Museu da Academia: agora vai (se tudo der certo)
Ana Maria Bahiana
Fiquei três dias sem internet, TV e telefone. Foi bizarro. Mais bizarro ainda foi o motivo da pane: esquilos tinham invadido a caixa de controle (que é super selada e vedada para impedir a entrada de chuva, poeira e outras ameaças naturais) e roído todos cabos e conexões…
Crise resolvida (por enquanto…) percebo que perdi o grande acontecimento do fim de semana _ a festança para apresentar formalmente o projeto do muitas vezes anunciado, há muito tempo esperado Museu da Academia.
Rápido flash back: desde a criação da Biblioteca Margaret Herrick em 1928 (o nome é uma homenagem à sua criadora) a Academia vem acumulando um imenso e valiosíssimo acervo de documentos, imagens e objetos relativos à história do cinema. A ênfase, é claro, é na indústria e na produção norte-americanas, mas não exclusivamente: a Biblioteca tem, por exemplo, 119 itens na coleção dedicada a François Truffaut (inclusive o roteiro original, anotado, de Os Incompreendidos) e 58 livros dedicados à vida e obra de Akira Kurosawa.
Desde o início deste século a Academia vem procurando um lugar para exibir, publicamente, uma parte dessas coleções – a Biblioteca, mesmo no novo e lindo prédio onde se instalou em 1991, não comporta visitantes além de estudiosos e pesquisadores. O projeto de um museu migrou por vários locais – inclusive um terreno vazio em Hollywood, que exigiria a construção de um prédio desde as fundações—até chegar, ano passado, ao edifício da antiga loja de departamentos May Company, ao lado do museu de arte de Los Angeles, o LACMA.
Um lindo prédio art deco construido em 1939, o May Company coloca o futuro museu da Academia no coração de uma das mais movimentadas áreas culturais da cidade, onde já estão, além do LACMA (que tem um vigoroso programa de cinema e neste momento abriga a exposição Kubrick), os museus do Automóvel, do Folclore e de História Natural.
O projeto dos arquitetos Renzo Piano e Zoltan Pali vai manter intacta a estrutura do prédio original, acrescentando uma cobertura (com vistas espetaculares da cidade, e um restaurante/salão de festas), um pátio externo conectando-se com o vizinho LACMA e um gigantesco globo abrigando o teatro David Geffen e uma vasta área para exibições interativas.
Apesar dos 25 milhões de dólares doados por David Geffen (vocês não acham que o teatro tinha sido batizado por conta dos belos olhos dele, certo?) ainda falta muito – em tempo, dinheiro e recursos—para que o Museu da Academia possa abrir as portas em 2017, como previsto.
Por isso, a festa _ para que os acadêmicos possam ver de perto os planos para o museu e abram as carteiras e contas bancárias… as suas ou a de seus estúdios…