Blog da Ana Maria Bahiana

Arquivo : JOhnny Depp

Johnny Depp e Meryl Streep em clima de conto de fadas
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Ana Maria Bahiana

Vocês achavam que a moda do filme baseado em conto de fadas tinha acabado? Nem pensar. Neste final de semana, dois projetos dentro dessa tendência, ambos com raízes na Broadway, ganharam novo fôlego:

  • A Disney está acabando de fechar contrato com Johnny Depp e Meryl Streep para estrelar a adaptação cinematográfica do musical Into de Woods. Depp fará o padeiro que não consegue ter filhos e viaja com sua esposa através da floresta encantada, buscando a bruxa — Meryl Sreep — que o teria amaldiçoado. Rob Marshall (Chicago, Nine, Memórias de uma Gueixa, Piratas do Caribe IV) vai dirigir.
  • A Universal pos uma pilha nova no projeto de trazer para outro musical de sucesso_ Wicked, a história revista das bruxas do Mágico de Oz. O que me contam é que o lançamento de Oz Mágico Poderoso mexeu com os brios da concorrência _ há anos e anos a Universal, que detem os direitos da peça, vem empurrando o projeto sem nenhum entusiasmo. Agora, o diretor Stephen Daldry  e o produtor Marc Platt (Nine, Scott Pilgrim Vs The World, Legalmente Loira) estão no comando, com ordens para acelerar as coisas, visando um lançamento em 2014.

E para continuar no clima, aqui vai mais uma foto dos preciosos arquivos da HFPA: Johnny Depp em junho de 2003, divulgando o primeiro Piratas do Caribe.


Túnel do tempo: retrato das estrelas quando jovens
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Ana Maria Bahiana

A equipe de arquivistas da Associação de Correspondentes Estrangeiros em Hollywood, à qual pertenço, está fazendo um trabalho maravilhoso, localizando, recuperando e catalogando o material de fotografias e depoimentos que se estendem por décadas e mais décadas e, até agora, estavam em caixas empilhadas no depósito da nossa sede. Coisas sensacionais estão aparecendo, e em breve estarão no nosso site. Algumas me despertaram deliciosas memórias de primeiros encontros, descobertas. Por exemplo:

 

Leonardo Di Caprio, novembro de 1993, piscina do Beverly Hilton, depois da entrevista para Aprendiz de Sonhador, de Lasse Halmstrom. Em abril do mesmo ano Leo tinha dado sua primeira entrevista organizada pela Associação, para O Despertar de Um Homem, e nem eu nem meus colegas conseguíamos parar de falar nele. Um talento óbvio, extraordinário. Leo estava meio nervoso nas duas entrevistas, talvez porque sua mãe, Irmelin DiCaprio, estivesse no fundo da sala.

Sandra Bullock, maio de 1994, Beverly Hilton. Um ano antes eu a tinha visto entrar, às gargalhadas, nas costas de um assistente de produção no set de um daqueles filmes acaba-com-tudo do Sylvester Stallone, o apropriadamente intitulado Demolition Man, onde ela era uma substituição de última hora para outra atriz que torcera o pé. Agora, um ano depois, Sandra estava literalmente  na véspera do estrelato _ três semanas depois desta entrevista estrearia Velocidade Máxima e ela se tornaria, oficialmente, a Namoradinha da América. O que mais me chamou a atenção: a simpatia. Que não mudou ao longo desses quase 20 anos.

Robert Downey Jr., novembro de 1992, corredor do Beverly Hills Hotel, depois da entrevista para Chaplin, de Richard Attenborough. Era uma fase difícil para Robert Downey Jr. Algum tempo depois todo mundo saberia de seus problemas com bebida e drogas, mas naquele final de tarde era óbvio que alguma coisa estava profundamente errada com ele. Robert chegou atrasado, começou a entrevista atrasado e demorou um bocado até engrenar num papo que fizesse sentido. A chave foi focar o assunto em Charles Chaplin, um personagem que ele claramente tinha abraçado e que, pelos motivos que sabemos agora, compreendido perfeitamente.

Tim Burton e Johnny Depp, dezembro de 1990, depois da entrevista para Eduardo Mãos de Tesoura. Minha segunda entrevista com Tim, minha primeira entrevista com Johnny, uma das minhas primeiras como integrante da Associação. Burton tinha me impressionado tremendamente com Beetlejuice, dois anos antes, e me intrigado com Batman, em 1989. Eduardo me comoveu profundamente, e ainda é um dos meus filmes favoritos da década. A sintonia entre ele e Johnny era óbvia_ os dois pareciam se conhecer há muito, muito tempo, e já completavam as frases um do outro, como fazem até hoje.

 

Todas as fotos, HFPA/Archives.


Depp, Burton, perdidos nas Sombras da Noite
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Ana Maria Bahiana

Existe um elemento que pode matar – ou pelo menos ferir gravemente- um filme antes mesmo que o diretor tenha dado a primeira ordem de “ação”: a necessidade da plateia saber alguma coisa para poder apreciá-lo. Não importa que o material de origem seja um livro, uma hq, uma peça de teatro ou série de TV: o filme precisa se sustentar por si mesmo, e ser capaz de dialogar com a plateia por seus próprios méritos.

Infelizmente para Tim Burton e seu habitual parceiro Johnny Depp, duas coisas são necessárias para que se chegue perto de apreciar Sombras da Noite (Dark Shadows, 2012): conhecer a temática e a estética da série Dark Shadows, exibida pela rede norte americana ABC entre junho de 1966 e abril de 1971; e saber, nem que seja de passagem, como era a cultura pop do ano da graça de 1972.

Sem saber uma coisa ou outra, Sombras da Noite é uma gloriosa aula de direção de arte, um estudo no uso da cor, figurinos e ambientes de cena, interrompido de vez em quando por uma piada, em geral nos lábios muito roxos de Johnny Depp na pele do vampiro Barnabas Collins, ejetado sem cerimônia do final do século 18 para a alvorada da década de 1970.

Não há uma narrativa consistente,  que nos envolva e nos deixe comprometidos com a história _ nem a história da familia Collins (liderada pela matriarca Michelle Pfeiffer, linda) , descendente do vampiro mas ignorante de sua existência, nem a história de Barnabas, perdido num século que não compreende. O tom do filme oscila brutalmente: as vezes flerta com o gótico e o terror, às vezes cai na comédia, às vezes arrisca piscadelas irônicas que a plateia, frequentemente, não tem como entender (“mamãe, o que é um hippie?”, ouvi a menina ao meu lado sussurrar depois de uma sequencia que, com o devido conhecimento, deveria ser hilária.)

Dark Shadows começou como um sonho de seu criador, Dan Curtis, nos idos de 1965: uma noite sombria, uma moça misteriosa num trem. Com o roteirista Art Wallace, Curtis desenvolveu a estrutura do que viria a ser Dark Shadows, e a ABC comprou a ideia. Para a época, era um conceito ousado: usando as convenções do melodrama tela-pequena, mais próximos de uma novela do que o que hoje conhecemos como série dramática, Dark Shadows injetava elementos góticos, sobrenaturais e fantásticos, acompanhando os dramas e mais dramas da família Collins e seu súbito novo/antigo parente, o vampiro Barnabas.

Décadas seguintes nos trariam Buffy, Arquivo X, Angel, True Blood, Being Human, Vampire Diaries e tudo mais, mas Dark Shadows foi pioneira. O que não quer dizer que foi uma obra prima. Pelo contrário: seus fãs, em sua maior parte adolescentes chegando da escola e vendo a série depois do dever de casa (Burton e Depp entre eles) amavam principalmente seus exageros, o bizarro refogado de novelão e sobrenatural. Dark Shadows foi uma série cultuada, mas os dois primeiro filmes que tentaram revisitar seu universo – House of Dark Shadows em 1970 e Night of Dark Shadows em 1971 – não renderam grande coisa.

Depp trouxe o projeto para Burton, e os dois colaboraram intensamente para tentar fazer um completo reboot do conceito de Dark Shadows, com total veneração peor seus elementos _ começando pela escolha de 1972 para situar a história, assinalando a intenção de continuar do ponto onde a trama tinha deixado de existir, e optando por começar o filme exatamente como o primeiro episódio da série, com a moça misteriosa no trem (aqui, ao som de “Nights in White Satin”, dos Moody Blues, excelente escolha).

O problema, contudo, é aquele lá do princípio _ sem o mesmo devotado amor e conhecimento da série, Sombras da Noite se torna um híbrido desigual, com momentos lindos e/ou hilários seguidos por longos períodos muito menos interessantes.

 Sombras da Noite estreia sexta dia 11 nos EUA e dia 22 de junho no Brasil.

 


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