Blog da Ana Maria Bahiana

Kill Bin Laden: a morte do líder da Alcaida é coisa de cinema?

Ana Maria Bahiana

Mark Boal e Kathryn Bigelow

Na noite de domingo, quando Obama anunciou a morte de Osama Bin Laden, telefonemas e mensagens de texto foram disparadas em todas as direções entre luminares da indústria _onde uma das máximas é “se parece um filme, é um filme”.

Neste momento existem pelo menos três títulos de TV _ um documentário, uma série e um telefilme – e pelo menos um de cinema sobre a caçada ao líder da Alcaida. Quem está na frente, por uma dessas voltas da sorte tão comuns na indústria, é a dupla Kathryn Bigelow/Mark Boal, por um motivo simples: há dois anos eles já vinham trabalhando num projeto sobre a Força Delta – a tropa de elite que finalmente eliminou Bin Laden.

Logo depois da vitória no Oscar 2010, Bigelow e Boal adquiririam os direitos de um  livro de memorias de dois integrantes da tropa (um deles com o pitoresco pseudônimo Dalton Fury) e estavam trabalhando no roteiro paralelamente ao de Triple Frontier, o thriller situado na fronteira Brasil, Argentina e Paraguai (no qual Tom Hanks e Johnny Depp estavam interessados em participar).

Os eventos de domingo mudaram tudo. Aliás, o título do livro, profético, já se tornou o título do projeto, sem nome até dia 1 de maio: Kill Bin Laden.

Kill tem mais duas coisas importantes a seu favor : financiamento completo de desenvolvimento e de grande parte da produção, graças aos generosos fundos da nova empresa Annapuma, de Megan Ellison, filha do gazilionário criador da Oracle (a Annapuma também está financiando o filme sobre Julian Assange); e um ator super cotado para o papel do líder da tropa_ o australiano Joel Edgerton (visto pela última vez em Reino Animal, e já chamado de “o novo Russel Crowe”).

Tem também duas coisas contra: o manifesto desinteresse do público em geral e do norte americano em particular por filmes sobre o conflito no Oriente Médio; e a falta, pelo menos por enquanto, de um distribuidor, o que pode se dever ao primeiro “contra”.

Considerem: Guerra ao Terror, da mesma dupla, com Oscar e tudo, totalizou menos de 50 milhões de dólares no mundo todo (e apenas 17 milhões de dólares nos EUA). Por comparação, no mesmo ano da graça de 2009, a comédia rasgada Se Beber não Case acumulou 467 milhões de dólares no mundo todo, 272 milhões dos quais nos EUA.  Com Matt Damon à frente e uma campanha calcada no climão Bourne, A Zona Verde ficou nos 94 milhões de dólares mundiais, com apenas 35 milhões de dólares nos EUA.

Na hora de negociar um distribuidor forte, estes elementos são da maior importância_ ainda mais em tempos de recessão e encolhimento do mercado para cinema.

Mas não pensem que a coisa fica por aí: Michael Moore está ameaçando contar a história da caçada a Bin Laden lá do seu jeito. E como os comandos em ação em Abbottabad incluiam um cachorro, a piada mais corrente aqui é que até a Disney pode se animar a fazer o seu filme sobre a morte de Bin Laden_ do ponto de vista canino.

 

 

 

 

  1. Geneurônios

    24/06/2011 09:05:55

    "Se beber não case" faturou dez vezes mais que "Guerra ao terror". Isto mostra apenas a estupidez cultural em que vivemos. E quanto ao Bin Laden, realmente Michael Moore vai mostrar mais uma das grandes farsas do governo americano. Pouso na Lua, a "queda" das TRES torres do WTC em 2001, etc e etc ...

  2. CoolFace

    10/05/2011 17:17:22

    Alcaida? Pelamor!

  3. RENATO LOUCO MESMO

    10/05/2011 11:09:46

    ANA !! what´s happening to you?A qualidade dessa blogada é diretamente proporcional ao numero de comentarios a ele referido!! Eu estava de ferias ajudando os SEALS a pegarem o barba rala!!!ANA minha ANA..minha deliciosa ANA.......please!!! Poste alguma coisa decente...!!! desde o fim do oscar que vc nao posta nada reflexivo.!!! Esta de ferias? Ta p da vida com o mundo? Precisa de amor ?? carinho? beijinhos?!!! eu te dou meu amorzinho mas pelo amor de Deus...poe algo legal aqui!!!!! Sabia que estou fazendo uma campanha para a continuacao de TRON LEGACY? Eu escolhi o nome TRON DESTINY!!! todos gostaram!!! vou ficar rico e famoso e vou te levar para um jantar quente e inesquecivel!! :)

  4. Igor Almeida

    09/05/2011 17:10:54

    Só de ver a foto deles já é gratificante, mas o que mais me animou nos últimos dias foi ver esses outros dois aqui: http://www.epipoca.com.br/noticias_detalhes.php?idn=13946.

  5. Rafael Gomes

    07/05/2011 19:15:27

    Talvez o desinteresse dos americanos pelo conflito no Oriente Médio se dê pelas tintas extremamente complexas. Não se trata de um tema de guerra que possa ser explicado com um simples vilões invadem países indefesos e heróis americanos salvam o mundo (vide o estrondo que sempre são os filmes calcados na 2ª guerra). Mas a Bigelow realmentetem a mão certa pra contar a história sem aquela matiz patriótica que envolvem os filmes sobre conflitos armados.

  6. J. Olímpio

    07/05/2011 17:47:47

    Ana, os produtores aí dos E.U.A. terão um belo imbroglio pra resolver: contar ou não a história do ataque ao bunker de Bin Laden de forma ufanista ou contextualizada?... A exemplo dos filmes sobre a II Guerra Mundial, nos anos 40 e 50, correm o grande risco (patriótico) de fazer filmes que, futuramente, podem se tornar ridiculamente deslocados da realidade.Quem sobreviver, verá (talvez, até em 4D)...

  7. Luciana

    07/05/2011 11:03:49

    Como a história "real" tem um "roteiro" confuso talvez Bigelow se saia melhor que Obama na direção. rsrsrs. Vou adorar uma versão de Michael Moore.Vi Joel Edgerton fazendo A Streetcar Named Desire no palco em Nova York. Ele estava ótimo como Stanley e se saiu muito bem diante da performance antológica de Cate Blanchett como Blanche Dubois. Espetáculo inesquecível. Mais um australiano de talento. Também gostei muito dele em Animal Kingdom.

  8. Plínio

    06/05/2011 23:09:41

    O desinteresse do público deve ser pelo motivo mais básico: o assunto é chato! difícil de etender e de não se deixar levar por patriotismo cego,no caso dos americanos,ou preconceito religioso para o público mundial - de países do sistema judaico-cristão mais precisamente.O que é uma pena já que,pelo menos eu,acho que é aquele tipo de assunto que precisa ser exposto à exaustão,quanto mais se falar melhor,escancarar tudo sem cichês e chauvinismos ideológicos.-Imagino o Michael Moore repetindo 836 x que não foi o Bush que achou Osama...

  9. Filipe Pinheiro

    06/05/2011 22:59:23

    Acho a idéia ótima. Seria um trabalho que poderia receber grande atenção na TV, com uma produção da HBO ou coisa parecid, afinal, nesse formato, um projeto desses poderia fazer muito mais sucesso. Mas uma coisa é fato: Kill Bin Laden é um título horroroso! Lembra (e muito) o Kill Bill do Tarantino. Todos vão associar os títulos e o filme de Bigelow pode ficar só no papel.Abraços, Ana!=]

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