Crônica de uma morte não anunciada: a corrida do ouro começa à sombra de um crime
Ana Maria Bahiana
Com a cidade (e muitos amigos e colegas) ainda em estado de choque com o brutal assassinato de Ronni Chasen, a largada da Corrida do Ouro 2010, esta semana, foi estranha, comedida. Uma espécie de névoa de tristeza e apreensão pairava sobre todos os eventos, as pessoas pelos cantos com copos de vinho na mão sem saber o que dizer, profissionais-chave sumidos, abalados pela perda, pelo absurdo do crime, incapazes de se engajar na mandatória efervescência deste ciclo hollywoodiano.
Numa mostra do status de Ronni na indústria, os seis maiores estúdios estão custeando todas as despesas de seu sepultamento, e o festival de Palm Springs – que Chasen ajudou a criar e onde militava- está oferecendo uma recompensa de 100 mil dólares para a identificação e captura de seu assassino ou assassinos.
Eventos não estão sendo cancelados _ como me disse um colega e amigo dela, “Ronni ficaria furiosa” se isso acontecesse em seu nome _ mas o clima não é o mesmo. É como se todos se sentissem um pouco ameaçados, o destroçamento de suas claras visões de uma vida especial dentro da vida banal dos “civis” (os que não trabalham na indústria). Se aconteceu a um de nós…. pode acontecer a todos nós?
Ouço ecos de O Jogador, o sensacional filme de 1992 de Robert Altman (melhor que o livro em que se baseia, de Michael Tolkin) sobre assassinatos entre não-civis e os bizarros e complexos laços entre ficção e realidade numa cidade sempre tão precariamente equilibrada entre uma coisa e outra.
É interessante que as primeiras reações mais comuns, passado o choque inicial, foram 1. Afirmar que o crime era um fato “isolado e incomum” na gazilionária Beverly Hills, “ainda o bairro mais seguro do mundo'' ; 2. Notar as semelhanças entre o trágico fato real e as imaginárias tramas de cinema e TV que ocupam tanta gente na cidade, todos os dias. É claro que já ligaram para o escritório de Dick Wolf, o homem que criou e produz a franquia Law & Order (onde casos reais inspiram grande parte dos episodios) para perguntar se haveria algum roteiro sendo escrito sobre uma divulgadora assassinada depois de uma premiere, em plena Beverly Hills; 3. Narrar o drama real como se fosse um filme ou série de TV, destinado a esta ou aquela “plateia” (civis, não -civis…)
Acho significativo também que as primeiras teorias que vieram à tona, elaboradas pelos círculos imediatos à tragédia, imaginam os assassinos como pessoas de fora do meio: um motorista anônimo, furioso, inebriado e, é claro, só de passagem pelo bairro; uma gangue de alguma “vizinhança mais barra pesada”, em busca de “uma loura bonita num carro caro” para um ritual de iniciação. Os outros, sempre, são tão mais perigosos que nós, no modo hollywoodiano de contar histórias…
Há uma outra teoria emergindo agora, mais viável pelo menos como modo de execução: um assassinato por encomenda, muito bem organizado, pilotado por alguém que a seguiu desde a premiere, e executado por um parceiro escondido na praça – escura, arborizada- que fica do outro lado da rua que é o caminho mais curto para a casa da vítima. Faz sentido, como narrativa. Mas um roteiro assim ainda fica sem a peça principal: por que?
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João César
21/11/2010 10:26:04
Foi o primeiro filme que eu pensei quando vi esta notícia. "O Jogador" de Robert Altman é espetacular, eu lembro que Hollywood não gostou muito de ser retratada na época. Difícil de entender os motivos do crime, eu acredito que tenha sido um acaso, algum maluco neurótico simplesmente realizou este bárbaro crime. Talvez esta segurança de considerar que é o lugar mais seguro do mundo tenha facilitado a ação do crimonoso.
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Ana Maria Bahiana
20/11/2010 16:55:49
Espero muita coisa dele...
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Ray J
20/11/2010 16:45:22
Ana, entrei aqui por outro motivo. Viu o trailer de Source Code, do Duncan Jones? Será que vem por aí mais um novo prodígio da ficção científica, para dividir o trono com Cameron, Scott (O mais talentoso) e Spielberg?
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Ana Maria Bahiana
20/11/2010 16:10:21
Aqui, acho, as chances da pessoa ou pessoas serem descobertas e levadas à justiça são maiores. Claro que, se for alguem poderoso, vai haver pressão, mas o sistema é um pouco mais saudável.
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Filipe Pinheiro
20/11/2010 14:15:03
Quem matou Ronni Chasen???? É impressionante constatar o quanto os homens são insanos. Somos a única espécie que mata pelo simples "prazer" de matar. Absurdo!Abraços, Ana.
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eden
20/11/2010 13:17:50
Alguem ja pensou que pode ser o(s) concorrente(s) ao Oscar? Máfia do Marketing? Isso que se pode chamar crime clichè. Desculpem se faltei com respeito, mas é inevitável, um crime num lugar onde a disputa é a palavra de ordem. So falta virar mais um crime não solucionado como o da morte do ator George Reeves em 1959.
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João Oliveira
20/11/2010 10:46:01
Ana. Me parece ser encomendado mesmo. E se foi, provável q seja algum figurão. Normalmente esse tipo de crime é cometido por motivo torpe, q qdo descobrirem ninguém vai acreditar.
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Guilherme T.
20/11/2010 07:34:53
O pior da história é saber que um crime desse porte não terá solução,pela influencia que ela tinha somente alguém muito poderoso pode ter encomendado sua morte.Pelo menos no Brasil seria assim, será que aí nos EUA seria diferente?
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Rocco Silva
20/11/2010 02:38:25
É... triste...a manchete diz tudo......
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Ana Maria Bahiana
19/11/2010 23:13:28
Em breve...
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cassio
19/11/2010 22:38:01
aninha linda,gosto muito do seu bloggostaria de saber:Quando teremos algo sobre "Rabbit Hole"?
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Gustavo Zago
19/11/2010 20:40:22
é triste pensar isso...mas que dá um roteirão,isso dá!
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