Blog da Ana Maria Bahiana

Arquivo : Harrison Ford

Continuação de Blade Runner ganha embalo: isso é bom ou ruim?
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Ana Maria Bahiana

Esta é o tipo da noíicia que não sei se lamento ou comemoro. Talvez a gente deva fazer as duas coisas…

Para comemorar: o projeto de uma continuação de Blade Runner,  que está em ritmo de vai e vem faz tempo, acaba de tomar embalo com a contratação do roteirista Michael Green para trabalhar o roteiro original, de 1982, escrito por Hampton Fancher. Na época, Ridley Scott e Fancher haviam pensado Blade Runner como uma trilogia, expandindo os personagens e tramas de Do Androids Dream of Electric Sheep?, a obra de Philip K. Dick que inspirou o  filme.

E agora começa a parte em que a gente, se não lamenta, pelo menos fica de orelha em pé: Michael Green é o autor, entre outros, dos seguintes roteiros – Lanterna Verde, e, na TV,  Heroes (da fase final…) e o hilariamente ruim The River, cancelado depois de uma temporada, com toda justiça.

Pausa enquanto Philip K. Dick mandar raios e trovões do Além.

Não quero ficar desconfiada, em princípio, do projeto de uma sequel. Acho, para começar, espetacularmente irônico, considerando a via crucis do primeiro filme, as brigas de Ridley Scott e Harrison Ford com a Warner, a primeira versão colocada nas telas de qualquer jeito, montada pelo pessoal da distribuição, o massacre da crítica… Este é o poder do público: descobrir, entender e abraçar um filme, transformando-o em algo tão valioso que…. merece uma continuação…

Se realmente esse sempre foi o projeto – expandir o mundo criado pelo texto e por Blade Runner — poderia ser algo super interessante. Mas essa escolha de roteirista está me deixando muito, muito preocupada…


Também para 2013: Harrison Ford careca
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Ana Maria Bahiana

Enquanto se cozinha a quinta aventura do aparentemente insubmergível Indiana Jones, eu recebo a primeira imagem do thriller Paranoia, atualmente em filmagem nos arredores de Filadélfia. Eu deveria me impressionar com os créditos: direção do australiano Robert Luketic ( cujo 21/Quebrando a banca me agrada muito) baseado no best seller de Joseph Finder (fudador da Associação dos Ex-Agentes de Inteligência. Sim. Isso existe), com Gary Oldman,Embeth Davidtz, Richard Dreyfuss, o quase mandatório irmão Hemsworth (Liam, no caso). Mas o que realmente me impressionou for a careca de Harrison Ford, porque não me lembro de te-lo visto assim como um personagem, na tela. Em Paranoia Ford é um alto executivo sendo espionado por seu ex-pupilo (Hemsworth) por conta de uma tramóia de seu rival (Oldman). E, pelo que se vê, sem cabelo. A estréia, aqui nos EUA, é dia 4 de outubro.


Uma festa para caubóis, índios e ETs
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Ana Maria Bahiana

 

Aviso aos leitores mais sensíveis: o TÍTULO DO FILME é Cowboys & Aliens. Portanto, dizer que a trama inclui o aparecimento de aliens NÃO É SPOILER, certo?

Com esta questão devidamente esclarecida, vamos ao que interessa: não tenham receio de Cowboys & Aliens. É um delicioso filme-pipoca, bem concebido, planejado e executado, com  um coração que é alegria pura, tesão pelas possibilidades de encantamento do cinema e muito respeito pelos westerns.

Confesso: Não era absolutamente o que eu esperava. Acompanho este projeto há algum tempo, e a alta rotatividade de roteiristas – seis estão listados nos créditos- me fazia antecipar um desses filmes-por-comitê , tão comuns na temporada-pipoca, que no final não tem gosto nem cara de nada.

Certo, a história tem quase nada a  ver com a graphic novel do mesmo nome mas, na verdade, nem filme nem graphic novel tem as origens que se espera.

 

Antes que os dois –filme e graphic novel- existissem, existia o empresário Scott Mitchell Rosenberg, fã de quadrinhos e astuto homem de negócios. Nos anos 90, inspirado por um cartum da série The Far Side, Rosenberg registrou a marca Cowboys & Aliens e se pôs a vender o conceito – antes mesmo que houvesse algum produto baseado nele. Acabou na capa da Variety, depois de vender o pitch para a Universal por 500 mil dólares.

Quando, cinco anos depois, o filme prometido no acordo ainda não tinha se materializado, Rosenberg começou a pensar em seguir a ordem natural das coisas e criar uma graphic novel. Alguns times e mais cinco anos depois Cowboys & Aliens chegou às livrarias em 2006 com a assinatura de Rosenberg, Fred Van Lente e o brasileiro Luciano Lima no traço.

A complicada história de Cowboys & Aliens talvez ajude a entender por que o filme sobreviveu ao distanciamento da graphic novel e às muitas versões do roteiro_ porque ele é em primeiro lugar um conceito, flutuando no espaço da industria de entretenimento como… hum… uma nave alienígena em busca de pouso. Ou encarnação.

E esta encarnação do conceito, escrita por um bando de gente (boa, felizmente: entre outros Damon Lindelof, Roberto Orci, Alex Kurtzman,  Mark Fergus, com créditos que incluem Fringe, Lost, Alias, Homem de Ferro e Filhos da Esperança), funcionou. Caubóis, índios e ETs misturam-se harmonicamente numa trama que diverte e, ao mesmo tempo, faz referência aos cânones do western, adicionando uma pitada de tempero.

Nesta iteração do conceito, o herói (Daniel Craig, cuja semelhança com um Yul Brynner com cabelo não é coincidência) é lacônico como os pistoleiros-ícones de Clint Eastwood;  o anti-herói (Harrison Ford, agregando toda a sua carga pessoal de heróis passados) é um barão do gado que poderia estar num filme de John Ford; a paisagem é o imponente deserto do sudoeste, a porta do bar balança, há uma briga sobre o balcão, um tiroteio na rua principal, e chapéus são muito importantes.

Mas o mais divertido é como os ETs se incorporam a esse universo ,e como o seus signos – as naves, armas, abduções, objetivos – se encaixam no mundo do oeste norte-americano  de meados do século 19, quando ouro e prata substituíam o gado como impulso para a expansão, pequenas cidades nasciam aparentemente do nada e havia um vago esboço de lei e ordem.

E como este é um western escrito em parte pela turma de Lost e Fringe, os índios tem um papel importante – afinal, existem pinturas nas cavernas do Novo México que parecem mostrar seres gigantescos com capacetes. E este deve ser o único filme em que uma viagem xamânica em busca de um animal de poder se incorpora naturalmente a uma narrativa sobre ladrões, xerifes e seres malévolos de outro planeta.

Mais não digo – aí sim seria spoiler. Jon Favreau  (Homem de Ferro 1 e 2) mantem o ritmo animado mas não frenético, os efeitos convencem, o elenco de apoio é sólido, o som é impecável e, felizmente, ninguém tomou a decisão desastrada de enfiar um 3D furreca sobre a linda fotografia de Matthew Libatique.

 

Cowboys & Aliens estréia nesta sexta, dia 29, nos EUA, e dia 9 de setembro no Brasil.

 


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