Blog da Ana Maria Bahiana

A batalha pelas estatuetas de metal, parte II: fantasia, cantoria e Tarantino

Ana Maria Bahiana

E saga da Batalha pelas  Estatuetas continua…. Este ano os votantes vão se ver diante de muitos elementos fantásticos: além de O Cavaleiro das Trevas Ressurge – que, me contaram, vai mesmo fazer uma investida firme “para sua consideração” na temporada de prêmios – teremos O Hobbit-Uma Jornada Inesperada, de Peter Jackson, e As Aventuras de Pi, de Ang Lee.

São, obviamente, criaturas completamente diferentes. Com toda seriedade que Nolan imprimiu à sua trilogia, Cavaleiro das Trevas Ressurge ainda é um filme de super herói, para o qual muita gente entre os votantes torce o nariz. Neste momento, ainda vejo Ressurge como um fortíssimo candidato em todas as categorias técnicas. O que vai acontecer além disso vai depender muito da estratégia e perseverança da Warner.

A primeira exibição de cenas de O Hobbit, na CinemaExpo de Las Vegas, quatro meses atrás, não foi exatamente bem recebida. Uma das descrições menos agressivas que ouvi dizia que as imagens em ultra-alta-resolução pareciam “de cenas de uma novela muito ordinária” e que “tiravam o aura de mistério do cinema”. Pode-se argumentar que a plateia da CinemaExpo é predominantemente de proprietários de cinemas e executivos de distribuição. Mas também pode-se contra-argumentar que havia muita gente de outras áreas em Las Vegas, e que um bocado dessa plateia vota para algum prêmio importante – inclusive os Oscars. O enigma aqui é: poderão os votantes vencer a dupla antipatia por cinema de fantasia e visual em altíssima resolução?

As Aventuras de Pi tem elementos que com certeza remetem ao cinema de fantasia—é essencial para a história do náufrago que se vê no meio do oceano na companhia de um tigre e outros animais selvagens, e que conta sua história de vários modos diferentes, um deles claramente extraordinário. Trata-se de algo que votantes aceitam com maior facilidade, como aceitaram (com toda razão) O Tigre e o Dragão, mais de uma década atrás.

 

A estética de Quentin Tarantino é um grande ponto de interrogação em termos de prêmios. Pulp Fiction e Bastardos Inglórios emplacaram, todos os outros, não. Django Livre está na linha da reinvenção de gênero destes dois, e tem um elenco de peso – Jamie Foxx, Leonardo di Caprio, Samuel L. Jackson,  Christoph Waltz. Olho nele, pode ser a grande corrida por fora desta temporada.

 Les Miserables é outro com um pedigree que torna sua presença entre os indicados quase inevitável. O diretor de O Discurso do Rei dirigindo a adaptação de um mega-sucesso teatral que ainda por cima é de época e tem Anne Hathaway, Russell Crowe, Hugh Jackman, Helena Bonham Carter e Amanda Seyfried no elenco. Na eterna discussão “ o que aconteceu aos musicais?” há sempre uma vaga para um – e apenas um—representante do gênero entre os escolhidos do final de ano. E em 2012 não tenho a menor dúvida que será Les Miserables.

Restam, além dos meus muito queridos independentes Beasts of the Southern Wild e Moonrise Kingdom – e espero e torço para não serem esquecidos—filmes menores que podem render muita coisa especialmente para seus atores: Anna Karenina (Keira Knightley), The Sessions (John Hawkes, Helen Hunt), Silver Linings Playbook (Jennifer Lawrence, que já está fazendo campanha para isso em todo evento que comparece).

E, finalmente, The Master, de Paul Thomas Anderson. Mas desse só falo depois de ver, segunda feira agora. Se me deixarem…