O que muda na Warner com a saída de Jeff Robinov?
Ana Maria Bahiana
E , para surpresa de absolutamente ninguém, Jeff Robinov deixou o cargo de presidente da Warner. Não, O Homem de Aço não teve nada a ver com isso, embora haja uma trama paralela que tem uma ligação com Krypton (continuem lendo). Na verdade, se vocês viram o episódio final da sexta temporada de Mad Men, que foi ao ar ontem aqui nos Estados Unidos, a saída de Robinov tem um bocado a ver com a antepenúltima cena… Mas não falo mais sobre isso para evitar spoilers.
Para por em contexto a saída de Robinov do estúdio líder, é importante saber algumas coisas:
- É uma mudança importante, mas não tão importante quanto era, digamos, em meados do século passado. A autoridade de um presidente de estúdio, hoje, é considerável, mas limitada pela estrutura corporativa à qual ele pertence. Um estúdio há tempos não é mais uma unidade autônoma, com decisões tomadas por poucos- é parte de um grande complexo, com decisões tomadas por muita gente, e contas a prestar, também.
- Quando, dois anos atrás, o então co-chairman e CEO da Warner, Alan Horn– que dividia a liderança da divisão de entretenimento do conglomerado com, Barry Meyer, e, de fato, que geria o dia a dia do estúdio – saiu do estúdio e Meyer anunciou que se aposentaria ao final do seu contrato, em 2013, começou uma briga interna feroz, digna de um filme de super-heróis. Três executivos – Bruce Ronsemblum, presidente da Warner TV, Jeff Robinov, o ex-agente que chefe do estúdio, e Kevin Tsujihara, líder da divisão de home entertainment e novas mídias – passaram os próximos 24 meses batalhando pelo cargo.
Em janeiro, Tsujihara venceu a disputa.
Rosenblum foi embora para a Legendary, a produtora que vem co-financiando e co-produzindo praticamente todos os arrasa-quarteirão do estúdio (inclusive Homem de Aço). Três semanas depois de Rosenblum aderir à Legendary, a produtora anunciou sua intenção de não mais parceirar com a Warner, em grande parte para manter maior controle sobre o conteúdo, o custo e o retorno de seus projetos.
Robinov ficou. Batendo de frente com Tsujihara praticamente todos os dias. Não era ainda uma situação Kal-El/ Zod, mas estava bem perto de uma relação Thor/Loki. Que papel cada um tem, vocês escolhem.
De todo modo, Tsujihara saiu vitorioso mais uma vez. O que vai mudar no estúdio?
- O potencial de um projeto em todas as plataformas, não apenas os cinemas, vai passar a ser mais importante. O grande diferencial de Tsujihara, que lhe valeu a ascensão ao cargo de CEO, é sua formação em home entertainment e novas plataformas. Agora seu caminho está aberto para realizar essa visão.
- O poder está mais concentrado. A Warner não anunciou um substituto para Robinov. Em vez disso, três executivos – um de marketing,dois de produção – ganharam novos títulos e passaram a se reportar diretamente a Tsujihara.
- A segmentação de repente é possível. Robinov acreditava apenas no arrasa quarteirão, e sua primeira medida como presidente da Warner foi acabar com a Warner Independent, deixando Quem Quer Ser um Milionário à deriva (para sorte da Fox Searchlight…). Tsujihara compreende o poder de consumo de mídias que não dependem de um único fim de semana para dar retorno. E agora, se quiser, tem a possibilidade de abrir o leque de projetos – até porque um dos promovidos é Toby Emmerich, que vem do único selo de médio orçamento da Warner, a New Line.
E Robinov? Já mandou dizer que não vai querer virar produtor independente, como muitos executivos que caem do alto. Prefere outro emprego na mesma categoria, ou seja, chefe de estúdio. Que não tem exatamente um monte de vagas sobrando.