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Arquivo : Peter O’Toole

Aposentadoria é uma boa opção para atores?
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Ana Maria Bahiana

Peter O’Toole em Lawrence da Arábia, 1962

Peter O’Toole escolheu um momento interessante para se aposentar. Lawrence da Arábia, de David Lean, o filme que o tornou conhecido mundialmente, completa 50 anos e está sendo homenageado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, como peça central de seu sensacional ciclo de exibições em 70 mm. Na cultura pop, sua interpretação do controvertido T. E. Lawrence, o oficial do exército britânico que se tornou líder da tribos beduínas durante a Primeira Grande Guerra, é parte essencial de Prometheus, de Ridley Scott. E durante o fim de semana dois  de seus companheiros de geração, Michael Caine, 79 anos, e Morgan Freeman, 75 anos, debateram comigo o dilema da aposentadoria na trajetória do ator.

“Eu tentei me aposentar uma vez”, Caine confessou. “Eu achava que nunca mais seria protagonista. Tinha acabado de receber um roteiro em que estavam me pedindo para ler o papel do pai, e não do namorado. Achava que era o fim. E aí… aí meu amigo Jack Nicholson me mandou o roteiro de um filme chamado Sangue e Vinho, onde, ele dizia, tinha um papel perfeito para mim…. Aí eu desisti de me aposentar…”

Quando Christopher Nolan perguntou a ele, em 2004, se ele gostaria de ser “o mordomo do Batman”, Caine já tinha quase uma década de não-aposentadoria, um Oscar (coadjuvante em Regras da Vida) e uma indicação por um papel principal, O Americano Tranquilo. “E agora acabei de filmar um projeto (Mr Morgan’s Last Love, de Sandra Nettleback) onde o protagonista foi escrito para mim”, ele diz, rindo. “Imagine! Aos 79 anos! Eu teria perdido essa oportunidade se tivesse insistido na aposentadoria…”

Morgan Freeman, seu companheiro de elenco na trilogia Batman de Nolan, diz que nunca sequer pensou em se aposentar. “Sabe o que vem depois da aposentadoria? A morte”, ele diz, rindo. “Sei que não podemos lutar contra ela, mas posso pelo menos adiar o inevitável ao máximo. Atuar é a minha vida. Não imagino minha vida sem o trabalho de ator.”

São decisões extremamente pessoais, é claro. O corpo e a vida do ator são as matérias primas de seu trabalho e O’Toole disse que ele não mais tinha “a disposição para continuar”.  Uma coisa é certa: ele vai fazer muita falta…


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