Blog da Ana Maria Bahiana

Tá chovendo zumbi: quarta temporada de The Walking Dead promete

Ana Maria Bahiana

Enquanto escrevo este post o grande debate da cidade é se a “linha invisível” que separa a TV por assinatura da TV paga foi ou não rompida com o mega sucesso do episódio de estreia de The Walking Dead, ontem: mais de 16 milhões de espectadores, sem contar os estimados 500 mil que baixaram o episódio informalmente pelo mundo afora.

A questão é a seguinte: ficou estabelecido que a TV por assinatura tem mais liberdade, mais qualidade, mais ousadia e, em tese, atinge um público mais reduzido e , por definição, segmentado.; a TV aberta não tem direito a nenhuma dessas regalias, mas atende uma massa de público muitas vezes maior.

Só que os zumbis da AMC acabam de quebrar esse conceito: 16 milhões é audiência de um NCIS, CSI da vida. Os cálculos ainda estão sendo feitos, mas parece que ontem o programa de maior audiência na TV norte americana foi mesmo The Walking Dead. Não da TV por assinatura, vejam bem: da TV.

Não é pouca coisa, principalmente considerando os percalços no caminho, com trocas sucessivas de showrunners (e, por consequencia, de pontos de vista…) e aquilo que muitos analistas consideravam um obstáculo irremovível para alcançar o grande público em casa: violência e sangueira.

Mudou a TV ou mudou o público? Ou ambos?

Com essa dúvida na cabeça, acrescento – Vi os dos primeiros episódios desta quarta temporada e ainda não sei se sei para que lado o novo showrunner, Scott M. Gimple vai levar a narrativa e a atmosfera da série.  Há uma desaceleração clara – “30 Days Without An Accident” se permite o luxo de explorar a bizarra paz da prisão, quase bucólica com suas hortas, refeitórios comunitários e horas de lazer para crianças (lembrem-se que a população aumentou consideravelmente com a chegada dos refugiados da terra do Governor…)… e com a mesma calma nos lembrar que esse condomínio campestre tem altas cercas de arame farpado cercadas por todos os lados por zumbis furiosos…

É um ritmo interrompido apenas quando é preciso com o habitual combate humanos/walkers (eu chamaria a do episódio de abertura de “Chuva de Zumbi”… com os devidos parabéns a Greg Nicotero – que dirige o episódio -e sua equipe, que está cada vez mais arrasando com os prostéticos..) e com uma trama secundária que vem vindo para o primeiro plano com grande força, trazendo novos obstáculos e novos zumbis (se eu entrar em mais detalhe será SPOILER…).

 

Mas de tudo o que vi nos dois episódios o que mais me impressionou foi esta cena aqui em cima – o encontro de Rick com uma sobrevivente, na mata em torno da prisão. Ali está Walking Dead no que tem de melhor – prendendo a atenção pelo suspense emocional, nos envolvendo em algo ao mesmo tempo terrível e misterioso, do tipo que não suportamos ver mas não resistimos não olhar. Palmas para a irlandesa Kerry Condon, irreconhecível como a mulher faminta que vagueia pelo mato, a verdadeira morta que caminha – como Rick, que perambula pela vida como um sonâmbulo nos braços da morte.