Blog da Ana Maria Bahiana

Doze anos de uma história, um momento depois do outro
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Ana Maria Bahiana

boyhood abre 2 Boyhood, Ellar Coltrane Na última cena de Boyhood (Richard Linklater, 2014) , Mason (Ellar Coltrane) e uma amiga contemplam o céu em chamas e o horizonte infinito do majestoso parque Big Bend, no extremo sudoeste do Texas. Os dois estão meio viajandões de cogumelo, ocorrência não incomum quando se tem 18 anos e se está pousado no gume da lâmina entre o não saber bem quem se é e as portas escancaradas do futuro.Em alguns dias Mason e seus amigos de excursão pelo Big Bend começarão suas aulas na universidade. É possível que Mason e sua amiga se tornem um casal. É possível que Mason se forme com louvor em fotografia, sua paixão até o momento, que já lhe rendeu um prêmio no ginásio. É possível que ele troque tudo, que largue tudo, que se case, que  mude de cidade, ou de país… Tudo é possível, e é isso que a imensa paisagem vermelha, que imediatamente remete aos westerns clássicos, imprime em nossas retinas.

Mason e a amiga trocam um breve diálogo, que a princípio parece coisa de doidão. Ela acha que “carpe diem”, aproveite o dia, aproveite o momento, deveria ser ao contrário, que o momento é que nos pega, nos envolve, toma conta de nós. Mason concorda. “O momento é tudo”, ele diz, enquanto a câmera se aproxima lentamente, delicadamente, de seu rosto.

Esta cena, simples e maravilhosa, é o fecho perfeito para um filme enganosamente simples e cem por cento maravilhoso. Durante duas horas e 45 minutos – que passam com a mesma rapidez de um momento fugidio – vimos Mason/Ellar crescer diante de nossos olhos, do moleque de 6 anos que ainda se refugia no colo da mãe (Patricia Arquette) para ouvir histórias ao rapaz de 18 que compreende, afinal, que fantástica, penosa, complicada, única é essa estrada que trilhamos desde nossa primeira inspiração.

A absoluta insanidade de Linklater – filmar uma história ao longo de 12 anos, com os mesmos atores e não-atores – só havia sido tentada, que eu saiba, no território do documentário, com a série Up, de Michael Apted, que seguiu um grupo de crianças desde a escola até a meia idade. Mas a ousadia aqui é outra: o autor não está removido da história, não é o ser onipotente que, de fora, registra as trajetórias de outros. Em Boyhood Linklater está no centro de tudo: na concepção e planejamento do projeto (só a pré-produção levou mais de um ano, e a pós-produção, dois); no roteiro, que sem sombra de dúvida espelha sua própria vida crescendo no oeste do Texas num família instável centrada numa figura materna forte e progressista; e finalmente no olhar calmo, preciso, com que deixa que as duas histórias – a sua e a de Mason/Ellar – se desenrolem ao sabor do tempo.   Boyhood, Ellar Mason., Ethan HwakeCom certeza muita gente vai sair desse filme dizendo “mas é só isso? Isso não é nada demais”. Compreendo _ décadas de fogos de artifício visual de todos os tipos, de efeitos espetaculares a dramas e terrores absurdos, complicadas estruturas narrativas e outros adornos nos deixaram viciados naquilo que é ruidosamente “difícil”. Boyhood não é ruidoso, mas não é fácil – e a simplicidade do olhar de Linklater é o mais complicado de tudo, permitindo que, sobre a sua proposta, a vida e o tempo, em si, construissem um filme. Drama e comédia acontecem, mas Linklater não força a mão em momento algum, não sublinha, não grita – estamos com ele na casa da familia, no banheiro da escola, no assento do carona, na garagem, no almoço de domingo, respirando livremente o momento. Em breve outro momento virá, e outro, e mais outro, o rio do tempo mudando pessoas e paisagens, tecendo uma trama em parte inventada, em parte vivida . Como eu cheguei aqui? , o filme pergunta. Deixando os dias passarem, é a resposta, como na canção dos Talking Heads.

Mas Boyhood não é apenas a vida de um garoto – é a vida de seus pais (Arquette e Ethan Hawke), de sua família, de suas comunidades, de seu estado, de seu país, de todos nós. Somos nós todos atravessando 12 anos, mudando de roupa, de tecnologia, de trilha musical. Somos nós todos crescendo, amadurecendo, envelhecendo – palmas extras para Arquette e Hawke, que chutam o balde do convencional e se permitem envelhecer diante dos nossos olhos – ganhando, perdendo.

Vendo Boyhood eu pensei imediatamente em SlackerDazed and Confused, os filmes de Linklater que, para mim, mais se aproximam em conceito e estética deste. Mas um minuto depois eu vi, escondido em Boyhood, o olhar delicado e generoso de François Truffaut, seu comprometimento inequívoco com a verdade de cada pessoa, seu jeito despojado e poético de enquadrar, escolher, mostrar. Mason poderia ser Antoine Doinel no oeste do Texas, crescendo com os mesmos pequenos-grandes dramas que são os de todos nós e que, às vezes, o olhar do cinema captura tão precisamente.

E, no final, o momento é tudo.

Boyhood está em cartaz nos EUA e estréia no Brasil dia 30 de outubro.

 


Na mão e contramão da história, entre humanos de todos os tipos
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Ana Maria Bahiana

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A primeira (descontado o prólogo) e a última imagens de O Planeta dos Macacos- O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes, Matt Reeves, 2014) são a mesma: um super close de Caesar, o líder dos símios que, no filme anterior desta iteração da franquia, libertou um bando de seus companheiros de espécie do cativeiro dos humanos.

Abrir um filme assim é uma ousadia tremenda – a imagem nos pede para aceitar um rosto não-humano como nosso igual e, mais que isso, como o protagonista de uma narrativa cinematográfica que, fora da animação, é dominada por nós, homo sapiens.É um risco brutal que nos diz, de cara, que o diretor Matt Reeves está jogando com todas as suas cartas, e veio para nos provocar, nos instigar, nos propor a ver um filme-diversão, um filme fantástico, como algo além de desculpa para duas horas no ar condicionado, comendo pipoca.

Quando vemos Caesar em extremo close-up, no final do filme, não há mais risco – e esse é um dos grandes triunfos de O Confronto. Graças a uma exemplar combinação de arte e tecnologia, do talento imenso de Andy Serkis e da genialidade dos animadores da Weta (e de mais três estúdios auxiliares de VFX), das excelentes escolhas de Reeves e da bela articulação do roteiro, há muito abraçamos Caesar e seus companheiros de tribo como personagens completos e complexos. A possível estranheza de ver um filme protagonizado por não-humanos desde o começo – algo que nem Avatar, que primeiro propôs esse conceito, deve coragem de fazer – desfaz-se com tamanha rapidez que, não demora nada, são os atores humanos que parecem fora do lugar.

O que é exatamente a ideia central de O Confronto. Dez anos depois dos eventos do filme anterior, de 2011 (aconselho ver antes deste) o mesmo vírus que tornou os símios capazes de saltar algumas etapas na escala da evolução dizimou a população humana do planeta. Núcleos de refugiados vivem em condições precárias no que restou das grandes cidades, enquanto nas florestas do norte da Califórnia, Caesar (Serkis) comanda uma vasta população símia capaz de comunicação, artefatos, estratégia, cultura, política e organização social.

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As necessidades dos refugiados de San Francisco – comandados por Dreyfus (Gary Oldman, competente como sempre) – colocarão os dois mundos em conflito, acelerando a narrativa que, em última instância, levará ao cenário desenhado no primeiro filme de todos, O Planeta dos Macacos, de 1968 (escrito por Rod “Além da Imaginação” Serling, dirigido por Franklin “Papillon” Schaffner e adaptado de um genial bestseller do mesmo nome, de Pierre Boulie, cujo universo continua alimentando a franquia.)

O Planeta dos Macacos-A Origem já tinha sido um filme da alegre categoria :''filme  muito melhor do que precisava”, graças não apenas aos excelentes VFX mas também ao roteiro de Rick Jaffa e Amanda Silver (os mesmos de O Confronto) e à direção de Rupert Wyatt. Matt Reeves dirigiu um filme que me fez rir à revelia de suas intenções – Cloverfield – mas também assinou dois filmes que me disseram muito: The Pallbearer, de 1996, e Deixe-me Entrar, de 2010. Em todos eles (sim, inclusive Cloverfield) Reeves demonstrou seu talento em enquadrar e movimentar o olhar da câmera para contar muitas histórias ao mesmo tempo, coisa que faz aqui tantas vezes que é difícil até destacar uma – mas recomendo que prestem atenção numa cena de batalha que inclui o ponto de vista de um tanque, e que já seria extraordinária mesmo que todos os seus personagens fossem de carne e osso.

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Parte do que faz O Confronto se destacar nas águas mornas desta temporada pipoca é a sensação extraordinária de estarmos vendo ao mesmo tempo a mão e a contramão da história humana: o nosso retrocesso paralelo à evolução dos novos humanóides que criamos à nossa semelhança, dando a eles um pedaço do que julgávamos, em nossa arrogância, ser nosso dom maior, a inteligência. “Eles não precisam de energia elétrica”, diz um personagem humano. Exatamente. No começo do filme Caesar nos olha na platéia como quem pergunta o que estamos fazendo ali. No final, ele nos olha para ver se ainda temos alguma dúvida.

Se você só tem tempo para ver um filme da temporada pipoca este ano, veja O Planeta dos Macacos- O Confronto.

 E por favor – uma indicação para Andy Serkis, já!

O Planeta dos Macacos- O Confronto estréia aqui nesta sexta dia 11 e no Brasil dia 24 de julho.


No cardápio da TV: monstros, tiranos e rapazes sem camisa
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Ana Maria Bahiana

The Strain Antes de continuar com as novas séries deste segundo semestre,algumas boas notícias sobre futuros projetos:

  • Sherlock vai ter mais uma temporada em 2015-2016! Essa fez minha semana…
  • A quarta temporada de The Killing – a série que ninguém consegue matar – estará disponível na Netflix dia 1 de agosto.
  • Fãs de American Gods, como eu, ainda não se desesperem de todo. Embora a HBO tenha desistido depois de três tentativas de adaptar o livro de Neil Gaiman ( dá para imginar por que…) a Fremantle Media, que detem os direitos, está convencida de que é capaz de tirar uma série dali. A busca por um showrunner do primeiro time está avançada.
  • Fãs de Jonathan Strange e Mr. Norrell, também não percam as esperanças. O filme não saiu, mas vem aí uma série de sete episódios da BBC America, estrelada por Eddie Marsan (o “Terry” de Ray Donovan, e o ''Inspetor Lestrade'' de Sherlock) e Bertie Carvel ( o “Barnatabois” do filme Les Miserables).

E agora…. strain The Strain (FX, estréia nos EUA dia 13 de julho). Você sabe que Guillermo del Toro conseguiu te enrolar direitinho quando você termina de ver o primeiro episódio/piloto de The Strain completamente apavorada e hipnotizada. E só muito tempo depois você pára e percebe que este é o tipo de…eu ia dizer filme, o que ele de fato é… em que personagens entram em lugares enquanto outros gritam :”Não! Não! Não entre aí”; onde uma caixa gigantesca aparece numa área suspeita controlada pelo Centro de Controle de Epidemias e ninguém põe nem ao menos um vigiazinha para tomar conta da dita cuja; e que quando um personagem diz “nenhum veículo deixa esta área sem minha permissão” você sabe que na cena seguinte uma van enorme vai fazer exatamente isso. Tudo perdoado, Guillermo. Quem leu os quadrinhos criados por Del Toro e Chuck Hogan sabe do que se trata (a série é fiel à hq). Quem não sabe pode apertar os cintos para uma jornada daquele tipo de horror à moda Del Toro (que produz a série e dirigiu e escreveu o piloto): orgânico e metafísico, onde a própria carne humana é a fonte dos principais terrores, e onde nenhuma metáfora capaz de ser levada ao pé da letra é deixada de lado. Garanto: nunca mais você vai ouvir “Sweet Caroline”, do Neil Diamond, do mesmo modo. outlander Outlander (Starz, estréia nos EUA dia 9 de agosto). Sim, esta é o tipo de série em que rapazes fortes e bem apessoados – de kilt, ainda por cima! – tiram a camisa por qualquer coisa, mesmo no clima super ameno das montanhas da Escócia. É, também, o tipo de série em que uma moça tem que escolher entre dois bonitões igualmente (em tese) irresistíveis (o rebelde escocês Sam Heughan e o marido inglês Tobias Menzies) Tendo dito isso, acrescento – não é Crepúsculo. O diferencial é a obra de Diana Gabaldon, que oferece uma heroína substancial e complexa, a enfermeira Claire Randall, (Caltriona Balfe), escolada nos ambulatórios da Segunda Guerra Mundial, e um bom pano de fundo com os intermináveis conflitos entre ingleses e escoceses no século 18. As paisagens da Escócia (cujo bureau de cinema apoiou  e co-produz o projeto) são um ótimo bônus. tyrant Tyrant (FX, estréia nos EUA dia 24 de junho). Quem será que achou que isso daria uma boa série? Temos aqui o israelense Gideon Raff, um dos criadores de Homeland, juntando-se aos americanos Howard Gordon ( de 24 Horas) e Craig Wright (Lost, Brothers and Sisters, Six Feet Under, United States of Tara) para criar uma série sobre a luta pelo poder num país (árabe, muçulmano) fictício do Oriente Médio. E sabem o que é pior? O que mais incomoda não é nem o festival de clichês que referencia em parte o Iraque de Saddam Hussein, em parte o Egito da Primavera Árabe e da praça Tahir, e que coloca um irmão “mau “, o mais moreno, mais árabe ( o palestino Ashraf Barhom) contra um irmão “bom”, o mais clarinho, mais ocidental (o inglês Adam Rayner). É a multidão de personagens superficiais, começando pelos dois irmãos (Barhom parece que está sempre latindo; Raymer, que está sempre com dor de cabeça) e culminando numa familia que parece um replay das piores coisas de Homeland: a dona de casa devotada que não tem mais o que fazer além de se preocupar com o marido (Jennifer Finnigan, sempre com os olhos arregalados), os dois filhinhos insuportáveis. Eu já vi quatro episódios e digo: não melhora. Muito pelo contrário. knick2 The Knick (Cinemax, estréia nos EUA dia 8 de agosto) Sempre teve curiosidade para saber como se consertavam fraturas e se faziam cesáreas uns 100 anos atrás? Como eram tratadas, digamos, meningite e sífilis? Sempre quis saber como foram criados os instrumentos cirúrgicos, como se desenvolveram as técnicas e tratamentos da medicina moderna? Então esta série é para você! Mas mesmo que você não tenha nenhum desses interesses, esta é uma série que recomendo a qualquer pessoa que goste de bom cinema. Porque é cinema: Steve Soderbergh, produtor e criador, dirige e opera a câmera nos 10 episódios, garantindo unidade estética e clareza de visão na história de um hospital na Nova York do começo do século 20 – Knickerboker, o Knick do título – e seu time de médicos, tão fascinantes e complicados quanto os dos melhores momentos de, digamos, ER. Clive Owen como o cirurgião-chefe Dr. John Thackery, vaidoso, arrogante, viciado em drogas, é o Sol em torno do qual se desenrola a trama de vida e morte,. Um filmaço, em 10 episódios.


É a Copa das séries: qual será o próximo grande sucesso?
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Ana Maria Bahiana

 

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Enquanto a Copa arrebata corações por aí, aqui as apostas são em torno das novas séries _ o verão norte-americano é um excelente campo de provas para as séries estreantes dos canais pagos, um setor mais que aquecido.

Aqui vão algumas prévias para vocês:

The Leftovers (foto) HBO, estréia 29 de Junho. Carro chefe da HBO na ausência do mega-hit Game of Thrones (cuja quinta temporada está neste momento em filmagem),. Leftovers é uma adaptação do livro Os Deixados Para Trás, de Tom Perrotta (que a Intrínseca lançou no Brasil em 2012 ) com supervisão de Damon “Lost” Lindelof. Como toda a obra de Perrotta – que já vimos no cinema em Eleição, de Alexander Payne, e Pecados Íntimos, de Todd Field – Leftovers, o livro, tem um tom entre o drama e a sátira, com situações banais levadas até extremos que revelam o absurdo da “vida normal”. Aqui, no caso, o súbito e inexplicado desaparecimento de milhões de pessoas pelo mundo afora e o impacto do sumiço nas vidas dos que ficaram.

Depois de ver os quatro primeiros episódios da série, ainda estou esperando a sátira. Acho que, assim como os arrebatados, ela não vai aparecer tão cedo, provavelmente nunca. Tudo é muito sério na fictícia cidadezinha de Mapleton, o clima de tragédia pesando no ar, referenciando, o tempo todo, os atentados do 11 de setembro de 2001. Numa mudança importante do material original, o protagonista não é mais um poderoso homem de negócios, mas o chefe de polícia da cidade (Justin Theroux), às voltas com dramas coletivos e pessoais (a mulher que largou a família para juntar-se a uma das bizarras seitas que se multiplicam depois dos desaparecimentos, a filha que vive em estado de apatia crônica).

Talvez a série floresça na continuidade – há alguns momentos geniais, com um surrealismo perverso que flerta com possibilidades saborosas no futuro ( um deles envolve cachorros e uma corça, e mais não direi…)

 

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Halt and Catch Fire (AMC, estréia dia 1 de junho). Devemos nos preocupar com a AMC? O canal que durante alguns anos gloriosos teve no ar Breaking Bad e Mad Men agora tem TURN (que é muito bem acabada mas não consegue me pegar de jeito nenhum) e esta novidade criada por uma dupla experiente na TV – Christopher Cantwell e Christopher C. Rogers – que, tenho quase certeza, pitcheou a série como “Mad Men nos anos 80! No mundo da informática!”

Senão vejamos: temos um executivo jovem, ambicioso, brilhante e arrogante (Lee Pace, que é o “Elfo Malvado” da trilogia Hobbit); uma ainda mais jovem profissional de informática, também brilhante mas socialmente canhestra (a canadense Mackenzie Davis), ao léu num universo dominado por homens; e um engenheiro inseguro, que se sente dominado pelos colegas e pela mulher (Scoot McNairy, um dos diplomatas sitiados de Argo).

Parece familiar?

Troque a publicidade pela industria da informática engalfinhando-se para produzir a próxima grande novidade nos anos 1980 como o mundo-em-transe das aventuras desses três personagem e temos Halt and Catch Fire.

Os dois primeiros episódios não conseguiram me dizer absolutamente nada além da excelente trilha musical – sintetizadores! New wave! Pós punk! – e das impressionantes sobrancelhas de Lee Pace. Já o terceiro, que foi ao ar domingo passado, apontou para uma boa evolução possível – em grande parte porque subverteu um pouco a rigidez dos personagens, tornando o Joe de Lee Pace mais vulnerável e imprevisível, e o Gordon de Scoot McNairy um pouco mais complicado e manipulador. Como quase toda série, Halt ainda não consegue dar às personagens femininas a complexidade que merecem, e isso é um dos seus grandes problemas.

Os diretores são do primeiro time – Juan José Campanella, Jon Amiel e Karyn Kusama, entre outros – e a a narrativa visual mostra com precisão tanto talento. E a trilha continua excepcional.

No próximo post: Outlander e The Knick.


Guerra nas pipocas: a TV e as mulheres estão ganhando…
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Ana Maria Bahiana

game-of-thrones-season-4-episode-9-the-watchers-on-the-wall-wildlings-hboMinha vontade esta semana era escrever exclusivamente sobre Game of Thrones, sobre como esta quarta temporada está  elevando ainda mais o nível já alto da série . E como Neil Marshall, que já havia botado pra quebrar na batalha do Blackwater, na  segunda temporada, definitivamente colocou a televisão num nível antes povoado apenas por gigantes como David Lean, William Wyler , John Ford. Porque dirigiu Watchers on the Wall como antes se dirigiam os grandes filmes de combate, tendo a petulância de incluir este plano sequência (que já vais er devidamente anexado ao meu curso…) Nessa hora é  bom lembrar  que Neil Marshall assinou alguns dos meus filmes de ação/terror favoritos dos últimos anos: Dog Soldiers, Abismo do Medo, Centurion. Tudo explicado: o bom cinemão está mesmo indo para a TV. Mas existem outros assuntos palpitantes aqui na cidade do outro lado do continente – e da Copa. Por exemplo:  edge-of-tomorrow-trailer-2

 

O que fazer com Tom Cruise? A vida é não é fácil quando um jovem mega-astro  passa dos 50 anos deixando para trás uma carreira muito mais de estrela do que de ator. Cruise é um dos nossos últimos, senão o último, puro “astro de Hollywood”. Sua glória se baseia não em como intrepreta seus papéis mas em como os papéis se transformam nele, Tom Cruise. Seus anos de esplendor estão entre Negócio Arriscado e Guerra dos Mundos, com um apogeu ali entre Top Gun e Magnolia, com um Kubrick ensanduichado no meio. Tempos mudaram, plateias mudaram ainda mais e, agora, No Limite do Amanhã tomou uma surra na bilheteria norte-americana, apesar dos elogios da crítica (merecidos – é um filme muito mais inteligente do que precisa). A bem da verdade a Warner, que é um verdadeiro rolo-compressor no marketing e distribuição, foi, digamos assim, super discreta e contida no lançamento de Limite do Amanhã. O empurrão maior foi reservado para os mercados internacionais, onde o filme foi lançado antes da estréia norte americana (sentiram a pressão aí?) E onde está fazendo uma bela carreira, com mais de 82 milhões de dólares em caixa – indica um caminho possível:  os anos dourados de Cruise estão fora dos Estados Unidos. É um padrão comum a todos os grandes astros de ação dos anos 80 e 90. Será que algum dia Cruise se imaginou na mesma categoria que Schwarzenegger e Stallone? hazel gus on set

 

Quem está dominando as bilheterias? Quem deu surra em No Limite do Amanhã foi A Culpa é Das Estrelas, a própria antítese do filme de ação/sci-fi.  É a segunda vez  em duas semanas desta temporada-pipoca, em geral dominada por adolescentes masculinos e familias, que o público feminino dá as cartas : Malévola passou de longe Um Milhão de Maneiras de Pegar Na Pistola (não briguem comigo – foi esse o título que o filme de Seth MacFarlane ganhou no Brasil) ; e acho que a mesma coisa vai acontecer internacionalmente. O mito de que apenas rapazes entre 14 e 39 anos vão ao cinema em quantidades suficientes para alegrar os grandes estúdios não se sustenta mesmo.  Bastava olhar o último relatório da Motion Picture Association of America para o ano de 2013: 51% dos compradores de ingressos são mulheres; 52% das pessoas que vão ao cinema também são mulheres. Num recente seminário da indústria, aqui em LA, o workshop sobre “como atrair o público feminino” estava superlotado. Eu não fui mas tenho uma sugestão simples: contratem mais mulheres roteiristas, diretoras, produtoras. Opcionem mais obras onde mulheres são protagonistas. O “público feminino” não é um gueto – é metade do mundo. E parece que é a metade que está ganhando. 680x478

 

Por que O Destino de Júpiter foi chutado para 2015? Vamos voltar ao marketing da Warner? Porque a resposta está aí….  Duas palavras: Cloud. Atlas. Que custou 102 milhões de dólares e fez 29 milhões e trocados nos Estados Unidos e Canadá, sendo salvo, assim-assim, pelos mercados internacionais (olha eles aqui de novo…). E mesmo assim… Certo, o motivo oficial pode até ser mesmo a pós produção, os efeitos digitais, etc. Mas suspeito que a razão mais profunda é estratégica: 18 de julho, a data original, é o filé da temporada-pipoca, super competitiva, onde um passo em falso é muito mais fatal do que os tranquilos idos de fevereiro de 2015, época morninha, sem grandes expectativas, sem a necessidade de uma campanha maciça ( e caríssima) de marketing . Coisa semelhante aconteceu com a Sony e Caçadores de Obras Primas – só que da temporada-ouro para o mesmo banho-maria do começo do ano. Em outras palavras: os executivos de distribuição e marketing deram uma boa olhada no filme e tiveram aquele proverbial frio na barriga, Que não era de emoção. E ,pra terminar, um lembrete: Penny Dreadful está chegando ao Brasil em julho, pela HBO (aqui, a série é da arqui rival Showtime). Não perca. Principalmente se você é fã de terror old school, com inclinações góticas. E gosta de coisas muito bem escritas.


Entre o banal e o fantástico reina Malévola
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Ana Maria Bahiana

 

 

maleficent-321154l-imagineA Disney foi o primeiro grande estúdio a compreender completamente o poder do mito, a ideia de que um universo mitológico é muito mais resistente ao tempo e à sucessão de gerações de plateia do que uma única história que se conta apenas uma vez. A Disney sempre investiu em personagens, mundos e mitologias, o que explica amplamente suas recentes aquisições e parcerias: Pixar, Marvel, LucasFilm. Todas elas empresas que, acima de tudo, se dedicam a criar mitos de longa duração.

Nos últimos anos a Disney tem se dedicado a rever e reposicionar mitos. Alice (originalmente criada por Lewis Carroll, é sempre bom lembrar) por Tim Burton; o Mágico de Oz por Sam Raimi; o Cavaleiro Solitário e Tonto por Gore Verbinski; praticamente todos os contos de fadas pela série Once Upon a Time.

Como o resultado desses esforços tem sido, na melhor das hipóteses, super desigual, fiquei um pouco preocupada quando soube que a Bela Adormecida era a próxima candidata a uma repaginação…

Tenho que admitir: meus temores, embora justificáveis, não se realizaram. Digo mais: de todas as tentativas da Disney, Malévola (Maleficent, 2014, dir. Robert Stromberg) é a melhor releitura até agora.

Crédito a quem merece: Linda Woolverton (A Bela e a Fera, O Rei Leão), que escreveu o argumento e deu o formato final a um roteiro feito a muitas mãos; Robert Stromberg, que usou sua experiência como premiado supervisor de efeitos especiais para dirigir um filme que é, inteiro, uma fantasia; e Angelina Jolie, claramente se divertindo muito com um papel que é mais complicado do que parece, e compondo um desempenho muito melhor do que era necessário.

O grande achado de Malévola é reposicionar seu conflito inicial – o ato “malévolo” da fada que amaldiçoa a princesa condenando-a a um sono eterno – como uma extensão de um outro conflito : o do mundo fantástico, do impalpável, do misterioso, habitado por fadas, elfos, dragões e espíritos da natureza, e o mundo do dia a dia, onde os seres humanos estão ocupados na disputa de poder e riqueza.

Esse recurso narrativo, dando uma outra moldura a uma história muitas vezes repetida desde o século 17, abre as portas para uma deliciosa exploração de quem realmente seriam os protagonistas do conto de fadas – qual a verdadeira natureza de Malévola, a “fada má”; de Aurora, a princesa amaldiçoada,;e de Stefan, o rei, pai dela.

É um caminho que leva a novas e interessantes conclusões – a maior de todas, uma releitura completa e radical da ideia de “amor verdadeiro” que em geral leva ao “felizes para sempre” das histórias.

Mas não se assustem – Malévola é uma delícia de assistir, uma experiência visual sensacional, uma jornada muito divertida por uma trama que todo mundo acha que conhece. Eu teria preferido menos gente mexendo no roteiro – as costuras das emendas às vezes são aparentes – e ainda não entendo por que ninguém resolveu o primeiro grande problema da história – o fato de  nossa heroína se chamar “Malévola”, um nome que, por si só, já determina como olhamos para a personagem. Certo que a Disney tem que manter bem lustradas as suas marcas – no caso, os nomes de seus personagens – mas há recursos simples de criação que poderiam ter contornado isso.

Mas isso não impede de ser uma ótima maneira de passar 97 minutos – leve as crianças se precisar de um pretexto…

 Malévola estreia nesta quinta feira, dia 29, aqui e no Brasil.


Deuses e monstros
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Ana Maria Bahiana

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O divertido da temporada pipoca é que podemos suspender muito mais que nossa descrença quando vamos ao cinema (e olha que a descrença, no caso, precisa ser completamente deixada em casa).

Estamos, aqui, inteiramente no território da metáfora, o realismo passa ao largo e todos os possíveis buracos em tramas e personagens podem e devem ser perdoados (a não ser os que ofendem o cânon dos textos sagrados, as hq…). A lógica dominante aqui é a lógica da narrativa – no mundo do fantástico, onde tudo é possível, as regras são as que os criadores combinam no começo do jogo, com o consentimento tácito de nós todos, na plateia.

O que nos leva logo de cara ao meu monstro favorito, Godzilla. Monstros estão no cimema desde que as câmeras começaram a rodar . Os seus melhores e mais poderosos, como King Kong e o Gojira original de 1954, são os que, além de nos dar sustos em grande escala, de alguma forma cutucam as camadas mais profundas de nossos sonhos e pesadelos. Por que apenas o ser humano seria capaz de sentir?, King Kong pergunta, acuado no alto do Empire State. Por que o ser humano é incapaz de assumir responsabilidade pela destruição que causa quando não consegue controlar sua sede de poder? indaga Godzilla, nascido da radiação atômica, enquanto caminha descuidadamente por Tóquio, destruindo tudo em seu caminho, como tinham feito as bombas nucleares de Hiroshima e Nagasaki, meros nove anos antes.

O problema de mais esta iteração do mito é não levar fé no poder do monstro. Desta vez com os amplos cofres da Warner bancando os gastos e um bom diretor indie,. Gareth Williams, estreando na árdua tarefa de pilotar um arrasa-quarteirão, este Godzilla parece decidido a dizer, logo de cara: este ano não vai ser igual aquele que passou, este filme não vai ser aquela coisa vexaminosa dirigida pelo Roland Emmerich. Talvez por isso a Warner insistiu em encher a tela com um monte de astros de bom pedigree – Bryan Cranston (numa peruca bizarra), Sally Hawkins, Juliette Binoche, Ken Watanabe, Aaron Taylor-Johnson.

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Acabamos então com dois filmes: um com os atores e o outro com o monstro. Os atores, coitados, tem que despachar aqueles diálogos cheios de explicações, as tão temidas “exposições”. É uma hora disso até que o outro filme comece, o do monstro, que é muito melhor que o primeiro. Infelizmente desprovido de sua maior arma metafórica- o fato de ser nascido da radiação – este Godzilla pelo menos tem a seu serviço efeitos muito melhores (aliás melhores que vários outros no próprio filme, que parecem meio sem jeito no 3D de conversão). E uma missão nobre, que finalmente faz justiça ao seu poder monstruoso.

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Super-heróis são criaturas de outro universo metafórico – são nossos deuses, nossas figuras mitológicas capazes de extrapolar nossas pobres limitações humanas. Sempre achei os X Men especialmente interessantes. Suas qualidades extraordinárias são, elas mesmas, um limite, algo que os torna não os acolhidos e eleitos dos humanos, ams os malditos, vistos com desconfiança e até ódio.

É uma metáfora poderosíssima, que Bryan Singer compreendeu e trabalhou muito bem em seus dois filmes da franquia (2000 e 2003). É bom te-lo de volta em Dias De Um Futuro Esquecido. Trabalhando com um bom roteiro de Simon Kinberg (que por sua vez se inspira na trama desenvolvida nos quadrinhos por Chris Claremont e John Byner), Singer volta ao tema da estranheza e da rejeição, que chega aqui ao limite absoluto – um verdadeiro holocausto causando pelas invenções do Professor Bolivar Trask (Peter Dinklage, ótimo como sempre), que ameaça destruir não apenas todos os mutantes mas toda a humanidade.

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A única salvação está, como sempre, nas mãos dos rejeitados. Usando os poderes de Kitty Pryde (Ellen Page), Wolverine (Hugh Jackman) volta ao passado, com sua psiquê habitando o seu corpo – e compartilhando sua mente- em 1973. A missão: reescrever a história, e, dessa forma, impedir o holocausto.

Não sei o que isso poderia ter resultado em mãos menos competentes que as de Singer. Mas, aqui, o que temos é um filme ao mesmo tempo divertido e provocador, íntimo e em larga escala, repleto de questões filosóficas – somos, hoje, os mesmos que éramos no passado? Somos capazes de perdoar a nós mesmos? – e onde a violência, quando existe, tem consequencias.

Fãs de X Men vão ficar felizes com a quase overdose de personagens em aparições especiais (sim, incluindo a Vampira de Anna Paquin e o Mancha Solar brasileiro vivido pelo mexicano Adan Canto). O meu favorito é o Mercúrio (aqui, Evan Peters de American Horror Story), responsável por uma das sequências mais empolgantes do filme – e o melhor uso do “bullet time” a la Matrix que eu vi em muito tempo.

Vale a pena deixar a descrença em casa para estes X Men.


Adeus Gordon Willis, Príncipe das Trevas,mago de luz e sombra
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Ana Maria Bahiana

Robert Duvall, Marlon Brando, Gordon Willis e seu assistente de cämera Tibor Sands no set de O Poderoso Chefão, 1971

Robert Duvall, Marlon Brando, Gordon Willis e seu assistente de câmera Tibor Sands no set de O Poderoso Chefão, 1971

Gordon Willis, 28 de maio de 1931 – 18 de maio de 2014

''Uma câmera é uma ferramenta. A luz também. Seu objetivo é transformar: transformar a palavra escrita em uma outra coisa, uma narrativa inteiramente visual.''


Entre mundos, entre medos: o maravilhoso apelo sinistro de Penny Dreadful
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Ana Maria Bahiana

 

Episode 101

Ah, Penny Dreadful, Penny Dreadful, como eu gosto de você!

Certo, não é exatamente algo que não vimos antes: o mundo opulento/aterrador da Inglaterra vitoriana é território mais que fértil, e agora mesmo está no ar, pela BBC., a ótima série Ripper Street que, embora seja um policial procedural “duro”, às vezes flerta com o sobrenatural.

E, é claro, temos A Liga Extraordinária. Fãs em geral e steampunks em particular vão achar, como eu achei, muitos pontos de contato entre o cico de obras de Alan Moore e a série de John Logan que a Showtime estreou aqui nos EUA neste último domingo. Tenham paciência – principalmente a partir do segundo episódio Penny Dreadful assume um perfil que, embora tenha pontos de contato com a Liga, é todo seu.

“Penny dreadfuls”, deve-se explicar, eram revistinhas-folhetins que faziam sucesso na Grã Bretanha de meados  do século 19 com história de terror em série. Seu público alvo eram (como hoje, aliás….) os adolescentes . Uma confluência de formatos e estios que fascinou o criador e showrunner John Logan (Skyfall, Hugo Cabret, Gladiador, os próximos dois 007).

Este Penny Dreadful pode ser “lido” de muitos modos diferentes. Como na Liga de Alan Moore, Logan faz um refogado bem apurado de praticamente todos os mitos e criaturas fantásticas da era vitoriana: vampiros, múmias, criaturas feitas a partir de cadáveres, Jack O Estripador. Também como na Liga há um grupo de personagens nada “normais” reunidos em torno de um propósito comum: um aristrocrata endinheirado fascinado com explorações geográficas (Timothy Dalton), uma bela médium com vastos dons paranormais (Eva Green), um pistoleiro norte-americano de pontaria infalível (Josh Hartnett) e um certo Doutor Victor Frankenstein (Harry Treadway).

O objetivo, pelo menos em tese, é achar a filha do aristocrata, desaparecida em circunstâncias que nunca são claramente mencionadas – e cuja primeira tentativa de resgate, logo no episódio de estreia, indica claramente que… bom… a coisa não é bem assim.

Episode 101

Essa, na verdade, é a essência da série: revelações constantes, uma atrás da outra, camadas de trama e de definição de personagens sendo retiradas, a cada momento. Cicatrizes são um elemento visual importante, sempre presente: elas apontam para a ideia de que há algo por baixo, algo oculto, feridas e traumas e monstruosidades mal curadas, mal contadas, mal esquecidas, mal cobertas. De quem o pistoleiro está fugindo? Por que o aristocrata frequenta lugares tão… inóspitos? O que realmente aconteceu com a filha dele? Por que a médium vive na mansão do aristocrata, por que reza fervorosamente, quase histéricamente?  O diretor dos dois primeiros episodios, Juan Antonio Bayona, nos brinda logo de cara com um plano sensacional de uma dessas preces, Eva Green praticamente decapitada sob o peso de sua devoção… ou de sua culpa?.

Lá pelo meio do segundo episódio uma sessão espírita toma rumos realmente extraordinários, e Penny Dreadful engrena numa descida delirante para o que os (fabulosos) diálogos de Logan descrevem como “um meio mundo entre a crença e o medo”. Com uma direção de arte espetacular, que contextualiza visualmente uma era fascinada ao mesmo tempo com a ciência e o ocultismo, ganhando fortunas com a rrevolução industrial mas sonhando com romanticamente com um mundo selvagem, e uma fotografia de cinema, Penny Dreadful tem ainda, para a sua largada, um diretor que sabe como poucos armar uma cena e deixar a imagem contar a história. São tantos os exemplos que não me arrisco a cometer spoilers…

Digo apenas: não percam de jeito nenhum.