Blog da Ana Maria Bahiana

Oscar 2011, post-mortem: O que a Unidos da Tijuca pode ensinar à Academia

Ana Maria Bahiana

Uma semana depois dos Oscars 2011, o consenso na industria é: não deu certo. A dupla de apresentadores não funcionou  (muita gente teve ataque de nostalgia quando Billy Crystal pisou no palco), um bocado de coisa não fez sentido ( Kirk Douglas? Javier Bardem e Josh Brolin todos de branquinho? James Franco de Marilyn, super sem graça? A interminável piada com Hugh Jackman?  O coral de crianças no final, de camiseta, com os vencedores empilhados em volta?). A audiência caiu (o terceiro menor índice em 58 anos de Oscar na TV),  e um dos raros momentos espontâneos e divertidos – o beijo e a dancinha entre Bardem e Brolin – ninguém (que não estava no Kodak) viu, porque o diretor de imagem resolveu cortar para Penelope Cruz, na plateia.

E não falamos nem dos prêmios… Mas este é um dos problemas crônicos do Oscar, essa preferencia pelo meio do caminho, uma espécie de disturbio de visão que enaltece o médio e perde a perspectiva da história. Afinal, este foi o prêmio que preferiu John Avildsen a Ingmar Bergman e Rocky,o Lutador a Taxi Driver, no mesmo ano (1977); que premiou  Como Era Verde o Meu Vale em vez de Cidadão Kane em  1942, A Volta ao Mundo em 80 dias em vez de Assim Caminha a Humanidade em 1957, Oliver! em vez de 2001 Uma Odisseia no Espaço em 1969, Gente como a Gente em vez de Touro Indomável em 1981, Crash-No Limite em vez de Brokeback Mountain em 2006…. Devo continuar?

Os problemas de visão da Academia seriam até pitorescos se não fossem agravados pelos outros. Lá nos idos de 1953, quando os acadêmicos faziam suas tradicionais bobagens premiando, por exemplo, O Maior Espetáculo da Terra em vez de Matar ou Morrer, o Oscar era o único prêmio de prestígio na industria (fora de festivais,)  e um dos maiores espetáculos da recem- inventada TV, com uma audiencia em torno de 45 milhões de espectadores. Isso queria dizer que praticamente todas as pessoas que tinham uma TV em casa, nos EUA, estavam assistindo a transmissão (entre 1950 e 1955 haviam 20 milhões de domicilios nos EUA com TV.)  O impacto cultural do evento era maciço em casa e cada vez mais substancial fora de suas fronteiras, onde os Estados Unidos, saindo de seu isolamento do começo do século 20, começava seu domínio cultural do pós-guerra.

E agora, quando existem dúzias de outros prêmios -muitos deles transmitidos em algum formato-  , uma fartura de outros canais de entretenimento e informação além da TV e o Império Americano não é mais o que era?

Como espetáculo, os Oscars são um problemão. Neste momento, estão em crise de identidade, e não sabem se são um grande show de TV (como os Grammys), uma festa (como os Globos que, com toda a sua idiossincrasia, ainda fazem escolhas melhores…) ou uma celebração da excelência profissional (como os prêmios das guildas).

Mas este é só parte do problema _ a pior parte é a possibilidade de perder o significado histórico. Para notar que filmes entraram para o imaginário coletivo do mundo, é mais fácil hoje, por exemplo, olhar para o desfile da Unidos da Tijuca do que para a lista de ganhadores do Oscar.

O cinema que fica é o cinema que lava, e leva, a nossa alma.

Eu, se fosse a Academia, me preocuparia com isso, acima de tudo.

  1. Rafael Wuthrich

    25/03/2011 17:31:35

    Aí, não! Dança com Lobos é muito bom!

  2. Rafael Wuthrich

    25/03/2011 17:24:58

    Esqueceu de "O Cavaleiro das Trevas", o melhor filme de 2009.

  3. Filipe Anderson

    21/03/2011 01:30:05

    Esqueceste de dizer Chicago ao invés de O Pianista em 2003!

  4. Vagner

    14/03/2011 22:31:46

    "Dança com Lobos" ao invés de "Os Bons Companheiros"... Ana, porque será q filmes como "Golden Compass" e "Eragon" não tiveram sequência?

  5. Carlos Husky

    14/03/2011 16:42:31

    "...um dos problemas crônicos do Oscar, essa preferencia pelo meio do caminho..."Isso diz tudo. Conservadorismo numa indústria que deveria primar pela vanguarda, mesmo quando a inovação vende, como Avatar.

  6. Stanis

    14/03/2011 15:13:00

    Lendo o texto, ficou parecendo que a autora achou a vitória de O DISCURSO DO REI uma injustiça. Tudo bem que o ano de 2010 foi muito fraco em produções, mas A REDE SOCIAL está muito aquém de qualquer honraria.

  7. Cezar

    14/03/2011 07:26:04

    Acima de tudo o que é mais irritante,mal da TV aberta,quando quem está vendo percebe que tudo é minimamente cronometrado e cada segundo ultrapassado se torna um crime absurdo,apresentador entra correndo no palco,o roteiro é alterado,coisas são cortadas,música pela metade.Como nas escolas de samba,a falta de harmonia.E James Franco apático -desconfiei por uma entrevista dos bastidores, que estivesse chapado.Quanto a Discurso do Rei,acho que é o meio termo mesmo.Não tinha saída,um era pop o outro era cult.Muita gente disse que talvez o critério seja exatamente o viés de 'esquecível' que o filme tenha,em contrapartida aos que o público elegeu.

  8. Valdemagno Silva Torres

    14/03/2011 00:52:26

    Elizabeth e Cate Blanchett deveriam ficar com os prêmios. Assim como Central do Brasil, que acho muito mais filme que A Vida é Bela

  9. Carlos Oití Berbert

    13/03/2011 19:12:29

    Ana Maria, Seu texto sobre o Oscar está ótimo, sobretudo quando você lembra das "injustiças" do passado cometidas pela Academia. Até hoje não consigo engolir a insossa da Gwynee Paltrow e nunca entendi porque "O Maior Espetáculo da Terra " e "A Volta ao Mundo em 80 Dias" foram premiados. Nesta ano não consegui continuar assistindo depois de ver a situação ridícula em que foi colocado o Kirk Douglas (um grande ator, por sinal) logo no início da cerimônia. Penso que a "festa" do Oscar, na verdade se tornou um "Circo". E bem chato, por sinal.

  10. Carlos Oití Berbert

    13/03/2011 18:50:01

    Olá, João, Também fiquei muito feliz emver, no ano passado (acho) a novidade da festa do Oscar, quando trouxeram, para a categoria de atreizes e atores, aqueles premiados no passado. Sophia Loren estava gloriosa em seus 80 anos. Deveriam voltar com isso. Não assisti à festa deste ano, mas pelo visto foi bem chata.

  11. João César

    13/03/2011 14:22:41

    Parece que estão com problemas de identidade, querem inovar mas caem na mesmice. O que eles precisam entender é que as pessoas gostam de ver como os filmes são feitos, antes nós víamos eles explicando como foram feitos os efeitos especiais dos filmes, a técnica utilizada, assim como para figurino que mostravam as inspirações. Hoje querem simplificar ao máximo isto. O ano de 2009 fez bem este trabalho e foi um dos melhores shows que fizeram. Quanto ao resultado, o que dizer? A inovação não tem espaço na Academia? Achei "O Discurso do Rei" muito parecido com telefilmes feitos há 10 anos atrás. É claro que as atuações são ótimas e mereciam o total reconhecimento, quanto ao filme em si não achei que era pra tanto. Mas esperar o quê, de um grupo que escolheu "Crash" no lugar de "Brokeback Mountain" (fato sempre lembrado neste blog), Roberto Benigni no lugar de Nick Nolte, e por aí vai como disse a Ana.

  12. Fabinho Flapp

    13/03/2011 01:28:46

    JM, terça tem cabine de "Never Let Me Go" na Lilliam, mas tenho prova no curso. Se for só a prova, vou voando pra lá. Tenho certeza desde já qeu o filme é mais um dos grandes injustiçados desse ano.Nunca vi esse filme, mas não tenho dúvidas d etudo que Andy pode fazer.Em "Lions for Lambs" ele já mostrava algo...Terça vou na Cecilia ver Portam e o Sr. Moore.JM, tá no Facebook? Se não, cria logo um...

  13. Roger

    12/03/2011 13:05:15

    O fato é que existem filmes que precisam do Oscar para se justificarem enquanto obras de importância, enquanto outros filmes não precisam dos carequinhas dourados para serem louvados como grandes filmes de seu tempo. Vide o embate esse ano entre Discurso do Rei e A Rede Social.

  14. luiz paulo

    12/03/2011 10:50:10

    infelizmente Academia não muda em algumas questões mais ainda e tempo veja o caso da premiação do Trent Renzor se não me engano o Johnny marr também faturou um.

  15. Trin

    12/03/2011 05:28:29

    Chaplin também. Só Oscar honorário, já velhinho, quase no fim da vida. Um dos maiores gênios que as artes já produziram...

  16. Luciano

    12/03/2011 00:06:45

    É, no carnaval também venceu O discurso do "Rei". Pena mesmo. Parece que cada vez mais a opinião pública se distancia das ditas academias, sejam de samba ou cinema, ou qualquer outra arte.

  17. Joao Marcelo F. de Mattos

    11/03/2011 22:48:47

    Ha, ha, ha, Flapp meu camarada vou voltar a frequentar as "prévias" (não podia por motivo de trabalho) e aí te esclareço ao vivo sobre "Rede Social". Vai vendo "Piratas do Vale Sicílio" para o aquecimento.Vc que gosta do Andrew Garfield (o trailer do "Não Me Abandone Jamais" é bem interessante), TEM que ver - se já não viu - o primeiro telefilme da trilogia inglesa "Red Riding", que a Ana já comentou aqui. Vira primeiro semestre de 2010 e revi ontem. Foi lançado como "Em Busca de um Assassino". A atuação do AG é sensacional. Desde que a vi tenho certeza que ele pode fazer qualquer coisa bem.

  18. Ana Maria Bahiana

    11/03/2011 21:04:18

    Esse assunto merece um livro.... quando eu me aposentar eu escrevo...

  19. Fernando

    11/03/2011 19:54:03

    E Hitchcock que só ganhou um oscar honorário??As injustiças da Academia são muitas, infelizmente.

  20. Anderson Pedron Moreira

    11/03/2011 03:54:55

    Lendo o livro que você traduziu."Como a geração sexo, drogas e Rock'`n`roll salvou Hollywood."Legal. Tem algum post do blog que você falou sobre ele?

  21. Augusto Fernandes Sales

    10/03/2011 23:50:20

    Moça, fiz um texto sobre o assunto (essa questão de nem sempre vencer o melhor) no meu blog. Comparei o gosto do público e a preferência da Academia.Segue o link:http://gatosmucky.blogspot.com/2011/02/contagem-regressiva-para-o-oscar-o.htmlAbraços

  22. Henrique

    10/03/2011 20:34:47

    Consegui uma fita em VHS com os melhores momentos do Oscar entre 1965 e 1985, com legendas em português. Confesso que me deu muita saudade deste tempo, desfilavam pela tela nomes como o grande James Stewart, e mais Marlon Brando, Cary Grant, Elisabeth Taylor, Katherine Hepburn, Bete Davis, Orson Welles, Chaplin, Redford, Newmann, Heston, Lancaster e tantos outros. Os apresentadores eram muito bons, e os Oscar's estavam no auge. Hoje o espetaculo beira ao ridiculo, embora ainda se faça cinema de altíssima qualidade, mas são tempos que não voltam mais.

  23. Regis

    10/03/2011 19:36:38

    Ana,concordo discordando. Cidadão Kane, por exemplo, só ganhou notoriedade muito depois de feito. Se hoje é um filme histórico, é porque a história tratou de transformá-lo assim e não a academia. Aliás, a cada ano fica mais patente o fato dela só premiar quem faz parte de "seu grupo", ou você acha que o chato Shakespeare Apaixonado e a sem sal da Gwyneth Paltrow mereciam 7 oscars?

  24. Samir

    10/03/2011 19:14:26

    Ana, você não concorda que Anne H, se saiu bem como apresentadora?

  25. Joao Marcelo F. de Mattos

    10/03/2011 18:38:40

    Ana, tenho uma sugestão de post: a questão sobre os "embargos" com que os jornalistas que cobrem Hollywood tem de lidar, e os que ocorrem dentro da própria indústria. Como isso se reflete na delicada teia de construção da imagem e de difusão da mesma, de um filme como obra artística e produto.Exemplo mais recente é a parada que rolou em relação ao "Tree of Life", aquele negócio da entrevista com um dos supervisores de efeitos especiais do filme ter sido apagada do site onde estava (felizmente, li antes disto), e a divulgação de que o sujeito tomou uma baita reprimenda do estúdio, pois tem um embargo interno sobre a obra. Sua visão de dentro deve esclarecer algumas curiosidades sobre este fenômeno.

  26. Fabinho Flapp

    10/03/2011 03:16:17

    Estou trabalhando e estudando muito e andei de cama por causa das aberações do dia 27, então não tinha vindo aqui ainda...Só para constar:JM bebeu pra falar assim de The Social Network aqui e na minha frente, deve estra sob o efeito do Momo. Como é legal, vou perdoar... :)Trin Blanchett, vc é o meu orgulho... Quaro tomar um café contigo no Cafeína...Ana, teu texto soberbo disse tudo, não por acaso é minha Mestra Mor. Endosso cada caracter, letra, palavra, exceto por "Gente Como a Gente", que amo como poucos nesse mundo...

  27. João Oliveira

    10/03/2011 00:06:21

    kkkk. Os framboesas adoram ela né? Olha q a Ana vota lá tb hein?? Diz aí Ana, qtas vezes vc votou na Madonna?! rsrs.Lilian, parece q estreará no festival de Veneza.

  28. octavio drummond

    10/03/2011 00:00:37

    Ola Ana. Este foi talvez o ano com a safra mais fraca de filmes concorrendo a estatueta.Tirando a inovação de A Origem, só sobrou sensibilidade em Toy Story 3, o único a transmitir emoção.Na realidade todos os outros oito filmes não são ruins, tem momentos belos, bons diálogos....mas as últimas premiações revelam que algo está realmente mudando no gosto da Academia : O discurso do rei, Guerra ao terror, Quem quer ser um milionário e tantos outros mostram claramente um declínio de criatividade.Finalmente gostaria de um comentário seu sobre as indicações "oficiais" dos nossos filmes ao Oscar. Do jeito que a coisa vai, ano que vem vamos de Bruna Surfistinha.Ridiculo, não?Abraço, Octavio do carnaval chuvoso do Rio

  29. Luiz

    09/03/2011 23:06:24

    Ressalva: Roberto Carlos ganhou para a Beija-Flor. A Mangueira não teve a mesma sorte, mesmo ao homenagear um artista bem superior (Tom Jobim). O Carnaval também comete suas injustiças.

  30. Luiz

    09/03/2011 23:04:51

    Não acho que "O Discurso do Rei" seja culpado pelo fracasso da cerimônia do Oscar. Os ingleses nunca foram muito festeiros mesmo; e é de se ressaltar que seus temas não variam com as tecnologias vigentes em Hollywood (Avatar, Inception, etc). Ao contrário dos americanos, os ingleses gostam de rever sua história que pode se sair bem no cinema ou não, mas sempre com filmes corretos. Sei que você gostou muito de Inception, mas... efeitos especiais e música em excesso garantem bom cinema? Não sei. Prefiro bons atores, um bom roteiro e uma direção segura. PS: Já viram o BAFTA? Booring! O Oscar é uma festa apenas. Não é premiação que deve ser levada a sério. Eu vejo porque gosto de cinema.

  31. Luiz

    09/03/2011 22:36:40

    Ai, ai, ai... Já estou prevendo as Framboesas do ano que vem! Será que ela consegue? Só vendo para acreditar!

  32. Fernando Serrano

    09/03/2011 21:51:54

    e a unidos da tijuca acabou perdendo para a beija flor. Seria esse um " erro" tão grave quanto é para a senhora a derrota do filme doss cowboys gays para Crash?Acho besteira ficar discutindo se filme A mereceu ganhar no lugar de filme B. Estamos faland ode um prêmio que nunca foi nem nunca vai ser sinônimo de justiça . Quer justiça? Analise os sem graça(ams justos) prêmios dos sindicatos dos diretores, dos atores, dos diretores de arte...Quando falamos de oscar, falamos de festa, de marketing, de shows que nos remetem(ou remetiam, já que até isso tiraram..) à Broadway, aos filmes dos anos50,60. É uma festa, uma celebração da indústria cinematográfica de Hollywood. E só issoSe a audiência foi baixa? Lógico que foi. Colocaram uma dupla sem sintonia nenhuma para apresentar, um james franco totalmente deslocado, e faltou a presença de astros(jolie, di caprio, brad pit...). Mas ,acima de tudo, faltou show! Faltou o exageiro costumeiro e irresistível das festas do oscar, as grandes apresentações, os números musicais. Faltou o humor de steve martin, billy crystal.

  33. Lázaro Lima

    09/03/2011 18:17:55

    Nossa gostei muito do que você está dizendo na matéria. Também gostaria de comentar que as premiações de melhor ator, sempre estão premiando personagens históricos ou melhor dizendo reais, o que fizeram das interpretações originais como a Heath Ledger em Brokeback Montain, por exemplo. Parece a Guerra dos Clones, como disse uma vez o Rubens Evald Filho. Seria ótimo ver atores e atrizes premiados pela capacidade e maestria em construir e reconstruir magnificos personagens ficticios, como, novamente, o renovado "Coringa" de Heath Ledger, ou maravilhoso "Chapeleiro Maluco" de Johnny Deep.Lázaro Lima, São Paulo

  34. Lilian Lima

    09/03/2011 18:13:27

    Hum, estou super curiosa pra ver! Quando vai ser a estréia, vc sabe?

  35. Vitor

    09/03/2011 16:33:53

    Concordo com cada vírgula, só não concordo com Gente Como a Gente, que acho brilhante, sublime. Seria legal se você justificasse sua opinião sobre o filme.Abraço!

  36. jennifer

    09/03/2011 15:39:24

    Ana, que texto perfeito! Concordo plenamente, faz anos que não vemos um Oscar digno de mobilizar as pessoas, envolver! E realmente a cerimônia esse ano foi bem sem graça, além de injusta em "alguns casos" nos próprios premiados, nada imprevisívies, e chatas. Espero que o próximo seja mais interessante!!!

  37. Joao Marcelo F. de Mattos

    09/03/2011 15:09:19

    - Esqueci. Cumprimento os oráculos do Oscar deste ano*, com toda a ênfase no Cirne. A Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, é uma das coisas mais bacanas, ecléticas, democráticas (os preços são bem baratos, os livros mais caros custam entre 50 e 80 reais, e são os grandes, os mais elaborados; a maioria absoluta é composta de livros de bolso que custam 10, 15 reais) e vitais da cultura brasileira em muito tempo. Cada estado do Brasil deveria ter uma iniciativa similar. Tenho uns 25, 30 livros. Minhas últimas aquisições foram os volumes sobre Ozualdo Candeias e Rubens Côrrea. Tomara que a Aplauso dure muito tempo.- A apresentação da Unidos da Tijuca foi super confusa no conceito, com enredo sobre medo no cinema trazendo a inserção-forçação de barra de um monte de filmes. Se ainda fosse sobre cinema de modo geral como foi o enredo do Salgueiro...* Nunca fui tão mal num bolão do Oscar (20 participações). Somente 11 acertos em 24 categorias, e olha que das mais badaladas (Filme, Direção, as quatro de intérpretes, roteiros), cravei certo seis, errando Direção e Roteiro Original. As técnicas, mas sobretudo as cinco deanimações/curtas/documentários me derrubaram.

  38. Joao Marcelo F. de Mattos

    09/03/2011 15:08:44

    Enfim, li e ouvi toneladas de argumento a favor de “Rede” desde que a crítica dos EUA canonizou o filme como obra-prima (dando-lhe dezenas de prêmios como melhor do ano), passando por muitas conversas e trocas de idéias com amigos. Respeito quem admira, mas a mim não convence nada.500 milhões de pessoas usam o Facebook? Bilhões usam as invenções de Steve Jobs e Bill Gates. E o telefilme “Os Piratas do Vale do Silício” (99, sobre ambos) é tudo que “Rede Social” poderia ter sido e não foi.A ironia em torno destas reclamações contra a vitória de “Discurso” é que a bilheteria mundial do filme é quase cem milhões de dólares maior que a de “Rede Social” (e não é por causa do Oscar, de dez dias para cá), que custou mais do que o dobro. Claro que popularidade não é argumento definitivo para uma premiação - nem contra ou a favor -, mas este é um dado curioso, até por ser esta arrecadação muito mais natural que a de certos filmes de centenas de milhões de orçamento com campanha publicitária de dezenas de milhões, que estreiam bem e depois despencam.

  39. Joao Marcelo F. de Mattos

    09/03/2011 15:08:05

    Um roteiro sapeca do Aaron Sorkin, cheio de tiradas e jogos de linguagem (até demais, tentando passar por sapiência), com imagens preguiçosas na direção de Fincher, que "cobrem" o texto de maneira indolente. E ambos não iluminam a importância do Facebook a contento. A própria estrutura de dramaturgia é falha nisso desde a base. A temporalidade nos traz Zuckerman e demais criando o Facebook, e depois lutando pelos dividendos em torno da idéia; não tem o meio, a parte difícil do processo. Não há risco, erro, hesitação, tudo parece predestinado, as coisas são porque são. Afinal por quais razões, práticas (a tecnologia, a interface, a estrutura), e simbólicas (faz sucesso em culturas e faixas sociais as mais diferentes) o Facebook se estabeleceu como a rede social mais famosa do mundo, disparado? O filme traz uma hipótese (na boca de Zuckerman), bem molenga: a nossa rede não cai nunca ao contrários das outras. Fora que a psicologia de almanaque da relação com a namorada em especial na cena final, beira o atroz na obviedade de “recado” sobre a suposta solidão de grandes empreendores. (continua)

  40. Joao Marcelo F. de Mattos

    09/03/2011 15:07:22

    - Meus filmes prediletos na corrida para Melhor Filme do Oscar deste ano eram, disparados, "Inverno da Alma", "Toy Story 3" (acho que aplaudiria de pé se ganhasse) e "Cisne Negro" (gosto muito do Christopher Nolan, só que “A Origem” me decepcionou em algumas coisas), mas na polarização criada entre "Discurso do Rei" e "Rede Social" sou mais o primeiro sem piscar. Cheio de subtextos e detalhes de encenação e significado que nada tem a ver com as fácis restrições (academicista, filme BBC, etc) que procuraram lhe atribuir. O Tom Hooper tem uma filmografia curta e sólida, com, por exemplo, um dos melhores filmes esportivos em muitos anos ("Maldito Futebol Clube") e uma aula de importância sobre a importância da responsabilidade moral do indivíduo na dignidade da atividade política com a minissérie "John Adams" – “Discurso” também oferece isso. Quanto ao filme-Facebook, já acho desde sempre o David Fincher (gosto de algumas coisa dele, claro) muito superestimado, e não foi desta vez que mudei de idéia - o que devo dizer, acontece. (continua)

  41. Tisf

    09/03/2011 13:44:10

    Acho que talvez as escolhas estejam aquém de culpar apenas a academia. Digo isso porque a Academia respalda em muitas vezes as escolhas dos sindicatos e estes sim, às vezes fazem escolhas estranhas, do meu ponto de vista.O exemplo que você deu, do John Avildsen, antes dele ganhar o Oscar ele ganhou o Sindicato dos Diretores. Antes do Hooper ganhar do Fincher o Oscar de Direção, o próprio sindicato deu pro Hooper. Ou seja, os próprios pares acharam que o Fincher não merecia ganhar do Hooper esse ano, o que torna a coisa mais bizarra ainda.

  42. Sandra

    09/03/2011 13:29:22

    Ana , talvez todas essas marmeladas que aconteçem nas premiações como você lembrou muito bem lembrada alias, com todos os ditadores caindo no mundo , a academia vai ter que repessar nesses prêmios , não dá mais para esperar ver um filme bom perder para outro que pretende ser bom. rsrsrs Bjs

  43. Farlley Rodrigues

    09/03/2011 13:28:11

    Assisto a estrega do Oscar desde 1981, e esse ano pela primeira vez fui dormir antes de acabar. Além de já saber quem iria ganhar (o prêmio virou pró-forma?), tudo foi muito, muito chato.Ana, perguntei em outro post mas acho q vc não viu: a Fernanda Montenegro, por ter sido indicada, tem direito a voto na academia?

  44. Fábio

    09/03/2011 13:08:30

    Ana acabo de ler suas palavras e ainda estou arrepiado! O cinema alem de minha paixão é meu refugio,a muito acompanho o oscar e tenho essa festa com um especial momento, confesso que ja fiz muita vista grossa pra os absurdos que a academia ja havia cometido mas o ano passado foi o fim! este ano torci pra que " cisne negro " levasse, mas ja sabia que seria impossivel ainda assim acreditava que não serião tão ipocritas a ponto de premiar o Discurso do Rei. Eis a surpresa.

  45. Vitor Almeida

    09/03/2011 11:05:22

    Ana, amei esse texto. Você deveria virá conselheira do oscar.Além dos filmes, cada vez mais acho absurdo os ganhadores de melhor ator e atriz.Tanta injustiça já foi feita. Eu acho que os prêmios deveriam ser dados por atuação e não por reconhecimento de carreira, como vem sendo feito. Esta categoria parece que só vem sendo justa para os coadjuvantes. Isto sem falar nos grandes diretores, Martin Scorcese, por exemplo, só ser reconhecido pelos Infiltrados, como você diz, vamos parar por aí. Em relação ao espetáculo, a festa em si, eles precisam de grandes ajustes, digo reforma e não remendo. Até mais.

  46. Max

    09/03/2011 10:06:36

    Ana, concordo que a festa deste ano foi decepcionante, a começar por não indicar o Nolan para melhor diretor e a Montagem de Inseption (A Origem), que para mim, foi o melhor filme do ano. Menos mau que levou alguns prêmios técnicos. Acredito que a festa do Oscar está realmente enfrentando uma crise de identidade, que não deverá ser resolvida tão cedo, devido a todos os interesses envolvidos. Nós que amamos o cinema e tudo o que ele representa, aguardamos sempre com ansiedade Cannes, Berlin, Veneza, Sandence e até o Globo de Ouro, no caso dos Oscar's, é sempre uma oportunidade para criticar a falta de visão da academia, tão bem exemplificada por você. Espero que um dia essa história se modifique, por que este ainda é o prêmio mais popular do cinema e seria fantástico ver filmes que marcaram gerações sendo premiados com um OSCAR.Um grande abraço de todos aqui de Belém do Pará para você, somos seus fãs.

  47. Trin

    09/03/2011 09:50:36

    "...John Avildsen a Ingmar Bergman e Rocky,o Lutador a Taxi Driver, no mesmo ano (1977); que premiou Como Era Verde o Meu Vale em vez de Cidadão Kane em 1942, A Volta ao Mundo em 80 dias em vez de Assim Caminha a Humanidade em 1957, Oliver! em vez de 2001 Uma Odisseia no Espaço em 1969, Gente como a Gente em vez de Touro Indomável em 1981, Crash-No Limite em vez de Brokeback Mountain em 2006…. Devo continuar?" Deve. Shakespeare Apaixonado em vez de O resgate do soldado Ryan, Guerra ao Terror em vez de Avatar, Quero ser milionário em vez de Benjamin Button, Gran Torino, nem Indicado......Gwynelt Paltrow ao invés de Cate Blanchett, Tllda Swinton ao invés de Cate Blanchett, Reese Whiterspoon ao invés de Felicity Huffman. Nunca premiar Julianne Moore. Nunca premiar Kubrick...

  48. Simone

    09/03/2011 09:44:15

    Eu gostaria de pegar o gancho da pergunta do Wesley:Wesley disse:Março 8, 2011 às 9:55 pmOlá Ana, será que você pode me explicar o favoritismo de “O Discurso do Rei” para o Oscar desse ano? O q esse filme tinha demais que levantasse toda essa onda que o fez ganhar o Oscar?Abs!Também quero saber o porque desse favoritismo, o filme é bom mas ser essa maravilha para ganhar ou ser indicado para tantas categorias também não entendi bem.

  49. Trin

    09/03/2011 09:40:07

    Quandi vi os naavi reunidos em Avatar pensei logo na alegoria humana do Paulo Barros. rsrsrsrs. Amei a Unidos da Tijuca com sua comissão de frente ao estilo Tim Burton e Indiana Jones com todos os seus artefatos, as caveiras de cristal, a arca, a bola gigante...

  50. Cristiane Martins

    09/03/2011 00:15:18

    Ana , como sempre o seu texto é brilhante, infelizmente o que estamos vendo é sim uma falta de credibilidade que o Oscar está começando à passar, você mesmo disse que na industria a premiação foi muito comentada.Acho que o problema não foi apenas um filme como o Discurso do Rei ganhar, mas ver quem era os seus concorrentes, e a qualidade que cada um tinha para levar o premio máximo, claro que devido aos premios que Rede Social vinham ganhando, muita gente estava apostando(inclusive, eu), que ele fosse o vencedor.Já que Rede Social, é um filme contemporâneo, que retrata a geração atual dentro da sociedade moderna, o meu filme preferido sempre foi a Origem, mas acho que se ganhasse Rede, seria muito bom.O problema desse ano, foi que faltou carisma e entrosamento entre os apresentadores, revendo o premio, percebe que tudo ali soa falso e ultrapassado,um desastre, a Academia precisa entender que não estamos mais na década de 50, acho que ela deveria criar uma nova categoria, Melhor Blockbaster, afinal são eles que sustentam os estúdio, os atores que ficam ricos, e dão aos produtores o triplo de seus investimentos.Basta lembrar da sua entrevista com Darren Aronofsky, que disse que praticamente precisou "esmolar", para fazer Black Sawn, e agora com Wolverine tem uma caminhão de dinheiro.Infelizmente nós cinéfilos, que ficamos esperando uma premiação como Oscar para ver, nossos astros serem premiados, vamos ficando cada vez mais, decepcionados, a gota d'água para mim, foi Chris Nolan perder o Oscar de Roteiro Original para Discurso, e David Fincher (Seven,Clube da Luta, Benjamin Button) perder para Tom Hooper(John Adams), cheguei a conclusão que nunca vou ver os diretores mais criativos da atualidade com Oscar na mão!!!!

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