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A melhor coisa de Água para Elefantes é …o elefante
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Ana Maria Bahiana

Ah! O romance do circo de idos tempos! A vida na estrada! Os personagens estranhos, complicados, fascinantes! A emoção do espetáculo debaixo da grande tenda! O perigo das acrobacias arriscadas! O choque de personalidades complexas!

Se você quiser ter essa experiência, alugue A Estrada da Vida, de Fellini, O Maior Espetáculo da Terra, de Cecil B. de Mille ou mesmo a excelente série Carnivale, da HBO. Mas evite Água para Elefantes, a adaptação do best seller de Sara Gruen sobre um circo itinerante dos anos 1930, estrelada por Robert Pattinson e Reese Whiterspoon (estréia neste fim de semana nos EUA, dia 29 de abril no Brasil).

Mas se, pelo contrário, você é fã de Robert ou Reese, gosta de um romance de época bem comportado onde tudo é bonito, até mesmo a sujeira e a privação, e todas as vidas parecem ter sido passadas a limpo e organizadas como um desses dramas biográfico-esportivos que a Disney sabe tão bem fazer, então vá correndo ver Água para Elefantes.

Transparência: não li o livro. Mas fontes acreditáveis me garantem que o filme é fiel ao texto original, com o roteiro de Richard LaGravenese tomando liberdades mínimas para condensar a narrativa. De todo modo, sou das que acreditam que filme e livro são criaturas diferentes, com vida própria e diferenciada, e dessa forma devem ser apreciados.

E o que Água para Elefantes nos oferece é uma história completamente previsível, contada da maneira prosaica, sem nada que possa nos trazer para dentro do mundo dos personagens – e nada nesse mundo que nos faça querer ficar lá.

Com uma exceção _  a maravilhosa elefanta Tai no papel de Rosie, a catalista do drama que envolve o estudante de veterinária Jacob (Robert Pattison), a estrela do circo Benzini (Reese Whiterspoon) e o dono  da trupe, August (Christoph Waltz).  É muito mais fácil envolver-se emocionalmente com Tai do que com seus companheiros humanos de tela, que parecem estar atuando em filmes separados, com zero química entre eles. Para piorar as coisas só um pouquinho, Waltz está basicamente repetindo seu personagem de Bastardos Inglórios, com menos sotaque, mais histrionismo e, em vez de um uniforme nazista, um traje de mestre de cerimônias circense.

A fotografia e a direção de arte são bonitas, e a trilha vale pela inclusão da deliciosamente lasciva “Sugar in My Bowl”, de Bessie Smith.

Sinto pena por  Francis Lawrence, um diretor que promete, e de cujo Eu Sou a Lenda gosto muito, exatamente por tudo o que falta em Água – o mergulho na profundidade da história. Torcendo para que ele faça melhor no próximo.

 


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