George Clooney, produtor: “O segredo é manter o controle criativo e as portas abertas”
Ana Maria Bahiana
Converso com George Clooney, o que é sempre um prazer. Meu ex-vizinho, cuja carreira acompanho desde as priscas eras de ER e The Peacemaker (sem falar em Batman & Robin…) continua o mesmo cavalheiro, centrado, simples, sem atitude, com uma clara consciência dos perigos e responsabilidades de sua fama e poder. Tão grandes, ambos, que Clooney conseguiu abrir The American –no qual é ator e produtor – em primeiro lugar na bilheteria dos EUA, apesar do filme (dirigido por Anton Control Corbijn) não ser nenhum espetáculo.
Quero saber como andam os planos de Clooney, o produtor e diretor, nestes tempos de crise. “Eu consigo realizar meus projetos porque mantenho os custos bem baixos”, ele diz, sem hesitar. “É a única maneira. Mantenho os orçamentos entre 15 e 20 milhões de dólares e com isso consigo fazer os projetos que quero, com as pessoas que quero. Não são, com certeza, os tipos de filmes nos quais os grandes esúdios investiriam, mas tudo bem. Eles também não precisam fazer enormes bilheterias para se pagarem. O mais importante, o segredo de tudo, é manter ao mesmo tempo o controle criativo e as portas abertas.”
O próximo projeto de Clooney como diretor/produtor deve ser Farragut North, uma adaptação da peça teatral homônima de Beau Willimon sobre um entusiasmado voluntário trabalhando na campanha eleitoral de um fictício candidato a presidente, e sua gradativa perda de fé e inocência. “Começamos a trabalhar neste projeto uns dois anos atrás,e aí Obama foi eleito… achei que não seria a época certa para sair com um filme assim. O roteiro é todo sobre as baixarias e as tramas que acontecem durante uma eleição, as jogadas…. É muito divertido, mas é cínico, e achei que aquele não era o momento certo para um filme cínico.” E agora, é certo? Clooney baixa o rosto com seu famoso meio-sorriso: “O mundo rodou, rodou e estamos todos um pouco mais cínicos, não? Agora já dá para fazer…”
Clooney será o candidato (Democrata, aliás) e Chris Pine, o Kirk do Star Trek de J. J. Abrams, o voluntário cheio de disposição. As filmagens devem começar em janeiro.
Na TV a Smokehouse, produtora de Clooney com o sócio Grant Heslov, está trabalhando para a TNT com a série Memphis Beat , sobre um policial de Memphis que também é fã e impersonator de Elvis. E Clooney não desistiu de fazer outro especial de TV ao vivo, como Fail Safe, em 2000. “O plano agora é fazer Rede de Intrigas ao vivo, numa TV aberta”, Clooney conta. “A primeira tentativa de armar o projeto não deu certo mas eu não desisti. Desistir de fato não é comigo.”