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Quem está achando graça na piada de Joaquin Phoenix e Casey Affleck?
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Ana Maria Bahiana

Retrato do artista enquanto astro atormentado (de mentirinha): Joaquin Phoenix em I'm Still Here

Qual a graça que Hollywood achou ao descobrir que o ataque de maluquice de Joaquin Phoenix, documentado por Casey Affleck no “documentário” I’m Still Here era de mentirinha? E que impacto isso pode ter na carreira dos dois, Phoenix e Affleck?

As respostas, nos dois casos, parecem ser: nenhuma e vamos ver.

A revelação feita por Casey Affleck nas páginas do New York Times, não foi exatamente uma supresa – a não ser para Roger Ebert, que tinha sido simpático ao filme achando que era mesmo a documentação de uma descida aos infernos do avesso da fama e deu guinada de 180 graus, ou para o (caretíssimo, na minha opinião) Owen Gleiberman, da EW, que também tinha levado o filme a sério e ainda não sabe bem o que pensar.

As raposas felpudas da indústria são mais espertas que isso. Elas mesmas estão acostumadas a fabricar e derrubar tendencias, a convencer multidões de que a verdade é mentira e a mentira, verdade. Já viram essa história tantas vezes, antes, que mais dois candidatos não são a menor novidade.

O x da questão seria se I’m Still Here fosse um sucesso. Se tivesse sido acolhido com grande entusiasmo, rapidamente expandindo o circuito a partir  de suas poucas telas e acumulando mais que os ínfimos 146 mil dólares de sua primeira semana em cartaz (ainda mais chocante considerando que The Town, o muito bom filme do irmão de Casey, Ben Affleck, está em primeiro lugar neste finde, com 8 milhões logo no primeiro dia em cartaz; atualizando: 23 milhões no fim de semana). Nesse caso eu acredito que Affleck teria mantido a farsa mais tempo, irritando ainda mais seus pares, e causando um dano ainda maior _ ou não. Eventualmente a “arte performática” seria revelada, e, se o filme estivesse estourado, poderia até ser visto como o novo Bruxa de Blair, o engodo que deu super certo.

Mas Affleck e Phoenix brincaram e não se deram bem, comercialmente.  Nenhum dos dois é uma grande estrela, e isso os preserva um pouco, também – se ambos estivessem no nível de um Leonardo di Caprio ou de um Matt Damon, o tombo seria grande e o dano, talvez irrecuperável.

Mas como está, a industria está disposta a esquecer I’m Still Here como a bobagem que é. Os dois vão ficar de castigo durante algum tempo.  Vai ser interessante ver quando ambos assinam contratos para projetos de certo vulto. Nesse caso, Joaquin está bem mais resguardado que Casey – seu talento é reconhecido até por quem não achou a menor graça na performance deste últimos dois anos, e depois de algum tempo no banco, deve ser chamado em campo sem grandes problemas – e com muitas histórias para contar, o que sempre ajuda a promover lançamentos.

A pergunta que mais interessa a todo mundo, no momento é _ quem mais sabia? David Letterman, a julgar por seus roteiristas estava por dentro, e batendo bola com toda competência…


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