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Rocky Horror Glee Show esquenta a semana de Halloween
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Ana Maria Bahiana

A semana de Haloween na TV continua melhor que nos cinemas. Ontem foi ao ar o muito badalado e antecipado especial Rocky Horror Show de Glee _ que ganhou até pré-estréia à meia noite no mesmo cinema que abriga as midnight sessions do Rocky Horror Picture Show, o poeira-de-luxo Nuart, aqui em Los Angeles. Com roteiro do showrunner Ryan Murphy e direção de Adam Shankman (Hairspray), o episódio foi o campeão de audiência de ontem, com mais de 11 milhões de espectadores.

Pisando com cuidado para não detonar os odiados spoilers, digo que o episódio foi charmoso e divertido, em grande parte porque resolveu muito bem o grande problema da empreitada: como integrar um texto anárquico e sexualmente insolente como Rocky Horror Show com a vida  num ginásio do meio oeste norte-americano como o de Glee.

O outro ponto positivo do Rocky Horror Glee Show foi sua conhecida habilidade de comentar temas atuais e complexos de modo leve mas eficiente _ uma qualidade que, desde o começo, tornou a série da Fox bem diferente de sua rival mais óbvia, a High School Musical da Disney. Diversidade sexual e estética, aceitação do corpo, criatividade, rebeldia versus conformismo, temas comuns em Glee,  encontraram  o lugar certo na inusitada proposta de Mr. Schue (Matthew Morrison) de transformar a peça cult dos anos 1970 em musical ginasiano (por motivos nada educacionais, como se verá). A alfinetada nos métodos alarmistas da direita norte-americana em ano eleitoral ficou por conta da sempre maravilhosa Sue Sylvester de Jane Lynch (com a ajuda de Meat Loaf numa ponta como o novo diretor da estação de TV local).

Na cola de Glee, a nova série da Fox, Raising Hope, também fez bonito com seu episódio de Halloween – com destaque para o Batman mais patético e lírico que já  vi, vestido com orgulho pelo “Jimmy” de Lucas Neff.

Criada por Gregory Thomas Garcia – que era da equipe de My Name is Earl e está estreando como showrunner- Raising Hope tem sido o destaque da nova temporada da Fox, sucesso de crítica e público.

Muito bem escrita, com ótimo elenco (além de Neff, Martha Plimpton, Garret Dillahunt e Cloris Leachman), Hope traz para a tela o cotidiano de um tipo de família que raramente consegue lugar no horário nobre: pessoas de vida muito modesta, com zero auto-piedade. Neff é estoquista num supermercado, criando uma filha de seis meses (a Hope do título) com a ajuda da mãe faxineira (Plimpton), do pai jardineiro (Dilahunt) e da avó doida de pedra (Leachman, genial).

Não esperem discursos populistas _ Raising Hope está mais para Simpsons que para neo-realismo italiano, e sua dose certa de humor e coração é outro exemplo de boa TV.

E já que estamos no tema “boa TV” aproveito para recomendar a nova série policial Luther, da BBC, estrelada e produzida por Idris Elba. Não tem nada a ver com Halloween – descontando os serial killers e companhia – mas é consistentemente genial. Mais ou menos como se House fôsse inglês e trabalhasse para a polícia de Londres…


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