Blog da Ana Maria Bahiana

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Em 2014, Oscar em março
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Ana Maria Bahiana

Lembram daquela conversa aqui, há pouco tempo, sobre o calendário de prêmios para 2014, complicado pelas Olimpíadas de Inverno? Uma coisa já se sabe: os Oscars serão em março mesmo. Exatamente: dia 2 de março.

O restante do calendário da Academia ficou assim:

  • Prêmios da diretoria (os Oscars especiais): 16 de novembro de 2013
  • Votação para os indicados: entre 27 de dezembro de 2013  e 8 de janeiro de 2014
  • Anúncio das indicações: 16 de janeiro de 2014
  • Prazo da votação final: entre 14 e 25 de fevereiro de 2014
  • Oscars 2014: 2 de março

Os Globos, até onde eu sei, continuarão firmes e fortes na sua data de sempre, o segundo domingo de Janeiro, ou seja, dia 12 de Janeiro de 2014. O que quer dizer que as indicações para os Globos serão anunciadas dia 12 de dezembro. E os prêmios da Directors Guild já tinham reservado o Hollywood & Highland para a sua festa,  dia 25 de janeiro (a outra data que a Academia considerou para o Oscar 2014). Em 2015 o Oscar volta ao seu período normal dos últimos anos : a festa será dia 25 de fevereiro.

Vai ser uma temporada muito competitiva. E longa. E o que vocês acham?


Por que os Globos de Ouro são importantes. (E os Oscars também.)
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Ana Maria Bahiana

O produtor George Clooney, cercado pelo elenco de Argo, reage à vitoria do filme nos Globos de Ouro 2013, minutos depois de receber seu troféu.

 

Algumas coisas são sempre importantes de serem lembradas quando se fala de temporada de prêmios, especialmente quando se está no auge desta fogueira de vaidades:

  • Como disse antes, todo prêmio é, em essência, a expressão da opinião de um grupo de pessoas num determinado momento.
  • Para quem é indicado ou vence, prêmios são importantes como: reconhecimento de seus pares; ferramenta de marketing; upgrade ou viabilização de carreira. Mas quem dá o devido valor a qualquer obra são o tempo e a história. Que o digam Kubrick, Chaplin, Hitchcock, Altman e Kurosawa, entre muitos outros.
  • Para quem escolhe, prêmios são importantes como: ferramenta para estabelecimento e ampliação de sua posição no meio; ritual de consolidação de seus integrantes; fonte de renda.
  • Desde 1953, quando o Oscar foi televisionado pela primeira vez nos Estados Unidos, os prêmios evoluíram de uma festa entre colegas para um show de mídia. Uma entidade que  tem um prêmio televisionado sabe que ali está sua principal fonte de renda para o ano todo, viablizando suas atividades, programas, doações e apoios. Uma entidade que tem seu prêmio televisionado está constantemente preocupada com a qualidade e popularidade de seu evento _ seria muito irresponsável de sua parte  não faze-lo.

Quando, 70 anos atrás, um grupo de correspondentes estrangeiros em Los Angeles criou o que viria a ser a Hollywood Foreign Press Association, seu primeiro objetivo era por um ponto final à xenofobia e paranoia que dominavam o país em plena Segunda Guerra Mundial. A ideia de criar um prêmio que expressasse as preferências desse grupo – o Golden Globe, Globo de Ouro, enfatizando o aspecto universal das artes visuais – era uma forma de usar de outro modo a moeda corrente que a Academia, fundada 16 anos antes, já tinha descoberto: o prêmio como bilhete de entrada e afirmação no meio.

A Academia, em 1927, tinha um problema: a disputa entre produtores e estúdios e os sindicatos e entidades de classe por melhores salários e condições de trabalho. A HFPA, em 1943, tinha outro: não ser mais discriminada como “um bando de estrangeiros” que talvez estivesse espionando para o inimigo.

Acho incrível que, 70 anos depois, ainda tenha gente que continue nos chamando de “um bando de estrangeiros”, denegrindo nosso trabalho, insultando a mim e a meus colegas.  Xenofobia é uma erva daninha difícil de exterminar.

Felizmente, esta turma é uma minoria cada vez menor. Quando cheguei a Los Angeles em 1987, passei muitos anos ouvindo coisas como “esta entrevista só está disponível para territórios importantes, você não pode fazer” ou “ não temos mais lugar neste evento, é apenas para imprensa norte americana”. Ou recebendo  — depois de muita insistência– copias xerocadas das notas de produção enquanto os coleguinhas norte-americanos – muitos dos quais são os que ainda dizem todas essas coisas acima – eram mimados com luxuosas encadernações, camisetas e lugares reservados nos cinemas.

Ah, como isso mudou! A bilheteria internacional representa hoje 70% da renda combinada de todos os grandes estúdios e principais distribuidores. Carreiras inteiras – Tom Cruise que o diga – dependem dos mercados internacionais. Projetos são escolhidos e aprovados baseados em suas perspectivas internacionais.

A evolução, a popularidade e o prestígio crescentes dos Globos de Ouro devem ser entendidos, em primeiro lugar, à luz desse fenômeno. Os colegas norte americanos podem dizer que somos um “bando misterioso” de jornalistas que “ninguém conhece”, mas estúdios, produtores, divulgadores, atores e qualquer pessoa que lide com mídia internacional nos conhece muito bem: nós somos a voz dos BRICs, a ponte com a Europa, a Ásia, o Oriente Médio. Nossa presidente, a extraordinária  Aida Takla O’Reilly, nascida no Egito, escreve para Dubai, um dos maiores financiadores atuais do cinema. Da França à Coréia, da Australia ao México, o  que reportamos repercute nos mercados que, hoje, mais interessam aos realizadores de todos os tamanhos.

E – o que na verdade pode ser ainda mais interessante – as escolhas que fazemos, nos Globos, são as da platéia, de certa forma as nossas plateias, as culturas, os idiomas e os países que representamos. Vemos e consumimos cinema como o mundo vê e consome. Isso, hoje, vale mais do que qualquer outra coisa. (Inclusive, segundo este estudo, mais do que um Oscar, como ferramenta de marketing – uma vitória nos Globos adiciona, em média, mais 14 milhões de dólares à bilheteria de um filme, enquanto um Oscar traz em média mais 3 milhões de dólares.)

Tina Fey e Amy Poehler nas coxias do palco do International Ballroom, durante os Globos de Ouro 2013

O mito de que “os Globos influenciam os Oscars” começou na mesma salada de especulações e “experts” que hoje assolam a mídia. Por conta de nosso calendário profissional – ei, somos jornalistas, temos que acabar logo com essa farra para voltar a trabalhar! – e da agenda das emissoras que transmitem o evento, os Globos há muitos e muitos anos estão firmemente no segundo domingo de janeiro. O resto do nosso calendário se prende a isso.

Como bem aponta este artigo da Variety, nossas escolhas são de natureza diversa da dos Oscars. São escolhas de quem, sim, viu praticamente todos os filmes lançados no ano (porque é nosso dever profissional) e está lançando indicações como tal. Estamos na plateia. Uma plateia privilegiada, mas uma plateia.

O que acredito que fazemos, para os Oscars e os demais prêmios,  é exatamente isso: criar um balaio, uma lista preferencial de quem realmente importa a cada ano. Isso não mudou. As listas de indicados aos Globos e aos Oscars é praticamente a mesma. As escolhas finais são sempre marcadamente diferentes, porque estamos olhando e selecionando de modo diferente.

Este ano tivemos a nosso favor um planejamento rigoroso do evento do dia 13 de Janeiro, que tomou praticamente o ano inteiro e envolveu as escolhas das hosts Tina Fey e Amy Poehler, o prêmio especial a Jodie Foster e um vasto trabalho online e em midias sociais do qual, digo sem falsa modéstia, participei ativamente (mas não aqui, é claro – não seria correto. No site da Associação). O resultado foi nossa melhor audiência em seis anos – 20 milhões de espectadores —  tornando os Globos o show de prêmios mais visto desta temporada, até agora.

Não creio que isso tenha impacto algum sobre os Oscars. Os Oscars tem sua própria, longa e ilustre história e vão fazer sucesso ou não, este ano, dependendo de seus próprios méritos, do quanto Seth McFarlane vai funcionar como host, e o quão dinâmico for seu telecast.

Suas escolhas finais serão, tenho certeza, absolutamente diferentes, porque o olhar do pool de votantes é necessariamente diferente.  (Por exemplo: os Globos escolheram Brokeback Mountain e os Oscars ficaram com Crash-No Limite. Para dar um exemplo.) Os Globos apontaram Argo e Os Miseráveis. Vejo Lincoln e O Lado Bom da Vida despontando nos Oscars. E seria assim não importa em que dia Globos ou Oscars acontecessem.

Falo tudo isso com absoluto conforto. Meu filme favorito  (e de Ben Affleck também), O Mestre, não ganhou nem biscoitinho de polvilho nem da minha Associação, nem da Academia.

Mas esse é o mistério e o fascínio dos prêmios – o contraponto entre nossas escolhas e paixões e as escolhas e paixões dos outros.

 

 


Globos: uma prévia
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Ana Maria Bahiana

Eis o que sei: Adele estará lá. Mas não vai cantar nem apresentar: vai apenas curtir a festa, como uma das indicadas (e favorita) na categoria Melhor Canção por “Skyfall”. Sim, será sua primeira aparição pública (pelo menos por estes lados) desde a chegada do baby. Taylor Swift, outra indicada (por “Safe and Sound”, de Jogos Famintos) também estará no International Ballroom do Beverly Hilton, mas só como indicada e convidada – nada de cantoria.

Em compensação, George Clooney, Meryl Streep, Jennifer Garner , Debra Messing, Kerry Washington, Nathan Fillion, Jason Statham, Jennifer Lopez, Kristen Wiig, Jeremy Renner, Amanda Seyfried e Will Ferrell estão confirmados como apresentadores — e mais vão aparecer em breve. Fiquem ligados.

Também posso dizer que o jantar vai consistir de um cardápio “Colheita de inverno na California”: entradas de alcachofra grelhada, queijo de cabra ao mel, mini quiche de  tomate seco e abóbora japonesa grelhada; prato principal com opção para badejo grelhado ou filé marinado; e sobremesa com uma montagem de mousses de chocolate. Tudo de baixo carboidrato e açúcar mínimo, para que, nas palavras do chef Suki Sugiura, as estrelas possam “comer sem receio”.

Arranjos de rosas vermelhas adornarão as mesas, e um champagne especial, safra 2004 trazido especialmente da França, será servido durante a noite toda, começando no tapete vermelho com mini-Moets de canudinho dourado.

O palco segue o mesmo esquema simples e funcional de outras noites, com predominância de formas elípticas. E a Miss Golden Globe (a que entrega as estatuetas aos vitorisosos) é Francesca Eastwood, filha de Clint, auxiliada por um Mister Golden Globe, Sam Fox, filho de Michael J. Fox.

Vou contando mais assim que souber…

 

Os chefs Thomas Henzi (sobremesas) e Suki Sugiura apresentam o cardápio dos Globos 2013.


Semana de definições na temporada ouro
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Ana Maria Bahiana

Esta é uma semana de definições. Quinta, a definição dos indicados ao Oscar 2013. Domingo, a definição dos vitoriosos dos Globos de Ouro 2013.  Neste momento, posso adiantar três coisas com certeza:

  • as duas listas –indicados e vitoriosos- serão muito parecidas.
  • Django Livre será indicado pelo menos por melhor figurino. A página com essa informação apareceu inesperadamente (e por erro, é claro) no site da Academia.  E na pressa de divulgar o evento, a Academia vazou a noticia para a Vanity Fair

  • O que nos leva à terceira certeza: mudar o anúncio das indicações do Oscar para antes da entrega os Globos não está ajudando em nada a Academia. Esta semana, tudo o que midia, online e off, quer comentar são Globos, Globos, Globos…

Para antecipar as indicações de quinta feira existe um método razoavelmente simples: use como base as indicações dos Globos de Ouro, e adicione as indicações das organizações de classe: roteiristas, diretores, produtores, atores, diretores de fotografia,  efeitos especiais. Os nomes que mais se repetirem em todas as listas são os que vão estar entre os indicados de quinta feira.

Não extrapolo para dizer que serão também os premiados de domingo porque a Associação dos Correspondentes Estrangeiros (à qual pertenço) é famosa por ser imprevisível. Somos poucos – 90 – de culturas e nacionalidades diversas, e com personalidades, idades e gostos extremamente variados.  Tomar o pulso desse grupo é muito mais complicado do que prever o que os profissionais da indústria vão escolher – na noite de domingo, literalmente tudo pode acontecer. Estarei lá, e vou contar tudo o que puder para vocês.

Aos Oscars, pois. De cara anuncio os desacontecimentos:

  • O Mestre, que para mim e para muitas associações de críticos é o filme do ano, não deve aparecer. Os Globos lembraram-se (com justiça) do fenomenal elenco – Joaquin Phoenix, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams. Mas não sei se a Academia fará o mesmo.
  •  Batman, O Cavaleiro das Trevas Ressurge ainda tem algumas chances nas técnicas, especialmente som, fotografia e montagem. Mas já sabemos que pelo menos nos efeitos especiais reinam O Hobbit, As Aventuras de Pi (foto), Vingadores e Prometheus.

Agora, as certezas.  A maioria dos acadêmicos a quem perguntei que filmes tinham deixado uma impressão mais marcante em suas memórias me respondeu com cinco títulos: Argo (foto), A Hora Mais Escura, Lincoln, As Coisas Boas da Vida e Os Miseráveis. Como os Oscars prevêem até 10 indicados para melhor filme, eu acrescentaria a esses Skyfall, As Aventuras de Pi Moonrise Kingdom. Ousando bastante, talvez O Mestre, O Impossível e Amour.

Entre atores e atrizes, estes filmes favoritos tem as contribuições mais certeiras. Entre as atrizes, conto ver Jessica Chastain (A Hora Mais Escura)(foto), Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida) , Naomi Watts (O Impossível). Aposto também em Marion Cotillard por Ferrugem e Osso, Emmanuelle Riva por Amour e Helen Mirren por Hitchcock. Meryl Streep (por Um Divã para Dois) é um xodó da Associação, mas acho que vai passar batida pela Academia. Voto extremo? Quvenzané Wallis por Indomável Sonhadora.

Entre os atores, Daniel Day Lewis (Lincoln) , Denzel Washington ( O Vôo)  e Bradley Cooper ( O Lado Bom da Vida ) são certezas. Eu contaria também com John Hawkes (As Sessões) e Hugh Jackman ( Os Miseráveis), e ficaria torcendo por Joaquin Phoenix (O Mestre) e Jack Black (Bernie). Azarão vindo por fora? Bill Murray por Um Fim de Semana em Hyde Park.

Coadjuvantes-certeza são Sally Field e e Tommy Lee Jones (Lincoln),  Anne Hathaway (Os Miseráveis)(foto), Helen Hunt (As Sessões), Alan Arkin (Argo) e Christoph Waltz (Django Livre). Possibilidades fortes: Javier Bardem (Skyfall), Leonardo di Caprio (Django Livre), Philip Seymour Hoffman e Amy Adams (O Mestre), Robert de Niro (O Lado Bom da Vida). Surpresas possíveis: Nicole Kidman por Paperboy , Maggie Smith por O Exótico Hotel Marigold .

Os cinco diretores queridos da DGA – Steven Spielberg, Tom Hooper, Ang Lee, Katherine Bigelow e Ben Affleck — são as mais prováveis escolhas do departamento de diretores de Academia. Torço por Paul Thomas Anderson e ainda não perdi de todo a esperança em ver os nomes de Wes Anderson (Moonrise Kingdom) e Behn Zeitlin (Indomável Sonhadora). (Meu consolo: esses dois vão levar os Independent Spirits de lavada…)

Nos filmes estrangeiros, Haneke já deve até estar escrevendo o discurso de agradecimento por Amour, tanto nos Globos quanto nos Oscars. Outros indicados-certeza são o francês Os Intocáveis, o norueguês Kon-Tiki e o dinamarquês O Amante da Rainha. Fico torcendo pelo chileno No e pelo romeno Além das Montanhas para a quinta vaga… E se Paranorman fosse lembrado entre os longas de animação eu ficaria muito, muito feliz.


Para os Oscars, um não muito feliz ano novo
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Ana Maria Bahiana

Neste momento, enquanto escrevo, os 6 mil votantes do Oscar tem apenas 52 horas para decidir quem serão os indicados deste ano. E muitos deles estão completamente perdidos, ou em suas escolhas, ou no modo de votar. O resultado dessa correria e confusão pode ser uma seleção de indicados esquisita, desequilibrada e, sinceramente, injusta.

Duas novidades da votação 2012-2013 tem provocado verdadeiros surtos nervosos nos votantes. A primeira  foi a antecipação de todos os prazos: com os Oscars sendo entregues dia 24 de fevereiro, as indicações deste ano serão anunciadas agora no dia 10. Morro de rir quando penso no por que da mudança: depois de anos e anos mantendo a postura de que os Globos de Ouro não tinham a menor importância, a Academia colocou o anúncio dos indicados exatamente três dias antes da entrega dos Globos, este ano. O motivo oficial foi “dar mais tempo aos votantes para ver os filmes indicados” mas quase  ninguém por aqui acreditou: a impressão que ficou é que, ao contrário do que anuncia, a Academia está preocupadíssima com os Globos. (A coisa vai ficar pior ano que vem… continuem lendo.)

Até porque o efeito, no final das contas, foi o oposto: para anunciar dia 10, o prazo para votar nos indicados teve obrigatoriamente que cair logo depois do Ano Novo, um período complicado para muita gente. E particularmente nocivo para quem lançou filmes/deslanchou campanhas nos últimos dias de 2012 – entre eles, Django Livre, Os Miseráveis, O Impossível e Promised Land (de Gus Van Sant). Num corpo votante que já não tem o hábito de correr atrás dos filmes para ver, o novo prazo pode ser um fator de desequilíbrio. (Em tese, deveria favorecer filmes que estrearam em meados do segundo semestre, como O Mestre….)

Para tornar as coisas mais complexas, a Academia resolveu inaugurar este ano um sistema de votação online. Quando a mesma ideia circulou com relação aos Globos, optamos por instituir a opção online lentamente, em etapas, para familiarizar votantes mais idosos com a tecnologia. Hoje pode-se fazer o rascunho dos votos dos Globos online, mas eles ainda tem que ser impressos e enviados por correio tradicional. E mesmo assim tem gente que se confunde. Sem falar na complexidade de manter a segurança e usabilidade do site durante o período.

A Academia queimou etapas, e o resultado tem sido uma dor de cabeça de proporções cósmicas. O sistema de votação já caiu várias vezes. Senhas não são reconhecidas. Votantes que ainda estão na era do fax estão absolutamente perdidos. Para lidar com o caos o prazo de votação foi estendido até sexta dia 4 as 17h, e as boas e velhas cédulas de papel estão sendo distribuídas às pressas.

E em 2014? Teremos Olimpíadas de Inverno em fevereiro, e a temporada de futebol americano começando dia 19 de janeiro. São grandes eventos que ocupam as emissoras e os calendários da publicidade. Os Globos estão confortavelmente instalados em janeiro – tradicionalmente, no segundo domingo, que seria 12 de janeiro em 2014. O que os Oscars vão fazer?


Adeus, Emmys – agora, a correria dos outros prêmios
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Ana Maria Bahiana

E aí, gostaram dos Emmys? Da minha parte, resumidamente:

  • A abertura foi xoxa, comparada com anos anteriores (lembram do “Born to Run” de Jimmy Fallon e companhia em 2010?)
  •  Não aguento mais Modern Family, me pareceu um voto preguiçoso, especialmente considerando que este ano, além da eternamente injustiçada Big Bang Theory (será que só vão premiar quando ela definitivamente não for mais o que era? Prêmio faz muito disso…), tínhamos as excelentes estreantes Veep e Girls.
  • Homeland é uma bela série, mas o nível da dramaturgia e direção de Mad Men e Breaking Bad é muito superior – são duas séries que já fazem parte da história da TV contemporânea, e que se provaram ao longo do tempo, desenvolvendo magnificamente seus personagens e tramas.
  • Perder na “minha” categoria – categoria especial – para os Tonys foi um prazer. Explico o “minha”: fui, como consultora de roteiro, parte da equipe do show de entrega dos Globos de Ouro 2012, indicado na “categoria especial” dos Emmys, este ano, primeira indicação que o evento recebe. Eu me senti super lisonjeada, mesmo com meu papel minúsculo na empreitada. E não me importei nem um pouco em perder para os Tonys.

Mas o assunto da cidade, agora, não é mais Emmy, mas a momentosa temporada dos prêmios de cinema, que se aproxima com a mesma velocidade fulminante do temperamental outono angeleno (um dia, calor escaldante; dia seguinte, chuva, 17 graus e folhas pelo chão).

O amador, bizarro e propositalmente incendiário filmeco feito por um egípcio num subúrbio ao sul de Los Angeles acabou de custar alto para o cinema iraniano : em represália ao tal Innocence of Muslims, o Irã decidiu boicotar os Oscars e não submeter nenhum título este ano.

A história desse filmeco é um interessantíssimo tema para uma discussão sobre liberdade de expressão, responsabilidade e intolerância, mas neste momento o que mais lamento é a ausência do cinema iraniano numa das maiores janelas de exposição do mundo – e um ano depois  da vitória do sensacional A Separação.

A mudança das datas é uma história mais complexa_ e vamos esclarecer, o anúncio das indicações aos Globos de Ouro, dia 13 de dezembro, continua sendo antes do anúncio das indicações ao Oscar, dia 10 de janeiro. Para começar, não creio que isso altere em nada o efeito-balaio que os Globos de Ouro tem sobre os demais prêmios. Sempre disse que os Globos criam uma pré-seleção com suas indicações, não com seus vencedores – a composição, temperamento e ponto de vista dos votantes é completamente distinta. Uma olhada nas listas de indicados, ano a ano, comprova esse fator – e as diferenças entre os vencedores mostra como clareza os diferentes critérios de escolha de Academia, Guildas e correspondentes estrangeiros.

E aqui está o x da questão, que ainda não vi comentada com a importância que merece, a não ser num artigo da Variety: ao mudar a data de entrega das indicações para dia 3 de janeiro a Academia encurtou em cruciais 10 dias o tempo de reflexão e, em tese, de acesso aos filmes concorrentes.

Bato nessa tecla porque ela explica muito sobre a personalidade e a natureza das premiações. Os Oscars são escolhidos por pessoas que fazem cinema e, em sua maioria, não tem tempo, paciência ou inclinação para  ver todos os filmes qualificados. Os Globos são escolhidos por pessoas que, por oficio, precisam ver a maioria dos filmes exibidos ao longo do ano e que, portanto, estão qualificados.

Ao roubar 10 preciosos dias do tempo que os acadêmicos teriam para , em tese, ver os filmes do ano, deu ainda maior importância para a pré-seleção que os Globos já terão feito e anunciado dia 13 de dezembro.

Na verdade, o único impacto importante da antecipação foi sobre os estrategistas, que agora tem que correr com a bola durante novembro e dezembro, sem parar, pulando por cima de festas e férias.

E – outra coisa que lamento muito – essa pressa toda pode tornar a competição especialmente injusta para filmes menores, independentes, sem condições de fazer barulho.

Vamos ver o que acontece…


A batalha pelas estatuetas de metal, parte 3: o zum-zum dos festivais e as promessas da animação
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Ana Maria Bahiana

Enquanto vocês curtiam o feriadão, algumas coisas interessantes aconteceram por aqui,  cada uma delas acrescentando mais um pouco de foco e detalhe ao panorama do fim de ano – que, por sua vez, é quando se estabelece o tema e o tom deste momento na indústria cinematográfica.

Na Academia – que tem presidente, diretor executivo e chefe de marketing novos este ano – os planos para o Oscar 2013 começam a tomar forma. Os premiados com Oscars honorários, este ano – aqueles que foram tirados da cerimônia principal e colocados num evento fechado, em novembro – não incluem nem atores, nem atrizes, nem diretores de ficção. Jeffrey Katzenberg, mega-executivo e presidente da DreamWorks Animation (e um dos responsáveis pelo renascimento da Disney nos anos 1980 e 90) ficou com o troféu Jean Hersholt, por atividades filantrópicas, e George Stevens Jr., um dos fundadores do American Film Institute, ganhou um Oscar honorário.

Para mim, os mais interessantes são os outros dois Oscars honorários: D.A. Pennebraker, mestre documentarista e responsável por alguns dos filmes formativos da minha vida – Monterey Pop, Don’t Look Back, Ziggy Stardust and the Spiders From Mars (cujo poster está aqui atrás de mim enquanto escrevo) – e Hal Needham, um dos pioneiros do árduo ofício de dublê profissional (Star Trek e Missão Impossível na tv, e dezenas de títulos no cinema, inclusive Operação França, Rio Lobo, Chinatown e Nasce uma Estrela) e inventor do atual modelo de camera car, que permite tomadas em movimento realistas e de baixo risco.

Os Globos de Ouro continuam no mesmo formato de sempre  (mas ainda não se sabe quem será o host…), e dia 1 de novembro conheceremos o recipiente do troféu Cecil B. de Mille, por conjunto de obra. E, como este ano é o 70 ° aniversário do premio ( e da Associação dos Correspondentes Estrangeiros que o outorga) teremos um troféu especial, a mais, que só será entregue desta vez… conto mais assim que souber…

Na bilheteria, a crise criativa se tornou espetacularmente aparente: este fim de semana foi a pior arrecadação desde o ataque às Torres Gemeas, quando um trauma real paralisou produção e consumo de entretenimento. As coisas estavam tão ruins – 37% a menos que a pior bilheteria deste ano — que o filme com maior venda de ingressos por sala foi…. Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida, relançado em Imax. Ou seja – reciclagem por reciclagem , melhor rever o original.

E os primeiros ecos dos festivais de outono, Veneza e Toronto, apontam The Master, de Paul Thomas Anderson, e Argo, de Ben Affleck, como os pesos-pesados confirmados do final de ano. Não fosse um item do seu regulamento, The Master teria levado o Lido inteiro. Como não levou, abriu-se um foco de luz sobre o coreano Pieta, de Ki-duk Kim, na disputa de filme estrangeiro (onde, cada vez mais, reina Amour, de Michael Haneke).

 Cloud Atlas ganhou uma excelente matéria da New Yorker (que, entre outras coisas, documenta com precisão o que é levantar a arquitetura de financiamento de um projeto original, hoje…) e foi ovacionado em sua primeira sessão em Toronto, mas eu não percebo a unanimidade que cerca Master e Argo. E não é apenas porque as resenhas foram meio a meio – é porque há mais entusiasmo pelas tranças pink de Lana Wachowski (ex-Larry) do que pelo filme como um todo.

Vou conferir todos eles em breve, e continuo monitorando as reações dos formadores de opinião – estou bastante curiosa para saber o que, num ano de eleição, crise econômica e colapso de bilheteria, o cinema poderá expressar, coletivamente.

O que nos leva aos longas de animação. Quando a categoria foi criada nos Oscars, 10 anos atrás – e , cinco anos depois, nos Globos de Ouro, como resultado de uma campanha da qual tenho orgulho de dizer que participei – haviam basicamente três contendores: Disney, Pixar e DreamWorks (a última ganhou o primeiro Oscar com Shrek, a Pixar ficou com o primeiro Globo por Carros).

As coisas mudaram muitíssimo nos últimos anos – um olhar sobre os indicados das premiações deste ano revelam um panorama muito mais amplo, pontuado por estreantes (como a Paramount com Rango e a Fox  com O Fantástico Senhor Raposo) e independentes de paises fora dos EUA (O Segredo de Kells– que foi feito em grande parte no Brasil—  O Ilusionista, Um Gato em Paris, Persepolis, Chico e Rita).

Acho que a disputa deste ano será particularmente saborosa. A Pixar vem com Valente, que literalmente estabeleceu um novo padrão de qualidade na animação digital,  a Disney tem Frankenweenie, de Tim Burton, a DreamWorks vem com A Origem dos Guardiões e Madagascar 3 (um dos maiores sucessos de bilheteria de um ano de vacas anoréxicas).

Mas é sobretudo no território além dos pesos- pesados que vejo grandes possibilidades: Piratas Pirados!, da Sony/Aardman; Paranorman, da Focus;/Laika (os mesmos de Coraline) ; Hotel Transilvania, da Columbia, e O Lorax- Em Busca da Trúfula Perdida, da Universal.

From Up Poppy Hill, do Studio Ghibli

E atenção especial a uma pequena companhia que, título por título, pode ser a mais poderosa distribuidora no mercado norte-americanio: a Gkids, especializada em animação independente de qualidade e produtora do Festival Internacional do Cinema Infantil de Nova York – que qualifica para os Oscars…

Em 2011, a GKIds emplacou Chico & Rita e Um Gato em Paris. Para este ano a Gkids vai lançar cinco títulos dentro dos prazos qualificadores: From Up Poppy Hill, do Studio Ghibli do Japão, A Letter do Momo, também do Japão, e os franceses Zarafa, Le Tableau e o meu favorito, The Rabbi’s Cat (sobre um gato que engole um papagaio e se torna subitamente douto em doutrina judaica). É uma imensa lufada de ar fresco e novas ideias vindas de outros quadrantes, que o departamento de animação da Academia tem recebido de braços e olhos bem abertos.


Indicações aos Globos de Ouro 2012: o ano da volta ao essencial do cinema
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Ana Maria Bahiana

Com um grupo tão pequeno e tão diverso quanto nós, os correspondentes estrangeiros em Hollywood, todo ano eu prendo um pouco a respiração na hora do anúncio das indicações ao Globo de Ouro? Que coisa esquisita, bizarra e fora de qualquer compasso meus colegas vão aprontar ?

Este ano, pude respirar mais cedo. Bizarrice mesmo não houve, embora eu ainda não tenha entendido o que o pedestre My Week With Marilyn estava fazendo entre os melhores filmes, comédia/musical, Puss in Boots e Cars 2 entre os longas de animação (em vez de Rio, por exemplo), Callie Thorne entre as atrizes/TV/Drama e, principalmente, a indescritivelmente ruim American Horror Story entre as melhores séries de TV/drama.

Algumas indicações podiam ser melhores – duas para o W. E. da Madonna? Mesmo? Pelo menos foi na música que, de fato, se salva. Imagino que os votantes talvez estivessem querendo garantir a presença da Divina Miss M. na festa do dia 15 de janeiro, o que não é má ideia.

Outras indicações me pareciam ter sido feitas no piloto automático: Glee já passou do prazo de validade; Modern Family poderia ter dado sua vaga perpétua para outra série (Community?); e… The Good Wife? De novo? Nada de novo no front? (Me lembrou a indicação perpétua para House que assombrou o prêmio nos últimos anos…)

Há ausências notáveis, para mim: O Espião Que Sabia Demais, Árvore da Vida entre os filmes/drama; Win Win e Beginners entre os filmes/comédia; Carey Mulligan, tanto por Drive quanto por Shame; Jessica Chastain como qualquer coisa – ela deveria ter sido indicada por conjunto de obra, este ano! ; Ewan McGregor, que também merecia estar lembrado por Beginners, além do seu genial coadjuvante Christopher Plummer; senti falta também das canções de Muppets e das maravilhosas trilha de Hannah e Drive. E, é claro, estava torcendo deseperadoramente por Drive (que afinal emplacou Albert Books entre os coadjuvantes). Mas esse era um sonho impossível. (E se meus colegas quisessem realmente colocar a corrida do ouro num outro nível, teriam indicado Andy Serkis por qualquer uma de suas atuacões mocap…)

Por outro lado, meus colegas me deixaram orgulhosa, também. Quase uma década atrás os Globos destacaram uma série estreante que quase ninguem tinha visto: Mad Men. Este ano, indicaram duas vezes – série/comédia e atriz, para Laura Dern – Enlightened, sensacional reflexão sobre a natureza humana em tempos de crise, criada e executada por um talentoso grupo de criadores vindos do cinema independente, e, neste momento, ameçada de ser cancelada. As indicações para Michael Fassbender (pelo difícil mas belo Shame), Tilda Swinton (pelo provocador Precisamos Falar Sobre Kevin) e Joseph Gordon-Leavitt (pelo pequeno 50/50) mostraram que meus colegas estão atentos.

Liderando com cinco indicações num ano extremamente dividido, O Artista tem uma vantagem interessantíssima _ numa época de apogeu tecnológico, ele aponta para o essencial do cinema, sua capacidade mais profunda e simples de contar histórias visualmente. É um estranho no ninho do espetáculo, e sua trajetória, nesta temporada de prêmios, pode ficar na história.

Os Globos de Ouro serão entregues dia 15 de janeiro em Los Angeles.


Numa semana tumultuada, o futuro dos dois prêmios mais importantes da temporada
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Ana Maria Bahiana

Os storm troopers abrem a festa de entrega dos Oscars honorários

 

Mas que semana, hein?  Tudo começou sexta feira passada, no final do dia, quando a verificação de dados dos  filmes inscritos para a categoria “filme estrangeiro” revelou que Tropa de Elite 2 estava fora do prazo necessário para a competição. E terminou com o anúncio da volta de Ricky Gervais como host dos Globos 2012, pela terceira vez.

Entre uma coisa e outra, a Academia distribuiu seus prêmios  honorários num almoço de gala, em clima  Star Wars. O presidente Tom Sherak entrou no salão de festas do complexo Hollywood/Highland (onde está o teatro Kodak) vestido de Darth Vader e acompanhado por um pelotão de “storm troppers”. “Como foi  a semana de vocês?”, ele disse saudando a ilustre plateia de acadêmicos e convidados, que desatou a gargalhar. Era ao mesmo tempo uma referência a um dos premiados da tarde,  James Earl Jones, a eterna voz de Lord Vader, e ao tumulto que quase paralisou os preparativos para o Oscar 2012 e terminou com a troca de produtor e apresentador.

Estas mudanças foram inesperadas, mas fãs da corrida do ouro já podem se preparar para mais novidades a partir de 2013. Com certeza teremos indicados e prêmios mais cedo : a entrega do Oscar  de 2013 está marcada para 27 de janeiro, o que pode alterar também as datas dos Globos de Ouro. E, se uma ala muito ativa da diretoria da Academia triunfar, teremos também o exílio dos prêmios técnicos – som, fotografia, efeitos, maquiagem, figurino, direção de arte, montagem – para uma cerimônia separada, prévia, como a que hoje abriga os Oscars honorários.

“Posso ser sincero? Nós estamos no meio do maior tumulto. Vocês, pelo contrário, estão tranquilos”, me confessou um acadêmico ( que estava mesmo usando um terno Armani, saindo do almoço).

“Nós”, no caso, somos os votantes dos Globos de Ouro. Que, na verdade, também não passamos uma semana muito tranquila. Entendo perfeitamente os dois lados da discussão pró e contra a volta de Ricky Gervais. Os 16 colegas que votaram contra tem uma metáfora válida: você convidaria para sua festa uma pessoa que só fala mal dos outros convidados? Os Globos tem mesmo um clima de festança informal e divertida, onde astros e estrelas se sentem à vontade _ é uma parte importante do charme do evento.

Mas o executivo da NBC e os que  votaram a favor também tem razão. Os tempos mudaram, a competição ficou mais agressiva na selva da TV, há mais prêmios que coisas a serem premiadas, e a mistura de estabilidade e crescimento que os Globos  tem mantido  tem que ser defendida cuidadosamente. Todo mundo – votantes e emissora- concorda que Gervais errou no tom, em janeiro deste ano. Falha de todos porque, ao contrário do que o público pensa, todo show que é transmitido ao vivo é rigorosamente roteirizado e ensaiado. Quem tivesse comparecido aos ensaios saberia em que direção Gervais estava indo.

Sim, o público adora ver os famosos em saia justa. Os Oscars e Emmys, quando acertam, fazem isso muito bem. O segredo está em achar o tom certo, equilibrar a piada de modo a não tirar o gume cortante do apresentador nem deixar na distinta plateia o clima de mal-estar que reinava no salão do Beverly Hilton em janeiro deste ano.

É o desafio dos Globos este ano. A maioria das estrelas vai comparacer, não se preocupem. Na verdade, Kate Winslet e George Clooney já aceitaram convites para apresentar prêmios. Todo mundo é profissional e sabe desenvolver defesas, ser imune a alfinetas  e gozações. É tudo parte do ofício _ e da corrida do ouro.


Tropa de Elite 2 está fora dos Globos de Ouro
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Ana Maria Bahiana

 

Tropa de Elite 2 não está mais concorrendo ao Globo de Ouro. O filme de José  Padilha está fora do prazo que o qualificaria para a categoria Filme Estrangeiro. Tendo estreado no Brasil em outubro de 2010, Tropa poderia ter concorrido ano passado, mas não agora. Para um filme estrangeiro  poder se qualificar para os Globos  na categoria ele precisa ter estreado em seu país de origem  nos 14 meses entre 1 de novembro e 31 de dezembro do ano anterior aos prêmios – no caso dos concorrentes deste ano, entre 1 de novembro de 2010 e 31 de dezembro de 2011. Tropa 2, infelizmente, estreou no Brasil em outubro de 2010, o que o desqualifica.

Uma exibição para os votantes já havia sido marcada, num dia que não era dos melhores, em pleno feriadão do Dia de Ação de Graças e uma semana depois da estréia comercial aqui em Los Angeles.  Pode-se atribuir esse problema ao sufoco da temporada de prêmios, quando todas as salas de exibição da cidade estão tomadas por candidatos a indicações. No início da noite de sexta feira, a cabine foi cancelada.

Outro filme brasileiro , Bruna Surfistinha, foi exibido para os votantes, numa sessão em horário ingrato -22h- numa cabine longínqua. Bruna teve  poucos espectadores e repercussão muito negativa. Tive que ouvir de um colega: “Então, o Brasil este ano só tem aquele filme pornô?”

Pois é.

Ser indicado para um Globo de Ouro não é essencial para abrir caminhos para o Oscar . Mas ajuda, como prova a trajetória de Central do Brasil. Os Globos não conseguiram alavancar Cidade de Deus junto à Academia na categoria Filme Estrangeiro, mas outros filmes estrangeiros certamente se beneficiaram muito  com uma  indicação: Biutiful, A Fita Branca, Em Um Mundo Melhor, O Complexo Baader Meinhof, Um Profeta, entre muitos outros.  E teria sido muito bom expor o filme a tantos correspondentes de tantas publicações importantes pelo mundo afora.

Agora é aguardar a estréia limitada – uma tela  aqui em Los Angeles, uma em Nova York, prática comum para filmes em língua estrangeira – no dia 18, e observar a trajetória nos Oscars, que tem um prazo qualificador diferente dos Globos.

Os indicados ao Globo de Ouro serão anunciados dia 15 de dezembro.