as frentes, especialmente no mercado externo, é o bastante para segurar uma série de filmes.
A indecisão dos parceiros. Legendary, a empresa de co-financiamento e co-produção que, desde 2005, racha os custos dos grandes projetos pop da Warner, inclusive as adaptações de propriedades da DC Comics, também ainda está decidindo uma coisa muito importante _ se continua ou não a parceria com a Warner, e, se continuar, em que termos. A Warner, que tem um novo presidente desde o começo do ano, Kevin Tsujihara, vindo do home entertainment, está avaliando se quer assumir 100% da propriedade dos mega-projetos – ous eja, 100% do risco– para ter um retorno de 100% de receita. A Legendary está avaliando a mesma coisa. Homem de Aço é a principal cobaia dessa observação.
Quem seria o General Zod dessa história?
Ana Maria Bahiana
Lembram quando eu disse que tudo na industria do audio visual se resume a ciclos entre a primazia do rabo – a distribuição e o marketing – ou o cachorro– a criação?
Duas pessoas de grande peso nessa mesma indústria, personagens essenciais do ciclo dos anos 1970, concordam comigo.
Num seminário hoje, na inauguração do novo (espetacular, state-of-the art) prédio da Faculdade de Midia Interativa da University of Southern California, aqui no centro de Los Angeles, Steven Spielberg e George Lucas previram o fim do modelo do cinemão como é praticado hoje. “Os estúdios estão obcecados em gastar muito para ter um retorno enorme, e isso não vai funcionar para sempre”, Lucas disse. “Porque o resultado dessas escolhas é que eles estão diminuindo cada vez mais o foco. As pessoas vão acabar cansadas do que eles oferecem. E aí eles não vão mais saber fazer outra coisa.”
“A coisa toda vai desabar”, Spielberg completou. “É inevitável. Três, quatro, talvez meia dúzia desses filmes de mega-orçamento vão despencar no chão e todo o paradigma vai mudar.”
Spielberg e Lucas chamaram atenção para o atual modelo, no qual “250 milhões de dólares são gastos em um filme super-inchado, em vez de vários menores e mais variados”, disse Spielberg. Lucas completou: “Notem que nós dois tivemos filmes menores, dentro dessa escala, que mal ficaram nas telas: Lincoln e Red Tails. Quando Spielberg e Lucas reclamam de que seus filmes não foram lançados direito… tem alguma coisa errada…”
O interessante é que, no final dos anos 1970, Spielberg e Lucas foram os principais responsáveis pela mudança de paradigma que encerrou a era dos pequenos filmes pessoais e, com Tubarão e Star Wars, inaugurou o conceito do arrasa-quarteirão. Tudo é cíclico…
Spielberg e Lucas enumeraram os Davis que vão derrubar o Golias do cinemão arrasa quarteirão:
A dupla dinâmica previu também que, depois da implosão do mega-blockbuster, os cinemas vão ficar ainda mais luxuosos, cobrando ingressos mais caros e mantendo os filmes em cartaz por meses “como um teatro da Broadway”.
Depois de alguns fins de semana com filminhos dando surra em filmões… quando será o apocalipse?
Ana Maria Bahiana
Aviso prévio: se você entra em choque alérgico com SPOILERS, não leia.
É muito difícil fazer filme de super-herói. Para começar eles são super, existindo numa espécie de hiperrealidade na qual várias gerações depositaram suas aspirações, desejos, frustrações, ambições. Para piorar, suas biografias e perfis são constantemente re-escritos, na medida em que as décadas rolam, e a sociedade, os leitores e leitoras, os desejos e frustrações mudam. E para tornar tudo ainda mais complicado, muitos de nós, leitoras e leitores , colocamos neles – nos super-heróis e suas mutáveis biografias – o tipo de religiosidade e fé que, em outras arenas, são reservadas a textos sagrados.
Super-Homem é um super-herói ainda mais difícil. Ele não é humano, pra começar. E, com uma única exceção, é invencível. Pergunte a qualquer pessoa que escreve em qualquer meio o que é ter um herói sem fraquezas. Não é brincadeira não. Até mesmo os gregos da era clássica, pioneiros na concepção do super-herói, deram um calcanhar para Aquiles e um veneno poderoso para Hércules. Porque o poder ser derrotado é o que mais nos aproxima da vontade de gostar profundamente dos nossos super-heróis, e achar algo de nosso neles.
Num filme as coisas se complicam tremendamente, porque tem-se duas horas e trocados para tecer uma trama que prenda, encante e, de preferência, extasie a plateia. Através de sucessivos ciclos de filmes de super-heróis, dois caminhos se consagraram como soluções para o dilema de como atacar um gênero ao mesmo tempo tão difícil e tão popular:
a) Levar na brincadeira. A coisa toda é absurda demais para ser atacada como um drama. Esses caras de malha e capa não podem estar se levando a sério. Quando funciona, temos Os Vingadores, de Joss Whedon.
b) Levar totalmente a sério. Estamos de volta aos princípios da mitologia primordial, egípcia, babilônica, grega, e esses heróis são nossos Horus, Gilgamesh, Ulisses. Quando dá certo temos a trilogia Batman de Christopher Nolan. (especialmente O Cavaleiro das Trevas, onde o já imortal Coringa de Heath Ledger comenta exatamente a solenidade de Nolan: “Mas por que tão sério?”)
Com tudo isso na cabeça, mais a alegria de apreciadora de um bom de filme de aventura, com ou sem super-herói, fui ver Homem de Aço (Man of Steel, Zack Snyder, 2013) querendo gostar , e gostar muito. Sabendo que ali estavam dois realizadores com uma queda para levar as coisas muuuuito a sério – Nolan, produtor, e Zack Snyder, diretor – eu esperava um bom mergulho em toda a complexidade do mito Super-Homem, o alienígena que é a superação de todas as falhas humanas, o sobrevivente do holocausto planetário, o repositório das esperanças da humanidade desde a Grande Depressão dos anos 1930.
Homem de Aço começa como o Super-Homem de 1978, de Richard Donner: em Krypton, sob a sombra dupla de um golpe de estado e da iminente destruição do planeta. A solução de Donner para Krypton, considerando os recursos da época, era simples mas elegante. Snyder partiu para o extremo oposto, com muito tudo, inclusive um estranho sotaque pseudo britânico para Russell Crowe como Jor-El. O Zod de Michael Shannon fala como americano mas tem um corte de cabelo idêntico ao de Joaquin Phoenix como o Imperador Commodus, o que me fez pensar, por um segundo, que eu estava vendo Gladiador.
Zod é uma boa escolha como nêmesis de Kal-El/Clark Kent, especialmente para o primeiro filme do que pode vir a ser um ciclo: Zod é um igual, um conterrâneo do herói. David Goyer, que escreveu Cavaleiro das Trevas Ressurge com Nolan, está basicamente reciclando a premissa do filme de Nolan, e usando alguns bons estratagemas para tornar o relacionamento Zod-Kal-El- Jor-El tão complexo quanto pode ser num filme deste tamanho.
Mas nem isso, nem a discrepância de sotaques, nem o cabelinho de Zod/Shannon, nem mesmo as bizarras criaturas que povoam Kripton conseguiram esmorecer minha vontade de gostar de Homem de Aço. Nem mesmo quando a Fortaleza da Solidão passa a ser um dos lugares mais movimentados acima do cículo Ártico, ou quando somos apresentados a Clark Kent no que parece alguma cena perdida da série The Deadliest Catch, do Discover , eu me desiludi. Afinal, a destruição de Kripton tinha sido espetacular, e o novo visual do Super-Homem, sem sunga vermelha e sem cachinho na testa, era bem bacana.
Ainda haveria mais um belo momento – o vôo inaugural do Super-Homem, sempre um momento-chave de todos os seus filmes, é especialmente emocionante aqui, graças à evolução dos efeitos digitais, que agora permitem, sem restrições de credibilidade, que Kal-El toque as estrelas.
A alegria, no entanto, durou pouco. Muito rapidamente Homem de Aço se transforma numa sucessão sem trégua de destruições mega-barulhentas e intermináveis. Primeiro Smallville, depois Metropolis vêm abaixo, sempre com as marcas do merchandising em primeiro plano. A demolição é pontuada por diálogos que um estudante de roteiro do primeiro ano ficaria encabulado de escrever e tudo é levado muito, muito, muito a sério.
Parece que todos estão participando de uma tragédia grega com figurinos de um show da Lady Gaga, mas isso não é o pior: o pior é que não há nenhum real drama humano, o gancho que nos prende, o mistério que nos encanta, a representação de um perigo real ameaçando personagens que aprendemos a gostar.
O episódio Rains of Castamere, de Game of Thrones, nos reduziu às lágrimas com flechadas e espadas. Homem de Aço destroi cidades inteiras sem envolver a plateia. Pelas minhas contas, segundo o filme, Metropolis tem cerca de 24 habitantes apenas. E nenhum deles corre sério risco de coisa alguma, nem mesmo com o desabamento de todos os arranha-céus da vizinhança.
Em dado momento eu me vi perguntando, silenciosamente: nossa, isso é filme de Michael Bay?
Fiquei triste. Imaginei quantos executivos deram palpite, pediram “mais ação!”, “mais efeitos!” Imaginei o que teria acontecido para que tantos bons atores – Michael Shannon, por exemplo – estejam tão mal aproveitados.
Acho que vai ser um sucesso. A coisa mais brilhante de Homem de Aço é sua campanha de marketing, e essa, somada aos nomes de Nolan, Snyder e do Super-Homem vai garantir uma bilheteria séria. Não sei se será o bilhão que a Warner está esperando, e que poderia garantir a franquia, sem dúvida.
Espero que venha aí mais um. Ou dois. E que os realizadores, sejam eles quem forem, possam nos oferecer tudo o que o mito sugere e promete. Mas até lá…
Homem de Aço estreia dia 14 de junho nos Estados Unidos e dia 12 de julho no Brasil.
Ana Maria Bahiana
Ana Maria Bahiana
Rod Serling, um dos gênios da dramaturgia de TV e autor de uma das três séries mais bem escritas da história, segundo a Writers Guild – Além da Imaginação, 1959-1964- está de volta. J. J. Abrams, fã do pioneiro da TV, vai produzir e adaptar o último roteiro de Serling, a mini-série The Stops Along the Way.
Abrams vem há tempos negociando com a viúva de Rod, Carol Serling, não apenas com relação a Stops mas também quanto a outros textos e roteiros que seu marido deixou incompletos ou não-produzidos, ao falecer subitamente, de uma série de ataques cardíacos, em 1975, aos 50 anos. Em sua última entrevista, feita em março de 1975 num bar na Sunset Strip de Los Angeles, Serling menciona vários projetos em curso, e demonstra principal carinho por Stop, “um texto bem bonito”. Sua última frase, na entrevista, é profética: “Espero que se lembrem de mim como um escritor. Isso já é bastante. Todos nós temos um desejo de imortalidade.”
Já imortal pelo tanto que contribuiu em temas e linguagem para a evolução da TV, Serling agora será formalmente apresentado a uma nova geração de espectadores. The Stops Along the Way será produzido pela Bad Robot de Abrams em parceria com a Warner Brothers TV.
Ana Maria Bahiana
Sabe por que você está vendo tantos cartazes, teasers e anúncios de Depois da Terra?
A resposta está no fim de semana sangrento na bilheteria norte-americana. Não estou nem me referindo ao episódio de Game of Thrones de domingo que, fiel aos livros, trouxe a esperada virada violenta _ estou falando da surra que Depois da Terra levou de dois filmes sem estrelas do calibre de Will Smith: Velozes e Furiosos 6 e Truque de Mestre.
Como muitos de vocês leram por aí, em sua segunda semana em cartaz Velozes e Furiosos continuou no número um com mais de 35 milhões de dólares (um total acumulado de 171 milhões de dólares ), seguido pelo estreante Truque de Mestre com mais de 29 milhões de dólares. Depois da Terra estreou em terceiro, com 27.5 milhões de dólares. É muito difícil ir além saindo tão baixo.
Não tenho postado nem comentado sobre bilheterias principalmente porque números, sozinhos, só interessam a quem produz e distribui. O que me interessa nos relatórios de bilheteria (que leio religiosamente toda semana) são indicações de tendências, um modo de compreender melhor tanto o mecanismo interior da indústria que produz quanto da plateia que consome produtos audiovisuais.
Há cinco anos estamos dentro de um ciclo em que o rabo – a distribuição e o marketing—abana o cachorro- a criação do conteúdo. Não é novidade: esses ciclos se repetem desde que o cinema se tornou bem de consumo. Durante um tempo, quem controla a produção é quem distribui, ou seja, o que entendemos como “os grandes estúdios”. Quando isso chega ao extremo, tudo vira de cabeça para baixo e, por um tempo, a criação passa a dar as cartas.
Para o penúltimo ciclo (dos anos 50 aos anos 80), leiam Easy Riders, Raging Bulls, de Peter Biskind, que saiu no Brasil (sim, a tradução é minha…) pela Intrínseca. Para o último ( dos anos 80 ao começo do século 21), Down and Dirty, do mesmo Biskind. Para uma visão geral, o ótimo The History of Independent Cinema, de Phil Hall.
A surra de Depois da Terra mostra que:
– a presença de um mega-astro como Will Smith , sozinha, não atrai plateias quando o filme é notoriamente ruim, chato.
– Um filme ruim e chato que tem a seu favor o poder de uma franquia, de uma mitologia conhecida, de um universo já criado anteriormente por quadrinhos ou TV, sobrevive.
– Um filme geneticamente criado no laboratorio do marketing e distribuição não é infalível.
– Um filme sem grandes astros se garante junto ao público quando tem os elementos certos: o poder da franquia, no caso de Velozes e Furiosos, o poder de um bom conceito ; no caso de Truque, a direção veloz e a popularidade do diretor Louis Leterrier graças à franquia Transporter ( ao contrário do nome de M. Night Shyamalan, tão queimado que sumiu até dos cartazes de Terra…)
E aí entra você, cara leitora ou leitor no Brasil, cercado de posters por todos os lados: o único modo do filme recuperar seu orçamento de 130 milhões de dólares está na bóia salva vidas que tem escorado esta indústria desde a crise de 2008 – o mercado internacional. É por isso que filmes como Homem de Ferro 3 e Guerra Mundial Z estreiam primeiro fora dos EUA. É por isso que você vai ter uma overdose de Depois da Terra. Porque este mercado não tem mais a habilidade de segurar alguma coisa que custe mais que a média de 30 milhões de dólares gastas numa produção, aqui. E porque, mesmo com todas as tentativas de controle do conteúdo pela distribuição, não existem fórmulas perfeitas.