Blog da Ana Maria Bahiana

Arquivo : novembro 2013

Temporada ouro: primeiros sinais
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Ana Maria Bahiana

globes ballot

Esta semana, por mais incrível que pareça, é quando começam a se definir as disputas da corrida dos premios. Explico: esta semana, feriadão do Dia de Ação de Graças, meus colegas da Hollywood Foreign Press Association estarão com tempo para ver as verdadeiras montanhas de DVDs que chegaram com os filmes e séries de TV elegíveis para os Globos de Ouro – mais um catálogo de 220 páginas com os dados de todos eles e as respectivas categorias em que cada um (e  seu elenco e equipe) concorre.

Como sempre digo – não é que os Globos antecipem os Oscars ou outros prêmios. O pool de votantes é completamente diferente, levando a escolhas muito diferentes. O que os Globos fazem, especialmente nas indicações, é estabelecer quem está e quem não está no páreo. Olhem para os anos anteriores e vejam se não tenho razão.

Temos até dia 10 de dezembro para entregar os votos – os indicados serão anunciados dia 12 – e esta pausa vem logo a calhar. Por isso os divulgadores, estrategistas e adjacencias passam esta semana enchendo nossas caixas com emails e nossas salas com posters, cartões, caixas de bonbons e, este ano, até um poster com nossos nomes (para um filme muito ruim, infelizmente…)

Last Vegas poster

A esta altura da disputa, apenas quatro filmes não foram exibidos para os votantes: Lone Survivor,  Trapaça (American Hustle), O Lobo de Wall Street  e O Hobbit – A Desolação de Smaug. Todos estão no nosso calendário das próximas duas semanas, com screeners vindo no rebote. É uma tática radical e um pouco suicida – os estrategistas acreditam que filme que é visto por último tem mais chances de ser lembrado e indicado.

Tem também, na verdade, mais chances de não ser visto. Espero que os estrategistas saibam disso.

Até porque tivemos um bom segundo semestre e já posso contar em ver alguns títulos entre as escolhas finais: Blue Jasmine (que entrou como drama) e Cate Blachett; Gravidade; Antes da Meia  Noite; All is Lost (especialmente para Robert Redford); 12 Years a Slave (pra mim, o melhor filme do ano até agora, e o único que eu vi meus colegas verem e reverem em exibições diferentes).

Não subestimem de jeito nenhum: Saving Mr. Banks;  Mandela:The Road to Freedom; O Mordomo da Casa Branca (e Oprah e Forest Whitaker); A Vida Secreta de Walter Mitty (que está entre as comédias), Philomena . São todos amplos, cheios de apelo sentimental e (o que, eu sei, é um fator decisivo para meus colegas) estrelas.

Álbum de Familia (August:Osage County) está entre as comédias e embora não tenha muitos fãs entre meus colegas, possui estrelas o bastante para ter chances  (Meryl Streep, lead; todo o resto, inclusive Julia Roberts, coadjuvante). Nebraska e Inside Llewyn Davis (ambos entre as comedia), não tenho tanta certeza. Enough Said e Frances Ha, por incrível que possa parecer, tem mais chances, especialmente para James Gandolfini, Julia Louis-Dreyfuss e Greta Gerwig. Her (também entre as comédias) é, por enquanto, um grande ponto de interrogação.

Deixei o filme estrangeiro para o final. Não, nenhum filme brasileiro está concorrendo. Flores Raras, de Bruno Barreto, está concorrendo como drama na categoria principal, onde tem que brigar com esse povo todo aí em cima.

Não me perguntem porque o pessoal no Brasil não inscreve seus filmes. O resto do mundo parece estar completamente  ligado – só na América Latina temos filmes do México, Peru, Argentina, Chile. Nem vou falar de Europa e Asia porque nem tem nem graça – tem até um filme da Moldavia, pais simpático que tive que procurar no mapa, e onde, segundo a brochura que veio junto com o filme, produz-se bons vinhos.

O Azul é a Cor Mais Quente, A Caça e O Passado são os favoritos, mas muita coisa ainda pode acontecer. Eu queria muito que o Brasil estivesse nessa briga. Quem sabe, ano que vem…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Seis ou sete coisas que aprendi semana passada
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Ana Maria Bahiana

scrapbook

Durante 10 dias, terminando neste final de semana, tive o  prazer e o privilégio de guiar um grupo de cerca de 20 produtores, diretores, executivos e autoridades de cinema, TV e publicidade do Brasil por alguns dos lugares onde se forjam e se definem os caminhos da industria do audiovisual, aqui: estúdios, produtoras independentes de todos os tipos, organizações de classe, agências e – cereja no sundae – a Lucasfilm.

Foi uma iniciativa do Sebrae em parceria com a Apro e o Film Brasil, com curadoria minha e produção da Boathouse Row Productions. Muito do que vimos, ouvimos e discutimos infelizmente não pode ser compartilhado – são informações confidenciais que ainda não estão prontas para chegar a público. Só o que vimos na Lucasfilm – o desenvolvimento da tecnologia que vai ser empregada no novo ciclo Star Wars – já dava para deslocar a mandíbula várias vezes. Mas se eu contar acho que vou receber a visita imediata de um batalhão de Storm Troopers…

Parte dos integrantes do Sebrae Media Experience (e eu) aos pés de Yoda, na Lucasfilm, San Francisco

Parte dos integrantes do Sebrae Media Experience (e eu) aos pés de Yoda, na Lucasfilm, San Francisco

Mas estes foram alguns dos temas recorrentes das visitas:

  1. O modelo do blockbuster não vai durar muito mais. Nem mesmo a força dos mercados internacionais – entre eles o Brasil – é capaz de sustentar, a longo prazo, o esquema de  produzir e lançar apenas um punhado de títulos caríssimos que precisam fazer o PIB de um pequeno país para dar lucro.
  2. O filme de pequeno orçamento está fazendo uma volta triunfal. “O sonho, a meta de todo grande estudio agora é acertar com um título que tenha custado muito pouco mas ache rapidamente sua plateia”, me disse um terno Armani muitissimo bem informado.
  3. O que se chamava “cinema independente” agora se chama “TV”. Os projetos que ficam entre o pequeno orçamento e o blockbuster estão rapidamente se transformando em séries, mini-séries e filmes de TV. A era de ouro da TV norte americana, hoje, é resultado direto do extermínio do filme de médio orçamento e do êxodo de talento – roteiristas, diretores, atrizes, atores – que veio com ele.
  4. O que se chamava “TV” agora se chama… o que você quiser. Netflix. Hulu. Amazon. You Tube. Em muito pouco tempo não serão mais o rabo que abana o cachorro… serão o totó inteiro.
  5. O segredo do sucesso está em quatro palavras. Criatividade. Paixão. Colaboração. Sorte. Perdi a conta de quantas vezes isso foi dito, de diversas maneiras. “Fórmulas e repetições funcionam até certo ponto”, me disse outro terno Armani dos mais poderosos. “Mas no fim das contas as carreiras só se fazem mesmo com convicções e com a capacidade de colaborar.”
  6. A realidade é algo cada vez mais relativo. As empresas de ponta em pesquisa e desenvolvimento – visitamos duas, a House of Moves em Los Angeles e a  Industrial Light and Magic em San Francisco – estão caminhando para um modo de produção que desafia o próprio conceito de realidade como algo separado da percepção.  Apavorante. Lindo.

 

E uma outra conclusão, que  me deixa muito feliz: o Brasil está na mira de todo mundo, aqui. Eu sempre disse que havia um lugar reservado para nós no grande sarau que são as trocas e parcerias do audiovisual internacional. Agora é mais que a hora de sentar-se à mesa.

Cartaz na porta da sala de reuniões da Writers Guild of America.

Cartaz na porta da sala de reuniões da Writers Guild of America.


Robocop, novo trailer
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Ana Maria Bahiana

robocopQuero saber as opiniões de vocês. Para mim, três coisas se sobressairam:

– a fidelidade ao filme original, aquele um de Paul Verhoeven, de 1987

– a atualidade do tema, 25 anos depois

– Michael Keaton. Todos os momentos com ele me pareceram os mais interessantes.

Robocop estreia no Brasil dia 7 de fevereiro e aqui dia 12 de fevereiro (bem a tempo para o Dia dos Namorados…)

Divirtam-se!


Minha estreia na TV… dos Estados Unidos
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Ana Maria Bahiana

Aqui vai, como combinado, minha estreia no programa de TV Just Seen It, que vai ao ar semanalmente pelo canal PBS, o equivalente à TV Cultura daqui. Just Seen It é criação do showrunner David Freedman, um admirador do clássico programa de Ebert & Siskel, At the Movies. Ele modernizou a fórmula colocando os resenhistas num ambiente mais informal, aumentando o número para três pessoas e incluindo profissionais de cinema – como minha companheira de comentário, Brenna Smith, atriz.

O papo aqui é sobre Uma Questão de Tempo (About Time), do simpático Richard Curtis, roteirista de, entre muitos outros,  Quatro Casamentos e um Funeral Um Lugar Chamado Notting Hill e diretor de Simplesmente Amor (que eu adoro) e Pirate Radio. Aqui, no entanto….

Uma Questão de Tempo estreia amanhã aqui nos Estados Unidos e dia 6 de dezembro no Brasil.

 


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