Blog da Ana Maria Bahiana

Arquivo : junho 2012

Quem é você, Peter Parker?
Comentários Comente

Ana Maria Bahiana

 

“Eu sei qual é o seu nome. A questão é: será que você sabe?”, diz Gwen Stacy (Emma Stone) para um titubeante Peter Parker (Andrew Garfield), nos corredores da Midtown High School, logo nos primeiros momentos de O Espetacular Homem-Aranha. Pouco tempo depois, uma recepcionista vai mais além: “Você está tendo dificuldade em se encontrar?”, ela pergunta a um ainda mais confuso Peter Parker (a conversa é a respeito de um crachá, mas serve maravilhosamente aos propósitos da trama). E depois que tudo aconteceu, com aranhas, lagartos e tudo mais, uma professora explica, nos derradeiros minutos de imagem: “Um professor certa vez me disse que há apenas dez histórias no mundo. Mas para mim existe apenas uma única história: quem sou eu ?”

Identidade, acima de tudo, é o grande tema e o grande problema de O Espetacular Homem-Aranha. O diretor Marc Webb, que vem do cinema indie e ganhou notoriedade com o delicado (500) Dias Com Ela, tem o olhar perfeito para compreender o que muitas vezes escapa aos realizadores de filmes baseados em hq e que é, na verdade, a substancia sobre a qual se assenta todo o sucesso dos quadrinhos: o lado humano dos personagens. Quadrinhos funcionam através das décadas porque tem o poder das sagas mitólogicas: colocam em escala ampliada os obstáculos, frustrações e sofrimentos muito humanos de todos nós. E todos eles, em algum momento, tem a ver com a pergunta fatal: quem sou eu?

Trabalhando com um roteiro a seis mãos (embora todos escolados veteranos, inclusive um residente de Hogwarts, Steve Kloves) e, com certeza, o estúdio olhando por cima do seu ombro, Webb conseguiu o prodígio de, pelo menos na primeira parte de O Espetacular Homem-Aranha, manter uma visão coesa do drama da identidade – ou, como o próprio diretor disse, do “vácuo” – presente na vida de um adolescente inteligente e sensível demais para sua própria felicidade.

Onde seu filme é melhor e mais forte, reluzente com uma vivacidade que já começa a escapar do sub-gênero, é no estabelecer as origens do herói, a paixão por ciência que o conecta com o pai , preenche seu vazio e, inesperadamente, cria uma nova camada de identidade. De todas as lutas essenciais num bom filme de super-herói, a minha preferida é justamente a primeira, dentro de um vagão do metrô de Nova York, sem máscara e sem uniforme, uma parte da identidade se estabelecendo, a outra hesitando, pedindo desculpas. A opção de colocar Garfield, em muitas sequencias importantes, com o traje do Homem Aranha, mas sem a máscara, reforça a questão da identidade _ gradualmente, Peter é o Aranha, e o Aranha é Peter.

Webb tem em Andrew Garfield e Emma Stone seus parceiros ideais. Que me perdoem os fãs de Tobey Maguire, mas Garfield dá uma dimensão de complexidade e credibilidade a Peter Parker que eu ainda não tinha visto. A conexão com Emma Stone faz parte disso e a escolha de Gwen como a parceira/cúmplice do herói nascente funciona muito bem na exposição de sua questão essencial _ você sabe quem você é, Peter Parker?

Saber quem ele é também é uma questão para o próprio filme. Quando o Lagarto passa a dominar a narrativa, e até o Capitão Stacy, pai de Gwen (Denis Leary, muito bem escalado) passa a leva-lo a sério, tudo fica menos interessante, em grande parte porque o que havia mantido a história num plano mais vital e mais emocional vai embora. Claro, como é mandatório no gênero, temos muitas lutas, efeitos  digitais (nem todos me convenceram) e coisas atiradas na direção da plateia para justificar o 3D. Uma sequencia importante envolvendo uma sucessão de guindastes de obra é a mais poderosa de todas, e, possivelmente, a que mais reflete a sensibilidade de Webb na abordagem do material.

Eis o x da questão: até quanto tempo é possível fazer filmes de super herói sem repensar , mais uma vez, tudo a seu respeito? O Espetacular Homem-Aranha é um reboot razoavelmente precoce, motivado pelas duas grandes pressões da indústria : gastar menos e vender mais ingressos para novas plateias. Mas também pode ser uma oportunidade para rever o gênero. Sam Raimi concluiu sua jornada com o Homem Aranha em 2007. Christopher Nolan encerra este ano sua repensagem do Batman. X Men voltou ao passado do mito.Vem aí um reboot do Super Homem. Quem somos nós, na plateia, agora? E de que heróis precisamos?

O Espetacular Homem Aranha estreia nos EUA dia 3 de julho, e no Brasil dia 6 de julho.


Magic Mike: os garotos estão numa boa
Comentários Comente

Ana Maria Bahiana

Se os irmãos Dardenne, por algum motivo bizarro, resolvessem fazer um filme sobre strippers masculinos, o resultado final provavelmente seria muito parecido com Magic Mike, o mais novo título da safra vou-fazer-um-monte-de-coisa-antes-de-me aposentar de Steve Soderbergh.

Baseado livremente nas experiências juvenis do astro e produtor Channing Tatum, Magic Mike tem aquela qualidade naturalista, calma, relax, do olhar dos Dardenne (e de boa parte do cinema norte-americano dos anos 1970). Até mesmo os shows dos rapazes – Tatum mais Joe Manganiello, Adam Hernandez, Alex Pettyfer, Matt Bomer, Kevin Nash e, num número especial, Matthew McConaughey, o dono do clube – são tratados como mais um elemento naquilo que é o foco do filme: as vidas dessas pessoas, com as simples e complicadas ramificações que as vidas de qualquer um de nós tem; só que, por acaso, eles rebolam e tiram a roupa, à noite, para ganhar uns trocados a mais.

É uma escolha interessante num projeto que poderia ter ido por muitos caminhos diferentes. Soderbergh acompanha sem assombros Magic Mike –  nome artístico do personagem de Tatum, que, fora do palco, é operário de construção, lavador de carros e artesão de móveis – e seus colegas enquanto eles raspam as pernas, estudam os movimentos mais eficientes de suas coreografias (os que geram mais gorjetas), preparam todos os elementos do seu arsenal corporal (absolutamente todos) para o espetáculo.

É uma qualidade que se revela super eficiente para pegar a plateia logo nos primeiros instantes do filme. O antepassado mais próximo de Magic Mike, o britânico Ou Tudo ou Nada (The Full Monty, dir. Peter Cattaneo, 1997), usava uma estratégia em muitos aspectos oposta: seus strippers começavam sua jornada como cidadãos de ocupações diversas, sem ambição alguma de provocar delirios femininos com seus rebolados. Soderbergh nos coloca desde o início, com extrema naturalidade e sem absolutamente nenhum julgamento, na dupla vida dos rapazes do Club Xquisite de Tampa, Florida. O melhor de Magic Mike está aí: na deliciosa reversão de papéis num medium  – o cinema- que nunca se cansa de objetificar as mulheres, executada com classe, sem alarde, sem problemas.

Magic Mike se torna menos interessante quando tenta espichar essa história e complica-la com um quase drama sobre os perigos da vida noturna : tráfico de drogas! Criminosos! Confusões amorosas! Dificuldade para conseguir crédito em banco! Nesse ponto Ou Tudo ou Nada era mais eficiente _ havia uma base dramática já estabelecida sobre a qual a novidade do tirar a roupa apenas adicionava mais uma camada de interesse.

Mas o filme de Soderbergh não deixa de ser tremendamente divertido _ a não ser que você seja como o rabugento rapaz ao meu lado na sessão para a imprensa, que resmungava alto e bom som ao primeiro sinal de nudez masculina, e saiu intempestivamente justo na hora em que os meninos do Club Xquisite começavam uma de suas coreografias mais artísticas.

 Magic Mike estreia amanhã, dia 29, nos EUA, e ainda não tem data no Brasil.


Adeus, Nora Ephron, cineasta, roteirista, realizadora, grande dama da comédia romântica
Comentários 2

Ana Maria Bahiana

NORA EPHRON, 19 de maio de 1941 – 26 de junho de 2012

 We see them both looking at the TV, Casablanca playing.

Harry

Ooo, Ingrid Bergman, now she’s low maintenance.

Sally

Low maintenance?

Harry

There are two kinds of women. High maintenance and low maintenance.

Sally

And Ingrid Bergman is low maintenance?

Harry

In LM, definitely.

Sally

Which one am I?

Harry

You’re the worst kind. You’re high maintenance but you think you’re low maintenance.

Sally:

I don’t see that.

Harry

You don’t see that? Waiter, I’ll begin with a house salad, but I don’t want the regular dressing. I’ll have the Balsamic vinegar and oil, but on the side. And then the Salmon with the mustard sauce, but I want the mustard sauce, on the side. On the side is a very big thing for you.

Sally:

Well I just want it the way I want it.

Harry:

I know. High maintenance.

(Roteiro de Harry e Sally-Feitos Um Para o Outro/When Harry Met Sally, 1989)

Tags : Nora Ephron


Coração valente, coração selvagem
Comentários 4

Ana Maria Bahiana

Fiquei muito supresa com as primeiras resenhas de Valente (Brave), aqui nos EUA. Senti uma má vontade generalizada, vinda não sei de onde nem por que (desconfiança –para não usar outra palavra- do sucesso prolongado da Pixar?), expressa em geral no ruminar constante do mesmo conjunto de ideias que soam bem pré-fabricadas: que a heroína era mais uma iteração das princesas da Disney; que o longa de animação teria sido feito “calculadamente” para “não entediar os pais e acompanhantes das crianças”; e outras coisas nesse mesmo tom.

A uniformidade não me espanta: é um subproduto desta nossa era de produção  e consumo rápido rápido rápido de ideias, onde se tem cada vez menos tempo para refletir antes de emitir uma opinião, e onde é muito mais fácil repetir (ou copiar + colar) as ideias alheias. O que me espanta é que, tendo lido tudo isso depois  de ver (como é meu costume) o novo lançamento da Pixar eu fiquei pensando: será que esse povo viu o mesmo filme que eu vi? (E que estreou em primeiro lugar na bilheteria?)

Vamos de cara às duas questões chave que, parece, tem sido o centro das resenhas.

1. Merida, a protagonista de Valente, tem em comum com as heroinas da Disney o fato de ser uma menina e de seus pais serem a familia real de um fictício clã escocês em algum ponto da antiguidade das Terras Altas. As semelhanças param aí: não há namorado galante/trapalhão/aventureiro, bichinho engraçadinho pra fazer companhia/dizer piadas/fazer gracinhas, e certamente não há a subtrama de comédia romântica que marca os filmes da Disney, de A Pequena Sereia até A Princesa e o Sapo.

2. Todo filme destinado a crianças que pretende ter uma sobrevida no mercado precisa atender petizes e seus acompanhantes. O extremo desse princípio é o filme que, tecnicamente para crianças, é tão repleto de referências adultas, duplo sentido e piscadelas de olho que se torna praticamente irrelevante como produto infantil (como referência, quase tudo que a DreamWorks Animation tem produzido).

Tendo dito  isso, devo acrescentar que Valente teve uma trajetória longa – quatro anos em produção – e atribulada. Trocou de título – originalmente era The Bear and the Bow, O Urso e o Arco – e de diretor –  Mark Andrews, discípulo de Brad Bird, substituiu Brenda Chapman, originadora do projeto;ambos tem crédito no filme – no meio do caminho. E, como de costume, passou pelo mesmo tortuoso e colaborativo processo pelo qual passam todos os projetos da Pixar onde, em circunstâncias normais de temperatura e pressão, tudo acaba dando certo; mas, nestas condições, corria um tremendo risco.

Fiquei muito feliz ao ver que, apesar de tudo isso, Valente mantinha a integridade da visão inicial de Chapman: trazer para a galeria de personagens da Pixar não apenas uma heroína, mas, com ela, a complicada relação entre mãe e filha que é espetacularmente ausente do cinema comercial, especialmente o de animação. Será que isso escapou de  maneira tão gritante aos meus colegas resenhistas porque eles são, em 99% dos casos, homens?

Como fui  uma menina que preferia ler Julio Verne e Jack London em vez da Coleção das Moças, que vivia sempre com joelhos e braços esfolados, fugia para jogar futebol com os garotos e sonhava ser exploradora pelo mundo afora, Merida me pareceu extremamente familiar. E refrescantemente próxima da experiência real – e não imaginada, em geral por um homem – de crescer sendo menina, à sombra das expectativas da sociedade, em geral encarnadas na figura materna, mas animada pelo fogo interior que é prerrogativa de todo ser humano. É um tema poderosíssimo, que merece ser retomado muitas vezes de muitas formas, limpo, sem clichês, sem distorções.

Confesso que, durante os primeiros 25 minutos de Valente, temi que a história fosse descambar exatamente pela rota do previsível. Mas aí algo absolutamente mágico acontece: Valente enverada resolutamente por um território que, como me lembrou o cinéfilo, teórico e programador da cinemateca do Los Angeles County Museum of Art Bernardo Bahiana Rondeau – que por acaso ou não é meu filho- é puro Hayao Miyazaki. Valente abraça sem restrições o coração selvagem de uma narrativa que leva a sério o poder da metáfora visual pura que a animação oferece, e ilumina a história da menina que seria ser livre com os recursos mágicos de uma forma de fazer cinema que não tem restrições, e onde “possível” e “real” são a mesma coisa.

Se eu contar aqui o quão maravilhosa e sensacionalmente bem executada é a metáfora visual que está no coração mesmo da trama de Valente, estarei cometendo um spoiler titânico. Mas podem ficar sossegados. Vão ver e depois me contem.

Como animação, Valente coloca ainda mais alto o padrão que a própria Pixar já tinha posto nas nuvens. A riqueza e, ao mesmo tempo, o absoluto controle do universo da menina Merida – uma Escócia inteiramente orgânica e, ao mesmo tempo, completamente mágica – ecoa, novamente,  Studio Ghibli e a Disney clássica de Branca de Neve, Bambi e Bela Adormecida. Mas vai além, tão mais além.

Valente está em cartaz nos EUA desde sexta feira e estreia dia 20 de julho no Brasil.


Os deuses estão loucos: a jornada olímpica de Prometheus
Comentários 9

Ana Maria Bahiana

Em primeiro lugar, desculpem a demora em postar sobre um dos filmes que eu, você, nós estávamos esperando ansiosamente este ano _ estava rodando o Brasil de Porto Alegre a Fortaleza… Em segundo lugar, aviso aos de sensibilidade delicada: é possível que algo neste texto possa ser considerado SPOILER; então (embora o filme esteja em cartaz no Brasil), prossiga com cautela.

Num futuro não muito distante, um grupo de cientistas ruma às fronteiras mais remotas do espaço na esperança de fazer contato com o ser ou seres que , segundo indícios recém-encontrados, podem ter dado origem à vida na Terra.

Você já viu esse filme. E, se não viu, devia ter visto: ele se chama 2001, uma Odisseia no Espaço, e foi realizado por Stanley Kubrick no remoto ano da graça de 1969.

Prometheus, o filme de Ridley Scott que, nas palavras do diretor, “compartilha DNA” com Alien, o Oitavo Passageiro, enrosca-se geneticamente, também, na obra prima de Stanley Kubrick. Mas, enquanto 2001 tinha o tempo, o espaço e a visão para ser uma meditação filosófica sobre quem somos e de onde viemos, Prometheus precisa seguir um mandato bem diferente: ele precisa assustar. E tem um problema a mais: não pode nem se dar à calma com que Scott explorou o clássico conceito monstro-em-espaço-restrito em seu filme de 1979. Tudo em Alien era timing, silêncio, escuridão, uma valsa lenta de horrores que subitamente se acelerava quando, por exemplo, John Hurt de repente começava a ter violenta falta de ar. O ritmo de Alien tinha mais em comum com outra obra esplêndida de Kubrick, O Iluminado, do que com o frenético festival de sustos que dominaria a linguagem do thriller nos anos seguintes.

Imagino que, para Scott – um realizador de ampla visão e preciso conhecimento do seu ofício – o grande desafio de Prometheus tenha sido manter-se fiel ao DNA de suas origens e, ao mesmo tempo, satisfazer novas plateias acostumadas a uma sacudidela por segundo. Achei interessante que, para explorar as origens, digamos assim, genéticas, do seu monstro dentuço e rabudo, Scott tenha se aliado a Damon Lindelof, um dos principais roteiristas da série Lost, ao mesmo tempo em que, na direção de arte, retornava aos revolucionários conceitos do artista plástico suíço H.R. Giger, cuja integração entre o orgânico e o mecânico é essencial para a mitologia de Alien. Uma indicação segura de que, para ele, mitologia vinha em primeiro lugar no desenvolvimento do projeto.

Tenho um forte palpite de que deve-se a Lindelof a conexão com 2001, Uma Odisseia no Espaço. E com Lawrence da Arábia, o super clássico e oscarizado filme de David Lean, de 1962, que dá uma grande chave para decodificar Prometheus:  “Grandes coisas tem começos pequenos”,  diz Peter O’Toole como T.E. Lawrence, o Lawrence da Arábia, segundo o roteiro de Robert Bolt , ecoado aqui por David, o androide (brilhantemente) interpretado por Michael Fassbender. Como o personagem de David Bowie em O Homem Que Caiu na Terra (Nicolas Roeg, 1976), David  é um estranho numa terra estranha, uma criatura na fronteira entre o humano e o não humano, infinitamente inteligente e portanto curioso sobre o processo que leva um ser a querer criar outro. Não é demais supor que seu nome venha tanto de Bowie quanto do Dr. Dave Bowman de Keir Dullea em 2001, murmurado em tons tão docemente sinistros pela aquela outra inteligencia artificial de idêntica curiosidade, Hal.

Também não é demais supor que Scott, enamorado com as múltiplas camadas de intriga do confronto criador/criatura, tenha se sentido impulsionado em duas direções, a jornada mitológica e a montanha russa do terror. Eu teria gostado mais de ver um filme que conseguisse ser as duas coisas ao mesmo tempo, mas aceito que, no mercado impiedoso de hoje, seria praticamente impossível realizar uma obra assim, com o orçamento necessário.

Então, em Prometheus, temos dois filmes dividindo o tempo da tela. No primeiro, a busca existencial dos astronautas de 2001 Uma Odisseia no Espaço se repete, sem a poesia do filme de Kubrick, mas com todo o entusiasmo voraz e a escala épica que são a assinatura de Ridley Scott. Prometeu, encarnado na Elizabeth Shaw da excelente Noomi Rapace, voa ao Olimpo em busca do fogo divino, a centelha da criação. No segundo, a necessidade de sustos contínuos é alimentada quando os deuses revelam  que o orgasmo do ato criativo traz em si a loucura despótica da destruição e Elizabeth/Prometeu paga seu preço, literalmente, na carne _e transforma-se na ancestral de outra heroína mitológica da mesma saga, a Ripley de Sigourney Weaver.

Não é a obra excepcional que poderia ter sido mas é, sem dúvida, um dos mais sensacionais, belos, perturbadores e inteligentes filmes da temporada pipoca – e só digo “um dos” porque ainda não vi Batman-O Cavaleiro da Trevas Ressurge.  Nos tempos magros que vivemos, toda ambição bem sonhada, mesmo com falhas, deve ser recompensada.


Adeus, Carlão, alma corsária, patrono do nosso cinema udigrudi
Comentários Comente

Ana Maria Bahiana

Dirigindo Sede de Amar, 1993

Carlos Oscar Reichenbach Filho, 14 de junho de 1945 – 14 de junho de 2012

No começo da minha carreira  a vida era mais importante que o cinema. O cinema era mais alguma coisa. Um pouco como o poder de apreensão do que a gente tava vivendo naquele momento. Não canso de dizer que fui de uma geração que viveu muita coisa em muito pouco tempo. ” (Parte de uma entrevista feita em 1999 por  Ruy Gardnier e Daniel Caetano no site Contracampo.)


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>