Blog da Ana Maria Bahiana

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Metamorfose ambulante: o fim da novela e a nova revolução tecnológica do cinema
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Ana Maria Bahiana

Enquanto Rio lavava a bilheteria norte-americana e tornava-se o recordista do ano entre as estreias, algumas coisas muito interessantes anteciparam tendencias:

  • Exatamente no mesmo dia  em que a rede ABC cancelava suas novelas All My Children e One Life to Live a Univision anunciava planos para um canal de TV exclusivo para telenovelas en español. A ABC vai substituir as duas novelas por talk shows e realities, mantendo no ar apenas outra veterana do gênero, General Hospital, que vem estraçalhando corações desde 1970. No auge das soap operas, nos anos 1960, as grandes redes norte-americanas tinham 19 títulos no ar. Agora, com o cancelamento de All My Children e One Life to Live, apenas cinco sobrevivem.

E no entanto o mercado latino não quer saber de outra coisa. Para atender a demanda a Univision estréia, em julho, o canal Uninovela, servindo a população hispânica dos EUA – 50 milhões de pessoas, a minoria que mais cresce no país- com novelas 24 horas por dia, sete dias por semana.

Peter Jackson na casa de Bilbo

  • É fascinante ver como, no cinema, a tecnologia empurra a linguagem. Na encolha, há uma nova revolução a caminho: a imagem a 48 quadros por segundo, o dobro do que temos hoje. O impacto, diz a Variety, é o equivalente a “ som, cor e 3D” como marco da evolução do cinema: uma imagem espetacularmente realista, com imensa nitidez e detalhes, e que, garantem seus fãs, não cansa o olhar.  Captar a imagem em 48 quadros por segundo representa, nas palavras de James Cameron, “ completar o que o 3D já fez ao nos levar para dentro da narrativa. Deixamos de olhar a ação através de uma janela.”

Peter Jackson, que está filmando O Hobbit à velocidade de 48 por segundo, tem uma longa e detalhada explicação sobre como o 24 por segundo acabou sendo o default do cinema, e por que está na hora de um upgrade em regra. “Eu sei que os puristas vão reclamar da falta de distorções e refrações, mas toda a nossa equipe – que inclui muitos puristas- já se converteu”, ele diz. “Você se habitua rapidamente ao novo visual, é uma experiência muito mais realista e confortável.”

Pandora é aqui: o MBS Media Campus

 

Cameron, o outro apóstolo do 48 por segundo, já está com os estúdios de captação de desempenho prontos, aqui em Los Angeles: o MBS Media Campus, no subúrbio praieiro de Manhattan Beach. E, garante, Avatar 2 e 3 – rodados em sequencia para lançamento em dezembro de 2014 e 2015 – serão captados digitalmente a 48 ou 60 quadros por segundo.

Um pequeno problema: uma primeira pesquisa, encomendada pelo próprio Jackson, revelou que apenas 10 mil telas em todo mundo tem projetores capazes de exibir títulos captados acima de 24 quadros por segundo… “Mas tenho certeza de que os donos de cinema tem, agora, um grande incentivo para se atualizar…”, ele diz.

 


Cannes 2011: os filmes que eu quero ver (e o filme que eu já vi)
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Ana Maria Bahiana

Fiquei animada com a lista de Cannes, este ano: mínima ocorrência de “mais do mesmo”,  bom índice de novos nomes, principalmente mulheres, e uma mistura de pop e cabeça altamente interessante.

Não sei se conseguirei ir à Croisette este ano, infelizmente. Mas se eu fosse, estes seriam os filmes que eu não perderia de jeito nenhum:

 

  • The Tree of Life, Terrence Malick. Pelo mistério e a sempre bem-vinda ambição do seu olhar.  Curiosa com o modo como ele usou Brad Pitt, Sean Penn e… dinossauros?
  • Drive, Nicolas Winding Refn. Refn é um dos diretores que mais me fascinam, hoje – um verdadeiro aventureiro visual, com completo controle de sua linguagem. Muito curiosa para ver como ele se saiu numa produção norte americana (independente, é certo) sobre um motorista-dublê (Ryan Gosling) que faz biscates para assaltantes.
  • Le Havre, Aki Kaurismaki. Desde o lirismo absurdista de The Man Without a Past, em 2002, estou me devendo uma nova dose do humor psicodélico de Kaurismaki.
  • La Piel que Habito, Pedro Almodovar. Porque é Almodovar, e não perco nenhum dele. Como sexo e pizza, mesmo quando é ruim é bom. Interessada em saber se Antonio Banderas encontrou, afinal, a redenção que merece.
  • We Need to Talk About Kevin, Lynne Ramsay . A estreia da escocesa Ramsay em Cannes, em 1999, com Ratcatcher, foi arrebatadora. A Croisette tinha os peso-pesados de sempre, os Dardenne (que ganhariam a Palma),Atom Egoyan, Takeshi Kitano. David Lynch estava lá com Straight Story. Mesmo assim só se falava em Lynne. Kevin é uma produção britânica com um elenco interessantissimo – John C. Reilly e  Tilda Swinton- baseado num livro maravilhoso sobre uma familia que começa a intuir que o filho está em vias de se tornar um assassino.
  • This Must Be The Place, Paolo Sorrentino. Sean Penn de batom e  delineador, tocando guitarra? Me inclua nessa… Melhor ainda: saber o que Sorrentino, diretor do excelente Il Divo, fez com Penn – no papel de um astro de rock aposentado – e a sempre divina Frances Mc Dormand.
  • Sleeping Beauty, Julia Leigh. Só me lembro de um filme com credenciais parecidas – estreia de jovem diretor australiano em obra com elementos de sonho e sensualidade – causando semelhante burburinho : Almas Gêmeas, de Peter Jackson. E seria maravilhoso ver Emily Browning (Sucker Punch) atacando um roteiro substancial.
  • Restless, Gus Van Sant. Van Sant tem duas vertentes, os filmes que faz para os outros e os filmes que faz para si mesmo. Este me parece do segundo tipo, com um estranho eco de Ensina-me a Viver na  história da adolescente (Mia Wasikowska) qeu se apaixona pelo menino que passa o tempo indo a enterros (Henry Hopper).
  • Trabalhar Cansa, Juliana Rojas, Marcos Dutra. Porque são poucos os filmes brasileiros que chegam do outro lado do mundo, e porque as carreiras deles me parecem muito interessantes.

Um filme da lista eu já vi e não sei o que fazer com ele: The Beaver, de Jodie Foster, pronto desde o ano passado mas engavetado por conta das estrepolias de seu astro , Mel Gibson. Há coisas muito interessantes no filme, entre elas o desempenho devastador de Gibson na pele de um homem em completa queda livre emocional, claramente alimentado pelo que estava se passando em sua vida. Mas o filme é tão tortuoso, tão em busca de um tom, tão incerto de que  filme ele é – as vezes comédia, às vezes drama, as vezes thriller, as vezes algo tão bizarro que não tem nem nome – que é dificil recomendá-lo sem reservas. Estou muito, muito curiosa para saber como será a repercussão na Croisette…

 


Uma conversa com Duncan Jones: “Sci Fi é um modo de abrir mentes”
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Ana Maria Bahiana

Michelle Monaghan e Jake Gyllenhaal em Contra o Tempo...

...e Duncan Jones no set.

Um homem acorda num trem e não sabe quem é. Sua derradeira lembrança é estar numa missão de combate sobre o Afeganistão, no comando de uma aeronave militar, seus companheiros de tropa a bordo, fogo inimigo cerrado a seu redor. E agora uma moça bonita conversa com ele sobre trivialidades de trabalho com um vago ar de intimidade e flerte, enquanto uma passageira derrama café no seu sapato e o condutor anuncia que o destino final é Chicago.

Estes são os emocionantes 10 minutos de abertura de Contra o Tempo (Source Code, estreando hoje nos EUA, dia 17 de junho no  Brasil), o primeiro filme de Duncan Jones desde o sucesso  de Moon e sua estreia no esquema grande produção hollywoodiana. Contra o Tempo é um roteiro original do estreante Ben Ripley, desenvolvido sob medida para ser estrelado por Jake Gyllenhaal no papel do piloto, Colter Stevens.

Poderia ter sido complicado e frustrante – para Duncan Jone e para a plateia – mas não é. É imensamente humano, intrigante – em grande parte porque, como Jones relata aqui, descobrimos juntamente com o protagonista o que está se passando, cada nova descoberta adicionando uma camada nova de mistério, de urgencia, de tragédia. Revisitando um território que já atravessou em Donnie Darko, Gyllenhaal mostra-se um excelente companheiro de aventuras para Jones, cúmplice em sua mistura bem calibrada de suspense, humor e drama.

De passagem por Los Angeles para promover o filme, Duncan Jones sentou-se no pátio  ensolarado de um hotel de luxo e contou um pouco sobre seu caminho de “filho de David Bowie” a “diretor cult”, suas crises de identidade, seu amor pelo cinema em geral e ficção cientifica em particular – e como fazer homenagens a Ray Harryhausen com Smurfs e uma câmera super 8 operada por… David Bowie…

Contra o Tempo não é um roteiro seu _ por que você aceitou dirigi-lo?

_ Porque eu vi que podia acrescentar alguma coisa. Quando Jake me deu o roteiro, eu imediatamente gostei do material, a temática se alinhava com meu ponto de vista. Mas era um pouco pesado, muito sério, todo mundo se levava a sério demais. Faltava leveza. Se injetarmos humor, pensei, isso vai ajudar a plateia a acreditar na tecnologia. Jake concordou imediatamente. Ben Ripley pesquisou a fundo para escrever o roteiro e por isso ele focalizou tanto nos detalhes científicos, explicando muito como o “source code” funciona. Isso é importate para ele, como roteirista, eu compreendo perfeitamente. Mas para meu trabalho como diretor o mais importante é que a plateia abrace inteiramente, sem restrições, o conceito. E para isso eu não precisava dar uma aula, tinha que engaja-los pelo lado humano, e o humor é muito eficiente para isso,

O que pelo contrário atraiu você, sem pedir modificação?

_ O ritmo. De cara eu amei o ritmo da narrativa. A quantidade de pistas possíveis e como elas brincam com nossos preconceitos e ideias. O modo como o espectador adivinha situações e aprende o que está se passando no mesmo ritmo que Colter. Isso é muito importante para qualquer filme que tenha um elemento de thriller, de mistério.

É interessante como, mesmo não sendo um roteiro seu, Contra o Tempo continua a discussão de identidade e auto-reconhecimento que você levantou em Moon

_ Acho que é um dos assuntos que mais me interessa: a ideia de identidade, a pessoa que você é e a pessoa que os outros vêem. Acho que todo mundo algum dia se preocupou com isso em algum momento de suas vidas. Eu passei por isso tremendamente no final da minha adolescencia e nos primeiros 20 anos, tentando descobrir quem eu era e qual era meu lugar no mundo. Eu parecia destinado a ser uma coisa e percebi que… não era verdade. Eu era outra pessoa.

Que pessoa era essa que você deveria ser?

_ Eu estava cursando universidade e, depois, pos-graduação com o objetivo de ser professor de filosofia. O que obviamente eu não sou. Demorou muito tempo para eu aprender que aquele não era meu camiho, e as vezes lamento o tempo perdido. Mas, ao mesmo tempo, esse aprendizado e essa experiencia me fizeram a pessoa que sou hoje, capaz de me ocupar de outras formas da questao da identidade.

O tema da identidade também é central na obra de seu pai, que a discutiu de muitos modos em sua obra. Ele ajudou você neste periodo de dúvida?

_ Ajudou tremendamente. Ao longo de sua carreira ele viu muitas pessoas decolarem e despencarem e esse exemplo marcou muito o modo como ele encara a carreira dele, e como ele pode dar apoio à minha. Acho que minha sorte também é que nunca fui do tipo ultra-social, super-popular. Sempre fui um geek estudioso e preocupado com o trabalho. Ser ultra-social pode ser um perigo quando se está desorientado na carreira. Aí seim você se perde, perde todo o seu tempo fazendo nada e, possivelmente, metendo-se em encrencas.

Seu pai influenciou sua carreira?

_ No sentido de pai para filho, sim.  O trabalho dele é algo que sempre admirei e sempre respeitei imensamemte, mas acima de tudo ele é meu pai, e sua influencia é naquilo que ele me mostrou, nas experiencias que me proporcionou. Eu fui apresentado  a Stanley Kubrick porque meu pai não parava de ver Laranja Mecânica quando eu tinha 8 anos… e era provavelmente jovem demais para isso… E minha paixão por ficção cientifica vem dos livros que meu pai me deu, George Orwell e John Wyndham..

Quando você descobriu que queria ser diretor?

_Uma coisa eu sabia: que não ia ser músico. Nunca fui nada musical… Meu pai e eu brincávamos de fazer filmes desde que eu era moleque. Ele é fã de Ray Harryhausen e me mostrava os filmes dele. Tentávamos fazer o mesmo com uma velha câmera super 8 e meus bonequinhos de Guerras nas Estrelas e  Smurfs, nossa versão de animação stop-motion… Isso rapidamente se tornou um hobby pra mim, o hobby que me ocupava mais na faculdade que meus próprios estudos…

Qual é o poder da ficção científica, para você?

_É a capacidade de colocar várias hipóteses na nossa frente de um modo que podemos aceitar aquilo que, de outra forma, nos pareceria impossível ou até mesmo ridículo. É o modo mais perfeito para desafiar a plateia a aceitar coisas muito diferentes de suas próprias vidas, a rever seus conceitos, a abraçar o estranho, o improvável. É um modo de abrir mentes.


Depois dos prêmios, as crises
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Ana Maria Bahiana

Dá pra ver o Charlie Sheen daí? Cena de Marte Precisa de Mães...

...e os produtores Zemeckis, Jack Rapke e Steve Starke,da ImageWorks Digital

Se o Brasil retoma a vida depois do carnaval, LA  volta ao normal depois do Oscar, fim oficial e real da temporada de prêmios. Neste momento do ano que afinal começa, duas crises tem ocupado a industria:  a de Charlie Sheen e da animação por motion capture, escola Robert Zemeckis.

O suspense da crise Charlie Sheen tem duas partes: como  CBS/Warner/Chuck Lorre vão reformular Two and a Half Men,  sua série campeã de audiênica nos EUA e principal exportação mundo afora; e se Charlie será capaz de se reinventar depois do que parece  um descontrolado suicídio profissional.

Saberei mais, pelo menos sobre a primeira parte, em breve.

Passemos portanto para a segunda crise, que foi selada esta semana com o desastre de  Marte Precsia de Mães, a derradeira obra da ImageMovers Digital, o estúdio de captura digital criado por Robert Zemeckis em parceria com a Disney em 2007. Apesar de boas críticas, o longa de animação, que custou mais de 200 milhões de dólares e dois anos de trabalho para realizar e lançar, rendeu minguados 6.9 milhões de dólares na bilheteria norte americana. E os mercados internacionais não vão ajudar: Marte fez apenas 2.1 milhões de dólares nos 8 países nos quais já estreou (o filme ainda não tem previsão de lançamento no Brasil).

Todo mundo parece ter uma explicação para o fracasso de Marte : o título, que teria afugentado os meninos; a história de mães abduzidas, que poderia ter assustado a criançada mais moça; o congestionamento de lançamentos de animação. Mas o mais convicente, para mim, é o mais óbvio: a proposta estética do tipo de captura que Zemeckis e sua equipe praticam é frio, esquisito, desconfortável e, mais importante, vastamente suplantado por outras opções, como a perfeição psicodéllica de Avatar ou a “emotion capture” de Rango.

Mars – escrito e dirigido por Simon Wells, mas produzido por Zemeckis- não é a primeira rejeição deste estilo de mocap : Os Fantasmas de Scrooge foi outro fracasso de bilheteria, capaz de segurar os 200 milhões de dólares de seu custo apenas depois do lançamento internacional. O Expresso Polar, seu antecessor no estilo Zemeckis de mocap, foi apenas ok na bilheteria em 2004 _ e ambos contavam com o clima de festas para gerar interesse. (Beowulf, voltado para um outro segmento de plateia, é um caso a parte, mas também foi salvo pela bilheteria internacional).

A ImageWorks Digital já havia sido ejetada pela Disney ano passado, e agora fechou de vez, demitindo não apenas os 450 técnicos, artistas e funcionários responsáveis por Mars, mas também todos os que trabalhavam no reboot de Yellow Submarine – que já está oficialmente cancelado.

É um drama comum em pioneiros: ver primeiro não significa necessariamente ter a melhor solução.

Nos idos de 2002 Zemeckis foi um dos primeiros a abraçar completamente o que se anunciava como a nova grande fronteira da linguagem cinematográfica: a capacidade de anular a divisão entre real e virtual, captado e manipulado. Infelizmente, a WETA de Peter Jackson disparou à sua frente, desenvolvendo a tecnologia necessaria para realmente integrar os dois aspectos, inserindo o virtual no real sem quebra de engajamento da plateia – pensem na primeira vez em que vimos Gollum em Senhor dos Aneis – e, finalmente, em Avatar,  possibilitando a completa fusão de ambos.

Acho muito interessante o que aconteceu com Rango – que, se vocês não viram, devem correr para ver, pois é o melhor filme de 2011, até agora. Talvez porque tenha sido concebido e executado por dois forasteiros no mundo  da animação – Gore Verbinski e a Industrial Light and Magic – o maravilhoso western existencial se permitiu pensar fora da caixa.

Verbinski escreveu o roteiro pensando em cinema em geral e não animação em particular – o melhor modo de se pensar, como já propunha Papai Walt Disney . E como não queria perder a capacidade de improvisação de seu velho amigo Johnny Depp, e a vitalidade que vem de um bando de atores interagindo – o equivalente a gravar um álbum ao vivo- Verbinski e a ILM inventaram um sistema entre o mocap e a animação digital, captando interpretações ao vivo de todo o elenco que serviram de base para criação de suas personas digitais.

Há tempos este sistema é usado por animadores tradicionais e digitais como base de sequencias mais complexas – a valsa entre Bela e Fera, por exemplo, no longa de 1991. Sem um passado de animador, Verbinsky olhou para o recurso como uma ferramenta criativa nova, que poderia ancorar toda a sua saga de habitantes do deserto vivendo uma saga meio Chinatown, meio Sergio Leone e um tanto Carlos Castañeda. O resultado é um filme que, além de maravilhoso por si mesmo, está sendo abracado entusiasticamente pelas plateias. Como merece.

Mais Rango no próximo.


Minha conversa com James Cameron:”Se eu não fizesse cinema, seria um cientista”
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Ana Maria Bahiana

Vamos primeiro ao que mais interessa: Avatar 2 e 3 estão neste momento em pre-produção, para serem filmados em sequencia  e “completarem o arco da história, dentro do formato de uma trilogia.” E não, ele não vai filmar nenhum deles no Brasil – “os cenários são praticamente todos virtuais, vamos filmar num galpão qualquer” – mas quer levar integrantes do elenco e da equipe à Amazônia, para conhecer os kaiapó e “uma verdadeira questão de conflito ecológico “ – a construção da usina de Belo Monte, a que Cameron se opõe veementemente.

Além disso, Cameron está perfeitamente feliz com Santuário (Sanctum) o primeiro filme que ele assina como produtor desde o mega-sucesso de Avatar, e que estréia hoje (sexta dia 4) em todo o mundo. “O objetivo deste projeto não era criar algo novo em termos de tecnologia, mas mostrar que era possível fazer um espetáculo envolvente de ficção sem ter que gastar 300 milhões de dólares “, ele diz – bronzeado, em forma, tranquilo, tomando chá gelado numa tarde de fim de semana em Los Angeles. “Eu estava em pós-produção em Avatar enquanto eles filmavam Santuário, e tinha toda confiança na capacidade de Andy (Wight, produtor de Santuário e dos documentários de Cameron) e Alister (Grierson, diretor do filme) para resolver o que eu sabia que seriam tremendos problemas de realização de um projeto assim _ atores mergulhando, filmagens debaixo d’água, iluminação na água..”

Os 20 minutos de conversa rendem bastante:

O que você pode contar sobre Avatar 2 e 3?

_ São uma continuações naturais da história, modos de explorar completamente o universo de Pandora… e além. Eu tenho esse problema constantemente na minha carreira: eu invento uma coisa antes de ser capar de realizá-la. Aí tenho que correr para criar a tecnologia necessária para tornar real o que eu imaginei… Avatar foi o caso mais dramático, o projeto que eu vivia adiando porque a tecnologia ainda não existia. Agora este problema está resolvido: a equipe técnica está composta, a tecnologia foi testada e aprovada. Não vamos precisar gastar aquela fortuna para criar os personagens, e além disso todo mundo já fala na’vi… (ele ri)… Meu foco é continuar a história dos personagens de Zoe Saldana e Sam Worthington e, ao mesmo tempo, trazer novos personagens e novos ambientes em Pandora e além.

O projeto está em que etapa?

_ Estamos neste momento trabalhando com a equipe técnica criando novos softwares, aprimorando a sequência de produção. Estamos criando um novo estudio virtual que provavelmente estará completamente operacional em outubro ou novembro. Ainda estou trabalhando  nos roteiros e ainda não começamos o processo de design. Isso vai ser deslanchado logo a seguir, com o trabalho nas novas criaturas. A ideia é fazermos os dois filmes num único processo de produção, o que se convencionou chamar back-to-back.

Se você não fosse um homem de cinema, o que seria?

_ Um cientista, um engenheiro ou um explorador, provavelmente. Ou talvez um artista plástico, já que sei pintar e desenhar. Se eu pudesse ser todas essas coisas ao mesmo tempo, eu seria. O mais próximo que cheguei disso foi ser diretor de cinema…

Que outros diretores você admira?

_ Do passado, os pioneiros, dos anos 30 e 40, os que encararam e resolveram as primeiras questões do cinema. Os rebeldes dos 60 e 70, principalmente Coppola, que teve um impacto enorme em mim pela audácia, pela determinação de  seguir plenamente sua visão. Hoje tenho grande admiração por pessoas como Robert Rodriguez e Zack Snyder, que estão abordando o cinema com olhos novos e mudando rapidamente todas as regras. E visionários como Chris Nolan.

O que você tem a dizer sobre os comentários de Walter Murch sobre a ineficácia do 3D como ferramenta narrativa?

_ Respeito muito Walter mas ele está errado. Simplesmente errado. Pode ser que não funcione para ele, e quem sou para julgar o que ele sente ou não. Mas ele não pode estender essas conclusões para o público em geral.  O fato do 3D ter sido aceito tão maciçamente como foi não depende de mim ou do fato de que, como realizador, o 3D me interessa como modo de expressão. Os espectadores experimentaram, gostaram e adotaram. É um fenômeno impulsionado pelo mercado.

A câmera Fusion 3D Cameron/Pace em ação no tanque-set de Santuário

Mas existe 3D e 3D…

_ … e é o que venho dizendo desde sempre! E tem muito realizador teimoso que não quer escutar! Não adianta converter. Não adianta fazer 3D como uma ideia posterior ao filme, ah, vamos por um 3D aí para atrair mais público. O 3D tem que ser pensado como parte da narrativa, e parte da questão é _ esta é uma narrativa que pode se beneficiar do 3D?  É o mesmo problema trazido pela cor ao longo da história do cinema – meu filme é melhor em cor ou pb? Entre os meus favoritos estão duzias de filmes pb, assim como dezenas de filmes cor. Cada um é genial por seus proprios motivos. O público sabe. O público de hoje, principalmente o público que cresceu na era digital, com games, com animação digital, sabe o que é bom 3D, bem usado, e o que  é 3D vagabundo.

Obviamente você não acredita que o digital e o 3D vão matar o cinema como forma de expressão criativa e inteligente?

_ Desde que faço cinema eu ouço que o cinema vai morrer. Quando eu comecei, era o video cassete que ia matar o cinema. Mas sobrevivemos a ele, sobrevivemos ao DVD, sobrevivemos ao streaming, à pirataria, a tudo isso, e continuamos indo em frente. Há algo muito especial sobre ver cinema e não é apenas o aspecto comunitário, o fato de estarmos todos juntos numa sala escura compartilhando uma experiencia. O cinema oferece algo profundamemte humano que é a capacidade de nos perdermos numa narrativa e, dessa forma, reforçarmos o que é humano em nós.


Um fim de semana de prognósticos: olho nos prêmios da DGA e SAG!
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Ana Maria Bahiana

Então, já se acostumaram com a safra Oscar 2011? Deixar gente importante e merecedora de fora faz parte do pacote, e é consequencia da natureza do prêmio, do seu sistema de votação preferencial ponderada (votantes tem que apontar seus indicados em ordem preferencial, e indicados em primeiro lugar “valem” mais que os outros) e da peculiar mistura de gosto, amizades, inimizades, interesses que forma o, digamos assim, “inconsciente coletivo” da Academia.

Nesse contexto, a iniciativa de Julia Roberts chamando a atenção para seu colega Javier Bardem é notável não porque seja ilegal ou rara por si mesma, mas porque Julia estava usando seu enorme prestígio na comunidade para endossar e aumentar a visibilidade de alguém com quem, no momento, não tem nenhuma relação de trabalho, num gesto de pura admiração profissional e coleguismo.

Convescotes desse tipo – mais telefonemas, bilhetes, sms, emails – são super comuns nesta época do ano. São, na verdade, a essência, o coração das campanhas, e não violam as regras do prêmio se feitas sem ataques aos concorrentes e sem o acompanhamento de brindes (ironicamente, grandes empresas podem dustribuir brindes à vontade aos votanets e apresentadores, desde que não sejam relacionados a filmes concorrentes– coisas como eletrônicos, jóias, roupas, acessórios). Harvey Weinstein, que destilou a estratégia e transformou-a numa arte nos anos 1990, só não beija bebê de votante porque os bebês em geral abrem o berreiro quando o vêem.

Para quem está em regime de treinamento para os palpites, vale prestar atenção aos dois prêmios deste final de semana: Directors Guild no sábado e Screen Actors Guild no domingo. Interpretações literais das vitórias nesses prêmios não serão muito produtivas:  a Directors Guild tem 14 mil integrantes, e o departamento de diretores da Academia (aquele que esnobou Christopher Nolan) tem 367; da mesma forma a SAG representa 125 mil atrizes e atores, enquanto o departamento de atores da Academia (que preferiu, por exemplo, James Franco em 127 Horas a Ryan Gosling em Blue Valentine), conta com apenas 1. 183 (ainda assim, o departamento mais numeroso da Academia; e a atual presidente é a indicada Annette Bening, o que não deve supreender ninguém….)

Ao contrario da Academia, a DGA lembrou-se de Nolan, mas não creio que ele leve o prêmio dos colegas, no domingo _ há uma espécie de vontade coletiva de premiar David Fincher, este ano. Mesmo assim, é uma gota no agora vasto mar dos Oscars, onde, agora, 6000 votantes estão escolhendo os vitoriosos de 2011.

As vitórias na SAG podem ser um pouco mais significativas, exclusivamente pelo peso numérico de seus integrantes na Academia. Olho vivo sobretudo na categoria “melhor conjunto de elenco”, que é o equivalente ao “melhor filme” para os atores _ frequentemente uma vitória aqui indica uma tendência importante para melhor filme.


Chuva de ouro: um guia prático da temporada de prêmios
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Ana Maria Bahiana

Ano novo: a temporada-ouro está em pleno vigor.  Antes que a gente comece a jogar palpites para todos os lados, achei mais proveitoso compartilhar com vocês o que são, como funcionam e o que representam cada um dos prêmios que estarão em nossos calendários nos próximos meses. Assim teremos todos a mesma base para as discussões com certeza acaloradas que vamos encarar.

Vamos lá:

Globos de Ouro Indicações: 14 de dezembro de 2010  Entrega: 16 de janeiro

O que são: Prêmios para destaques em cinema e TV no ano anterior. As principais categorias prevêem prêmios diferenciados para drama e comédia.

Quem vota: 85 correspondentes estrangeiros baseados em Los Angeles integrantes da Hollywood Foreign Press Association

Como votam: Por dever de ofício, os votantes (entre os quais me incluo) vêem todos os filmes e séries de TV que escolhem; mas com idades entre 30 e poucos e 80 e muitos e gostos, formação cultural e preferëncias pessoais tão diversos quanto os 55 países que representam, suas escolhas são as mais imprevisíveis entre todos os prêmios.

O que representam: A primeira munição para as campanhas do prêmio maior, os Oscars. O mito de que “os Globos antecipam os Oscars” não é inteiramente verdadeiro mas, de fato, a  a HFPA faz uma espécie de pré-seleção dos títulos que devem ser levados em conta a cada ano. Isso tornou-se ainda mais verdade com a mudança da categoria “melhor filme”, da Academia, de 5 para 10 títulos, o que de certa forma engloba os 5 dramas e 5 comédias que os Globos sempre destacam. Embora  que, este ano….

E também:  A festa mais divertida da temporada, um jantar à moda da velha Hollywood, com poucos discursos e muito champanhe. Ricky Gervais é o mestre de cerimônias este ano, Matt Damon apresentará o troféu Cecil B de Mille a Robert de Niro. (E eu escrevi os textos do livro-programa…)

Prêmios das Guildas (produtores, atores, diretores, roteiristas, diretores de arte, montadores, diretores de fotografia, efeitos visuais). Indicações: entre 4 e 12 de janeiro    Entrega: entre 22 de janeiro e 19 de fevereiro

O que são: Prêmios específicos para os diversos ofícios que compõem a arte e indústria do cinema

Quem vota: Membros das respectivas associações de classe ou “guildas”, que variam entre 800 (montadores, diretores de arte) e 4 mil integrantes (produtores).

Como votam: Com exceção dos produtores, cujo ofício é por natureza abrangente, os demais prêmios são absolutamente focados nos talentos específicos. São prêmios que destacam determinados aspectos dos filmes, vistos pelos olhos de alguns dos melhores praticantes dessas atividades.

O que representam: Como a maioria dos integrantes das associações profissionais tambem são membros dos departamentos específicos da Academia, suas escolhas são excelentes métodos de antecipar os Oscars, pelo menos na fase das indicações ( o vencedor do prêmio da Producers Guild costuma levar o Oscar…) . E, como eles se dedicam especificamente a certos aspectos da realização, muitas vezes destacam filmes que não tem oportunidades em outras áreas.

E também: Cada guilda tem regras próprias quanto a quem pode ser premiado.A Writers Guild tem-se mostrado a mais enjoada, não permitindo premiações para não-integrantes, o que, este ano, deixou de fora grandes roteiros como Toy Story, Another Year e O Discurso do Rei.

British Academy Indicações: Pre-selecionados, dia 7 de janeiro; indicados, 8 de fevereiro   Entrega: 13 de fevereiro

O que são: Os Oscars da indústria cinematográfica britânica

Quem vota: os 6,500 integrantes da British Academy of Film and Television, todos profissionais de cinema, TV e games

Como votam: Assim como seus colegas norte americanos, os integrantes da BAFTA votam nos filmes que eles mesmos fazem e, é claro, privilegiam não apenas as próprias obras ( e as de amigos/associados) mas as produções britânicas

O que representam: Muito importantes para filmes europeus e independentes, que frequentemente são realizados com recursos britânicos. Como muitos profissionais top são membros das duas Academias, pode indicar tendencias de voto para os Oscars.

E também: a festa é em Londres, no Covent Garden. E é o único prêmio com duas rodadas de indicação. Ah, esses britânicos…

Spirit Awards Indicações: 29 de novembro de 2010   Entrega: 26 de fevereiro

O que são: Os Oscars do cinema independente norte-americano

Quem vota: Os 4 000 integrantes da Film Independent, uma ONG dedicada ao apoio e incentivo do cinema independente; apesar de contar com grande número de profissionais (inclusive os indicados do ano anterior) , qualquer pessoa que pagar os 95 dólares de inscrição na Film Independent pode votar.

Como votam: Cada vez mais, os Indie Spirits tem ido para os lançamentos dos chamados independentes-de-luxo, as distribuidoras especializadas dos grandes estúdos, como Fox Searchlight e Sony Classics. Mas ainda é uma das únicas janelas para os filmes menores, mais autorais.

O que representam: Há muito pouco overlap com a Academia, em termos de corpo votante e gostos. Mas pode ser a diferença entre a vida e a morte para obras pequenas e de estreantes (como, este ano, Tiny Furniture e Night Catches Us)

E também: É uma festa divertidíssima, super informal, numa tenda armada na praia de Santa Monica.

Oscars Indicações: 25 de janeiro   Entrega: 27 de fevereiro

O que são: O prêmio que, assumidamente ou não, todo mundo que faz cinema quer ganhar, um dia.

Quem vota: Mais de 6 000 acadêmicos _  profissionais de todas as áreas da realização cinematográfica, de várias nacionalidades, divididos em departamentos de acordo com sua atividade profissional.

Como votam: Este é o voto da industria em si mesma. Todos os 6 000 votantes fazem ou fizeram cinema ativamente, em alguma capacidade. Embora em tese eles tenham que ver os filmes nos quais votam, na realidade muito poucos tem tempo para isso: os votos vão primeiro para suas próprias obras e depois para os trabalhos de gente amiga, associada ou, muitas vezes, sinceramente para quem se admira. Na etapa das indicações, cada departamento vota na sua categoria – atores em atores, diretores em diretores, etc. Na fase final, todo mundo vota em todas as categorias.

O que representam: Além da imensa massagem no ego, um profissional indicado tem um ganho imediato de 60%  em seu cachê e um filme acrescenta automaticamente 40% a mais de público. É uma das maiores alavancas de venda nos mercados internacionais e para plataformas secundarias como DVD/BluRay, TV e internet.

E também: Os prêmios-homenagem perderam espaço na festa, e agora são entregues num jantar privado, em novembro.


Além dos top 10, uma dúzia de ótimos filmes da safra 2010
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Ana Maria Bahiana

Juntamente com meus top 10 para 2010 havia uma explicação sobre o periodo em consideração – os meus lançamentos de 2010, que acontecem num ritmo diferente, aqui nos EUA – e uma lista de “veja também”, indicando outros bons filmes que, por motivos diversos, não cabiam nos 10 espaços pré- determinados. Aqui vão eles…
Bravura Indômita (True Grit) Os Coens voltam ao Oeste selvagem e ao texto do livro de Charles Portis que inspirou o filme de John Wayne em 1969. O humor é tão nu e cru quanto as paisagens _ e a menina Hailee Steinfeld é uma descoberta.
It’s Kind of a Funny Story Gosto tanto deste filme que sinto até pessoalmente sua ausência nas listas alheias. O casal de diretores Anna Boden/Ryan Fleck (Half Nelson, Sugar) compreende perfeitamente a dor e a delícia da adolescência, tão intensas que, as vezes, parecem loucura.
127 Horas (127 Hours)
Preso à parede de um cânyon por um rochedo, um homem medita sobre destino, humanidade, solidão, solidariedade e o verdadeiro significado da coragem.
Blue Valentine Num ano repleto de filmes vagabundos sobre a relação entre mulheres e homens, o extraordinário Derek Cianfrance (documentarista, discípulo de Stan Brakhage) manipula tempo e espaço para dissecar o que nos faz entrar e sair do reino da paixão. Desempenhos maravilhosos de Ryan Gosling e Michelle Williams.
Scott Pilgrim Contra o Mundo (Scott Pilgrim Vs The World) Em gerações anteriores as metáforas para o terror e a maravilha de ter 20 anos foram guerras, viagens de aventura e explorações espaciais. Agora, são videogames – mas o encanto é o mesmo.
O Discurso do Rei (The King’s Speech) Apesar do clima “isca de Oscar” com cheirinho de Miramax nos anos 90, os desempenhos extraordinários de Colin Firth e Geoffrey Rush colocam em outro nível a jornada do rei que não conseguia falar.
Biutiful Alejandro González Iñarritu está sentindo a falta da mão firme do ex-parceiro Guillermo Arriaga no roteiro, mas a performance paranormal de Javier Bardem como um homem tentando fazer a coisa certa mesmo na plena escuridão existencial vale o filme.
Winter’s Bone Mais uma vez, um filme que poderia ser apenas bom se torna extraordinário graças a uma intrepretação fora do comum: a de Jennifer Lawrence como a adolescente que se vê chefe de familia numa isolada comunidade das montanhas Ozark, no interior do interior dos EUA.
Enterrado Vivo (Buried) Um truque hitchcockiano – um personagem, sozinho, numa situação impossível- funciona maravilhosamente neste thriller claustrofóbico.
Não me abandone jamais (Never Let Me Go) O livro de Kazuo Ishiguro sobre o que realmente nos faz humanos inspira esta meditação tristíssima e linda de Mark Romanek.
O Escritor Fantasma (The Ghost Writer) Qual versão da verdade é a verdade? Polanski transforma o (maravilhoso) roteiro de Robert Harris (adaptando seu próprio livro) em algo muito mais pessoal e complicado que um thriller político.
Ilha do Medo (Shutter Island) Um Scorsese em tom menor é melhor que os maiores esforços de muitos de seus colegas.
Veja também: Animal Kingdom, Des Hommes et des Dieux, Cyrus, Flipped, Monsters, O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy) , A Zona Verde (Green Zone), Tiny Furniture, O Jogo do Poder (Fair Game), Let Me In, The Town, Carlos.
E, é claro, Cat Diaries (não estou brincando – pelo menos não inteiramente. Este adorável curta é um trabalho admirável de montagem e música. Sem falar na cinematografia, inteiramente por felinos…)

E que 2011 seja um ano cinematográfico para todos nós!