Além dos top 10, uma dúzia de ótimos filmes da safra 2010
Ana Maria Bahiana
Juntamente com meus top 10 para 2010 havia uma explicação sobre o periodo em consideração – os meus lançamentos de 2010, que acontecem num ritmo diferente, aqui nos EUA – e uma lista de “veja também”, indicando outros bons filmes que, por motivos diversos, não cabiam nos 10 espaços pré- determinados. Aqui vão eles…
Bravura Indômita (True Grit) Os Coens voltam ao Oeste selvagem e ao texto do livro de Charles Portis que inspirou o filme de John Wayne em 1969. O humor é tão nu e cru quanto as paisagens _ e a menina Hailee Steinfeld é uma descoberta.
It’s Kind of a Funny Story Gosto tanto deste filme que sinto até pessoalmente sua ausência nas listas alheias. O casal de diretores Anna Boden/Ryan Fleck (Half Nelson, Sugar) compreende perfeitamente a dor e a delícia da adolescência, tão intensas que, as vezes, parecem loucura.
Preso à parede de um cânyon por um rochedo, um homem medita sobre destino, humanidade, solidão, solidariedade e o verdadeiro significado da coragem.
Blue Valentine Num ano repleto de filmes vagabundos sobre a relação entre mulheres e homens, o extraordinário Derek Cianfrance (documentarista, discípulo de Stan Brakhage) manipula tempo e espaço para dissecar o que nos faz entrar e sair do reino da paixão. Desempenhos maravilhosos de Ryan Gosling e Michelle Williams.
Scott Pilgrim Contra o Mundo (Scott Pilgrim Vs The World) Em gerações anteriores as metáforas para o terror e a maravilha de ter 20 anos foram guerras, viagens de aventura e explorações espaciais. Agora, são videogames – mas o encanto é o mesmo.
O Discurso do Rei (The King’s Speech) Apesar do clima “isca de Oscar” com cheirinho de Miramax nos anos 90, os desempenhos extraordinários de Colin Firth e Geoffrey Rush colocam em outro nível a jornada do rei que não conseguia falar.
Biutiful Alejandro González Iñarritu está sentindo a falta da mão firme do ex-parceiro Guillermo Arriaga no roteiro, mas a performance paranormal de Javier Bardem como um homem tentando fazer a coisa certa mesmo na plena escuridão existencial vale o filme.
Winter’s Bone Mais uma vez, um filme que poderia ser apenas bom se torna extraordinário graças a uma intrepretação fora do comum: a de Jennifer Lawrence como a adolescente que se vê chefe de familia numa isolada comunidade das montanhas Ozark, no interior do interior dos EUA.
Enterrado Vivo (Buried) Um truque hitchcockiano – um personagem, sozinho, numa situação impossível- funciona maravilhosamente neste thriller claustrofóbico.
Não me abandone jamais (Never Let Me Go) O livro de Kazuo Ishiguro sobre o que realmente nos faz humanos inspira esta meditação tristíssima e linda de Mark Romanek.
O Escritor Fantasma (The Ghost Writer) Qual versão da verdade é a verdade? Polanski transforma o (maravilhoso) roteiro de Robert Harris (adaptando seu próprio livro) em algo muito mais pessoal e complicado que um thriller político.
Ilha do Medo (Shutter Island) Um Scorsese em tom menor é melhor que os maiores esforços de muitos de seus colegas.
Veja também: Animal Kingdom, Des Hommes et des Dieux, Cyrus, Flipped, Monsters, O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy) , A Zona Verde (Green Zone), Tiny Furniture, O Jogo do Poder (Fair Game), Let Me In, The Town, Carlos.
E, é claro, Cat Diaries (não estou brincando – pelo menos não inteiramente. Este adorável curta é um trabalho admirável de montagem e música. Sem falar na cinematografia, inteiramente por felinos…)
E que 2011 seja um ano cinematográfico para todos nós!